sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Harmonia Self-Mente-Cérebro

Entender a espiritualidade e sua ligação com a ciência é entender a mente humana e, consequentemente, entender essa complicadíssima obra de arte que nós chamamos de Ser Humano, cuja diversidade é tão grande quanto o número de indivíduos existentes.

 

Cada um de nós constitui uma individualidade: um SELF. Mas como explicar a diferença tão grande existente entre cada Ser Humano. Como explicar essa riqueza incomensurável de pequenas características de sentimento, de sensibilidade e de entendimento das emoções?

 

Somos formados de matéria e espírito. Será? Somos energia sintetizada em forma de matéria. Será? Somos matéria e reações químicas produzindo energia. Será? Será que pelo menos SOMOS alguma coisa?

 

Não vamos entrar pelos questionamentos de nossas origens, o que por si só já nos levaria a infindáveis questionamentos, vamos nos deter ao que somos para, mais tarde, quem sabe, tentar entender o “por que” somos...

 

Por milhares de anos estamos tentando encontrar soluções para as dúvidas e questionamentos sobre nós mesmos, invocando conhecimentos que já foram profundos e transcendentes, mas que, com o passar dos tempos, reduziu-se ao estudo empírico da matéria visível e analisável, possivelmente devido a incapacidade de visualização do universo exógeno que habita no interior de nossa própria mente.

 

Achávamos que entendíamos o ponto de vista de Descartes quando ele nos disse: "Penso, logo, existo". Mas ficamos surpresos com as evidências mostradas por Damásio quando ele retrucou: "Existo e sinto, logo, penso". E aos poucos nossas dúvidas vão aumentando, na medida em que os quânticos nos falam que: "Existo e não existo ao mesmo tempo, mesmo sem sequer pensar sobre isso!"...

 

Freud tentou nos entender... Criou uma estrutura topográfica que explicaria como somos: consciente, inconsciente e pré-consciente. O gênio, de repente, viu que não funcionava bem... Criou outra e a chamou de estrutural: ego, id e superego. Até hoje é esse o tripé que consideramos mais próximos do entendimento humano, explicando nossos impulsos e emoções.

 

Em nossos estudos nas áreas psíquicas e pedagógicas tentamos, inicialmente, o auto-entendimento para, a partir daí, extrapolarmos para o outro e assim para a humanidade. Mas não é fácil! Principalmente pelo simples fato de todos sermos diferentes.

 

"Se quisermos realmente entender a natureza da mente, temos que entender a natureza do cérebro" - foi o que disse Patrícia Churchland, professora de Filosofia da Universidade da Califórnia, em 2002, numa das reuniões da Academia de Ciências de Nova Iorque. Naquele encontro discutíamos a relação mente-cérebro.

 

"E para entender o Ser Humano e o seu SELF” – continuava ela: “temos que recorrer hoje, não só a filosofia, mas aos métodos analíticos mais modernos, passando pelos instrumentos de laboratório e pelas sofisticadas técnicas de imagem que, aos poucos, tentam fazer uma ligação entre o SELF - nossas paixões, nossas animosidades e nossos temperamentos - às conexões físicas e ao funcionamento fisiológico do cérebro."

 

Paixões, animosidades e temperamentos! Isso é a nossa mola mestra. Vivemos estimulados por tais sentimentos. Eles geram uma energia interior que nos impele a atitudes corajosas e arrojadas.

 

“...aquilo que nós nos tornamos e a personalidade que desenvolvemos é uma combinação da natureza - influência genética - e do meio - experiências que encontramos no decorrer de nossas vidas...", segundo Patrícia. Mas tudo isso exercendo uma influência definitiva no desenvolvimento dos circuitos neurais cerebrais que constituirão o nosso SELF, como se fossem a própria programação do nosso software cerebral, ou seja, uma montagem interior do nosso coeficiente de absorção cultural.

 

Essa programação apresenta parâmetros que distinguem, claramente, os agentes que estão sob nosso controle daqueles que estão fora de controle. Essa distinção tanto é realizada pelas organizações neuronais do hipotálamo, da amígdala e do córtex, como também pelos hormônios e neuromoduladores a nível molecular e também pelas proteínas sintetizadas ou absorvidas pelo organismo.

 

Essas descobertas mostram as bases biológicas da formação do consciente do Ser Humano e levaram nosso grupo a concluir que a ética, estudada segundo tais pesquisas, nada mais é do que o resultado de uma programação do software coletivo do Ser Humano a partir da influência educacional do meio.

 

Revisitando Aristóteles, Karl Popper (“O self e o cérebro” escrito em parceria com J.C.Eccles) e agora Richard Dawkins (O gene egoísta), constatamos que tudo isso pode agora ser explicado pelos memes, uma unidade de transferência cultural agindo sobre a mente coletiva de forma semelhante aos genes na biologia humana.

 

Os conceitos de Consciência Coletiva de Emile Durkhéim e os do Inconsciente Coletivo de Jung, embora muito diferentes, podem estar relacionados a essa influência memética hoje estudada a partir de Dawkins.

 

Joseph LeDoux, professor de ciência no Centro de Ciência Natural da Universidade de Nova Iorque, converge com as idéias de Patrícia dizendo que, ao contrário do que muitos genéticos afirmam, nem tudo o que é biológico é genético. A experiência de vida também é muito importante para modelar as conexões neuronais do Ser Humano. Mas tudo continua sendo entendido como uma programação de software (ou seja: memético) atuando por meio de direcionamento de ligações neuronais provocadas parte por influência da herança genética e parte pela influência do meio.

 

Antônio Damásio, Chefe de Neurologia da Universidade de Iowa, complementa que, todas essas influências formam nos Seres Humanos dois SELFS: um SELF central e um SELF expandido. O central está em permanente formação ou transformação, fruto da interação do organismo com o meio, quando são gerados os sensos de conhecimento imediato e requer apenas de uma memória muito simples de curta duração. O expandido constitui um processo mais complexo e é construído gradualmente pela memória autobiográfica, que tanto é influenciada pelas experiências passadas como pelas esperadas, o que requer a existência de uma memória mais convencional.

 

Todos falam de programações da mente, de estruturas químicas, de ligações neuronais, de determinismo genético, ou seja, de uma série de diferentes fatores que influenciariam a formação do caráter do Ser Humano e o seu conseqüente comportamento ético. É a era da ciência no determinismo comportamental da sociedade. Um determinismo previsível, criando uma consciência coletiva já pronta, independente de nossa vontade individual que, na realidade, talvez nem exista...

 

Mas acredito que procurar entender o funcionamento da mente deve ser apenas o primeiro passo antes de tentar interferir em sua formação. Esse, sim, deve ser o objetivo principal de tais estudos. Apesar de trabalhos terem sido apresentados procurando provar a imutabilidade do ser humano, temos absoluta convicção na possibilidade da modificação a qualquer momento.

 

Essa modificação já está sendo conseguida por diversos grupos que, assim como o nosso, trabalham para a reconstrução do caráter humano e do resgate dos verdadeiros valores da pessoa e da sociedade. São grupos e instituições religiosas, filosóficas, científicas e educacionais cujas contribuições já estão sendo sentidas em diversas partes do mundo.

 

A partir de 1999 diversos encontros tem sido realizado em todo o mundo na tentativa de reunir idéias que integrem os estudos do maior número possível desses pesquisadores. Isso tem contribuído para que as análises do Ser Humano fiquem cada vez mais facilitadas, principalmente daqueles que encontram-se em situação de extremos, como meninos de rua, presidiários, menores infratores etc...

 

Trabalhando em cima dessas idéias - muitas delas já publicadas em revistas especializadas e em anuários das Academias de Ciências – abriremos caminho para o entendimento da ciência da mente humana e da formação de seu conceito ético de uma forma um pouco diferente da tradicional e com excelentes resultados.

 

Sabemos que o ser humano pode ser formado por três diferentes instintos natos, que constituiria uma programação original, de fábrica. Esses instintos e o meio seriam os elementos formadores das três inteligências básicas. As múltiplas inteligências de Gardner e as características emocionais de Goleman seriam desdobramentos desses elementos básicos e fundamentais.

 

 

Os instintos são os elementos da programação original, todos de natureza completamente positiva, direcionados para:

 

1) instinto de preservação da própria vida

2) instinto de preservação da própria espécie

3) instinto de preservação da inteligência

 

As inteligências formadas a partir daí e com a influência do meio seriam:

 

1) inteligência interpretativa e racional

2) inteligência emocional

3) inteligência espiritual

 

Esses conceitos nos levam ao entendimento de que o Ser Humano, por pior que seja o comportamento e as emoções exteriorizadas, é de natureza perfeita, ou seja, sua programação original é pura e positiva. Nesse momento damos crédito a Rousseau: o homem nasce perfeito e a sociedade o corrompe.

 

A harmonia do conjunto é conseguida pela correta e balanceada formação das inteligências básicas em consonância com os três instintos natos.

 

A ética do Ser Humano e, consequentemente, da sociedade, seria produto do conjunto das três inteligências básicas, quando em harmonia com os três instintos natos.

 

A falta de harmonia, ou seja, a formação desbalanceada do conjunto, produzirá os conflitos interiores e com eles os estados de angústia e infelicidade.

 

Essa angústia e infelicidade trazem uma revolta interior. O fenômeno da projeção joga os motivos da infelicidade no outro e assim começam os comportamentos incorretos e a inversão dos valores.

 

Projetando a irritabilidade no outro e no meio, nasce a necessidade da vingança e da agressividade. O outro é o inimigo. A sociedade é negativa. O meio é intolerável. Mas, na realidade, o inimigo está dentro da pessoa e ali mesmo deve ser combatido.

 

O combate significa o desenvolvimento do amor, inicialmente por si mesmo para, a partir daí, compartilhar com o próximo e com a comunidade.

 

sábado, 20 de dezembro de 2008

Mais um "milagroso remédio" para combater "doenças imaginárias" e enriquecer laboratórios...

A Veja de 17 de dezembro traz uma reportagem de Adriana Dias Lopes, na página 100, intitulada "Arma contra um pesadelo". Esse pesadelo chama-se NARCOLEPSIA e é caracterizado pela compulsão ao sono durante o dia.

Muito boa a abordagem que Adriana Dias Lopes fez em relação ao uso da Modafinila (princípio ativo do Stavigile) para combater o sono das pessoas, principalmente quando encerra a matéria recomendando que “se você precisar ficar acordado, o melhor mesmo é recorrer ao café.”

Como se não bastasse o uso excessivo dos Prozacs, Lexotans e outros para substituir a nossa produção natural de endorfina e outros neurotransmissores, agora querem provocar a vigília por meio de mais química, com efeitos colaterais ainda desconhecidos.

Temos em nosso cérebro a melhor fábrica natural de antidepressivos naturais e sempre na medida certa sem qualquer efeito colateral!

Exercícios físicos freqüentes e na medida certa produzem toda a endorfina necessária ao prazer de viver , acompanhado de um verdadeiro analgésico natural.

Reflexões e meditações periódicas harmonizam as produções de todos os neurotransmissores,trazendo calma a todo o organismo.

E são exatamente essas atividades que desenvolvem em nosso cérebro o melhor conjunto anti-depressivo totalmente natural, reduzindo o stress e evitando a narcolepsia.

Fugir dos remédios e tratar nosso corpo com o respeito que ele merece afasta qualquer sintoma que possa estar sendo utilizado pelas multinacionais dos remédios para enriquecerem às custas da fraqueza emocional humana.

Os relatos que tenho recebido de dezenas de professores e psicopedagogos ligados ao nosso Instituto mostra o aparecimento, nas escolas, de um número cada vez maior de crianças e adolescentes já “rotulados” como hiperativos, disléxicos, esquizofrênicos, deficientes cognitivos e narcolépticos. O pior de tudo é que elas já chegam diagnosticadas e medicadas, fazendo uso de altas doses de remédios controlados, cujos efeitos colaterais alcançam, principalmente, a sua capacidade cognitiva.

Todas essas doenças existem de fato, mas o número de pessoas verdadeiramente acometidas é muitas vezes inferior ao número que é diagnosticado! E isso está causando um grande mal à sociedade!

Além dos constantes relatos que recebo dos professores e coordenadores que seguem o Projeto IUPE em uma série de países, recebi, eu mesmo, em nosso colégio sede, em Salvador, crianças diagnosticadas com algumas dessas anomalias e que, ao passarem pelo acompanhamento psicopedagógico não apresentaram qualquer sintoma dessas doenças! Todas apresentaram completa normalidade comportamental e algumas delas (surpreendentemente para os pais, mas não para nós) apresentaram uma capacidade cognitiva muito acima da média, podendo ser consideradas verdadeiras “superdotadas”, ou seja: aquela que apresenta uma elevada capacidade intelecto emocional integral segundo a visão de Gardner.

Exatamente por terem essa elevada capacidade cognitiva não conseguiam suportar as aulas repetitivas e desmotivantes dadas pelo professores tradicionais, que enfocam apenas o aluno normal, sem qualquer preocupação em apresentar desafios à altura dos alunos mais desenvolvidos. Devido a essa desmotivação constante eles desistem de prestar atenção as aulas e precisam ocupar o tempo levantando da carteira, jogando bolinha de papel nos colegas, correndo pela sala, irritando seus colegas e outras coisas mais... Como essas atitudes estão relacionadas nos manuais de TDAH como sintomatologia hiperativa, lá vai mais uma recomendação de Ritalina, 10mg pela manhã e 10mg pela tarde... para combater esse mal que não existe!

Casos semelhantes ocorrem com Gardenal sendo recomendado para crianças que preferem ler a jogar futebol... já que sua preferência pode ser encarada como “querendo se isolar de seus colegas...”

Agora chega mais um: o Stavigile! Para combater um mal que deveria ser encarado como conseqüência de todo um processo estressante a que nossos filhos e alunos estão sendo submetidos...

Parabéns, Adriana, por recomendar café ao invés dos produtos químicos! Melhor desconfiar mesmo dessas drogas miraculosas prometendo maravilhas e enriquecendo as multinacionais dos remédios.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Doenças X Falta de educação

Prezados amigos:

Um assunto que me preocupa é a destruição das mentes das crianças e adolescentes através da administração de medicamentos controlados em problemas simplesmente comportamentais.

As centenas de relatos que tenho recebido sobre o assunto me assustam muito! Tudo começa com os professores, coordenadores e psicopedagogos das escolas que, antes mesmo de esgotarem todas as metodologias psico-pedagógicas, encaminham os alunos para exames neurológicos com suspeita de TDAH e outras doenças...

Ora! O neurologista ou o neuro-pediatra só aprende a identificar as patologias a partir da sintomatologia apresentada e a aplicar os medicamentos adequados ao tratamento. Não cabe ao médico a aplicação de exercícios psico-pedagógicos preliminares para identificar, nesses sintomas, causas ligadas exclusivamente a má educação familiar ou a falta de dedicação individualizada do professor em sala de aula.

Assim sendo não é sua culpa a aplicação de medicamentos controlados em crianças que nunca os precisariam, podendo até serem vítimas de efeitos colaterais desastrosos com tenho encontrado com frequencia!

Cabe, sim, ao psicopedagogo na escola, essa identificação, para esgotar todas as metodologias e só encaminhar o aluno aos profissionais médicos quando houver certeza de que o problema não é simplesmente educacional.

Crianças e adolescentes com capacidade cognitiva muito acima da média e que, naturalmente, não "aguentam" ter que ficar em uma sala ouvindo o professor ensinar aquilo que já estão cansados de saber, acabam ficando ansiosos para sair da sala, jogar bolinhas de papel nos colegas, levantar toda hora etc..., sendo imediatamente "rotulados" como portadores de TDAH!

Quando esses meninos são encaminhados ao neurologista com tais sintomas acabam tendo que ser "tratados" com RITALINA, tendo início aí a destruição dessa sua capacidade cognitiva... Da mesma forma crianças e adolescentes com elevado grau de irritabilidade e agressividade em sala de aula, ou completamente isoladas do mundo à sua volta e que apenas precisariam que sua família passasse por uma psico-terapia (já que a causa está no péssimo ambiente em sua casa), acabam sendo levados a tratamentos semelhantes, como se fossem portadores de patologias psicogênicas, iniciando aí o seu processo de destruição das ligações neuronais que possibilitariam o seu sucesso intelectual futuro!

Para não "esticar muito" essa mensagem fico por aqui, informando que estou procurando divulgar para as escolas, para as famílias e para os profissionais de psicopedagogia, uma série de sugestões metodológicas, cada uma para ser aplicada pelo professor de uma disciplina, de forma que tais "anomalias comportamentais" sejam inicialmente tratadas na própria sala de aula e em casa, antes que as identifiquemos enganosamente como patologias neurológicas ou psiquiátricas!

Vou, aos poucos, divulgar algumas dessas idéias, solicitando que todos contribuam com sugestões e assim evitemos mais destruição de inteligências futuras.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Afetividade adolescente

Foi providencial o artigo de Márcio Ferrari na Nova Escola de dezembro, lembrando idéias de Winnicott sobre a brincadeira e a criatividade, num momento em que pais e professores se esquecem dessa realidade, principalmente quando essa criança já alcança a puberdade e passa a ser encarada como um quase adulto!
É primordial o afeto, o controle e o respeito durante a educação da criança, mas isso passa a ser mais importante ainda no momento em que essa criança se torna um adolescente, que é o período em que as mudanças naturais trazem conflitos dificílimos e, para piorar as coisas,  sua capacidade intelectual cai a níveis baixíssimos.
 Exatamente nesse momento os pais começam a abandoná-los, alguns com a desculpa de que eles não admitem mais controle e não gostam de muita afetividade. Mas, na realidade, eles querem e precisam tanto da afetividade como do controle, mas não têm escolha, já que a mãe perde a coragem de ouvir os segredos da filha e o pai acha que o filho, sendo homem, já sabe tudo da vida e não precisa de sua ajuda.
Professores e pais transformam esses adolescentes em adultos antes do tempo, induzindo-os a largar as brincadeiras juvenis e a pensar como eles, em família, em trabalho e em sexualidade, sem que estejam no momento certo para assumir tais responsabilidades.
A mídia enfatiza apenas o namoro e a prevaricação, abandonando qualquer referência a jogos e brincadeiras para essa idade, eliminando totalmente as opções de lazer e ludicidade. Sobram apenas os jogos nos computadores e vídeo-games, elementos que ajudam no desenvolvimento da velocidade de raciocínio, se limitado em uma hora por dia, mas que trazem danos graves e definitivos na capacidade de raciocínio futura, quando excedido esse limite.
Esses adolescentes "precocemente adultecidos" criam um "self" totalmente falso, construindo uma personalidade ansiosa e angustiada, cujas conseqüências podem ser desastrosas para eles e para seus pais. A falta da criatividade proveniente da falta de brincadeiras, jogos e diversões, somada a ausência de afetividade e controle, provoca o nascimento de distúrbios emocionais graves e a conseqüente procura por "tribos" que os acolham.
Surgem, então, as drogas, a banalização da sexualidade, a revolta social e a agressividade, que são apenas algumas dessas conseqüências, fruto da busca por alguém ou algum grupo que o ampare nesse período de necessidade afetiva insatisfeita.
A solução está no oferecimento de opções prazerosas e construtivas: opções de jogos ao ar livre, preferencialmente vôlei, basquete e natação, que alongam, satisfazem a liberação de energia e acalmam; opções de jogos de mesa e tabuleiro, preferencialmente xadrez, que junta a ludicidade com o estímulo ao desenvolvimento do raciocínio lógico (hemisfério esquerdo cerebral); opções de passeios por parques, zoológicos e campos, provocando o contato com a natureza e o despertar da mentalidade social e ecológica; opções de idas a teatros, exposições de arte, apresentações de orquestras e espetáculos de dança, estimulando o hemisfério direito cerebral e facilitando a harmonia intelecto-emocional e criativa.
Tudo isso é possível e eu digo mais: é nossa obrigação, como pais e professores. Afinal ninguém, além de nós (nem governo, nem mídia, nem ninguém), está interessado em formar cidadãos verdadeiramente felizes e satisfeitos consigo mesmos e, conseqüentemente, livres de ansiedades e angústias.
Não estão interessados porque tal tipo de gente não dá o lucro consumista que o sistema necessita. Esses consomem apenas o que realmente precisam, mas nunca para compensar uma angústia sem sentido...