sábado, 30 de janeiro de 2010

Boletim IUPE 2010-001

Atenção:

1. CALENDÁRIO E HORÁRIO IUPE 2010: 

No site do IUPE (www.iupe.org.br) clicando em COLÉGIO estão publicados os HORÁRIOS e os CALENDÁRIOS IUPE 2010

2. CURSO DE TREINAMENTO CONTINUADO NO IUPE: 

Ainda no site do IUPE estão agendados os nove (9) encontros de PAIS e EDUCADORES, abertos ao público, no IUPE. Esses encontros, além de constituirem o momento de integração entre a escola, as famílias e a comunidade, será também um momento de Orientação para o Acompanhamento Pedagógico e o Treinamento Parental. Todos aqueles que comparecerem a, pelo menos, 75% dos encontros, receberão, ao final do ano letivo, um CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO a título de EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA.

Os encontros serão sempre aos sábados, das 15 às 18 horas, nas datas abaixo especificadas:

a) Março - sábado, dia 20, das 15 às 18 horas.

b) Abril -  sábado, dia 17, das 15 às 18 horas.

c) Maio -  sábado, dia 15, das 15 às 18 horas.

d) Junho - sábado, dia 12, das 15 às 18 horas.

e) Julho -  sábado, dia 17, das 15 às 18 horas.

f) Agosto - sábado, dia 14, das 15 às 18 horas.

g) Setembro - sábado, dia 11, das 15 às 18 horas.

h) Outubro - sábado, dia 09, das 15 às 18 horas.

i) Novembro - sábado, dia 06, das 15 às 18 horas.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dois BRASIS completamente diferentes

"E toda vez que mãos humanas misturam sonho, criatividade, amor, coragem e justiça elas conseguem realizar a tarefa divina de construir um novo mundo e uma nova humanidade."

Há, na realidade, dois Brasis! Um deles vergonhoso! O outro estimulante! Há realmente duas faces na governança do país: uma delas detestável! A outra, simplesmente, louvável! Como entender essas duas faces da mesma moeda? Como desvendar esse mistério? Vamos começar pela parte pior, que todos temos conhecimento, mas vamos também apresentar a parte boa. Cabe a cada um de nós tentar entender o que se passa, mas, antes de tudo, é nossa responsabilidade construir perspectivas de melhora permanente na nossa própria vida e contribuir sempre de forma positiva e produtiva na melhora da vida de nossa comunidade, independente de acharmos que podemos estar sozinhos nisso ou não! Nossa parte tem que ser realizada por menor que sejam os resultados, já que o exemplo pode estimular outros a fazerem o mesmo e, assim, os resultados começam a ser mais eficazes...

Há, realmente, problemas sérios em nosso país. Há problemas, inclusive, que nos deixam em estado de questionamento permanente e até de angústia política! Podemos citar, entre muitos, o farto financiamento, claro e aberto, com nosso dinheiro, de instituições que desvirtuaram completamente os seus objetivos, como o atual MST.

Há também a farta contribuição dos cofres públicos (nosso dinheiro, de novo) para centenas de ONGs criadas exclusivamente para enriquecer seus dirigentes, ONGs essas com seus reais objetivos camuflados em objetivos sociais, mas que, na realidade, apenas servem para o desvio de verbas públicas para os bolsos dos que se dizem "espertos".

Vez por outra surgem notícias que nos animam... Mas, de repente, caímos "na real" e constatamos mais uma falcatrua, mais um ato de pura corrupção, mas uma "enganação" social travestida de ação social...

Não comentamos apenas por ouvir dizer... Comentamos por também sentir na "própria pele" as consequências de algumas dessas irregularidades sociais. Alguns de nossos colegas de trabalho no IUPE devem lembrar do treinamento de professores realizado durante três meses, em uma determinada unidade escolar pública de um certo município. Naquela época oferecemos aos professores e à direção da escola que, após o término do período de treinamento oficial os professores teriam todo nosso apoio gratuitamente, bastando comparecer às reuniões mensais de treinamento em nossa sede.

Qual não foi nossa surpresa ao ouvir da diretora: "Roberto! Não se engane! Seu treinamento, embora tenha trazido uma verdadeira revolução nos nossos conhecimentos didáticos, foi apenas mais um treinamento para justificar a utilização de verbas públicas. Não há qualquer interesse do sistema em implantar qualquer tipo de melhoria real em nosso ensino..." O resultado é que alguns dos professores daquela escola optaram por matricular seus filhos em nossa escola...

Outra fantástica experiência veio de um profissional representante de uma instituição de fomento, da área federal, exigindo a entrega de 20% da verba destinada ao financiamento do Centro Mundial de Treinamento Continuado de Professores, para que tal verba, já praticamente aprovada, fosse liberada... Como o nome de nosso projeto é "Construção da Cultura do Caráter" não consegui ter o mesmo "desprendimento moral" que estamos vendo todos os dias na mídia. Fui obrigado a recusar a entrega da propina e, logicamente, a verba tomou outro rumo...

Mas agora vamos a parte positiva. Essa nos anima! E para essa parte eu nãopreciso escrever nada. Basta ler o discurso que Lula faria em Davos, mas que foi lido por Celso Amorim, devido a crise de hipertensão do nosso presidente:

Em repouso após passar por uma crise de hipertensão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, leu o disicurso de Lula na cerimônia de entrega do prêmio "Estadista Global". O discurso descreve os avanços obtidos pelo Brasil nos últimos anos.

Leia abaixo a íntegra do discurso.

"Minhas senhoras e meus senhores,

Em primeiro lugar, agradeço o prêmio "Estadista Global" que vocês estão me concedendo.

Nos últimos meses, tenho recebido alguns dos prêmios e títulos mais importantes da minha vida.

Com toda sinceridade, sei que não é exatamente a mim que estão premiando - mas ao Brasil e ao esforço do povo brasileiro. Isso me deixa ainda mais feliz e honrado.

Recebo este prêmio, portanto, em nome do Brasil e do povo do meu país. Este prêmio nos alegra, mas, especialmente, nos alerta para a grande responsabilidade que temos.

Ele aumenta minha responsabilidade como governante, e a responsabilidade do meu país como ator cada vez mais ativo e presente no cenário mundial.

Tenho visto, em várias publicações internacionais, que o Brasil está na moda. Permitam-me dizer que se trata de um termo simpático, porém inapropriado.

O modismo é coisa fugaz, passageira. E o Brasil quer e será ator permanente no cenário do novo mundo.

O Brasil, porém, não quer ser um destaque novo em um mundo velho. A voz brasileira quer proclamar, em alto e bom som, que é possível construir um mundo novo.

O Brasil quer ajudar a construir este novo mundo, que todos nós sabemos, não apenas é possível, mas dramaticamente necessário, como ficou claro, na recente crise financeira internacional – mesmo para os que não gostam de mudanças.

Meus senhores e minhas senhoras,

O olhar do mundo hoje, para o Brasil, é muito diferente daquele, de sete anos atrás, quando estive pela primeira vez em Davos.

Naquela época, sentíamos que o mundo nos olhava mais com dúvida do que esperança. O mundo temia pelo futuro do Brasil, porque não sabia o rumo exato que nosso país tomaria sob a liderança de um operário, sem diploma universitário, nascido politicamente no seio da esquerda sindical.

Meu olhar para o mundo, na época, era o contrário do que o mundo tinha para o Brasil. Eu acreditava, que assim como o Brasil estava mudando, o mundo também pudesse mudar.

No meu discurso de 2003, eu disse, aqui em Davos, que o Brasil iria trabalhar para reduzir as disparidades econômicas e sociais, aprofundar a democracia política, garantir as liberdades públicas e promover, ativamente, os direitos humanos.

Iria, ao mesmo tempo, lutar para acabar sua dependência das instituições internacionais de crédito e buscar uma inserção mais ativa e soberana na comunidade das nações.

Frisei, entre outras coisas, a necessidade de construção de uma nova ordem econômica internacional, mais justa e democrática.

E comentei que a construção desta nova ordem não seria apenas um ato de generosidade, mas, principalmente, uma atitude de inteligência política.

Ponderei ainda que a paz não era só um objetivo moral, mas um imperativo de racionalidade. E que não bastava apenas proclamar os valores do humanismo. Era necessário fazer com que eles prevalecessem, verdadeiramente, nas relações entre os países e os povos.

Sete anos depois, eu posso olhar nos olhos de cada um de vocês – e, mais que isso, nos olhos do meu povo – e dizer que o Brasil, mesmo com todas as dificuldades, fez a sua parte. Fez o que prometeu.

Neste período, 31 milhões de brasileiros entraram na classe média e 20 milhões saíram do estágio de pobreza absoluta. Pagamos toda nossa dívida externa e hoje, em lugar de sermos devedores, somos credores do FMI.

Nossas reservas internacionais pularam de 38 bilhões para cerca de 240 bilhões de dólares. Temos fronteiras com 10 países e não nos envolvemos em um só conflito com nossos vizinhos. Diminuímos, consideravelmente, as agressões ao meio ambiente. Temos e estamos consolidando uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, e estamos caminhando para nos tornar a quinta economia mundial.

Posso dizer, com humildade e realismo, que ainda precisamos avançar muito. Mas ninguém pode negar que o Brasil melhorou.

O fato é que Brasil não apenas venceu o desafio de crescer economicamente e incluir socialmente, como provou, aos céticos, que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza.

Historicamente, quase todos governantes brasileiros governaram apenas para um terço da população. Para eles, o resto era peso, estorvo, carga.

Falavam em arrumar a casa. Mas como é possível arrumar um país deixando dois terços de sua população fora dos benefícios do progresso e da civilização?

Alguma casa fica de pé, se o pai e a mãe relegam ao abandono os filhos mais fracos, e concentram toda atenção nos filhos mais fortes e mais bem aquinhoados pela sorte?

É claro que não. Uma casa assim será uma casa frágil, dividida pelo ressentimento e pela insegurança, onde os irmãos se vêem como inimigos e não como membros da mesma família.

Nós concluímos o contrário: que só havia sentido em governar, se fosse governar para todos. E mostramos que aquilo que, tradicionalmente, era considerado estorvo, era, na verdade, força, reserva, energia para crescer.

Incorporar os mais fracos e os mais necessitados à economia e às políticas públicas não era apenas algo moralmente correto. Era, também, politicamente indispensável e economicamente acertado. Porque só arrumam a casa, o pai e a mãe que olham para todos, não deixam que os mais fortes esbulhem os mais fracos, nem aceitam que os mais fracos conformem-se com a submissão e com a injustiça. Uma casa só é forte quando é de todos – e nela todos encontram abrigo, oportunidades e esperanças.

Por isso, apostamos na ampliação do mercado interno e no aproveitamento de todas as nossas potencialidades. Hoje, há mais Brasil para mais brasileiros. Com isso, fortalecemos a economia, ampliamos a qualidade de vida do nosso povo, reforçamos a democracia, aumentamos nossa auto-estima e amplificamos nossa voz no mundo.

Minhas senhoras e meus senhores,

O que aconteceu com o mundo nos últimos sete anos? Podemos dizer que o mundo, igual ao Brasil, também melhorou?

Não faço esta pergunta com soberba. Nem para provocar comparações vantajosas em favor do Brasil.

Faço esta pergunta com humildade, como cidadão do mundo, que tem sua parcela de responsabilidade no que sucedeu – e no que possa vir a suceder com a humanidade e com o nosso planeta.

Pergunto: podemos dizer que, nos últimos sete anos, o mundo caminhou no rumo da diminuição das desigualdades, das guerras, dos conflitos, das tragédias e da pobreza?

Podemos dizer que caminhou, mais vigorosamente, em direção a um modelo de respeito ao ser humano e ao meio ambiente?

Podemos dizer que interrompeu a marcha da insensatez, que tantas vezes parece nos encaminhar para o abismo social, para o abismo ambiental, para o abismo político e para o abismo moral?

Posso imaginar a resposta sincera que sai do coração de cada um de vocês, porque sinto a mesma perplexidade e a mesma frustração com o mundo em que vivemos.

E nós todos, sem exceção, temos uma parcela de responsabilidade nisso tudo.

Nos últimos anos, continuamos sacudidos por guerras absurdas. Continuamos destruindo o meio-ambiente. Continuamos assistindo, com compaixão hipócrita, a miséria e a morte assumirem proporções dantescas na África. Continuamos vendo, passivamente, aumentar os campos de refugiados pelo mundo afora.

E vimos, com susto e medo, mas sem que a lição tenha sido corretamente aprendida, para onde a especulação financeira pode nos levar.

Sim, porque continuam muitos dos terríveis efeitos da crise financeira internacional, e não vemos nenhum sinal, mais concreto, de que esta crise tenha servido para que repensássemos a ordem econômica mundial, seus métodos, sua pobre ética e seus processos anacrônicos.

Pergunto: quantas crises serão necessárias para mudarmos de atitude? Quantas hecatombes financeiras teremos condições de suportar até que decidamos fazer o óbvio e o mais correto?

Quantos graus de aquecimento global, quanto degelo, quanto desmatamento e desequilíbrios ecológicos serão necessários para que tomemos a firme decisão de salvar o planeta?

Meus senhores e minhas senhoras,

Vendo os efeitos pavorosos da tragédia do Haiti, também pergunto: quantos Haitis serão necessários para que deixemos de buscar remédios tardios e soluções improvisadas, ao calor do remorso?

Todos nós sabemos que a tragédia do Haiti foi causada por dois tipos de terremotos: o que sacudiu Porto Príncipe, no início deste mês, com a força de 30 bombas atômicas, e o outro, lento e silencioso, que vem corroendo suas entranhas há alguns séculos.

Para este outro terremoto, o mundo fechou os olhos e os ouvidos. Como continua de olhos e ouvidos fechados para o terremoto silencioso que destrói comunidades inteiras na África, na Ásia, na Europa Oriental e nos países mais pobres das Américas.

Será necessário que o terremoto social traga seu epicentro para as grandes metrópoles européias e norte-americanas para que possamos tomar soluções mais definitivas?

Um antigo presidente brasileiro dizia, do alto de sua aristocrática arrogância, que a questão social era uma questão de polícia.

Será que não é isso que, de forma sutil e sofisticada, muitos países ricos dizem até hoje, quando perseguem, reprimem e discriminam os imigrantes, quando insistem num jogo em que tantos perdem e só poucos ganham?

Por que não fazermos um jogo em que todos possam ganhar, mesmo que em quantidades diversas, mas que ninguém perca no essencial?

O que existe de impossível nisso? Por que não caminharmos nessa direção, de forma consciente e deliberada e não empurrados por crises, por guerras e por tragédias? Será que a humanidade só pode aprender pelo caminho do sofrimento e do rugir de forças descontroladas?

Outro mundo e outro caminho são possíveis. Basta que queiramos. E precisamos fazer isso enquanto é tempo.

Meus senhores e minhas senhoras,

Gostaria de repetir que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. Esta também é uma das melhores receitas para a paz. E aprendemos, no ano passado, que é também um poderoso escudo contra crise.

Esta lição que o Brasil aprendeu, vale para qualquer parte do mundo, rica ou pobre.

Isso significa ampliar oportunidades, aumentar a produtividade, ampliar mercado e fortalecer a economia. Isso significa mudar as mentalidades e as relações. Isso significa criar fábricas de emprego e de cidadania.

Só fomos bem sucedidos nessas tarefas porque recuperamos o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e não nos deixamos aprisionar em armadilhas teóricas – ou políticas – equivocadas sobre o verdadeiro papel do estado.

Nos últimos sete anos, o Brasil criou quase 12 milhões de empregos formais. Em 2009, quando a maioria dos países viu diminuir os postos de trabalhos, tivemos um saldo positivo de cerca de um milhão de novos empregos.

O Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair. Por que? Porque tínhamos reorganizado a economia com fundamentos sólidos, com base no crescimento, na estabilidade, na produtividade, num sistema financeiro saudável, no acesso ao crédito e na inclusão social.

E quando os efeitos da crise começaram a nos alcançar, reforçamos, sem titubear, os fundamentos do nosso modelo e demos ênfase à ampliação do crédito, à redução de impostos e ao estímulo do consumo.

Na crise ficou provado, mais uma vez, que são os pequenos que estão construindo a economia de gigante do Brasil.

Este talvez seja o principal motivo do sucesso do Brasil: acreditar e apoiar o povo, os mais fracos e os pequenos. Na verdade, não estamos inventando a roda. Foi com esta força motriz que Roosevelt recuperou a economia americana depois da grande crise de 1929. E foi com ela que o Brasil venceu preventivamente a última crise internacional.

Mas, nos últimos sete anos, nunca agimos de forma improvisada. A gente sabia para onde queria caminhar. Organizamos a economia sem bravatas e sem sustos, mas com um foco muito claro: crescer com estabilidade e com inclusão.

Implantamos o maior programa de transferência de renda do mundo, o Bolsa Família, que hoje beneficia mais de 12 milhões de famílias. E lançamos, ao mesmo tempo, o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, maior conjunto de obras simultâneas nas áreas de infra-estrutura e logística da história do país, no qual já foram investidos 213 bilhões de dólares e que alcançará, no final do ano de 2010, um montante de 343 bilhões.

Volto ao ponto central: estivemos sempre atentos às politicas macro-econômicas, mas jamais nos limitamos às grandes linhas. Tivemos a obsessão de destravar a máquina da economia, sempre olhando para os mais necessitados, aumentando o poder de compra e o acesso ao crédito da maioria dos brasileiros.

Criamos, por exemplo, grandes programas de infra-estrutura social voltados exclusivamente para as camadas mais pobres. É o caso do programa Luz para Todos, que levou energia elétrica, no campo, para 12 milhões de pessoas e se mostrou um grande propulsor de bem estar e um forte ativador da economia.

Por exemplo: para levar energia elétrica a 2 milhões e 200 mil residências rurais, utilizamos 906 mil quilômetros de cabo, o suficiente para dar 21 voltas em torno do planeta Terra. Em contrapartida, estas famílias que passaram a ter energia elétrica em suas casas, compraram 1,5 milhão de televisores, 1,4 milhão de geladeiras e quantidades enormes de outros equipamentos.

As diversas linhas de microcrédito que criamos, seja para a produção, seja para o consumo, tiveram igualmente grande efeito multiplicador. E ensinaram aos capitalistas brasileiros que não existe capitalismo sem crédito.

Para que vocês tenham uma idéia, apenas com a modalidade de "crédito consignado", que tem como garantia o contracheque dos trabalhadores e aposentados, chegamos a fazer girar na economia mais 100 bilhões de reais por mês. As pessoas tomam empréstimos de 50 dólares, 80 dólares para comprar roupas, material escolar, etc, e isto ajuda ativar profundamente a economia.

Minhas senhoras e meus senhores,

Os desafios enfrentados, agora, pelo mundo são muito maiores do que os enfrentados pelo Brasil.

Com mudanças de prioridades e rearranjos de modelos, o governo brasileiro está conseguindo impor um novo ritmo de desenvolvimento ao nosso país.

O mundo, porém, necessita de mudanças mais profundas e mais complexas. E elas ficarão ainda mais difíceis quanto mais tempo deixarmos passar e quanto mais oportunidades jogarmos fora.

O encontro do clima, em Copenhague, é um exemplo disso. Ali a humanidade perdeu uma grande oportunidade de avançar, com rapidez, em defesa do meio-ambiente.

Por isso cobramos que cheguemos com o espírito desarmado, no próximo encontro, no México, e que encontremos saídas concretas para o grave problema do aquecimento global.

A crise financeira também mostrou que é preciso uma mudança profunda na ordem econômica, que privilegie a produção e não a especulação.

Um modelo, como todos sabem, onde o sistema financeiro esteja a serviço do setor produtivo e onde haja regulações claras para evitar riscos absurdos e excessivos.

Mas tudo isso são sintomas de uma crise mais profunda, e da necessidade de o mundo encontrar um novo caminho, livre dos velhos modelos e das velhas ideologias.

É hora de re-inventarmos o mundo e suas instituições. Por que ficarmos atrelados a modelos gestados em tempos e realidades tão diversas das que vivemos? O mundo tem que recuperar sua capacidade de criar e de sonhar.

Não podemos retardar soluções que apontam para uma melhor governança mundial, onde governos e nações trabalhem em favor de toda a humanidade.

Precisamos de um novo papel para os governos. E digo que, paradoxalmente, este novo papel é o mais antigo deles: é a recuperação do papel de governar.

Nós fomos eleitos para governar e temos que governar. Mas temos que governar com criatividade e justiça. E fazer isso já, antes que seja tarde.

Não sou apocalíptico, nem estou anunciando o fim do mundo. Estou lançando um brado de otimismo. E dizendo que, mais que nunca, temos nossos destinos em nossas mãos.

E toda vez que mãos humanas misturam sonho, criatividade, amor, coragem e justiça elas conseguem realizar a tarefa divina de construir um novo mundo e uma nova humanidade.

Muito obrigado."

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Discriminação racial: onde está meu erro?

Confesso que levei um susto imenso ao ler, agora pela manhã, o resultado do vestibular 2010 da Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Interessado que estava para verificar se um amigo havia sido deparei-me com títulos estranhíssimos por toda a página da listagem:

- optantes pelas vagas reservadas aos negros

- optantes pelas vagas reservadas aos indígenas

- não optantes pelas vagas reservadas

Ou seja: para mim estamos vivenciando uma realidade bastante semelhante à da antiga África do Sul, em pleno APARTHEID, com determinações de diferenças raciais entre todos...

A cada dia vemos mais uma demonstração dessa discriminação DETERMINADA PELO SISTEMA, em algum documento que tenhamos que preencher.

As escolas, ao preencherem a listagem de censo escolar anual são obrigadas a inserir, para cada aluno, a classificação de sua raça: brando, negro, pardo, etc...

Nosso trabalho no IUPE, desde suas fundação em 12/09/1999, tem sido a educação diferenciada para construir em cada aluno a idéia de que temos todos as mesmas potencialidades e possibilidades, independente de nossa aparência externa, cor da nossa pele, cor dos olhos, tipo de cabelos, diferença de altura, diferença de peso, tipo de cultura, preferências comportamentais e tudo o mais.

O que diferencia o resultado é a força de vontade ou a falta dela, a auto-valorização ou a auto-depreciação e nunca o fato de termos nascido em berço de ouro ou em em uma família desprovida de recursos financeiros adequados e, muito menos, por termos herdado características genéticas que nos tragam pele mais clara ou mais escura, olhos dessa ou daquela cor, cabelos desse ou daquele tipo.

Não quero entrar pelo mesmo caminho dos adeptos das "Teorias da Conspiração", mas parece mesmo existir todo um movimento para denegrir mais ainda a imagem das "ditas" minorias, para baixar cada vez mais a auto-estima de seus componentes, fazendo-os assumir uma inferioridade que não existe, assim deixando as oportunidades melhores para aqueles que já as detém, mas cujos filhos não estão sendo capazes de manter...

Nesse caso o ataque parece ser: "(...) se meu filho não consegue, vamos fazer com que os concorrentes sejam piores ainda do que ele (...)"

Esses, apesar de terem nascido em "berços de ouro", a cada dia perdem mais terreno para crianças e adolescentes provenientes de famílias de bairros pobres, já que, apesar desse movimento sutil de degradação social, jovens menos favorecidos financeiramente, entre eles muitos negros, estão tendo a oportunidade de se desenvolver de igual para igual, como resultado da educação diferenciada já adotada por muitos colégios, como a que estamos fazendo aqui no IUPE.

Sou totalmente contrário a qualquer tipo de discriminação, embora muitos tenham tentado me convencer de que esse sistema de cotas corrige a anomalia da falta de oportunidade intelectual das pessoas de baixa renda.

Será mesmo? Será que estou totalmente errado? Será que corrigir essa anomalia não teria que ser corrigindo a forma como as metodologias educacionais estão sendo aplicadas nas escolas públicas?

Posso estar muito errado, por isso mesmo que, no título do artigo, pergunto "onde está meu erro?"

Mas ainda insisto em que as oportunidades de crescimento só dependem de:

1) Da força de vontade de cada um

2) De um sistema público de ensino que realmente se preocupe mais com as pessoas que estão aplicando as metodologias, os PROFESSORES, do que com a apresentação externa das "escolas modelo" e a equipamentação das salas com TVs, monitores, lousas especiais, computadores, data-shows e tudo o mais.

3) De um sistema particular de ensino que se preocupe com cada criança e adolescente na sua individualidade, evitando os mesmo erros que coloquei no item anterior para as escolas públicas.

No momento em que os professores forem mais valorizados e mais bem preparados, o sistema estará se utilizando da maior e mais eficiente arma para reduzir as diferenças sociais, reduzir a criminalidade, aumentar a sua própria eficácia (devido a profissionais muito mais bem preparados em todos os níveis) e aumentar a própria riqueza do país.

E professores mais bem preparados poderão também ajudar na educação das famílias de seus alunos, de forma direta ou indireta, já que muitas anomalias comportamentais e até psíquicas, que impedem o crescimento de muitos alunos, são provenientes de educação familiar equivocada.

Em paralelo estará sendo eliminado qualquer vestígio de diferenças raciais ou sejam lá quais forem, já que esse tipo de educação oferece a mesma oportunidade para todos.

Mas essa minha proposta precisa de "VONTADE POLÍTICA", o que parece não estar existindo nesse país...

Mas vamos ficar de braços cruzados só reclamando? Não! É claro! Continuaremos fazendo a nossa parte com a maior eficácia possível e dentro de nossas possibilidades técnicas e financeiras, mas com muita força de vontade e muito entusiasmo!

Um dia, quem sabe, o sistema "se toca"...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Amigos imaginários

Na palestra que dei ontem uma pergunta gerou todo um debate: São saudáveis as crianças que tem amigos imaginários? Qual não foi a minha surpresa ao abrir o A Tarde de hoje e encontrar a matéria "Penso... e eles existem!" no suplemento infantil A Tardinha. A chamada para a matéria, na primeira página, diz: "Para que servem os amigos imaginários?"

Sabemos que entender o universo infantil é uma verdadeira arte. Mas é uma arte maravilhosa, uma arte gratificante, uma arte empolgante, desde que o adulto: desenvolva a capacidade de ouvir, o que chamamos de "escuta ativa"; ao mesmo tempo treine a paciência para a compreensão dos detalhes e das motivações daquela criança para aquele ato e; desenvolva a sua competência empática, que nada mais é do que se colocar no lugar e na idade daquela criança, para procurar sentir o mundo como ela o sente.

Então vamos tentar responder a pergunta da chamada da matéria: "Para que eles servem?"

Precisamos lembrar do processo de formação do caráter da criança (ou personalidade, como queiram) a partir dos seus primeiros anos de vida. Vamos nos deter na terceira fase de formação, a que vai aproximadamente dos três aos sete anos de idade. Essa fase está descrita em detalhes nas páginas 87 a 92 do meu livro "Afetividade na Educação - Psicopedagogia", com base em Freud, Wallon e todos os demais pensadores ligados a esse estudo de formação.

Quem já leu esse meu livro lembra que a partir dos três anos a criança começa a entender melhor os outros e começa a se adaptar a esse relacionamento social. Seu cérebro, então, começa a trabalhar na formação de ligações neurais apropriadas a esse novo entendimento de mundo, que é agora um mundo mais social e menos individualizado.

Mas para que esse processo seja perfeito a criança precisa vivenciar essa relação e senti-la verdadeiramente em todos os momentos de seu dia, seja em casa ou na creche-escola. E exatamente por causa dessa necessidade é que eu recomendo a matrícula numa dessas escolinhas desde os primeiros anos de vida.

Minha recomendação não é teórica, mas baseada em experiência própria. Meus filhos foram matriculados numa dessas, desde três meses de vida! Foi na Risco Rabisco da Pituba, que, infelizmente, não existe mais. Lá eles conviveram com excelentes profissionais extremamente dedicados, como Edvaldo e Ângela, os diretores, Andréia, auxilar pedagógica e Áurea, a cozinheira, se não me falha a memória.

Essa minha recomendação é sempre muito criticada por grande parte das avós super protetoras, que querem seus netos em casa o tempo todo, mesmo que não possam brincar com nenhuma criança de sua idade. Elas acham "desumano" mandar a criança para uma creche onde não poderão estar o tempo todo abraçados pela avó... Como se a criança preferisse estar abraçada a um adulto ao invés de estar brincando com outras crianças de sua idade...

Mas vamos agora fazer uma visita à mente dessa criança. Se ela estiver em um ambiente cheio de colegas e repleto de brincadeiras, jogos e aprendizado lúdico, ela estará satisfazendo a sua necessidade de reconhecimento social e relacionamento interpessoal. Seu cérebro estará sendo alimentado por essas vivências, o que facilitará toda a contrução das interligações necessárias
a esse desenvolvimento.

Se, entretanto, ela estiver sozinha, sem colegas que possam compartilhar esse aprendizado, ela poderá tomar dois caminhos opostos. Um muito perigoso para a sua formação, que seria a acomodação ao isolamento e a possível montagem de uma personalidade levada ao isolamento e a individualidade excessiva. O outro, mais adequado, é o da criatividade, montando histórias e dramatizações, transformando brinquedos em personagens reais, ou até visualizando amigos imaginários que serão seus parceiros nas brincadeiras, nos jogos, nos passeios e em todos os demais momentos de sua vida.

É comum levarem esses amigos a passeios reais com seus pais, em viagens reais, como por exemplo o caso relatado no artigo de hoje, quando a menina Júlia, de seis anos, levou seu amigo na viagem que fez à Itália (só que ele foi na asa do avião).

Nessa época surgem as incompreensões dos adultos, junto com a falta de sensibilidade. Frequentemente conseguem bloquear esse processo criativo e fantasioso, eliminando a possibilidade dessa criança ter uma formação neural perfeita e harmônica, principalmente quando dizem para a criança "parar de inventar coisas" e, pior ainda, comentando que "essa menina parece maluca!"
É também nessa fase que surgem as histórias de Papai Noel, Cegonha e tudo o mais. A despeito das opiniões de "entendidos de plantão" que contestam a utilização dessas irrealidades, insisto em que todas as historinhas infantis, principalmente de contos de fadas, duendes e coisas semelhantes, sejam largamente usadas.

Nossa preocupação não é com o fato da criatividade infantil ou da história de duendes ser uma distorção da realidade, mas sim com a mensagem positiva que todas essas histórias devem passar para que, a cada instante de sua formação, esteja sendo realizado aquilo que costumo chamar de "Construção da Cultura do Caráter".

Guardem esse detalhe, por favor: mensagens sempre positivas! Não precisamos, em momento algum, mostrar para as crianças as mensagens negativas do mundo. Essas elas aprendem sozinhas. Mas as positivas só nós, pais e educadores, estamos preocupados em ensinar. A sociedade pornocorrompida e desonesta se encarrega do outro lado dessa formação.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Educação: a única solução

Está cada vez mais difícil mostrar aos responsáveis pela formação das crianças e dos adolescentes, aqueles que deveriam ser chamados de educadores, que educar é uma coisa muito séria! Existe uma verdadeira banalização da falta de valores e de caráter. Ela ocorre em decorrência da divulgação clara e incontestável de todos esses momentos e atos de farta corrupção. Essa banalização se agrava quando se percebe a apatia total do poder público. E ela se torna irrecuperável no momento em que ocorre a acomodação total da população voltando a eleger para cargos públicos exatamente os maiores expoentes de toda essa falcatrua, como se tudo isso fosse normal e legal.

Onde está a base de todo esse problema? Na TV? No restante da mídia? Na contracultura apresentada pelas letras pornorepetitivas de parte das músicas atuais? No consumismo exacerbado fazendo com que a inversão de valores provoque o esquecimento total dos mínimos conceitos de moralidade e caráter para manter uma sociedade ética?

Podemos até entender que tudo isso contribua para essa triste realidade, mas a origem principal de todo esse problema está dentro da nossa própria casa e dentro da sala de aula da escola de nossos filhos! Sim! Essa é a grande verdade! A responsabilidade por tudo isso que está acontecendo é nossa mesmo! Nossa como pais e nossa como educadores! De nada adianta continuarmos apenas a reclamar dos atos insanos e corruptos de todas essas autoridades estabelecidas em nosso país, se não fizermos alguma coisa IMEDIATAMENTE, começando dentro de nossa própria casa e dentro da escola de nossos filhos!

A maior parte das famílias desse país não consegue ter resultados satisfatórios com a formação de seus filhos, primeiro porque nunca foi ensinada a realizar essa educação e, segundo, por estar recebendo um verdadeiro bombardeio diário de entendimento pessimista da vida, ouvindo frases como: "é assim mesmo (...) não tem mais jeito não (...) adolescente é tudo igual (...) o importante é tirar proveito de alguma coisa (...) quero a minha parte (...) achado não é roubado", e outras frases piores ainda...

Mas há solução? Há sim! E ela está exatamente na escola. Ela está na mão dos educadores profissionais, que são aqueles que foram formados exatamente para educar, ou deveriam ter sido formados para isso. Mas existe essa profissão? Existe o educador profissional? Ou o que está existindo hoje é a formação de "dadores de aula", cheios de teorias maravilhosas mas sem qualquer noção de como colocá-las em prática e entrando em desespero ao primeiro sinal de dificuldade no trato com alunos e pais de alunos! Pior ainda são os que, ao invés de entrarem em desespero, se acomodam, seguindo a regra geral de uma sociedade apática e conivente para com a corrupção reinante.

Está na hora de mudar do princípio, ou seja, a partir da sala de aula! Por que da sala de aula e não da família? Porque as famílias são as primeiras a precisar desse processo educacional! Todas as anomalias comportamentais e grande parte das anomalias psíquicas e neurológicas apresentadas pelos alunos estão relacionadas a falta total de estrutura emocional de suas famílias.

Mas essas famílias estão assim, não exclusivamente por culpa delas mesmas, mas sim por falta total de conhecimento do que seria o certo ou o que é o errado na forma de educar seus filhos e também na forma de se relacionarem dentro de suas próprias casas e com seus vizinhos. As pessoas não estão conseguindo se relacionar corretamente nem com elas mesmas, muito menos com seus parentes, amigos, conhecidos e desconhecidos!

A responsabilidade inicial, então, de toda essa necessária mudança social, é do educador que, mesmo sem estar devidamente preparado para isso, terá que se estruturar para tal, se não quiser fazer parte daquele grupo que tinha a solução nas mãos e se acomodou preguiçosamente, contribuindo para piorar cada vez mais essa triste realidade de nosso país.

O difícil é convencer cada educador dessa necessidade, num país em que tudo parece justificar a acomodação e o relaxamento. Alguns desses "profissionais" estão esperando o dia em que vão ganhar bem para trabalhar bem... Outros estão aguardando receberem o devido reconhecimento para, a partir daí, começarem a mostrar a sua competência educacional... E nesse ínterim alguns desses pseudo educadores procuram utilizar seus momentos na escola para fingir que ensinam, reprovar alguns para demonstrar sua superioridade na relação educador-aluno e alardear conhecimento para deixar os alunos perplexos com a sua inteligência e inferiorizados com a falta de capacidade de entender o que o professor disse.

Esses alunos farão parte da sociedade de amanhã, muitos deles repetindo todos os atos de corrupção e criminalidade mostrados diariamente pela mídia e aceitos placidamente pela sociedade acomodada.

Está na hora de cada educador, individualmente, fazer uma auto-análise de seu comportamento em sala de aula, para que cada uma de suas atitudes e cada uma de suas palavras comece a ser um novo exemplo a ser seguido e um marco de referência positiva para cada um de seus alunos. Essa auto-análise deve começar agora, nesse exato momento! Não deixe para mais tarde! E a técnica que mais gosto de utilizar e que mais recomendo é a de assumirmos que cada resultado não alcançado é de nossa total responsabilidade, mesmo que esteja evidente a falha educacional em casa e a falta total de apoio dos pais!

Nesse ponto os professores costumam reclamar dizendo que não há como educar uma criança sem o apoio da família. Concordo plenamente que esse apoio é indispensável. Concordo também que a influência de um ambiente familiar mal estruturado provoca anomalias de toda sorte na criança, principalmente no que se refere às dificuldades cognitivas. Tanto concordo que sempre sugiro que, no ato da matrícula, esteja bem clara a necessidade dos pais participarem das reuniões de treinamento parental. Essa reunião é, para muitos deles, a única oportunidade de aprenderem alguma coisa relacionada à educação de seus filhos.

Mas a falha da educação doméstica ou a ausência dos pais não pode servir para justificativa de insucesso na educação das crianças. Ao mesmo tempo em que a escola deve envidar todos os esforços para trazer os pais para as reuniões, os professores devem estar lidando com os alunos como se todos eles fossem órfãos de pai e mãe.

Ver o aluno dessa forma possibilita a eliminação de qualquer tendência à acomodação, já que não podemos esperar de ninguém, a não ser de nós mesmos, atitudes de exemplo e orientação que quebrem os bloqueios desse aluno e consigam dirigi-lo para o caminho da transformação.

E para colocar isso em prática basta começar a entender cada aluno como um projeto de nosso desempenho profissional e que cada dificuldade cognitiva, psíquica, orgânica ou comportamental significa um desafio a mais a ser vencido, contando pontos para o aumento de nossa competência como educador.

Aos poucos, a partir de agora, vamos analisar algumas das dificuldades mais encontradas nas escolas. Quem desejar enviar relatos de casos para essas análises, pode enviar para meu e-mail ou como comentário nesse canal de comunicação.

O importante é estar entusiasmado

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

TDAH existe sim!

Tenho recebido mensagens reclamando que eu tenho comentado em meus artigos e em entrevistas na TV e em emissoras de Rádio que TDAH NÃO EXISTE! Preciso, então, deixar claro que não é essa a mensagem que tenho passado nem poderia ser, já que essas anomalias são verdadeiras e necessitam de tratamento por profissionais competentes, ou seja: TDAH EXISTE SIM!

Em momento algum nós, do IUPE, dissemos que tais anomalias não existem! O que insisto em alertar a todos é que temos encontrado crianças e adolescentes diagnosticados como portador de TDAH e que, após algumas semanas de acompanhamento pedagógico direcionado começam a apresentar uma redução acentuada dos sintomas e, após alguns meses estão completamente livres de toda sintomatologia.

Ou seja: Essas crianças e adolescentes nunca tiveram tais doenças, mas chegaram a nós com tal diagnóstico, já que estavam apresentando toda a sintomatologia correspondente. Mas essa sintomatologia era proveniente de traumas, abusos ou educação equivocada, confundindo com os mesmos sintomas apresentados por características neurológicas especiais, essa sim, necessitando de tratamento clínico apropriado, com uso de medicamentos adequados, etc.

Então, para ser bem claro:

Caso A) Há pessoas com anomalias neurológicas e psiquiátricas que precisam estar em acompanhamento médico especializado (neurologistas e psiquiatras), inclusive fazendo uso de medicamentos apropriados, para estabilizar seu comportamento pessoal e permitir um melhor relacionamento social.

Caso B) Há pessoas com anomalias na área da neuroses, demonstrando permanente estado de tristeza, ansiedades, angústias e frustrações que precisam estar em acompanhamento psicanalítico, para alcançar a cura dessas doenças e melhorar seu relacionamento para consigo mesmo.

Caso C) Há pessoas com anomalias comportamentais que não se enquadram nem em NEUROSES nem em PATOLOGIAS NEUROLÓGICAS ou PSIQUIÁTRICAS, que precisam de um acompanhamento psicológico ou simples orientação pessoal para compreenderem a si mesmos e melhor se adequarem corretamente à sociedade e aos grupos aos quais pertencem.

O maior desafio que estamos enfrentando em todas as escolas que seguem nossa orientação metodológica está naqueles alunos que, ao se matricularem, são apresentados como enquadrados no caso A (patologia neurológica ou psiquiátrica) e, após um acompanhamento individualizado rigoroso, constatamos que eles estão enquadrados, não no caso A, mas sim no caso C! Para esses casos houve o que chamamos de DIAGNÓSTICO PRECIPITADO.

Ora! Se tratamos um paciente, enquadrado no caso A, com um medicamento controlado específico, mesmo que esse medicamento apresente efeitos colaterais indesejáveis o médico saberá prescrever a dosagem adequada para minimizar tais efeitos desde que o objetivo final do tratamento seja alcançado.

Mas se o mesmo tratamento estiver sendo prescrito para um paciente que não tem a patologia, os efeitos colaterais poderiam estar sendo evitados, já que essas CRIANÇAS e ADOLESCENTES observados NUNCA TIVERAM TDAH, mas sim apresentaram uma SINTOMATOLOGIA semelhante à das pessoas que verdadeiramente estão acometidas dessa anomalia.

Isso não quer dizer que a doença não existe, Ela existe, mas muitas crianças e adolescentes estão sendo PRECIPITADAMENTE DIAGNOSTICADAS COMO PORTADOR DE TDAH ou de outra qualquer anomalia comportamental, seja ela patológica ou não.

Então, todas essa anomalias, algumas delas incluídas nas listagens de patologias neurológicas ou psiquiátricas, existem sim e podem assumir proporções de muita gravidade, principalmente se não forem tratadas convenientemente e pelos profissionais médicos corretos, como os neurologistas e psiquiatras.

Nosso instituto trabalha com pesquisas nas áreas neuro-psico-cognitivas com estudos e pesquisas de profissionais e cientistas que labutam exatamente nas áreas neurológicas, psiquiátricas, biológicas, psicológicas, psicanaliticas, sociológicas, pedagógicas e outras, tendo o cuidado de analisar, não só as teorias resultantes desses estudos, mas também analisar as observações os resultados das aplicações práticas, em sala de aula e em grupos operativos, das metodologias e técnicas desenvolvidas a partir de todos esses estudos e pesquisas.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Afetividade na Educação - a entrevista na TV E

A entrevista na TVE foi boa. Pena que é um tempo muito curto, mas sempre dá para passar a mensagem de que é pela educação que se transforma uma sociedade. A engenharia da TV E fez a gravação da entrevista para que nós possamos colocar um link online ainda essa semana.

Alguns telespectadores escreveram perguntando se curamos DISLEXIAS, DISCALCULIAS, HIPERATIVIDADE etc. Não é exatamente isso! conforme eu disse na entrevista, varias crianças e adolescentes são matriculados com diagnósticos de doenças desse nível e, após alguns meses de trabalho pedagógico direcionado descobre-se que elas nada tinham! Isso significa que muitos diagnósticos estão sendo dados de forma precipitada e levando crianças a tomar remédios controlados sem que exista a doença!

Mas é bom ressaltar que existe muita criança e adolescente que realmente tem as doenças e que precisam de tratamento e acompanhamento por médicos especializados: neurologistas e psiquiatras. Há, entretanto, dois perigos nesse processo.

O primeiro é não tratar convenientemente crianças e adolescentes que estão realmente com tais doenças, já que a falta do tratamento pode agravar a situação da doença.

O segundo perigo é fazer um tratamento com remédios controlados (e que apresentam efeitos colaterais) em crianças que não estão doentes, mas que apresenta sintomas semelhantes, mas sintomas causados por problemas emocionais.

Por isso nossa grande preocupação é mostrar que a atenção individual é necessária para que se conheça, de verdade, cada criança, pois só assim pode-se perceber se os seus problemas comportamentais são provenientes de anomalias neurológicas e psiquiátricas ou se resultam de uma educação equivocada ou outras consequências emocionais graves.