quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Felicidade Relativa X Felicidade Absoluta

Há algum tempo fiz uma crítica sobre uma reportagem que divulgava, em termos mundiais, parâmetros para mensurar a felicidade dos povos. Naquela oportunidade vimos que os países apontados pela reportagem como mais felizes eram, coincidentemente, os que apresentavam os maiores índices de suicídio.
Comentei, então, que a pesquisa realizada por meio de preenchimento de questionários, nem sempre nos mostra a realidade do sentimento das pessoas, mas sim o que as pessoas gostariam de sentir.
Há pessoas com renda individual ou familiar muito elevada que não conseguiram construir verdadeiros relacionamentos afetivos, principalmente por estarem totalmente envolvidos com o aumento de seu capital. Essas pessoas, embora tenham ficado ricas não conseguem entender as razões de se sentir insatisfeitas para com a vida. Elas acabam respondendo que são felizes, simplesmente porque acham que essa é a lógica, embora não sintam isso como sua realidade pessoal.
Da mesma forma há pessoas com renda familiar baixa, mas que convivem satisfatoriamente com os filhos e amigos, sentem amor um pelo outro, ajudam-se mutuamente e não passam necessidades. Essas, muitas vezes, são levadas a entender que não são felizes, já que a mídia mostra que ser feliz é ter o poder do consumo, é comprar carro novo, é ter roupas de marca, e outras coisas mais. Elas acabam respondendo que são infelizes.
Com respostas desse tipo nenhuma pesquisa conseguirá mostrar um mapa de felicidade correto, já que sempre haverá a coincidência entre felicidade e maior poder aquisitivo, o que o mapa do índice de suicídios no mundo demonstra não ser verdadeiro.
A reportagem que comentaremos agora, publicada nas páginas 94 e 96 da revista Veja de 15 de setembro de 2010, dá um valor para a felicidade em dólares, mas não diz, absolutamente, que quem tem mais dinheiro é mais feliz. A ideia é outra. Recomendo a sua leitura.
Mas o foco principal de atenção deve estar, agora, no último parágrafo da reportagem, mostrando uma verdadeira doença emocional que deve ser combatida arduamente: a tendência dos ser humano de só ser feliz se o vizinho tem menos do que ele. Considero isso uma doença. Em uma palestra há muitos anos chamei-a de “felicidade relativa”. Talvez fosse o caso de mudar seu nome para “infelicidade relativa”, mas vamos deixar como está mesmo.
Há, na realidade, duas grandes doenças emocionais impeditivas do estado pleno de felicidade. Uma é essa felicidade relativa que vamos comentar agora. Sobre a outra, que é a necessidade do reconhecimento por tudo o que fazemos, comentaremos em outro momento.
A mídia sempre é sempre colocada como o principal vilão de todos os comportamentos inadequados da sociedade. Em parte isso é verdade. A necessidade de estimular o consumo para aumentar os lucros faz com que ela seja utilizada com essa intenção. A partir dessa ideia são produzidas peças publicitárias mostrando a realização pessoal das pessoas que desfilam defronte de seus vizinhos com carros melhores do que os deles ou que seus filhos usem roupas de marcas melhores do que as dos outros.
Ela, a mídia, colabora muito com essa forma negativa de “ver a vida”, mas temos que lembrar, a todo instante, que o principal programador de nossa mente é o nosso próprio pensamento.
Se “nos deixarmos levar” pelos determinismos consumistas do mercado, estaremos construindo dentro de nós um sentimento incontrolável de “querer mais”, mesmo sem saber o porquê e mesmo sem nem sequer precisar. Isso pode causar ansiedade e insatisfação crescente e incontrolável, como uma bola de neve!
A técnica utilizada pelo mercado é essa! Pessoas satisfeitas com o que tem não dão lucro ao mercado! Provocar a insatisfação é uma estratégia de venda que funciona em todos os lugares! Pode ser uma estratégia antiética, mas ela é usada todos os dias e é o que vemos em todos os canais de TV, é a que lemos em todos os jornais e em todas as revistas!
Provocar a insatisfação e oferecer a solução para o resgate da “felicidade relativa”, até que o vizinho consiga superá-lo novamente... E volta tudo ao estado de insatisfação anterior.
Vamos, então, lembrar, que o tratamento adequado, para que todos consigam iniciar o seu processo de “libertação” dessa ansiedade constante e inibidora do estado pleno de felicidade está dentro de nós mesmos! É a força de vontade para criar verdadeiros objetivos de vida e viver para eles.
Tudo passa pela criação desse seu objetivo de vida! Sim! Um objetivo bem pensado, um objetivo criado após reflexões e que preencha as suas reais necessidades e contemple as suas perspectivas atuais de vida. Para quem já conhece o “Diário do Futuro”, que criei há alguns anos e venho ensinando em minhas palestras, isso é fácil de fazer, já que a criação dessas perspectivas passa a fazer parte da rotina diária.
Não quer dizer que esse objetivo tenha que ser imutável a partir dessa criação! Nada disso! Ele poderá ser revisto e ampliado a cada dia, exatamente como fazemos em nosso “diário de futuro”.
Mas o importante é que, após a criação desse objetivo de vida, trabalhemos nas metas práticas para o alcance do que desejamos, fazendo o planejando diário para a realização de cada uma dessas metas.
Qualquer sugestão de consumo fora desses planos deve ser analisada com cuidado para verificar se está dentro da nossa lista de prioridades. A falta dessa análise consciente é o que nos leva a fugir dos objetivos traçados e entrar pela febre do consumo inadequado e angustiante.
E, em paralelo com isso, criar dentro de nós um sentimento de satisfação para com as coisas que temos. Qualquer momento de reflexão voltado para a análise de nossas conquistas mostrará o quanto já produzimos e permitirá que reconheçamos os valores de tudo o que temos e somos.
Assim pensando estaremos desenvolvendo a nossa capacidade de estar feliz com o que temos, juntamente com o discernimento para criar novas perspectivas de vida e novos planejamentos de futuro.
A satisfação pessoal decorrente da análise de nossas conquistas possibilita nossa libertação da tendência de fazer comparações com os outros. Estaremos trabalhando mentalmente centrados em nós mesmos e em nosso núcleo familiar.
Aprendemos assim que a construção de uma estrutura de felicidade será facilitada pelo exercício de uma comparação diferenciada, ou seja: Entre nossos planejamentos de ontem, nossas conquistas de hoje e nossas perspectivas para amanhã.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Exclusão Social

No momento em que o desfile do Sete de Setembro apresenta, em sua formação, um desfile paralelo chamado de “Grito dos Excluídos”, não podemos deixar de comentar sobre outro tipo de exclusão social que está sendo realizado com a nossa participação inconsciente!
Essa exclusão não é a daqueles que estão no desfile dos excluídos, mas sim a exclusão daqueles que nem sabem que estão sofrendo esse tipo de problema, principalmente por estarem sendo “dopados” oficialmente, já que foram rotulados como “doentes” por meio de diagnósticos precipitados.
Enquanto alunos deficientes estão sendo “incluídos” nas escolas normais, mesmo porque hoje isso é lei, alunos normais estão sendo transformados em deficientes, como resultado dos efeitos colaterais de remédios controlados que nunca precisariam ser tomados por eles.
Minha preocupação é que essa exclusão social tem a nossa participação inconsciente, já que é nas escolas que esses alunos são mal compreendidos e rotulados como portadores de anomalias, por nós mesmos!
Nossa ação quase que inconsciente, como professores ou como psicopedagogos, tem sido o envio de relatório de acompanhamento, mostrando ao psiquiatra ou ao neurologista toda a sintomatologia apresentada pela criança, claramente característica de tais anormalidades.
O médico percebe os sintomas e confirma que é um comportamento continuado por meio do relatório da escola, restando a ele apenas confirmar o diagnóstico e receitar o tratamento medicamentoso adequado.
Mas nossa constatação é preocupante:
Mais de oitenta por cento desses alunos com sintomatologia característica de dislexia, discalculia, déficit de atenção com hiperatividade, transtorno de espectro autista, esquizofrenia, déficit cognitivo, memória seletiva e outras anomalias, e que estão ou estiveram sendo acompanhados pelos educadores e psicopedagogos sob a orientação do IUPE, sejam na escola em Salvador (onde é a sede também de nosso instituto de pesquisas) como por professores de outras cidades e países, estão, hoje, apresentando comportamento e características cognitivas perfeitamente normais.
A conclusão que temos chegado é que essas crianças e adolescentes nunca tiveram qualquer dessas anomalias, mas sim bloqueios emocionais graves com causas diversas, provocando o aparecimento de todo um comportamento sintomático característico desses distúrbios, transtornos e doenças.
Só temos conseguido chegar a tais conclusões devido ao nosso processo metodológico de adequar o ensino às habilidades e possibilidades do aluno, independente da série que ele está matriculado, tendo o professor, como única preocupação, entender o seu nível de entendimento cognitivo, a sua habilidade desenvolvida e, a partir daí, elevar a sua autoestima e fazê-lo progredir de onde ele está para mais além.
Esses alunos, aos poucos, foram abandonando os medicamentos e voltando a ter uma vida normal (alguns deles nunca a tiveram antes) e, em pouco tempo, todos já acompanhavam a turma na qual estavam matriculados, com resultados semelhantes à média dos seus colegas ditos “normais”.
Gostaria, nesse ponto, de deixar claro que as anomalias realmente existem, ou seja, há alunos com doenças reais, dislexias e discalculias verdadeiras, esquizofrenias constatadas, déficit de atenção e hiperatividade patogênica e outras.
Mas a nossa preocupação é com aqueles que, sem estarem verdadeiramente acometidos dessas doenças, estão sendo tratados como tal, fazendo uso de medicamentos controlados cujos efeitos colaterais serão extremamente prejudiciais ao seu desenvolvimento intelectual e psíquico.
Para exemplificar já tivemos casos de alunos sendo equivocadamente diagnosticados como portadores de déficit de atenção com hiperatividade e que, na realidade, apresentavam elevado grau de capacidade cognitiva (superdotados).
Alguns deles já faziam uso de medicamentos controlados quando houve a constatação do fato. Todos mudaram seu comportamento em relação aos estudos após passarem por um processo de adequação do método às suas necessidades de enfrentamento de desafios acima de sua capacidade atual.
A Conselheira Theresinha Guimarães Miranda, do Conselho Estadual de Educação do Estado da Bahia, relatou em seu Parecer 170/2009 (referendado pela Resolução CEE 79/2009) procedimentos interessantes e maravilhosos para a adequação das escolas à inclusão social dos deficientes. Já é um excelente passo para mudarmos alguma coisa.
Mas precisa haver um meio de, além de incluir os deficientes, não transformar alunos normais em deficientes, como estamos fazendo. Aos poucos, devido aos efeitos colaterais dos remédios que não precisariam estar sendo tomados, limitamos sua capacidade cognitiva. Mais tarde vamos precisar incluí-los entre os que precisam de atenção especial.
Na mesma Resolução 79 do Conselho Estadual de Educação da Bahia, o art. 15 do cap. IV já determina que “(...) Os professores, diretores, especialistas e outros profissionais da Educação deverão participar de programas de formação continuada, para qualificação específica.” Ou seja: o Conselho está atento a isso e já tem uma forma de possibilitar o treinamento dos professores para evitar tais problemas.
Mas precisa haver um meio desse programa de formação incluir, necessariamente, esse tipo de entendimento, para evitar que mais crianças e adolescentes sejam prejudicados em sua formação intelectual e emocional, simplesmente por não estarem sendo compreendidos em suas carências, nem em suas necessidades básicas de comunicação e entendimento de vida.
Precisamos refletir muito sobre isso e, além de refletir, agir! Tentar, a cada momento, compreender, em cada aluno, qual a verdadeira causa de seu comportamento e de suas características cognitivas e psíquicas. Podemos estar diante de um caso grave de bloqueio emocional, que necessita de um acompanhamento psicopedagógico ou neuropedagógico, ao invés de um caso, também grave, mas de anomalia neurológica ou psiquiátrica.
Antes de enviar um relatório conclusivo com a sintomatologia da doença, precisamos esgotar todas as possibilidades de tais comportamentos ou dificuldades serem fruto de bloqueios emocionais.
Nossa responsabilidade é grande, o trabalho é árduo, a dedicação tem que ser total, tudo isso pode ser até cansativo, mas estamos falando de crianças que poderão ser prejudicadas se não agirmos com total cautela e com total compreensão.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ateísmo pseudo-religioso e ateísmo pseudocientífico

O título pode até parecer estranho ou polêmico, mas não é essa a minha intenção! Preciso apenas mostrar uma triste realidade: Existe, e é preocupante, um grande número de intransigentes e extremistas, e que muitas vezes nem se apercebem de seu próprio erro. Esse comportamento é o que chamo de ateísmo em suas duas formas mais perniciosas: de um lado o pseudo-religioso e, do outro, o pseudocientífico.
Se as consequências desse tipo de pensamento obtuso fizessem mal apenas aos próprios, eu não ficaria tão preocupado. Mas as crianças e adolescente que convivem com eles poderão absorver tais atitudes e, infelizmente, terem seu desenvolvimento intelectual prejudicado.
Sabemos que a criança e o adolescente tendem a eleger seu professor como seu mentor, mesmo inconscientemente. Isso significa que suas palavras, suas atitudes e sua forma de pensar podem estar sendo construídas sob a influência desse professor.
E se a intelectualidade plena de nossos alunos, junto com a formação de seu caráter, é o nosso mais importante objetivo, temos que fazer alguma coisa urgente, para evitar a formação de mais uma geração de “limitados”!
Afinal, nossos jovens precisam estar aptos para, a qualquer momento, conseguir compreender o que ouvem e o que leem e, ao mesmo tempo, ter o devido entusiasmo para descobrir fundamentos que os auxiliem a elaborar os necessários questionamentos para quem quer saber mais do que, simplesmente, o conhecimento elementar. Eles precisam ser estimulados a isso! E nunca a atitudes intransigentes...
Mas para conseguir avançar nessa etapa do processo de ensino o educador precisa, antes de qualquer preparação técnica ou metodológica de suas aulas, “se livrar” do que lhe resta desse ateísmo religioso ou científico ou, como eu chamei no título dessa conversa, ateísmo pseudo-religioso e pseudocientífico.

Ateísmo pseudocientífico

E o que é o ateu pseudocientista? É aquela pessoa que se apoia em frágeis conhecimentos científicos para se sentir o “dono da verdade” e contestar tudo o que está fora da sua capacidade de entendimento. Basta observarmos a intransigência de alguns educadores, principalmente acadêmicos recém-formados, no que diz respeito ao olhar da tradição religiosa para os mistérios do mundo! Como acabaram de estudar as maravilhas do rigor científico e a metodologia da pesquisa, acham que conseguiram “entender” uma série de “teorias científicas” explicando praticamente tudo.
São mais realistas do que o rei, pois conseguem ter mais certeza nos resultados científicos do que os próprios cientistas. Já os verdadeiros cientistas, mesmo com todo rigor da pesquisa e com todo conhecimento adquirido ao longo de muitos anos de estudo e experiência de vida, continuam tendo dúvidas sobre a interpretação dos resultados de suas experiências e cálculos. Esses ainda mantém a humildade de respeitar conceitos tradicionais, já que sabem ser muito difícil o domínio da verdade absoluta.
Os pseudocientistas ignoram e negam tudo o que não compreendem, ao invés de assumir a humildade da ignorância. Não defender como verdade aquilo que não esteja provado em laboratório é sua obrigação, mas considerar falsos os conceitos tradicionais por não entendê-los ainda, é uma atitude infantil.
A verdade possui três caminhos de entendimento. O caminho científico é o da experimentação. O caminho filosófico é o da especulação. O caminho teológico é o da tradição. Nenhum dos três deve ser ignorado. Mas nenhum dos três é autossuficiente.
Como bem disse Marcelo Gleiser na página 41 de seu livro “Criação Imperfeita: Cosmo, Vida e o Código da Natureza” (Rio de Janeiro: Editora Record, 2010), referindo-se ao trabalho contra a religião feito atualmente pelos cientistas, filósofos e jornalistas ateus chamados de “Os quatro cavaleiros do apocalipse”: “(...) Ridicularizar essa necessidade humana, como fazem os “Quatro Cavaleiros” e tantos outros, é demonstrar uma profunda ignorância (ou indiferença?) do que passa pelos corações e mentes de bilhões de pessoas espalhadas pelos quatro cantos do mundo.” (pg. 41).
Eu ainda digo que ignorar a parte teológica do conhecimento é se achar em um nível de conhecimento superior a todos os demais habitantes desse nosso planeta... Afinal, nossa inteligência e nosso conhecimento ainda estão muito aquém do que precisamos para negar com propriedade qualquer conceito sobre os grandes mistérios do mundo!
Afinal, nossas capacidades de ver e ouvir ainda são muito incipientes. Como disse Maturana: “(...) Não vemos o “espaço” do mundo, vivemos nosso campo visual; não vemos as “cores” do mundo, vivemos nosso espaço cromático (...)” (pg.28 de Maturana, Humberto R. e Varela, Francisco J. “A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana”. São Paulo: Palas Athena, 2001).
Nem Stephen Hawking, um dos mais famosos cientistas britânicos, desprezou a possível interferência de Deus para dar um “empurrãozinho” na compreensão científica do universo. Em seu livro Uma Breve História do Tempo, de 1988, Hawking dizia que a ideia de uma criação divina poderia estar incluída na compreensão científica do Universo: “(...) Se nós descobrirmos uma teoria completa será o triunfo definitivo da razão humana – pois então nós deveremos conhecer a mente de Deus”.
Embora em seu próximo livro (The Great Design) ele tenha mudado um pouco de opinião e diga que Deus não foi obrigatoriamente necessário na criação do universo, Hawking ainda não O descartou completamente. Ele continua mantendo Deus para explicar o inexplicável.

Ateísmo pseudo-religioso

Mas vamos agora ao ateísmo pseudo-religioso. Esse é o praticado pelos religiosos que não acreditam na ciência. Ora! Como entender o mundo se não o trabalharmos de forma prática? Para que serve nossa inteligência, nossa criatividade, nossa capacidade de raciocínio, se não for para produzirmos algo em prol da melhoria das condições de nossa própria sobrevivência?
Como poderá um religioso contribuir para o bem da humanidade se ele se mantém de “braços cruzados” aguardando a providência Divina. É preciso lembrar que temos pernas para andar, braços para carregar as coisas, cérebro para raciocinar, criar, descobrir e inventar... E também, eventualmente, até para orar... Mas... Só para orar?
Onde está a nossa responsabilidade para realizar as tarefas do mundo, para criar novas formas de tratamento médico, para reduzir a mortalidade infantil? Será que toda essa nossa capacidade intelectual foi criada para aprendermos a “cruzar os braços” e esperar que a providência Divina cure nossos enfermos, pague nossas dívidas, forneça a nossa comida e construa nossas casas?
Nossa capacidade intelectual existe para ser utilizada em prol da humanidade e, para isso, precisamos estimular a pesquisa, o conhecimento científico, o questionamento de mundo, sem medo de tais atitudes eliminarem nossas crenças. Quem perde sua crença ao avançar nos estudos, nunca teve crença real nenhuma. Foi apenas acostumado a acreditar em algo que nunca entendeu como verdade! Isso é uma ignorância teológica e nunca religiosidade!
Portanto, não permitir o estudo dos resultados das pesquisas científicas é um radicalismo destruidor da inteligência humana. Ignorar a seleção natural observada por Darwin, assim como não permitir o estudo das novas teorias sobre a origem do universo, é um verdadeiro retrocesso na caminhada do conhecimento!

Como anda esse ateísmo no mundo

O ateísmo pseudocientífico tem um propagandista atuante muito famoso, Richard Dawkins, autor de “Deus, um delírio”. Sua maior preocupação é insistir na eliminação das religiões e da crença em Deus, elementos que ele considera os responsáveis pelo atraso da humanidade e o maior causador de todos os males do mundo!
O ateísmo pseudo-religioso tem propagandistas em todas as esquinas onde se instala uma igreja de “fundo de quintal”. Religiosos evoluídos sabem que ciência e religião não se contradizem, mas se complementam enquanto não surgem as comprovações científicas dos eventos ainda na esfera do incompreensível.
Cientistas evoluídos sabem que há fatos ainda incompreensíveis, e sempre os haverá. E entendem, também, que alguns desses fatos podem vir a causar angústias e, por isso mesmo, precisam de dogmas religiosos para trazer a paz aos corações de grande parte da humanidade.
Esses cientistas sabem, também, que o conhecimento tradicional (religiões antigas) apresenta explicações teológicas que precisam ser periodicamente analisadas pela ciência, tanto para encontrar razões científicas para os fatos, como para encontrar razões contestatórias. Tudo é lucro para a humanidade. Ignorar é um atraso de vida!
Nossas faculdades de sociologia, filosofia e história concentram os maiores índices de ateísmo pseudocientífico. Alguns desses formandos licenciados já vão para as escolas com uma bagagem pesadíssima de materialismo atuante!
Os que escorregam nas calçadas e acabam entrando nessa igrejas de “fundo de quintal” já chegam nas escolas munidos de todo um aparato moralista-religioso mais intransigente ainda do que os materialistas, tentando impingir nas crianças a ideia de que tudo é proibido e que todos precisam se converter para conseguir a “salvação”.
No mundo a divisão maior está claramente definida entre Europa: materialismo exacerbado; e Estados Unidos: religiosidade intransigente. Enquanto grande parte das escolas europeias proíbe o ensino dos conceitos religiosos, nos Estados Unidos se dá o inverso, havendo movimentos grandes para negar o estudo do evolucionismo e da criação do universo a partir do Big Bang!
Quanta intransigência! Precisamos eliminar esses extremismos e dar oportunidade a nossas crianças e adolescentes de estudar todas as faces da mesma verdade, principalmente para que sempre saibam que, por mais que nós estejamos certos de nossas opiniões, sempre poderá haver outras verdades, mais verdadeiras ou menos verdadeiras do que a nossa, a depender do ponto de vista, mas que todas precisam ser respeitadas.