domingo, 28 de novembro de 2010

Inclusão de autistas e outras anomalias

Mais uma vez vemos o autismo ser discutido nos jornais, após a realização do seminário "Autismo: boas práticas da inclusão escolar". Mais uma vez se tenta mostrar ao público responsável (professores e pais) que a inclusão do autista na escola normal, seja qual for o seu grau de autismo, deve ser uma realidade e deve despertar em todos os profissionais envolvidos, o entusiasmo pelo desafio de desenvolver métodos e técnicas que melhorem, a cada dia, a relação do autista com o meio em que vive. Isso é a mais pura verdade!

Mas percebi que um dos enfoques do seminário foi a falta de profissionais capacitados, nas escolas, para o atendimento dessas crianças, o que desloca o centro de atenção do problema para uma grande falha no sistema educacional, já que ele determina uma inclusão e não dá meios para tal possibilidade real. Vamos analisar esse enfoque para verificar se realmente isso é verdade e se alguma coisa pode e deve ser feita para reduzir essa dificuldade apontada no seminário.

Não precisamos ir muito longe para perceber que o problema não está diretamente ligado a essa falha no sistema educacional nem mesmo na falta de profissionais capacitados para essas anomalias, mas sim na forma como o sistema de formação profissional dos educadores mostra as diferentes anomalias comportamentais e cognitivas e, além disso, na forma como estão sendo entendidos os objetivos educacionais como um todo. O mau entendimento de um prejudica o entendimento do outro.

Todas as crianças que apresentam sintomas característicos das mais diferentes anomalias, incluindo aí o déficit de atenção, dislexia, discalculia, esquizofrenia, déficit cognitivo, hiperatividade e, nesse caso, os transtornos de espectro autista, são rotuladas como crianças doentes e que devem estar sob a responsabilidade de terapeutas e médicos, e que devem ser atendidas, na escola, por profissionais devidamente preparados para tais anomalias. Onde estão os erros desses enfoques?

a) Crianças rotuladas como anormais:

O maior erro dessa declaração está na análise dos sintomas. A pressa em "se livrar" da responsabilidade faz com que professores e pais criem um diagnóstico precipitado, rotulando seus filhos ou alunos como crianças anormais. Assim rotulando a responsabilidade pelo seu acompanhamento deixa de ser dos pais e professores e passa para a esfera terapêutica ou médica, muitas vezes com uso de remédios controlados. 

Deixando de lado os casos evidentemente diferenciados, como no caso de surdos, mudos, cegos, deficientes físicos e outros que, pela sua especificidade podem, realmente, necessitar de atendimento especializado, os demais casos devem ser analisados com muita cautela, principalmente devido ao constante aparecimento de "falsos sintomas".

Embora haja crianças e adolescentes com anomalias verdadeiras, a grande maioria das crianças de hoje apresenta os mesmos sintomas, considerados, então, como "falsos sintomas". As características desses sintomas são muito semelhantes às das doenças reais, mas os motivos são outros. Essas crianças são normais, sem qualquer tipo de anomalia, mas apresentando bloqueios emocionais gravíssimos, sempre provenientes de carência afetiva, carência de limites, educação equivocada, maus tratos, incompreensão familiar, intolerância social, bullying ou outros atos prejudiciais à sua formação. 

Como a carência afetiva e a carência de limites estão na esfera da educação doméstica, entende-se a razão da "fuga" de responsabilidade por parte de alguns familiares que não querem assumir que os seus erros no relacionamento familiar possam ser os principais causadores dos sintomas dessas crianças. 

b) Professores precisam de preparação específica para atender cada anomalia:

Para aqueles casos diferenciados comentados anteriormente (surdos, mudos, cegos e outros) há necessidade de profissionais devidamente especializados. Os demais casos estão dentro da competência que cada professor precisa desenvolver a partir de seu curso de técnica de magistério, formação pedagógica ou durante o período de licenciatura.

Isso significa que o seu acompanhamento deve ser exatamente o mesmo acompanhamento que todos os professores deveriam estar dando a todos os alunos de suas turmas, ou seja: procurar analisar quais as características de entendimento e compreensão que cada um dos alunos de sua turma possui para, a partir dessa realidade, entusiasmar a todos eles para que queiram adquirir mais conhecimentos e desenvolver mais habilidades.

Temos que deixar bem claro que não existe turma homogênea! E temos que mostrar, a cada momento, que é um grande erro querer que todos os alunos  de uma mesma turma obtenham resultados semelhantes, entendam as explicações da mesma forma, entusiasmem-se a partir dos mesmos elementos motivacionais.

Outro grande erro, consequente do primeiro, é querer fazer comparações entre alunos! O desempenho e a habilidade de um aluno só pode ser comparado com o desempenho e a habilidade dele mesmo, no dia de ontem! Nunca com o de outro aluno! E a cada progresso de cada aluno, por menor que seja, deve haver o devido reconhecimento e deve ser clara a expressão de alegria do professor durante essa constatação de progresso.

O erro complementar, que é normalmente compartilhado por professores e pais, constitui o entendimento do aluno como uma vítima, um "pobre coitado", que deve ser visto "com pena e resignação", e que não deve, por isso, ser submetido a exigências muito severas de aprendizagem. Erro gravíssimo, sendo, inclusive, o principal responsável pelo fracasso na evolução cognitiva e comportamental de todas as crianças, sejam elas as que apresentam falsas anomalias, como as que possuem anomalias verdadeiras.

Todas as crianças são diferentes e devem ser entendidas assim, mas essas diferenças determinam apenas o tipo de trabalho que vai ser exigido delas, mas nunca a dispensa de exercícios, atividades, trabalhos escolares e deveres de casa. Esse é o momento mais polêmico, já que grande parte dos professores perde a noção do tipo de trabalho a ser determinado para tais alunos, e também grande parte dos pais reclama das exigências dos professores de seus filhos. 

Ajuda aos professores:

a) Anomalias que dificultam o entendimento e limitem as habilidades:

- Os trabalhos devem ser sempre em nível abaixo do nível de entendimento desse aluno, já que o objetivo inicial é elevar a sua auto-estima para que ele se entusiasme pelos exercícios a partir dos resultados alcançados. 
- Todo e qualquer resultado deve ser reconhecido com alegria e entusiasmo. 
- Os trabalhos devem ser constantes e com exigência de prazos, para evitar a preguiça mental camuflada por trás da deficiência presumida. 
- O professor deve "esquecer" a necessidade de "cumprir" um programa padrão para esses alunos, já que seu programa será determinado pelo seu próprio progresso, independente da série escolar em que ele estiver matriculado.
- Por ocasião do Conselho de Classe, ao final do ano letivo, deve ser analisada se o aluno terá mais chances de progredir repetindo a série em que está ou se sua necessidade afetiva exige manter a companhia dos colegas que estarão na série seguinte. Essa análise é determinante para a promoção ou não do aluno a série posterior, independente dos resultados alcançados. Toda essa análise precisa ser registrada e enviada à Secretaria de Educação para acompanhamento e orientação.

b) Anomalias características de hiperatividade ou inquietação excessiva:

- Grande parte dos alunos considerados hiperativos ou com inquietação excessiva são apenas crianças e adolescentes dotados de elevada capacidade cognitiva e, por isso, não conseguem ficar muito tempo numa sala de aula em que nenhum desafio estimulante seja apresentado. 
- Para esses alunos os trabalhos devem ser sempre em nível desafiador, de forma que estejam sempre buscando a ampliação de sua capacidade atual.

c) Anomalias caracterizadas pelos diversos transtornos de espectro autista:

- Nesses casos deve haver uma busca constante do "foco de atenção" desse aluno, para que todo trabalho seja desenvolvido a partir desse foco.
- O professor deve "entrar" no universo particular desse aluno, para ser "aceito" por ele como igual e, assim, ser estimulá-lo a progredir.
- Nenhuma expectativa deve ser criada em torno desse desenvolvimento. O trabalho pode ser repetitivo durante um longo período e, em  determinado momento, dar um salto imenso de evolução.
- Isso significa criar técnicas e aplicá-las pelo simples prazer de criá-las e aplicá-las, sem exigir que surjam resultados imediatos e sem dar prazo para observar tais resultados.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Autismo: novos caminhos

Num artigo anterior comentei sobre um detalhe enriquecedor em relação aos autistas. Esse detalhe tem início na identificação do seu “foco de atenção” e, a partir dessa identificação, a descoberta e estímulo de alguma habilidade especial.
É sabido que, por algum motivo ainda inexplicado, grande parte das pessoas com T.E.A (transtorno de Espectro Autista) possui alguma habilidade específica num grau de desenvolvimento muito superior ao de qualquer pessoa considerada normal. Isso surpreende a sociedade!
Essas surpresas, entretanto, nem sempre ocorrem de forma positiva, mas de forma compensatória, ou seja, não se admira, simplesmente, aquela habilidade especial. As pessoas, normalmente, se espantam, tentando entender como uma pessoa “mentalmente anormal” consegue superar as “ditas normais” em atividades intelectuais, criativas, tecnológicas e outras!
Devido a essa forma de entender o autista, a exclusão acaba ficando evidente, mesmo que de forma inconsciente, o que só dificulta o desenvolvimento de todas as outras crianças portadoras de T.E.A ou de qualquer característica especial ou diferenciada.

Cada criança, seja ela autista ou não, deve ser entendida como um novo ser, com características próprias e que precisam ser entendidas, analisadas e compreendidas para que, a partir dessa compreensão, possamos começar o nosso trabalho individualizado visando o seu desenvolvimento intelectual e emocional.
As técnicas a serem desenvolvidas para cada anomalia podem até sofrer variações, mas a compreensão do novo é a base determinante e de extrema importância para todos os casos, incluindo aí aqueles considerados "normais".
Lembrando as partes principais do artigo, recomendamos a atenção ao perigo das comparações! Evitar comparações é uma necessidade básica na relação ensino aprendizagem de qualquer pessoa em qualquer nível. Cada criança é um individualidade e deve ser compreendida como tal. Toda comparação só deve ocorrer entre a criança hoje e ela mesma ontem!
Há necessidade, então, do educador ou terapeuta entrar no universo da criança, como se fosse o seu próprio universo, identificando, assim, o seu foco de interesse. Estimula-se esse interesse ampliando-o socialmente da forma que for possível. Procura-se descobrir habilidades ligadas a tal foco ou, em alguns casos, apenas identificá-las e estimulá-las.

E o mais importante: deve-se demonstrar verdadeira alegria e felicidade com cada vitória alcançada pelo aluno, por mais ínfima que ela seja, visando o aumento de sua auto-estima. Nunca criar expectativas de resultados, mas estar sempre satisfeito com os que estão sendo alcançados, sem deixar de insistir na realização de exercícios e trabalhos, sempre dentro da capacidade e habilidade desenvolvida.

Poucos meses após a divulgação dessas sugestões já surgem alguns resultados positivos. Diversos professores e terapeutas relatam que estão conseguindo conquistar uma relação interpessoal com seus alunos autistas. Esses já alcançaram a fase de "entrar no universo" do autista, identificar o seu "foco de atenção" e ser considerado um parceiro confiável.
Isso nos anima a prosseguir com as experiências e realizar a segunda parte da metodologia, essa já contando com a colaboração dos professores das disciplinas, já que consiste em adequar o ensino de algum assunto dentro de cada disciplina, a partir do foco de atenção. A forma de adaptar esse método a cada matéria é a tarefa que deve ser realizada agora por cada um dos professores envolvidos.

Há casos, entretanto, em que a relação interpessoal é praticamente impossível, principalmente em autistas com síndrome mais difíceis, como por exemplo, a síndrome de Rett. Mas até para esses casos já se vislumbram soluções, principalmente quando há um cientista brasileiro envolvido! Isso não é piada! É a pura realidade! O trabalho que está sendo realizado pelo biólogo brasileiro Alysson Muotri, visa a cura de todos os autistas, por meio da transformação de células tronco em neurônios autistas para depois iniciar o seu processo de cura.
 
Seu trabalho, publicado pela revista CELL, mostrou a criação de neurônios autistas em laboratório, identificou suas diferenças em relação aos neurônios normais e, ao final, tratou-os fazendo com que se transformassem em neurônios normais. Uma reportagem sobre seu trabalho está publicada na página 72 da Revista Época de 15 de novembro de 2010 com o título "Autismo in vitro".
 
(Lembrem de Miguel Nicolelis, outro brasileiro, esse neurologista, que está a meio caminho de descobrir a cura definitiva do Mal de Parkinson e da Epilepsia, tendo iniciado todas as suas pesquisas devido a sua curiosidade que tinha, como simples técnico de computador, em entender e analisar a sinfonia dos neurônios que apareciam nas telas dos eletroencefalogramos nos quais ele fazia manutenção.)
 
Enquanto aguardamos os resultados das pesquisas de Alysson Muotri e observamos o sucesso da trajetória de Miguel Nicolelis, vamos continuar estimulando nossos colegas a buscar melhorar a competência necessária para o entendimento e o desenvolvimento de todas as crianças e adolescentes que estiverem ao nosso alcance, sejam quais forem as suas características psíquicas, emocionais ou intelectuais.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Desânimo escolar: como entender e reverter?

Estamos acostumados a estudar todos os tipos de anomalias comportamentais, cada uma com uma classificação diferente, de simples dificuldades a síndromes e transtornos, mas todas trazendo prejuízos incalculáveis ao crescimento intelectual e emocional do aluno. Nossos estudos visam reduzir tais prejuízos a partir do entendimento dessas anomalias e do desenvolvimento de metodologias educacionais apropriadas a cada caso.
Uma delas, entretanto, tem sido ignorada pela maioria dos educadores e pelas famílias, já que a entendem como simples atitude de “revolta adolescente” ou de “apatia intelectual” típica da idade ou coisa parecida. É o “desânimo escolar”!
Esse desânimo faz com que o aluno desista de fazer qualquer esforço para aprender algo, procure sempre fazer algo, na sala, que nada tenha a ver com a aula, resista bravamente a qualquer atividade passada pelo professor ou esteja sempre com ar de cansado e desanimado.
Em casa ele nada faz. Se os pais perguntarem sobre atividades escolares, as respostas variam entre:
- Os professores não passaram nenhuma atividade para casa;
- Os professores não deram nada na aula hoje;
- Já fiz todos os deveres antes de sair da escola, hoje mesmo.
Basta observarmos qualquer sala de aula para identificarmos pelo menos dois alunos com essas características. Dois porque normalmente as atitudes desses alunos podem ser consideradas como “quase contagiosas”. Esse aluno não se sente bem sendo o único em sala a proceder assim. Devido a isso, ele trabalha, até de forma inconsciente, como “sabotador”, levando colegas a adotarem esse mesmo procedimento em sala.
Vamos hoje analisar de forma diferente. Não vamos tentar identificar as causas, mas vamos identificar meios de reduzir e até eliminar essa anomalia, principalmente por ser ela responsável pela maioria dos insucessos escolares, médias baixas, reprovações e, em casos mais graves, decepções emocionais dos pais, alguns chegando ao ponto de “desistir” da educação de seu próprio filho, como já tive a infeliz oportunidade de presenciar.
Temos um caminho simples a seguir, mas que deve ser seguido tanto pelos pais, em casa, como pelos professores, na escola.

Iniciaremos pelos pais:

Não interessa quanto tempo você tem disponível para estar com seu filho. Esse tempo deve ser verdadeiro. Esse tempo deve ser bem aproveitado com assuntos que estejam sempre contribuindo para estimulá-lo aos estudos, pesquisas, trabalhos e lazer programado.
Um dos maiores perigos nessa relação de responsabilidade é achar que o outro é o que deve dar mais atenção ao filho. Nessa relação cada um tem um papel individual importantíssimo e insubstituível. O filho precisa ter a atenção de um e de outro individualmente e em conjunto. Mas precisa de atenção verdadeira, ou seja, que seja mostrado interesse real pelo que ele faz, pelos seus estudos, pelos assuntos que está pesquisando e pelas suas próprias conclusões.
Uma criança ou um adolescente que escreve um texto e não percebe interesse de ninguém pelo que escreveu, começa a ficar desgostoso com seus estudos e pode entrar no processo do desânimo de que estamos tratando.
Assistir telejornais na companhia do filho para discutir assuntos do momento e que podem estar relacionados aos assuntos estudados na escola é uma das formas de reduzir e até evitar esse desânimo.
Dedicar-se a ler a produção diária de seu filho, não para confirmar se foi feito alguma coisa, mas para elogiar suas ideias e sugerir novos questionamentos aos mesmos fatos, é a melhor forma de “vaciná-lo” contra desânimos. Assim você também estará garantindo o seu sucesso.
Em nossa escola você ainda tem a possibilidade de fazer todo esse acompanhamento mesmo estando a milhares de quilômetros de distância, já que esse contato pode ser feito diariamente pela internet, através do acesso ao BLOG individual de seu filho.

Agora os professores:

Só mesmo alunos muito bem resolvidos em sua vida pessoal e familiar podem conseguir ficar em uma sala de aula ouvindo um professor tagarelar o tempo todo, mesmo que o assunto seja interessante!
Mesmo assim se esses alunos não tiverem capacidade intelectual acima da média, já que para esses a inquietação é imediata e o sentimento de estar “perdendo tempo” pode fazer aparecer toda a sintomatologia de um aluno mal educado, desanimado, hiperativo e tudo o mais.
Uma aula precisa, antes de tudo, ter objetivos mais realistas e menos teóricos. O importante da aula não é o assunto a ser “dado”, mas a forma de entusiasmar cada aluno, na sua individualidade, pela matéria, pelo assunto, pela pesquisa e pelo questionamento sobre o tema do dia.
O ponto básico da aula é o uso de todos os minutos reservados para essa aula, sem “espaços vazios”! Espaços criam expectativas e ansiedades, a princípio, e desânimos perigosos, mais tarde. Os alunos devem sentir que estão sendo úteis para consigo mesmo, durante todo o tempo da aula. Deixá-los “à vontade” não os deixa à vontade. Cria-se uma insatisfação por perda de tempo. Eles podem até “achar” que estão gostando desse momento do nada fazer, mas sentem a “perda de tempo” e começam a ficar inquietos e estressados. O tempo parece demorar mais a passar e a campainha de final de aula fica sendo aguardada com mais ansiedade do que nunca!
Por isso que o planejamento da aula deve prever vários tipos de atividades, principalmente debates em grupo logo após o assunto do dia ter sido explanado, incluindo aí tarefas extras para quem terminar um teste antes dos outros. Um aluno não consegue ficar quieto em sala se não tiver algo importante e útil para fazer.
Visto o ponto básico do uso de todos os minutos, vamos ao entusiasmo do aluno.
Conseguir entusiasmar a todos com a mesma forma metodológica é praticamente impossível. Cada aluno reage de uma forma diferente a depender de suas características próprias.
E a única forma deles expressarem suas características e assim descobrirmos a forma de alcançá-los é deixando-os livres para trabalhar individualmente ou em grupo, assim que o tema principal da aula tiver sido apresentado. A partir desse momento o professor, passeando pelos grupos, começa a procurar entender as características dos indivíduos e dos grupos, podendo adaptar suas metodologias e conseguir melhores resultados.
Querer ensinar o assunto do programa sem procurar descobrir o que cada aluno pode aprender e de que forma ele conseguirá se entusiasmar, é desperdício de tempo e serve apenas para criar um sentimento de incompetência no professor, criando estresse e provocando descontrole emocional e intolerância. Comenius já dizia isso desde antes da didática ser criada no mundo: “Age idiotamente aquele que pretende ensinar aos alunos não quanto eles podem aprender, mas quanto ele próprio deseja” (Comenius, século XVII, na Didacta Magna)
Se cada professor observar esses dois detalhes em suas aulas e se todos os pais passarem a demonstrar interesse pelos assuntos estudados pelos filhos, não haverá alunos desanimados, não haverá médias baixas e não haverá reprovações.
Somos nós os responsáveis pelo desânimo ou pelo entusiasmo dos nossos filhos e alunos. Então está em nossas mãos essa mudança! Mas precisamos todos agir independente do outro estar fazendo ou não a sua parte!