terça-feira, 17 de maio de 2011

Neuropedagogia: o estágio neuropedagógico

O estágio neuropedagógico
A neuropedagogia é o ramo da pedagogia que visa compatibilizar o “software cognitivo” (técnicas de ensino) com o “hardware cognitivo” (cérebro humano).
O neuropedagogo é o profissional que vai integrar à sua formação pedagógica o conhecimento adequado do funcionamento do cérebro, para melhor entender a forma como esse cérebro recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora todas as sensações captadas pelos diversos elementos sensores para, a partir desse entendimento, poder adaptar as metodologias e técnicas educacionais a todas as crianças e, principalmente, aquelas com características cognitivas e emocionais diferenciadas.
O neuropedagogo terá que estar em busca constante dos necessários conhecimentos sobre as anomalias neurológicas (da neurologia), psiquiátricas (da psiquiatria), neuróticas (da psicanálise) e comportamentais (da psicologia) existentes, para desenvolver seu trabalho de acompanhamento pedagógico, desenvolvimento cognitivo e harmonização emocional das crianças que apresentem os sintomas dessas anomalias.
O profissional de neuropedagogia, portanto, é um dos elementos mais importantes para as instituições que desejam desenvolver um verdadeiro e harmonioso processo ensino-aprendizagem.
A primeira etapa de seu estágio, que na realidade será uma amostra do trabalho que desenvolverá, consiste na identificação das crianças que apresentem tais sintomatologias para escolher a que será acompanhada.
Escolhida a criança, o registro de todo o acompanhamento deve ser feito desde o início, com uma anamnese a mais completa possível. Isso deve ser efetuado por meio de entrevista com a criança ou: por observação própria; por exame de relatório de professores e coordenadores; pela leitura de laudos médicos; por entrevistas com os familiares e todos os que com ela convivem e todos os demais meios que estiveram à sua disposição.
Cópias dos laudos médicos devem fazer parte dessa pasta. Entre os detalhes a observar estão as suas características cognitivas, emocionais, psíquicas e comportamentais.
A segunda etapa consiste na análise de todas as habilidades e possibilidades já desenvolvidas pela criança. Para essa etapa há necessidade de se preparar os pais, familiares, professores e todas as pessoas que lidam com a criança, incluindo os médicos, para o que chamamos de observação positiva.
Normalmente observamos que todos comentam apenas as deficiências e as dificuldades da criança, fazendo comparações com as crianças consideradas normais. Para o trabalho neuropedagógico precisamos apenas dos aspectos positivos de seu comportamento e habilidades, já que todo trabalho se baseia no desenvolvimento dessas habilidades do estado em que estiverem.
Assim sendo todos os entrevistados devem ser orientados a relatar apenas todas as habilidades que já foram observadas nessa criança, ignorando suas deficiências ou inabilidades.
Laudos médicos devem ser vistos pela sua parte positiva, mesmo que tenhamos que solicitar daqueles profissionais uma nova análise da criança. O profissional médico precisa estar ciente de que as anomalias, as dificuldades e as impossibilidades só interessam à medicina para efeito de tratamento.
O processo de acompanhamento neuropedagógico só leva em consideração as possibilidades e habilidades da criança, já que todo o trabalho parte da identificação e desenvolvimento dessas habilidades para que, a partir delas, tenha início o caminho de sua recuperação plena e integração ao grupo social de forma produtiva.
A terceira etapa prevê o contato com o médico, com o psicólogo, com o psicanalista ou com o fonoaudiólogo, caso isso seja possível. Em algumas cidades do interior essa etapa não terá condições de ser realizada. O neuropedagogo deve apresentar-se para discutir com esse profissional alguma sugestão de acompanhamento que possa vir a auxiliar o tratamento neurológico, psiquiátrico, psicológico, psicanalítico ou fonoaudiológico que está sendo realizado.
A partir dessas três etapas iniciais o neuropedagogo inicia o trabalho de acompanhamento terapêutico sempre voltado para a orientação dos pais e professores na forma correta de se conseguir o seu desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental, colocando em prática os ensinamentos absorvidos durante os módulos e, principalmente, em debates e estudos em grupo ou individuais realizados com base no aprendido.
É importante que durante todos os momentos desse acompanhamento o neuropedagogo e todas as pessoas envolvidas com a criança estejam conscientes de que:
1) Cada criança deve ser vista como um ser humano diferente de todos, quase um extra-terrestre, cujas características não podem e não devem ser comparadas às de nenhuma outra criança. A observação deve ser feita com base no aprendizado de suas características como sendo únicas no mundo.
2) As únicas comparações permitidas são entre a criança hoje e ela mesma ontem, para efeito de análise da eficácia do processo neuropedagógico.
3) Todo resultado positivo alcançado pela criança, por menor que seja, deve ser verdadeiramente “sentido com alegria” pelo neuropedagogo e por todos os que a acompanham.
Registro:
O acompanhamento da criança ou do adolescente deve estar sendo registrada desde o primeiro encontro, enfatizando-se cada mínima habilidade detectada, a forma de estimular seu desenvolvimento a os resultados positivos alcançados, por menores que sejam.