terça-feira, 22 de outubro de 2013

IUPE Educação: Formação da personalidade da criança - fase anal

Freud a chamou de fase anal e é a fase em que ela começa a aprender a pensar. Enfim, essa fase não tem o problema da chupeta, mas, em compensação, como ela sente necessidade de mexer sempre com as mãos para agarrar coisas que se amoldem, se transformem ao seu toque, se modele ao seu comando, ela faz isso com argila, com massa de modelar, com barro, lama e, se nada disso estiver à sua disposição, com as próprias fezes.
A própria criança mostra que mudou de fase. Mas nem sempre de uma forma tranquila, já que o mais comum é dando um verdadeiro susto nos pais ao levar as fezes à boca! E é nesse momento que são cometidos todos os maiores erros de quem está junto às crianças! E, mais grave ainda, esses erros trarão consequências terríveis para toda a vida dessa criança que está sendo formada!
Os erros dos adultos ocorrem de diversas formas. Uma delas é o tradicional: “Que fedor!”. Outra forma é dando um “tapa” na mão da criança quando ela pega nas fezes. Também existe o célebre: “Vamos limpar toda essa sujeira!” E assim por diante! Eles sempre deixam claro para a criança que o que ela fez não foi uma boa coisa...
A mente dessa criança analisa o ocorrido e conclui que “se o que ela está fazendo é errado, feio, sujo e fedorento, devo parar de fazer!” E surge, inicialmente, a prisão de ventre!
Agora, são os pais que, desesperados, correm com a criança para o médico, exigindo que ele conserte um mal provocado por eles mesmos! E começam os supositórios de glicerina e laxantes infantis, totalmente inadequados a essa tenra idade e que poderia ter sido evitado com o simples entendimento dessa fase. É claro que nenhum pai quer ver seu filho comendo as fezes... Mas um pouco de criatividade soluciona totalmente esses instintos necessários ao bom desenvolvimento de seu sistema digestivo, sem que seja necessário proibir a criança de se sujar.
Uma dessas soluções é a massa de modelar da cor das fezes, para que a criança possa manipulá-la em substituição. A criança substitui com a maior naturalidade. Outro substituto perfeitamente à altura é a argila. Uma caixa de argila para que a criança possa brincar e se lambuzar é um excelente artifício. Mas temos que entender que ela precisa se lambuzar, se sujar, se divertir... Mais tarde dá-se um banho, ora! O importante é ser feliz!
Por que será que a criança gosta tanto de brincar com as fezes? É mais uma maravilhosa programação mental! Seu sistema digestivo está em franco desenvolvimento e ela já tem algum domínio de seus movimentos musculares, achando interessante o autocontrole do ato de defecar.
É um momento de raro prazer o da produção das fezes. Por isso, elas são tão importantes e exercem sobre a criança uma grande atração. Porém, se no momento desse namoro entre a criança e suas fezes aparece um adulto “estragando” o prazer, a criança nada entende e um forte sentimento de dúvida substitui o necessário sentimento de autonomia.
É nessa fase que ela direciona sua energia para experiências exploratórias. Ela precisa desenvolver o seu senso de autonomia. E como ela vai perceber que não pode usar sua energia exploratória de forma totalmente livre, mas que existem regras sociais para serem respeitadas e que devem fazer parte de seu raciocínio, ela começa a construir sua autonomia entendendo os limites.
O aprendizado social começa aí. Surge o entendimento relacionado ao que os adultos e as outras crianças esperam dela. Surgem os conceitos de limitações, de obrigações e de direitos, e aparece a sua capacidade de realizar certos julgamentos.
Os adultos atrapalham muito, como podemos observar, mas também podem ajudar de vez em quando! O problema é que não existe uma escola para ensinar pais a serem pais, pelo menos não as conheço ainda. Eu soube que existia na Alemanha ou na Suíça, mas não aqui... Mas, dentro de nossas possibilidades e limitações, tenho tentado fazer exatamente isso, em todas as oportunidades em que me reúno com pais e professores.
Depois que li, em um trabalho de psiquiatria, a recomendação de treinamento parental como elemento redutor de sintomas patológicos, passei a recomendar às escolas uma total mudança nas reuniões de pais e mestres, conforme já relatei no capítulo ESCOLA.
Minha ideia é enfatizar nessas reuniões o treinamento parental, com vivência de valores humanos, debate sobre relacionamento familiar e tudo o mais. Afinal, para que serve falar mal de seus filhos se esses são o reflexo de uma educação equivocada em casa? Melhor então é fazer o treinamento dos pais! Os filhos melhorarão naturalmente na medida em que os pais melhorarem o entendimento da criança, o entendimento das necessidades de cada fase e o relacionamento familiar.
Ainda comentando sobre essa fase anal, caracterizada também pela luta entre a autonomia e a dúvida, ela tenta se libertar da total dependência tomando conta de si mesma, já que percebe ter algum controle sobre suas necessidades fisiológicas. Isso é uma vitória!
Ao sentir que está tendo sucesso em fazer mais coisas sem medo de errar, ela constrói a sua autoestima e passa a ter mais disposição para escolher e agir por conta própria. Contudo, se percebe algum sentimento de desprezo ou de fortes críticas, essa criança não consegue criar autoestima suficiente para ter segurança sobre seus atos, nascendo um sentimento de dúvida sobre si mesmo e sobre os outros. Isso é percebido como uma derrota! Ela poderá regredir ao estágio da insegurança, desistindo de pensar e agir por conta própria e voltando a ser totalmente dependente.
Outro erro comum nessa fase (e que se repete em outras mais tarde) é quando o pai que faz questão de deixar a criança um pouco envergonhada, justificando sua atitude com a ideia de que, assim fazendo, estará estimulando-a para aprender a seguir determinações e ordens dos adultos.
Se isso ocorrer de forma frequente, essa criança poderá desenvolver um comportamento cínico, fingido e camuflado, sempre com a intenção de se defender dessas atitudes de seus pais. E a criança sempre tende a projetar o que seus pais fazem na imagem dos adultos em geral e do próprio mundo à sua volta. Ou seja: as reações dessa criança não ficam restritas ao ambiente familiar, mas serão levadas ao ambiente externo, mais tarde, construindo uma personalidade cheia de desfaçatez, cinismo, dissimulação e descaramento.
Por dentro, ela vai se limitando e deixando de desenvolver suas potencialidades porque ele tem vergonha de aparecer como errada. Ela passa a duvidar de suas próprias capacidades.
A força considerada básica na fase anal é a vontade, segundo Erikson. A vontade, que é colocada em prática por meio da livre escolha na manipulação das coisas, na conversa, no andar e no explorar e que resulta na construção da autonomia.
Educar, nessa fase, significa dar liberdade vigiada, para que a criança tenha condições de desenvolver sua independência, mas percebendo a atenção e o cuidado dos pais, desde que não haja exageros, nem na liberdade total, nem no controle total.
A todo o momento, eu procuro lembrar que a liberdade sem limites faz com que a criança se sinta abandonada e insatisfeita! Também lembro que o limite exagerado a torna sem vontade de desenvolver sua autonomia e fica insegura e insatisfeita. Ou seja, os extremos levam à insatisfação. E, embora isso comece a ser percebido nessa fase, continua ocorrendo durante toda a vida, mesmo depois da adolescência!
A fase anal é também a fase em que a criança começa a andar com mais facilidade e, por isso mesmo, tem mais facilidade na exploração do mundo à sua volta. A descoberta de que ela pode controlar sua marcha e a forma de pressionar os objetos despertam o sentimento de autonomia necessário à construção da sua segurança.
Wallon foi quem mais desenvolveu os estudos voltados para essa característica, apontando para o entendimento de que os atos mentais da criança são desenvolvidos a partir dos seus atos motores. Isso traz mais uma responsabilidade para a educação, já que os atos motores não devem ser cerceados ou impedidos, a menos que traga alguma espécie de perigo iminente.
A grande dificuldade dos adultos está em não conseguir se colocar no lugar da criança, bem como com suas competências desenvolvidas. Cada vez que ela movimenta seus braços e pernas com controle adequado, ela registra esse fato como uma vitória que vai servir para impulsionar todo o seu desenvolvimento cognitivo.
O mesmo processo se dá, ainda nessa fase, com a linguagem. As mãos e os braços ajudam bastante no desenvolvimento das funções simbólicas da linguagem. Cada pensamento, para ser exteriorizado, precisa, nessa fase, de muitos gestos. E para entender isso basta lembrar como faz o próprio adulto em um país estrangeiro, sem conseguir falar direito aquele idioma. Ou mesmo nós, aqui no Brasil, quando queremos falar com um estrangeiro que nada entende de português. Os gestos são a nossa salvação... Assim faz a criança no desenvolvimento da função simbólica de sua linguagem. 
Mas agora vem a parte boa para os profissionais de fonoaudiologia. É nessa fase que podemos, sem qualquer medo, afastar a criança da chupeta, caso ela esteja fazendo uso. Mesmo que isso provoque choro e manha, a necessidade vital já não é o sugar, logo, qualquer imposição de limites no que diz respeito à chupeta é perfeitamente aceitável e não vai provocar qualquer neurose futura.
Mais do que isso, eu insisto que nessa fase DEVEMOS afastar a chupeta da criança. O que antes era uma necessidade, agora passa a ser um grande erro. Isso porque a partir do início dessa fase ela abandona o instinto da satisfação oral e o desloca para o ânus. Esse deslocamento vai facilitar, no momento certo, a formação correta de todo o processo digestivo. Essa fase coincide com o início da mudança alimentar, que faz com que o sistema digestivo (ou digestório como querem os filólogos) e o intestino comecem a ser mais exigidos. Não existe mais a necessidade do prazer oral e, por isso mesmo, da chupeta.
Então, se a fase anterior era a da chupeta, do mordedor, da presença afetiva e do exercício dos limites, nessa fase a chupeta deve ser eliminada. O mordedor nem tanto. A presença afetiva continua muito necessária, contudo, já se deve dar mais liberdade, mas com controle. Os limites continuam sendo uma grande necessidade por toda a vida. Mas o mais importante é entender que existe o prazer de defecar e que esse prazer constitui a base do correto desenvolvimento psico-emocional-cognitivo.

sábado, 12 de outubro de 2013

IUPE Educação: Ciência descobre fase crítica de aprendizagem na criança entre 2 e 4 anos de idade

Amigos,
Essa semana obtivemos mais uma confirmação científica importante sobre a necessidade de se ter toda uma atenção especial à criança, durante o seu processo de formação cerebral inicial, principalmente entre os dois e os quatro anos de idade.
Durante esse período a criança está, ou em casa, acompanhado por um dos familiares ou por uma babá, ou está em uma creche.
Respeito a opinião das avós que não querem desgrudar do neto ou que acham uma “atrocidade” levar seu netinho para uma creche, mas a minha opinião é de que o ambiente da creche é o ideal para o seu correto acompanhamento e desenvolvimento, desde que os profissionais que ali trabalham estejam devidamente qualificados para isso.
Os estudos que estão sendo divulgados essa semana mostram que esse período é exatamente quando o ambiente externo exerce a maior influência na formação cerebral da criança e que, se for bem planejado, construirá uma forte base intelectual, uma forte estrutura de controle emocional, psíquico e motor, além de criar a capacidade de julgamento e de entendimento do mundo e do outro.    
Se o ambiente da creche ou em casa for bilíngue, por exemplo, o lucro para o seu desenvolvimento futuro será imenso, já que a criança construirá, em seu cérebro, as estruturas de linguagem dos dois idiomas, como se fosse nativo em ambos.
Mas o mais importante de tudo isso está na identificação de anomalias de desenvolvimento, como o autismo, por exemplo.
Qualquer anomalia intelectual ou motora percebida nessa fase poderá ter seus sintomas reduzidos ou até revertidos, já que nessa fase as intervenções pedagógicas terão muito mais efeito.
Esses estudos estão sendo divulgados aos poucos, parte deles sendo publicados no The Journal of Neuroscience e nos boletins da Brown University e do Kings College.

Para os estudiosos de neurociência e neuropedagogia, esses estudos apresentam uma nova forma de entender como as redes neurais da criança estabelecem, com mais facilidade, nessa fase, programações básicas e essenciais que definirão grande parte de sua vida futura.

Essa observação está sendo feita, principalmente, na formatação inicial das redes que estabelecerão as funções gerais da linguagem e as bases do entendimento e da elaboração da fala no idioma considerado nativo
.
Foram analisadas 108 crianças consideradas normais, todas entre um ano e seis anos de idade.

A pesquisa estava voltada para a identificação da distribuição da mielina em seus cérebros.

A mielina é a substância que serve, entre outras coisas, para proteger os circuitos neurais.

Para quem estudou alguma coisa de biologia e neurociência podemos ir mais adiante e comentar que é a mielina quem isola, eletricamente, os axônios, possibilitando mais velocidade na transmissão dos sinais elétricos para as sinapses.

Os resultados mostraram que a mielina só começa a se fixar no cérebro a partir dos quatro anos.

Antes disso as redes neurais estão mais livres para serem reagrupadas, significando que existe uma excelente plasticidade cerebral, permitindo diversos tipos de reorganização.

Nesse período, devido a essa grande plasticidade, essa formatação original pode sofrer fortes influências do ambiente externo. 
 
Uma das influências muito interessantes será em relação ao estabelecimento do processo da linguagem.

Uma criança, nessa fase, convivendo em um ambiente bilíngue, desenvolverá estruturas linguísticas perfeitas para os dois idiomas, tornando-a fluente, como se fosse nativa em ambos. Isso poderá acontecer, também, para o ambiente trilíngue.

Mas podemos ir mais além nesse entendimento, a partir da análise do que ocorre nessa fase, principalmente, agora, para os educadores e estudiosos de psicopedagogia:

É bom lembrar que Henri Wallon conceituou essa fase de sensório motora, quando ela adquire a marcha, ganhando autonomia para manipular objetos e explorar espaços.

Se a criança estiver livre para experimentar suas sensações e seus movimentos, ela construirá redes neurais adequadas ao seu melhor controle motor, incluindo aí a segurança e o equilíbrio.

Se essa liberdade só ocorrer após os quatro anos, após o estabelecimento das bainhas de mielina, a segurança na coordenação motora e no equilíbrio já terão mais dificuldade em ser estabelecida.

Quando Erik Erikson analisa essa fase ele aponta para o momento em que a criança começa a compreender que não pode simplesmente explorar à vontade, mas que há regras a respeitar.

Essas regras são incorporadas à sua programação com muito mais facilidade antes dos quatro anos.

A razão disso também pode estar na mielina que, quando formada, dificulta a alteração das redes para estabelecer novos conceitos.

Erikson também se refere à construção da capacidade de julgamento que aparece nessa fase. 

E podemos extrapolar daí que, inclusive a construção original de todos os conceitos básicos de pensamento estarão estabelecidos nessa fase.
Quem desejar ler os estudos sobre a fixação da mielina, eles foram publicados pela Brown University em 08/10/2013 em:
Recapitulando o que mais interessa aos educadores:
A criança entre os dois e quatro anos de idade deve estar sendo acompanhada e observada de forma muito bem planejada, para permitir a construção correta da sua base intelectual, emocional, psíquica e motora.
O ambiente rico em recursos didáticos com diversidade de formas, cores, movimentos, objetos, sons e imagens facilitará a formatação original de seu entendimento de mundo.
O ambiente bilíngue construirá, em seu cérebro, a estrutura linguística dupla, tornando-a fluente nesses dois idiomas, como se fosse nativa em ambos. Isso poderá ocorrer também para três idiomas.
Mas, volto a reforçar que:
O mais importante de tudo isso está na identificação de anomalias de desenvolvimento, como o TEA (Transtorno de Espectro Autista), por exemplo.
Essas anomalias poderão ter seus sintomas reduzidos ou até revertidos, já que nessa fase as intervenções pedagógicas terão muito mais efeito.

Um forte abraço.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

IUPE Educação: Avaliação e Certificação em Educação Inclusiva

IUPE Educação: Avaliação e Certificados de Alunos Especiais
Amigos,
As dúvidas agora são:
1.      Como podemos fazer o acompanhamento dos alunos especiais durante as aulas nas classes regulares?
2.      Como proceder em relação às avaliações periódicas?
3.      Como dar um certificado de conclusão se ele não consegue alcançar o mínimo exigido para uma ou mais disciplinas?

Para começar temos que esvaziar o pote! Isso significa que, enquanto estivermos “amarrados” a certos conceitos simplórios e reducionistas, não daremos um passo sequer em direção à educação inclusiva.

Primeira dúvida: ACOMPANHAMENTO

A primeira dúvida foi a do acompanhamento. Esse vai depender das características especiais de cada aluno. Já estamos publicando artigos e vídeos com procedimentos ligados a algum tipo de inclusão escolar. Os iniciais foram sobre as dificuldades cognitivas que existem, tanto nas crianças normais, como nas crianças com qualquer tipo de anomalia.

Todos os artigos e vídeos baseiam-se em análise de resultados alcançados pelas metodologias desenvolvidas e experimentadas por nós mesmos e pelos professores, e demais profissionais da educação, que fazem parte de nosso grupo de trabalho e de discussão.

Na continuidade de nossa análise teremos: TDAH e semelhantes; Dislexia e semelhantes; Autista e semelhantes; Síndrome de Down e semelhantes; Paralisias cerebrais e doenças degenerativas e assim por diante.

Segunda dúvida: AVALIAÇÃO

Essa dúvida é a da forma de avaliação a ser realizada com os alunos especiais. Vamos começar com o que dizem as normas em vigor.

A Recomendação nº 001/2013 do Ministério Público do Estado da Bahia deixa claro que as escolas devem tornar seu currículo flexível e criar metodologias de ensino, recursos didáticos e processos avaliativos diferenciados para atender às necessidades educacionais específicas de cada aluno.

O processo avaliativo, então, nada tem a ver com as avaliações periódicas do restante da turma.
Essas avaliações específicas devem ser preparadas com base no conhecimento que o aluno especial está demonstrando ser capaz de aprender, com a intenção de:

1.      Provar, para ele mesmo, o desenvolvimento da sua capacidade cognitiva:

Quando o professor prova para o aluno, por meio dessas avaliações, que ele está aprendendo alguma coisa, esse aluno melhora a sua autoestima, reduzindo e até, por vezes, anulando, os possíveis bloqueios emocionais existentes.

2.      Analisar, por meio dos resultados, se o processo utilizado está dando resultados positivos ou se precisa haver alguma modificação na metodologia:

Quando o resultado das avaliações não corresponde ao esperado, o professor deve analisar as seguintes possibilidades: Ou as avaliações foram preparadas fora da realidade cognitiva do aluno; Ou a metodologia precisa ser adequada à dificuldades apresentadas.

Terceira dúvida: CERTIFICAÇÃO

Essa é a referente ao certificado de conclusão de curso ou de terminalidade específica.

Caso o aluno, mesmo com dificuldades, consiga alcançar os níveis mínimos de conhecimento exigidos pelas diversas áreas do conhecimento, o certificado será o de conclusão tradicional.

Caso a anomalia não permita que ele alcance o nível exigido pelos sistema para conclusão daquela etapa de ensino, ele receberá o Certificado de Terminalidade Específica, que é a certificação dos estudos correspondentes à conclusão de ciclo ou determinada série/ano, conforme Lei nº 9.394/1996, art. 59, inciso II.   

No caso de comprometimentos cerebrais mais graves ou múltiplos, caso o currículo da base nacional não seja viável, deverá ser estabelecido um currículo funcional voltado para esse aluno, em especial.

Mas todo esse processo precisa estar sendo registrado, passo a passo, em pasta própria individual, constando de:

Dados individuais do aluno;
Ficha de avaliação;
Relatórios periódicos e contínuos sobre seu desenvolvimento;
Cópia das avaliações de habilidades individuais e das competências alcançadas pelo aluno, especificando todas as áreas do conhecimento em que isso foi constatado;
Histórico escolar contendo todo o conhecimento adquirido pelo aluno, constando as habilidades e competências construídas e, no campo de observações, ressalva quanto à caracterização do aluno como público alvo da Educação Especial;
Cópia do Termo de Certificado de Terminalidade Escolar Específica;
Registro de acompanhamento proposto ao aluno visando ampliar as suas possibilidades de inclusão social e produtiva;
Registro de regularidade de vida escolar.

Conselhos de Classe:

Todo esse processo deve estar sendo acompanhado e registrado nas Assembleias Oficiais dos Conselhos de Classe, para fundamentar as decisões necessárias à continuidade do processo de desenvolvimento do aluno, assim como para fundamentar a elaboração dos Certificados de Terminalidade Escolar Específica futura, caso isso seja necessário.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

IUPE Educação: Necessidade de Treinamento Parental

Dedicar-se a construir a aprendizagem de crianças e de adolescentes em um momento em que as famílias desistiram de dar a educação doméstica essencial aos seus filhos, é algo muito difícil.
Além de não terem a menor noção de, que sem lhes proporcionar limites e afeto, eles estarão criando verdadeiros monstros sociais, ainda tentam “superproteger” suas “pobres crianças” da “perversidade” dos professores e, se duvidar, ainda entram com ação judicial processando a escola por estar “constrangendo” seu pobre “bebê”.
E a aprendizagem fica pela metade! Na escola você orienta, mostra o caminho e determina o que deve ser feito em casa, mas em casa a situação fica mais difícil.
Ou os pais não estão em casa, ou, se estão, não dão qualquer tipo de exemplo de atividade intelectual. Poucos são os que seguem as orientações passadas durante os encontros de pais.
Mas há os que seguem tudo o que é recomendado. Os resultados são claros. Os filhos, além de melhorarem no conhecimento, ainda melhoram em comportamento. Surge a satisfação pessoal por estar se sentindo produtivo.
Ah! Se todos os pais agissem dessa forma! Se todos entendessem que investir na educação do filho é o melhor investimento para o futuro e uma família!
Hoje mesmo, bem cedo, tive que “engolir alguns sapos”! Um advogado me aparece pela frente e exige que, antes de dar uma punição em sua cliente (criança de 12 anos), a escola tem que dar a ela “ampla defesa”. Só depois disso pode ser enviado para casa o comunicado com a advertência.
Depois dessa, pensei, só fechando as portas definitivamente!
Fechar antes que comecem a chegar à porta da escola os ativistas de “Direitos Humanos”, para protestar contra a lista de exercícios de matemática, contra as redações, contra as provas, ou melhor, contra as notas baixas das provas, esses terríveis instrumentos de tortura psicológica que a instituição arcaica (segundo eles), chamada de escola, utiliza para perseguir seus pobres filhinhos!
A escola e seus professores, há muito tempo, já eram obrigados a complementar parte da educação doméstica que era realizada pelas famílias. Isso é perfeitamente natural, numa realidade em que pai e mãe precisam estar fora de casa trabalhando para sustentar o lar.
Depois de algum tempo essa “parte complementar” começou a aumentar de tamanho e, hoje, praticamente toda a educação doméstica tem que ser dada pelos professores, em sala de aula!
Isso seria aceitável, se pelo menos os pais, ao reconhecerem sua impossibilidade de educar, acompanhassem e apoiassem o trabalho feito por aqueles que o estão substituindo durante o dia!
Mas aí vem o “sentimento de culpa” em relação aos filhos e a vontade de “provar” para eles a presença afetiva que está faltando no seio familiar. E a forma que muitos pais acreditam que funcione para provar essa afetividade é apoiar o filho em tudo o que ele faz, mesmo que errado e, mesmo que tenha que ir contra os que estão ocupando o papel de pais, na educação que não está sendo dada em casa.
Esse é o grande perigo na deseducação atual! Esse forma equivocada de os pais tentarem compensar a sua ausência está servindo para piorar ainda mais o seu comportamento e, consequentemente, o seu desempenho escolar.
O resultado é a formação de jovens sem qualquer noção de respeito, de responsabilidade ou de ética, engrossando as fileiras da marginalidade, da corrupção e da desonestidade.
Surge, então, uma dúvida: Isso é uma evolução natural da sociedade ou é um descaminho social por incapacidade de adaptação ao progresso tecnológico e às exigências de mercado de trabalho?
Seja qual for a causa o que nos interessa é tentar, a todo custo, conscientizar as famílias sobre a importância da sua presença afetiva e limitadora na educação doméstica de seus filhos, para reduzir essas consequências destruidoras na sociedade.
Mas, como vamos fazer isso?
A sugestão, a médio prazo, mas que considero a mais eficaz, é o “Treinamento Parental”, encontros de orientação de famílias para o entendimento de seus filhos.
Quando os pais conhecerem as necessidades da criança em suas diversas fases, eles poderão evitar erros que são muito comuns na educação, e assim poderão reduzir, ou até eliminar, problemas emocionais e bloqueios, os mais diversos, que são os principais elementos causadores do comportamento irritado e agressivo do aluno atual.
Então, para concluir:
A maioria dos problemas que as crianças e os adolescentes apresentam em uma escola nada mais são do que consequências diretas ou indiretas de uma educação equivocada.
As famílias são as responsáveis pela educação de princípios de seus filhos, logo, são também responsáveis pelas falhas nessa educação.
As famílias, pais e mães, não aprenderam a educar filhos. Esse conhecimento vai sendo adquirido na prática e, consequentemente, recheado de erros e acertos.
As famílias são, então, responsáveis pela má educação, mas não são “culpadas” disso, já que não tiveram a devida orientação preliminar.
A única forma de tentar reverter esse erro é, então, promover a orientação das famílias por meio de encontros de Treinamento Parental.