sexta-feira, 20 de março de 2015

Arte no riacho

E a água vai, linda, voluntariosa, decidida, mas trazendo a infinita sabedoria que a leva a contornar, com arte e com amor, todos os obstáculos à sua frente.
Mais do que, simplesmente, o ato de contornar, ela consegue, em seu maravilhoso percurso, transformar tudo o que faz em arte.
A primeira, e a que mais nos chama a atenção, é a arte visual, pela beleza cristalina de sua imagem, refletindo raios da luz incidente e recheando de espumas os contornos das pedras.
Em seguida surge a arte auditiva, sentida pela beleza harmônica das ondas sonoras, essas sendo o resultado do agradável roçar de seu curso nas arestas das pedras.
 E, se estivermos parados em sua margem, sentiremos também a sua arte olfativa, provocada pelo estimular da vegetação, banhada pela sua passagem, produzindo uma imensa diversidade de aromas, com a sutileza desse roçar afetivo entre dois reinos distintos, o mineral e o vegetal.
Quanta sabedoria em um simples ato de contornar os obstáculos, mas deixando a sua marca, por meio de seu contato afetivo, repleto de uma energia transformadora, a energia do amor!
Quanta sabedoria ela demonstra, conseguindo, sutilmente, com o passar do tempo, tornar lisas e arredondadas, todas as pedras que, antes, só apresentavam arestas perigosas e ameaçadoras!
Essa é a sabedoria da água do riacho, essa é a sabedoria de uma artista que já nasceu assim, humilde, da nascente à foz, crescendo no percurso, muito forte ao se transformar em cachoeira, e desafiadora ao encontrar a imensidão do mar.


quarta-feira, 11 de março de 2015

IUPE Educação: Dicas sobre avaliação processual

Amigos,

Uma das coisas mais mal entendidas na educação é o processo da avaliação, a começar pelo desentendimento de qual deveria ser o seu objetivo real.

O objetivo da avaliação está diretamente ligado aos objetivos da educação, mas também está diretamente ligado aos objetivos da escola.

Se o objetivo da escola for selecionar os melhores, mais capazes, mais estudiosos e mais inteligentes alunos, para que a escola seja bem vista pelo público em geral, o objetivo das avaliações passam a ser reprovar os que apresentarem dificuldades, para que sobrem apenas os melhores e, com isso, a escola terá sempre os melhores índices de aprovação em provas, concursos e tudo o mais.

Mas se o objetivo da escola for o de garantir aprendizagem real para todos os seus alunos, incluindo aqueles que apresentem dificuldades de aprendizagem e anomalias neuro-psíquicas, o objetivo da avaliação passa a ser a análise permanente das metodologias utilizadas, a adaptação dessas às características cognitivas dos alunos e a criação de novas.

Para esse segundo caso, que é o que eu recomendo, precisamos criar meios de acompanharmos, passo-a-passo, o desenvolvimento de cada aluno, para que as intervenções sejam realizadas imediatamente, sempre que uma dificuldade for detetada.

Para facilitar esse acompanhamento individual, sugerimos que a aula seja dividida em duas etapas:

A primeira etapa é a apresentação do assunto, que deve ser na forma de marketing, propaganda, trailler de filme, etc. Ou seja: O professor estimula os alunos de forma que todos fiquem interessados e curiosos sobre o tema. Nessa apresentação o professor dá os conceitos principais e ensina o básico do assunto.

A segunda etapa, que deve ocupar todo o restante do tempo de aula, o professor coloca os alunos em grupos operativos e distribui, para cada grupo, o estudo dirigido sobre o restante do assunto. Nessa etapa o professor visita cada grupo para observar o trabalho, orientar a sua realização, tirar as dúvidas e, ao mesmo tempo AVALIAR o processo de trabalho em grupo, Essa avaliação já deve ser registrada, para que sejam detetadas as dificuldades cognitivas, as dificuldades criadas por relaxamento e preguiça, e as habilidades que possam surgir.

Na terceira etapa o professor passa tarefa para casa, deixando claro que a tarefa também estará sendo avaliada, só que essa de forma individual.

A quarta etapa é constituída por testes e provas, individuais ou em grupo, sempre que terminar um capítulo do assunto, para que as dúvidas sejam acompanhadas assim que elas surgirem, e nunca ao término de uma unidade letiva.

A coordenação deve reunir todos esses dados e relatos de todos os professores, para que seja realizada a análise das características cognitivas e comportamentais dos alunos e irmos para a quinta etapa, que é:

Quinta etapa: Análise, pelo Conselho de Classe, do desenvolvimento de cada aluno e das alterações que devam ser feitas nas metodologias, visando a aprendizagem real de todos.

Vamos aplicar e vamos discutir os resultados.