quarta-feira, 8 de junho de 2016

Maconha e a formação cerebral dos adolescentes

Um assunto que muito nos preocupa é a propaganda acintosa e irresponsável sobre a maconha, feita por algumas revistas e outras mídias em geral.

Antes de nossa conversa é bom deixar claro que eu não estou aqui para tentar dizer a ninguém que não faça uso dela ou daquela droga. Não é esse o caso!

Estou apenas alertando para essas propagandas irresponsáveis que chegaram a me assustar, tal a estratégia da colocação da mentira em forma de manchete bem chamativa!

A manchete diz que a maconha só faz mal a pessoa se o cigarro queimar seus lábios... OU seja: não faz mal algum!

Partindo do princípio de que grande parte das pessoas só leem as manchetes dos artigos, já dá para imaginar que, se a intenção era a de aumentar o consumo para que os traficantes obtenham mais lucro, esse objetivo já vai ser alcançado.

Um outro grupo de pessoas chega a ler o artigo, mas desses, uma grande parte não chega até o final, parando antes do último parágrafo.

Pois bem: o próprio artigo publicado nessa revista, artigo esse sério e com referências reais a institutos de pesquisa de credibilidade, mostra, em seus últimos parágrafos, exatamente o mal que a maconha faz.

A conclusão desse artigo é que existe suspeita de que o aumento de número de casos de doenças psiquiátricas, ente elas a esquizofrenia, está associado ao uso continuado da maconha.

Isso é muito sério e deve ser divulgado. Ou seja: Quer continuar fazendo uso da maconha ou de outras drogas? Faça! Mas é importante que todos saibam o risco que estão correndo. Que existe a possibilidade de que o uso continuado possa trazer doenças psicogênicas, e que essas doenças não têm cura! E que elas destroem a mente da pessoa e destroem, por isso, a sua vida!

Na penúltima quarta-feira tivemos uma reunião na Academia de Ciências de Nova York exatamente sobre a relação entre a maconha e a formação cerebral dos adolescentes.

A conclusão do encontro foi a de que está confirmada a possibilidade do desenvolvimento da esquizofrenia, assim como a incidência de AVC, ou seja, infarto, em adolescentes ou jovens com histórico de uso continuado da droga.

A dificuldade que os pesquisadores tinham em fazer a relação entre AVC precoce e maconha estava no fato de que as pessoas não confessavam o uso da droga. Como hoje as pessoas se sentem mais livres para comentar sobre isso, a relação ficou mais evidente.

Mas isso é para todas as pessoas que consomem a maconha? Não! Cada organismo reage de forma diferente em relação ao consumo de qualquer substância, incluindo as drogas. Para umas os efeitos danosos surgem muito rapidamente, enquanto que para outras pessoas esses tais efeitos só aparecerão muito mais tarde.

Isso ocorre também com alimentos e com remédios. Algumas pessoas não toleram alguns tipos de alimentos. Outras reagem negativamente a alguns medicamentos, e assim por diante.

Mas vamos a mais uma “bomba”!

Um estudo publicado hoje, dia 8 de junho de 2016, pela Neuroscience News, intitulado: “Como o uso continuado da maconha altera os circuitos de satisfação cerebral” (sob a responsabilidade da Dra. Francesca Filbey, diretora de pesquisas em neurociência cognitiva e professora no Centro de saúde Cerebral da Escola de Ciências Cerebrais e do Comportamento), mostra mais um danoso efeito colateral da maconha. Esse passa a ser o terceiro efeito danoso comprovado.

O estudo foi publicado originalmente na revista Human Brain Mapping e seu resumo está na Neuroscience News de hoje.

Após experimentações realizadas pela primeira vez, com imagens de ressonância magnética funcional, concluiu-se que o uso contínuo de maconha altera os circuitos de satisfação natural do cérebro, praticamente eliminando as demais formas de satisfação, em detrimento à satisfação obtida pelo uso da droga.

A ocorrência dessa alteração indica exatamente o ponto de transição entre o uso recreativo da 
maconha e o seu uso problemático e perigoso.

Agora atentem para esse detalhe nessa última descoberta:

Nós sentimos satisfação natural devido a uma série de fatores, como por exemplo: diversas atividades físicas, atividades lúdicas, passeios, relações afetivas, abraços, amor, sexualidade, etc.

Tudo isso nos traz a alegria de viver, ou seja, a parte mais agradável da vida!

Pois bem: com o uso continuado da maconha haverá a alteração desses circuitos cerebrais de satisfação natural, praticamente eliminando todas as demais formas de excitação natural dessa satisfação pessoal, emocional e psíquica, ficando tais satisfações atreladas exclusivamente ao uso da droga.

A pessoa passa a não se satisfazer com mais coisa alguma que não seja a própria droga. Isso é bom? Claro que não! Então é muito importante que todos saibam disso, para evitar que sejam surpreendidos com uma ausência total de excitação que estimule os seus canais de satisfação emocional e psíquica.

Acredito que o que mais precisamos fazer agora é analisar o que leva tantos jovens e adolescentes a necessitar de algo diferente para sua satisfação, embarcando no consumo de drogas que acabam destruindo a sua felicidade afetiva e sexual futura.

Esses motivos são os que devem ser analisados com muito cuidado porque, simplesmente insistir para que não usem drogas não dá resultado algum!

Analisar as carências, as insatisfações, as ansiedades, para tentar encontrar estímulos para que a pessoa comece a aproveitar as maravilhosas formas de satisfação natural à nossa disposição todos os dias!

As carências afetivas são as que mais levam crianças, adolescentes e jovens a procurar artifícios que supram suas necessidades. Alguns precisam apenas se sentir parte e um grupo que os acolha e que os aceite como ele é, ou como ele acha que é.

Muitas vezes todos os componentes desses grupos estão na mesma situação de carência, o que faz com que não haja satisfação mútua, mas sim a procura de artifícios, entre eles a maconha, para a satisfação temporária de todos.

Uma terapia de grupo poderia ajudar muito, evitando a apelação para o uso de substâncias que tanto prejudicam a felicidade futura desses jovens, ainda mais quando se sabe que isso afetará a sua saúde sexual.

Mas a maconha não é usada como remédio? Sim! Não só elas como todas as demais drogas são utilizadas como medicamento. Assim é com a maconha, com a cocaína, com a morfina, etc.

Todo remédio é uma droga!

E assim como as drogas ilícitas, os remédios também têm efeitos colaterais danosos ao organismo e, por isso mesmo, não devem ser tomados sem que haja real necessidade.

Nós não vamos tomar um remédio simplesmente por recreação! Mas sim porque precisamos dele para curar algum tipo de enfermidade.

A Ritalina, a Risperidona, o Gardenal, o Tegretol e todos os demais, todos são danosos ao organismo, mas se forem necessários serão prescritos e deverão ser consumidos.

Aproveito para deixar claro que estou à disposição para qualquer dúvida ou orientação. Mandem suas críticas ou sugestões.


Forte abraço!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Existe relação entre o tumor cerebral e o uso do celular?

Amigos,

Tenho alertado a todos, sempre que posso, sobre o perigo da radiação emitida pelo celular, já que há evidências claras de que existe uma relação com o aparecimento do câncer tipo glioma, no cérebro.

Sempre que alerto aos pais para tentarem criar em seus filhos a cultura de usar o celular afastado o máximo possível do corpo, aparece algum desavisado, normalmente daqueles que acreditam em tudo o que as máfias industriais gananciosas publicam na mídia, dizendo que isso é bobagem e que o celular não causa nenhum mal a ninguém.

Pois bem! Ricardo Teixeira, neurocientista, acaba de mostrar em seu blog dessa semana, exatamente o que eu sempre digo. Como não é artigo meu, eu aproveito para mostrar que não sou só eu quem diz isso! 

E ele faz referência ao estudo (http://biorxiv.org/content/early/2016/05/26/055699) publicado agora, mostrando essa relação evidente.

Ricardo Teixeira teve o trabalho de pesquisar quais são os estudos que dizem exatamente o inverso, ou seja, que o celular nada provoca de mal. O estudo principal foi publicado em 2010, (estudo multicêntrico INTERPHONE). Embora o resultado que o estudo evidencie em suas conclusões tenha sido o de que não havia associação entre o uso do celular e as chances de apresentar tumores cerebrais, o próprio trabalho aponta para a tendência de surgimento de tumores tipo glioma em 10% dos indivíduos que mais usavam celular.

Pois é: é exatamente esse tipo de câncer que estamos falando!

Ainda no seu BLOG Ricardo Teixeira mostra um trabalho de 2008, um balanço geral de todos os estudos sobre isso, evidenciando que o uso do celular aumenta o risco, sim, de tumores cerebrais (Hardell et al., Int J Oncol 2008).

Eu lembro, mais uma vez, desde a primeira vez que comentei sobre isso, que o trabalho de 2010 pode ter sido financiado para tentar contestar essa metanálise feita em 2008, para evitar prejuízos na indústria do celular.

Ricardo Teixeira ainda lembra que em 2008, depois dessa metanálise, "(...) uma série de neurocirurgiões de grande renome mundial passou a se manifestar afirmando que a tarefa de provar definitivamente que o celular causa tumor cerebral é só uma questão de tempo, já que uma lesão dessa natureza precisa de pelo menos dez anos para se desenvolver(...)"

Portanto:

1. Use a função telefone de seu celular apenas para recados rápidos e, se possível, afastado de seu corpo e em viva voz;

2. Deixe-o sempre em local afastado do corpo, e se precisar usá-lo na função despertador, que ele esteja em uma mesinha afastada de seu corpo, e nunca embaixo do travesseiro;

3. Para usá-lo na função música, melhor será usar um fone de ouvido.

Referência: 

Blog de Ricardo Teixeira (www.consciencianodiaadia.com)