quarta-feira, 10 de agosto de 2016

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Sabedoria na busca do conhecimento e na construção da inteligência

Fico perplexo quando me deparo com o desprezo, por parte de alguns acadêmicos, fechados em sua redoma metodológica, em relação ao conhecimento “out-lab”, ou seja, ao conhecimento adquirido fora das experimentações controladas pelo rigor da metodologia científica oficial.

Relendo “O Princípio da Totalidade”, de Anna Freifeld Lemkow, esbarrei mais uma vez na sua afirmação de que “(...) limitar o real apenas ao quantificável não é científico, é cientístico – uma perversão da ciência (...)”.

Não que o rigor acadêmico seja desnecessário. Não é isso. O que não devemos é fechar os olhos para o conhecimento extra academia. Esse conhecimento pode mostrar novos caminhos para velhos problemas e até abordagens luminares para desafios atuais!

Nessas horas sempre lembro de meus diversos encontros com um xamã aborígene, em pleno deserto australiano, na década de setenta, ainda no século passado.

Ele afirmava que nossa mente possui uma antena interna poderosa.

Essa mente, segundo ele, seria capaz de captar o pensamento transmitido por todas as pessoas que viveram em nosso planeta, desde o início da civilização.

Segundo eles, todo conhecimento do mundo, captado por essas antenas, seria arquivado, não em cada pessoa, mas em alguma área comum, externa ao nosso corpo, e que todos teriam acesso.

Para acessar tais conhecimentos o homem teria que estar sintonizado com essa frequência, processo que eu entendi como sendo semelhante ao da meditação.

Imaginei algo como o inconsciente coletivo definido por Carl Gustav Jung, mas meu interesse, naquela época, estava focado apenas no processamento cerebral. A ciência neurológica me fascinava, como até hoje!

Só mais tarde resolvi estudar a ciência psicanalítica de Freud, a Psicologia Analítica de Jung, e as ciências psicológicas em geral, que acabaram sendo minhas paixões complementares.

Mas antes, para tentar entender o que os xamãs me diziam, fui obrigado a frequentar, como ouvinte, um curso noturno de neurologia de uma das faculdades de medicina de Melbourne.

Nada do que eu ouvia no deserto, entretanto, era confirmado pelos livros, nem pelos professores. Esse conhecimento era considerado como alucinações xamãnicas por todos. Menos por mim, claro...

O tempo passou e aquele conhecimento me intrigava, mas nada era comprovado cientificamente.

Só que, aos poucos, cada uma daquelas informações acabam sendo “descobertas” pela ciência, como por exemplo, o funcionamento do sistema límbico, no centro do cérebro.

É ele que coordena a captação, arquivamento e acesso às informações que nos chegam por todos os elementos sensores e, inclusive, pelas ondas cerebrais que nos alcançam... A tal da antena está no sistema límbico, com certeza.

E ainda hoje, passados mais de quarenta anos, a ciência vai descobrindo mais coisa já sabida por aqueles sábios, como a capacidade quase infinita de memória.

Não exatamente fora do corpo, mas dentro de cada DNA. Cada grama de nosso DNA possui a capacidade de arquivar cerca de 700 tera de memória! Isso pode ser considerado uma capacidade quase infinita!

Mas ainda restam dúvidas. Afinal: se existe essa imensa capacidade de memória, ela está sendo utilizada para quê?

Eu não diria, jamais, que deveríamos considerar escritos tradicionais ou religiosos como verdade sem necessidade de comprovação. Essa parte é a que chamamos de crença. Não é ciência.

Mas desprezá-los sem a preocupação de um estudo que o constate ou o conteste, pode significar um grande atraso para a própria ciência mundial.

Cada uma dessas análises, seja ela positiva ou negativa, pode abrir caminho para mais um desafio científico importante.

Lembremos sempre de não estagnar na ideia de que só o quantificável e visualizável é científico...

Quando Philip Low começou a estudar as ondas cerebrais emitidas pela área de Broca, que é a responsável pela articulação dos músculos para permitir a fala, sofreu bullying, não só de seus colegas, mas também de seus professores do curso de neurologia na Faculdade de Medicina.

A mensuração dessas ondas só foi conseguida muito mais tarde, embora ele estivesse certo disso!

Agora ele já está desenvolvendo os equipamentos para captação dessas ondas e sua transformação em sinais digitais. Esses sinais serão enviados a um computador, representando a “fala” da pessoa.

Seu desenvolvimento já está sendo testado por ninguém menos que Stephen Hawking, o grande físico inglês.

Breve os paralíticos cerebrais mudos poderão se comunicar!

Haverá a possibilidade de verdadeira inclusão escolar, de uma imensidão de crianças com esclerose lateral amiotrófica ou com paralisias não progressivas.

Essas ondas geradas são produto da elaboração do nosso pensamento. Isso significa que outros cérebros poderão captá-las e tornar seus sinais conscientes. É a telepatia em desenvolvimento tecnológico.

Cada uma dessas constatações e desenvolvimentos nos impulsiona a estudos muito mais profundos, sobre o funcionamento dos elementos primordiais da nossa formação orgânica: as nossas células.

Seu funcionamento é, como podemos perceber, muito mais complexo e muito mais abrangente do que o conhecimento anterior mostrava e, além disso, sua energia pode ter efeitos muito mais importantes e objetivos muito mais nobres.

Essas mesmas ondas podem trazer mais surpresas para os céticos acomodados a uma ciência do que já existe!

Hoje temos referência ilustres, como o físico quântico Amit Goswami, que apresenta essa realidade em sua obra: “Universo: Como a consciência cria o mundo material”.

O estudo quântico da consciência e de sua energia em forma de ondas, realizado por Goswami, nos leva a um momento intermediário, em que as constatações da energia gerada por nossas células e seus efeitos no mundo material externo ao nosso corpo, aproximam a ciência da fé, provocando os céticos e empolgando os pesquisadores mais abertos ao novo!

E mais que isso: Estamos mesmo em um cosmos com início, meio e fim? Estamos mesmo em uma realidade com passado, presente e futuro?

Em “O Grande Projeto”, Stephen Hawking e Leonard Mlodinow mostram, entre outras declarações “alucinantes”, que o cosmos não possui uma realidade única, mas que cada realidade possível do universo coexiste com as demais, ou seja, existem todas simultaneamente!

Se isso é verdade, nem o materialismo é real. Dizer que a matéria existe pode ser, também, uma forma de crença...

Então amigos, vamos abrir nossas mentes para o novo, mesmo que o novo não nos pareça real!

E vamos eliminar a terrível acomodação a tudo aquilo que já foi cientificamente comprovado! A tradição pode nos surpreender!

Forte abraço!
Para saber mais:
Amit Goswami. Universo: Como a consciência cria o mundo material.
Anna Freifeld Lemkow. O Princípio da Totalidade.

Stephen Hawking. O Grande Projeto.