segunda-feira, 17 de abril de 2017

Baleia azul: o que as famílias devem saber

Amigos,

Os comentários, pelos noticiários, sobre esse jogo fatal, o Baleia Azul, mostram claramente o despreparo da sociedade para o enfrentamento desse sentimento de vazio que está ocorrendo com os adolescentes, ou seja, uma total falta de motivação para com a vida,

O jogo em si, e outros semelhantes, devem ser imediatamente combatidos, isso está claro!

Mas sabemos que, ao conseguirmos combater um, sempre haverá outra “criação sinistra”, igual ou ainda pior que essa.

Não entendemos, ainda, qual a verdadeira intenção dos criadores e administradores desses jogos, mas sabemos que eles visam se aproveitar da crescente demanda dos adolescentes por compensação emocional e psíquica, estimulando atitudes de automutilação e, nesse caso específico, incitação ao suicídio.

Se pensarmos em termos de “Teoria da Conspiração”, esses jogos parecem ser uma arma para a eliminação de todos os adolescentes em estado de fragilidade emocional, para que sobrem apenas os fortes, bem preparados, e emocionalmente estáveis.

De qualquer forma, o ataque imediato aos criminosos, criadores desses jogos, deve ser realizado sim, com muito rigor e utilizando toda a tecnologia dos atuais hackers.

Mas não pode ser só isso! Enquanto essa busca estiver sendo feito, por parte das autoridades policiais, precisamos atacar as causas dessa angústia.

Nosso foco tem que estar direcionado, imediatamente, para a identificação dos motivos que provocam a NECESSIDADE desses adolescentes de tomar atitudes desesperadas contra seu próprio corpo, como a de criar dores físicas para compensar dores emocionais e psíquicas, no caso da automutilação, e nesse caso específico, o suicídio como desafio final.

Então existem as dores psíquicas que, em alguns casos, parecem ser muito fortes.

Se o adolescente estiver frágil, emocionalmente, será mais difícil tolerar essas dores.

Vamos ser claros, então, no seguinte:

São diversas as causas individuais da fragilidade e das dores psíquicas.

Já atendi a uma infinidade de situações, todas importantes e sérias, mas cada uma com uma origem diferente.

Mas há uma chave importante em tudo isso! A causa intermediária!

Em todos os casos há essa causa intermediária.

Essa causa intermediária é o gargalo pelo qual todas as causas individuais, obrigatoriamente, passarão.

Se essa causa intermediária for anulada, as causas individuais começam a perder força e estaremos no caminho certo da resolução do problema.

Vamos ver, então, primeiro, ela, para em outro momento, focarmos algumas das causas individuais mais frequentes.

A intermediária está totalmente ligada ao afastamento afetivo dos pais, em relação aos filhos, e a consequente falha na imposição de limites com amor.

Devido à necessidade de pai e mãe trabalharem, grande parte passou a ter muita dificuldade em saber garantir a educação correta dos filhos.

Muitos acreditam que devem compensar a ausência física com muito amor, mas se esquecem que a base de toda a segurança emocional do filho está na imposição de limites com afeto!

Uma educação afetiva, mas com regras e limites bem definidos, constrói uma segurança afetiva e emocional fazendo com que o filho consiga definir bem o seu papel na vida e consiga criar perspectivas de futuro.

Uma educação sem limites provoca, no filho, uma sensação de abandono, trazendo insegurança até na construção da sua identidade.

Uma educação sem amor provoca no filho um sentimento de revolta que também prejudica a sua relação com os amigos e com a sociedade.

Falta, então, essa dosagem. Educar com imposição de limites e com amor. Não pode faltar nem um nem outro.

Falta perceber o necessário momento em que o filho precisa ser ouvido pelos pais, para relatar seus sentimentos, suas dúvidas, suas dificuldades de entendimento sobre si mesmo, etc.

Falta perceber que a formação do filho não sofrerá influências externas se, em casa, ele estiver construindo uma personalidade forte.

Alguns filhos até conseguem tolerar uma educação fraca com certa tranquilidade, mas a maioria sente muita dificuldade e vai procurar ajuda fora de casa ou, onde está sendo muito mais perigoso: nas redes sociais.

Nessas redes eles encontram pessoas com angústias semelhantes às suas e, sem qualquer orientação positiva, começam a trocar experiências e sensações negativas, aumentando ainda mais suas dúvidas e intensificando ainda mais seus sentimentos depressivos.

Está aberto o caminho para que esses jovens sejam envolvidos por todo e qualquer modismo que posa ser entendido como uma compensação ou fuga!

O que as famílias não devem fazer?

Comentar sobre o jogo, sobre a automutilação, sobre drogas, ou sobre sexo, sem ter sido provocado para isso pelo próprio filho.

Comentar sobre isso só aguça a curiosidade e atrapalha mais ainda os que já estiverem fragilizados.

O que as famílias devem fazer, imediatamente?

1º) lembrar que seus filhos existem!

2º) planejar momentos sem celular, sem TV, sem computador, para conversar sobre assuntos que seus filhos quiserem conversar

3º) todas as vezes que eles quiserem falar algo, ouvi-los com atenção, até o fim das suas frases. Isso se chama “escuta ativa”!

4º) não criticar sentimentos, relato sobre emoções, relato sobre preferências, mesmo que sejam diferentes das suas.

Se você criticar eles não terão com quem falar as suas verdades. Só falarão as verdades que vocês acham certas. E deixarão as verdadeiras verdades para conversar com amigos pelas redes sociais.

5º) esteja preparado para orientar, caso sinta que eles precisam da orientação.

6º) se não souber como orientar, peça ajuda. O importante é dar apoio ou pedir apoio de quem pode dar, para evitar que eles queiram buscar fora de casa ou nas redes sociais.

7º) crie momentos de prazer em família, ao ar livre, sem celular, sem computador, sem TV, como passeios, caminhadas, trilhas, etc.

8º) crie atividades conjuntas, como criarem um novo ambiente em casa, planejarem um almoço diferente, com cada um fazendo uma comida de sua maneira, ou seja, diversão em família.

9º) imponha limites: crie o hábito de limitar o tempo de uso do celular, jogos eletrônicos, computador e TV, para um máximo de uma hora e meia, no máximo, em cada período.

10º) ainda impondo limites: crie o hábito de desligarem os celulares, tablets, computadores, bem antes de dormir e deixá-los longe do quarto.

Seguindo essas 10 dicas você estará regatando, não só a felicidade de seus filhos, como também a sua.

Isso poderá ser uma verdadeira “tábua de salvação” para as famílias, nesse momento tão conturbado que estamos passando.

Façam isso, amigos!

É o caminho! Eu tenho certeza disso!

Recebam todos um forte abraço, e:


Sejam muito felizes juntamente com seus filhos!

quarta-feira, 5 de abril de 2017

A deficiência que mais atrapalha a inclusão

Olá amigos,

No encontro da semana passada mostramos como interpretar e aplicar a Lei Brasileira de Inclusão.

Mas, na realidade, a própria LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), que foi publicada durante o Regime Militar, em 1969, já previa tudo o que se discute hoje sobre o atendimento correto ao deficiente.

Essa nova Lei, de 2015, apenas dá mais detalhes ao processo de inclusão.

Então, se desde 1969, já estava previsto o atendimento diferenciado para pessoas com dificuldades de aprendizagem, determinando a adaptação dos conteúdos escolares ao nível de cada um desses alunos, e se a Lei atual apenas dá mais detalhes, podemos concluir que o problema de a educação inclusiva estar sendo aplicada incorretamente está, não nas leis, mas sim em quem as interpreta erradamente.

Há, então, uma deficiência que não estava prevista em nenhuma das duas leis, que é a deficiência de interpretação dos textos legais.

E essa deficiência está na falta, não de inteligência, nem de capacidade de interpretação de textos, mas sim na falta de humanidade, na falta de respeito pelo direito dos outros, ou no excesso de orgulho, talvez por essas pessoas não serem deficientes, ou de terem tido a sorte de não terem nenhum filho com alguma dessas características especiais.

Então é bom lembrar a esses profissionais que o respeito ao aluno com algum tipo de dificuldade é nossa obrigação moral, antes mesmo de ser obrigação legal!

Uma das maiores responsabilidades do educador deve ser respeitar as diferenças de entendimento e dificuldades de aprendizagem e garantir que todos estejam sempre aprendendo a partir daquilo que já sabem.

Levar a sério essa responsabilidade significa garantir para todos o caminho da sua autossuficiência futura.

Mas sabemos que há muita resistência, por parte de alguns professores, de sair da sua zona de conforto.

Dar aula, para esses professores, significa cumprir o programa previsto para a turma. Aluno especial precisa de professor especial.

Mas é bom deixar bem claro, para todos esses, que as dificuldades decorrentes de transtornos físicos ou mentais, sejam elas dislexias, discalculias, transtorno de espectro autista, transtorno de déficit de atenção, dificuldades de fala, de audição, de visão, de movimento e, principalmente retardo mental leve, moderado ou grave, são problemas que podem acontecer com qualquer um de nós ou qualquer um de nossos filhos, a qualquer instante!

Um simples acidente pode deixar qualquer pessoa, hoje normal, igual ou pior que qualquer um dos nossos alunos especiais!

Então vamos respeitar as deficiências como se estivéssemos cuidando de nossos próprios filhos!

Será que assim fica mais fácil?

Ao raciocinarmos que aquele aluno incluído em nossa sala de aula poderia ser nosso filho, as nossas decisões sobre “o que fazer” podem ficar muito mais claras!

E é por aí que eu quero começar hoje!

Vamos pedir para que os profissionais analisem cada caso como se estivessem tratando de seus próprios filhos, porque caso contrário as decisões acabam sendo todas excludentes.

Fica muito fácil, por exemplo, decidir tirar uma criança do colégio, se ela está sendo agressiva com os demais alunos da turma!

Mas se for seu filho, antes de excluí-lo do processo educacional, qualquer um de nós procuraria ajuda para reduzir ou eliminar seus sintomas de agressividade, porque ele jamais evoluirá intelectualmente se continuar agressivo e nem será autossuficiente um dia!

Então nós, como educadores, devemos encaminhar o aluno para esse tipo de tratamento, como já conversamos em artigos sobre intolerância alimentar e acompanhamento multidisciplinar.

Fica muito fácil, também, quando encontramos um aluno numa turma do oitavo ano, mas com nível intelectual ainda na alfabetização, passar para ele as mesmas tarefas dos demais alunos e fazer as mesmas avaliações padronizadas e, ao ver que ele não soube ler, dar zero em todas as suas avaliações e atividades e, ao final do ano, colocar nas observações do seu histórico: APROVADO POR SER ALUNO DE INCLUSÃO.

Mas se fosse nosso filho nós pensaríamos diferente!

Nós não teríamos preguiça de adaptar o conteúdo para o seu nível de entendimento, para que ele aprendesse sempre um pouco mais em cada dia, com base no seu nível de entendimento e na sua idade mental.

Nós faríamos questão de dar tarefas que ele entendesse e assim se sentisse capaz de aprender sempre um pouco mais do que ontem.

Assim a autoestima dele estaria sendo elevada e ele iria, aos poucos, reduzindo a parte dos sintomas que são oriundas dos bloqueios emocionais.

E melhor ainda quando no final do ano seu histórico viesse com notas boas e nas observações o seguinte recado:

O relatório, por disciplina, do desenvolvimento desse aluno, que é público alvo da educação inclusiva, está em anexo a esse histórico escolar.

Assim qualquer pessoa, ao ler tal histórico, já saberá como continuar seu acompanhamento e, além disso, não haverá baixa autoestima de pais nem de aluno.

E então vem a célebre reclamação daqueles profissionais que preferem manter seu ritmo de aula padronizado, e que dizem não ter como dar atenção ao aluno especial, já que precisam dar atenção aos alunos normais.

Primeiro vamos perguntar a esses o seguinte:

Todos os seus alunos normais estão aprendendo mesmo?

Ou alguns deles serão reprovados por não conseguirem alcançar a média exigida?

Se a resposta foi “Sim! Todos estão aprendendo e, certamente, todos serão aprovados! ”, então eu não digo mais nada!   

Mas se a resposta foi: Lógico que não. Sempre têm os que não querem nada, os que não fazer tarefas, os que vão mal nas provas... esses serão reprovados!

Aí então nós concluímos que a tal dedicação aos alunos normais não está dando certo também, mesmo sem aluno especial algum em sala.

Dar aula assim é muito fácil! Quem aprendeu passa. Quem não aprendeu perde! Fácil demais!

Educar ou ensinar não é tarefa fácil e não é para qualquer um! Ser professor de verdade não é saber dar aula, mas sim saber garantir a aprendizagem de todos os alunos, a partir do que o aluno sabe e da forma como ele pode aprender.

Vamos lembrar de Comenius, autor de Didática Magna, publicada no século XVII?

“Age idiotamente aquele que quer ensinar ao aluno não o que ele pode aprender, mas sim o que ele próprio deseja”

Mas aí esses professores, em vez de procurarem ser criativos para conseguir aprendizagem real, apenas desistem e abandonam os alunos com dificuldade, sejam eles especiais ou não, e se dedicam apenas aos melhores.

Só que esses melhores nem precisam de professor! Um computador em sala seria suficiente e mais barato!

Então vamos adotar metodologias que facilitem a aprendizagem de todos os alunos, mesmo que as diferenças de nível sejam as mais variadas possíveis.

Essas metodologias existem e não são difíceis de aplicar. Algumas delas são até estratégicas para a implantação da famosa “Escola Invertida”, que hoje tanto se fala no meio educacional.

A de dinâmica grupal, por exemplo, utilizada pelo Colégio IUPE, e que está descrita em um de nossos vídeos, é uma delas.

Mas há outras.

Vamos criar, experimentar, aperfeiçoar e divulgar!

O que nos interessa é que, ao tratarmos todos os alunos como se fossem nossos filhos, sejam eles especiais ou não, estejamos sempre procurando elevar a sua autoestima reconhecendo aquilo que eles produzem, estimulando-os na busca do conhecimento e incentivando-os a desenvolver sua intelectualidade e sua criatividade.

Assim todos estarão construindo a sua autossuficiência futura, que é o que todas as famílias precisam! Isso é fundamental!

Mandem suas dúvidas e vamos discutir sobre todos esses assuntos.

Vamos, principalmente, tentar recuperar essa terrível e ameaçadora deficiência na vontade de respeitar e desenvolver o aluno especial.

Amigos!

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Recebam, todos, um forte abraço!