Nesse final de ano letivo é sempre bom lembrar algumas pequenas, mas importantes, dicas para quem está no processo de educação infantil, seja como pai, como professor, como psicopedagogo ou como terapeuta. Em meu livro "Afetividade na Educação" já toco no assunto em alguns capítulos, embora não concentrando para a Educação Infantil, como: no capítulo EDUCANDO na análise das primeiras fases da criança e suas necessidades (págs. 77 em diante); no capítulo seguinte nas diferenças da formação cerebral entre meninos e meninas (págs. 116 em diante).
Mas vamos a alguns elementos básicos que devem ser analisados cuidadosamente para servir como reflexão para a atividade educacional de cada um de nós, dentro de nossas funções ou até mesmo fora delas!
Lembro que o mais importante ponto a se considerar é a diferença entre cada uma das crianças! Temos a tendência muito incorreta de querer generalizar o grupo de crianças em uma sala de aula. O próprio uso da sala de aula já encerra um ambiente generalizado em que o comportamento deve ser igual para todos sob o risco de alguns serem considerados errados em relação aos outros.
O ideal para um ambiente de educação infantil é uma área em que sejam oferecidos ambientes diversificados, cada canto com um tipo diferente de atrativo, para nos ajudar, inclusive, a começar a identificar as tendências de habilidades intelecto-emocionais a partir dos ensinamentos de Gardner.
Um canto com argila, um canto com materiaçl para desenho, um canto com material para pintura, um canto com recortes, outro com brinquedos de armar, outro com instrumentos de música, etc. etc...
Como nem todas as salas possuem mais do que quatro cantos (rsrsrs) pode-se revesar os cantos em cada dia de trabalho, fazendo com que as crianças fiquem curiosas sobre o tipo de arrumação que terão no dia seguinte! Até isso constitui um estímulo à criatividade e ao questionamento: Por que tal canto foi mudado para esse lado? Por que aquele canto foi substituído por esse?
Qual o melhor ambiente da semana? quem pode sugerir um canto novo? Uma idéia nova? Uma música diferente?
Mas vamos aos pontos a refletir. Esses são básicos na formação do caráter e no desenvolvimento da intelectualidade e emocionalidade:
1. LUDICIDADE - A ludicidade deve ser uma preocupação constante, para que a criança sinta prazer durante todo o período escolar. Prazer significa estar sendo estimulado a todo instante com o reconhecimento daquilo que está produzindo. A criança sente uma imensa satisfação nesses momentos.
2. LIMITES - A todo momento as crianças devem estar aprendendo as suas responsabilidades e a necessidade de todos terem seus limites. isso pode ser feito com brincadeiras e vivências apropriadas. Há os livros do Instituto Vivendo Valores e os do Character Education Initiative, o primeiro da Brahma Kumaris e o segundo da Universal Peace Federation. Mas todos nós podemos desenvolver nossas próprias técnicas e metodologias.
3. COORDENAÇÃO MOTORA - O momento da Educação Infantil é o que está ajudando o cérebro a desenvolver todas as ligações neuronais ligadas às futuras atividades e habilidades técnicas, profissionais e artísticas. Cada passo no estímulo ao desenvolvimento dessa coordenação é importante para essa formação. E nessa hora todos temos que levar em conta que a facilidade de um não significa que será igual para todos. Cada criança tem a sua própria velocidade e a sua prioridade específica na formação dessas habilidades motoras. Para acompanhar o desenvolvimento das crianças devemos aprender a compará-la apenas com ela mesma e mais ainda: devemos desenvolver o hábito de ficarmos realmente satisfeitos com a melhora da habildade de cada uma das crianças, mesmo se essa melhora for mínima e muito menor que de todas as demais.
4. CAPACIDADE SENSORIAL - Nossos elementos sensores não são utilizados na sua íntegra por causa do deslumbramento que a visão nos proporciona! Essa falha é incutida a todos nós durante nossa educação infantil. Por isso exercícios de identificação de sons (intensidade, tipos e direção provável da fonte sonora), de paladar (azedo, doce, ácido, etc.), de aroma e de tato são essenciais a esse desenvolvimento.
Além dessa falha ainda há o direcionamento, nesse período, de sensibilizações específicas para meninas e para meninos. Às meninas é permitido o desenvolvimento das sensibilidades emocionais e aos meninos é permitido apenas a sensibilização de quantidades e tamanhos. O machismo prejudicando o desenvolvimento integral dos dois hemisférios cerebrais. Por isso recomendo exercícios com identificação de aromas pelas diferenças olfativas e pelas qualidades subjetivas (mais agradável, menos agradável, mais intenso, menos intenso), assim como exercícios de identificação, por exemplo, de flores, pelo seu desenho, suas formas e suas cores, sempre enfocando qualidades subjetivas que desenvolvam, no menino, o seu hemisfério direito
A partir desses pontos básicos outros entrarão na lista de prioridades, mas sempre mostrando-se aos profissionais (professores, psicopedagogos e terapeutas) que cada criança deve ser analisada na sua individualidade e nas suas especificidades, inclusive na sua velocidade de desenvolvimento (cada uma tem a sua) e nas suas diferenças de habilidades. Todo cuidado é necessário para se evitar que surjam elementos bloqueadores do desenvolvimento intelecto-emocional.
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