quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Educação: a única solução

Está cada vez mais difícil mostrar aos responsáveis pela formação das crianças e dos adolescentes, aqueles que deveriam ser chamados de educadores, que educar é uma coisa muito séria! Existe uma verdadeira banalização da falta de valores e de caráter. Ela ocorre em decorrência da divulgação clara e incontestável de todos esses momentos e atos de farta corrupção. Essa banalização se agrava quando se percebe a apatia total do poder público. E ela se torna irrecuperável no momento em que ocorre a acomodação total da população voltando a eleger para cargos públicos exatamente os maiores expoentes de toda essa falcatrua, como se tudo isso fosse normal e legal.

Onde está a base de todo esse problema? Na TV? No restante da mídia? Na contracultura apresentada pelas letras pornorepetitivas de parte das músicas atuais? No consumismo exacerbado fazendo com que a inversão de valores provoque o esquecimento total dos mínimos conceitos de moralidade e caráter para manter uma sociedade ética?

Podemos até entender que tudo isso contribua para essa triste realidade, mas a origem principal de todo esse problema está dentro da nossa própria casa e dentro da sala de aula da escola de nossos filhos! Sim! Essa é a grande verdade! A responsabilidade por tudo isso que está acontecendo é nossa mesmo! Nossa como pais e nossa como educadores! De nada adianta continuarmos apenas a reclamar dos atos insanos e corruptos de todas essas autoridades estabelecidas em nosso país, se não fizermos alguma coisa IMEDIATAMENTE, começando dentro de nossa própria casa e dentro da escola de nossos filhos!

A maior parte das famílias desse país não consegue ter resultados satisfatórios com a formação de seus filhos, primeiro porque nunca foi ensinada a realizar essa educação e, segundo, por estar recebendo um verdadeiro bombardeio diário de entendimento pessimista da vida, ouvindo frases como: "é assim mesmo (...) não tem mais jeito não (...) adolescente é tudo igual (...) o importante é tirar proveito de alguma coisa (...) quero a minha parte (...) achado não é roubado", e outras frases piores ainda...

Mas há solução? Há sim! E ela está exatamente na escola. Ela está na mão dos educadores profissionais, que são aqueles que foram formados exatamente para educar, ou deveriam ter sido formados para isso. Mas existe essa profissão? Existe o educador profissional? Ou o que está existindo hoje é a formação de "dadores de aula", cheios de teorias maravilhosas mas sem qualquer noção de como colocá-las em prática e entrando em desespero ao primeiro sinal de dificuldade no trato com alunos e pais de alunos! Pior ainda são os que, ao invés de entrarem em desespero, se acomodam, seguindo a regra geral de uma sociedade apática e conivente para com a corrupção reinante.

Está na hora de mudar do princípio, ou seja, a partir da sala de aula! Por que da sala de aula e não da família? Porque as famílias são as primeiras a precisar desse processo educacional! Todas as anomalias comportamentais e grande parte das anomalias psíquicas e neurológicas apresentadas pelos alunos estão relacionadas a falta total de estrutura emocional de suas famílias.

Mas essas famílias estão assim, não exclusivamente por culpa delas mesmas, mas sim por falta total de conhecimento do que seria o certo ou o que é o errado na forma de educar seus filhos e também na forma de se relacionarem dentro de suas próprias casas e com seus vizinhos. As pessoas não estão conseguindo se relacionar corretamente nem com elas mesmas, muito menos com seus parentes, amigos, conhecidos e desconhecidos!

A responsabilidade inicial, então, de toda essa necessária mudança social, é do educador que, mesmo sem estar devidamente preparado para isso, terá que se estruturar para tal, se não quiser fazer parte daquele grupo que tinha a solução nas mãos e se acomodou preguiçosamente, contribuindo para piorar cada vez mais essa triste realidade de nosso país.

O difícil é convencer cada educador dessa necessidade, num país em que tudo parece justificar a acomodação e o relaxamento. Alguns desses "profissionais" estão esperando o dia em que vão ganhar bem para trabalhar bem... Outros estão aguardando receberem o devido reconhecimento para, a partir daí, começarem a mostrar a sua competência educacional... E nesse ínterim alguns desses pseudo educadores procuram utilizar seus momentos na escola para fingir que ensinam, reprovar alguns para demonstrar sua superioridade na relação educador-aluno e alardear conhecimento para deixar os alunos perplexos com a sua inteligência e inferiorizados com a falta de capacidade de entender o que o professor disse.

Esses alunos farão parte da sociedade de amanhã, muitos deles repetindo todos os atos de corrupção e criminalidade mostrados diariamente pela mídia e aceitos placidamente pela sociedade acomodada.

Está na hora de cada educador, individualmente, fazer uma auto-análise de seu comportamento em sala de aula, para que cada uma de suas atitudes e cada uma de suas palavras comece a ser um novo exemplo a ser seguido e um marco de referência positiva para cada um de seus alunos. Essa auto-análise deve começar agora, nesse exato momento! Não deixe para mais tarde! E a técnica que mais gosto de utilizar e que mais recomendo é a de assumirmos que cada resultado não alcançado é de nossa total responsabilidade, mesmo que esteja evidente a falha educacional em casa e a falta total de apoio dos pais!

Nesse ponto os professores costumam reclamar dizendo que não há como educar uma criança sem o apoio da família. Concordo plenamente que esse apoio é indispensável. Concordo também que a influência de um ambiente familiar mal estruturado provoca anomalias de toda sorte na criança, principalmente no que se refere às dificuldades cognitivas. Tanto concordo que sempre sugiro que, no ato da matrícula, esteja bem clara a necessidade dos pais participarem das reuniões de treinamento parental. Essa reunião é, para muitos deles, a única oportunidade de aprenderem alguma coisa relacionada à educação de seus filhos.

Mas a falha da educação doméstica ou a ausência dos pais não pode servir para justificativa de insucesso na educação das crianças. Ao mesmo tempo em que a escola deve envidar todos os esforços para trazer os pais para as reuniões, os professores devem estar lidando com os alunos como se todos eles fossem órfãos de pai e mãe.

Ver o aluno dessa forma possibilita a eliminação de qualquer tendência à acomodação, já que não podemos esperar de ninguém, a não ser de nós mesmos, atitudes de exemplo e orientação que quebrem os bloqueios desse aluno e consigam dirigi-lo para o caminho da transformação.

E para colocar isso em prática basta começar a entender cada aluno como um projeto de nosso desempenho profissional e que cada dificuldade cognitiva, psíquica, orgânica ou comportamental significa um desafio a mais a ser vencido, contando pontos para o aumento de nossa competência como educador.

Aos poucos, a partir de agora, vamos analisar algumas das dificuldades mais encontradas nas escolas. Quem desejar enviar relatos de casos para essas análises, pode enviar para meu e-mail ou como comentário nesse canal de comunicação.

O importante é estar entusiasmado

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