(Roberto Andersen – 19/12/2010)
É fascinante o estudo do cérebro humano e, mais ainda, quando se constata a sua imensa potencialidade, mas o mais empolgante é a percepção de que, por maior que seja o avanço da ciência tecnológica baseada no funcionamento dos neurônios, mais misterioso fica o entendimento da mente humana.
É fantástico observar o nosso “hardware cerebral” composto pelos neurônios e por toda uma estrutura orgânica supercomplexa, e saber que ele é o responsável por todos os nossos pensamentos, sentimentos, emoções e atitudes.
Empolgante perceber que toda essa estrutura funciona a partir de uma programação biogenética, a princípio, mas também social, após o nascimento, programação essa que determina o estabelecimento de uma intrincada rede de interligações neurais, interligações essas que possibilitam nosso pensamento e o controle de todo nosso organismo.
Impossível não compararmos essa estrutura à dos computadores! Há diferenças imensas, é lógico! Mas há semelhanças interessantes. No computador o hardware ainda está num estágio muito atrasado, pois ainda é fixo, necessitando de substituição de peças para qualquer tipo de evolução, ou “upgrade”.
E a nossa estrutura fixa? Para começar ela nem é propriamente fixa! Muito pelo contrário, ela inicia num tamanho ínfimo, no momento da fecundação, e evolui de acordo com uma programação biogenética, durante toda a vida. É como se comprássemos apenas o processador do computador e, a partir dele, o computador inteiro fosse crescendo e se formando até estar com teclado, mouse, monitor, CPU, etc. Quem sabe, um dia, teremos esse tipo de máquina?
E a programação? O computador, em sua instalação inicial, recebe uma programação (software básico) para o exercício das suas atividades. Nós também! A nossa parece vir na nas células tronco.
A básica do computador vem no processador e as complementares são instaladas no disco rígido. Elas são desenvolvidas pelos engenheiros de sistema, de acordo com uma finalidade específica e será alterada, a depender da necessidade, pelo seu operador, para alcançar os seus objetivos de trabalho.
A nossa é recebida dos nossos pais, uma delas traz as características da nossa espécie (programação biológica) e a outra vem com as características específicas das linhagens das duas famílias (genética) e também será alterada ou complementada por nós mesmos, de acordo com a nossa vontade, embora sofrendo as influências do meio.
E é nesse entendimento que surgem os maiores mistérios. A cada dia descobre-se mais um pouco sobre o funcionamento de toda a máquina biológica, incluindo aí os complicados mecanismos cerebrais, mas quem é o responsável pelas alterações de programação?
Existe a influência da sociedade, da mídia, da educação doméstica, da educação escolar, mas existe a necessidade da aceitação dessa influência para que a programação faça efeito, ou seja, nossa máquina escolhe se quer ou não seguir a programação pré-estabelecida. Que força é essa que está acima da programação e que permite ao ser humano escolher seus próprios caminhos?
Aí está a grande diferença entre o aparelho cibernético, característico do computador, e o aparelho psíquico, característico do ser humano. O funcionamento cibernético ainda está num estágio possível de ser explicado em detalhes pelos seus engenheiros e programadores, mas o psíquico tem apresentado, a cada dia, mais mistérios em seu entendimento, alguns tão inexplicáveis ao ponto de criar perplexidade aos profissionais dedicados a esses estudos.
Para entender o aparelho cibernético prepara-se o analista de sistemas. Para o entendimento do aparelho psíquico surgem médicos e terapeutas, entre eles os neurologistas, psiquiatras, psicanalistas, psicólogos, psicopedagogos, neuropedagogos, etc., cada um estudando uma diferente área na tentativa de encontrar explicações para as anomalias e cura para as enfermidades.
A complexidade do ser humano e das suas anomalias exige o estudo profundo e especializado de cada uma das suas áreas, ficando cada vez mais difícil encontrar um profissional que consiga entender do ser como um todo.
Exatamente por causa dessa dificuldade é que o entendimento da criança e do adolescente precisa de um estudo especializado em generalidades! Sim! Generalidades! Só a visão globalizada envolvendo todos os aspectos comportamentais, cognitivos, psíquicos e emocionais poderá evitar erros gravíssimos nesse entendimento.
O estudo das disciplinas pedagógicas é o primeiro passo para esse entendimento. As complementações psicopedagógicas e neuropedagógicas ampliam o horizonte desse entendimento e reduzem, substancialmente, muitos erros.
Os defeitos na máquina cibernética são lógicos e, portanto, facilmente identificados. Os defeitos na máquina humana são fruto de uma complexidade lógica, orgânica, psíquica e emocional, fazendo com que os mesmos sintomas possam ter significados completamente diferentes, a depender da pessoa e de seu estado psíquico.
Essa realidade do ser humano, que desespera quem espera uma “receita de bolo” no entendimento da criança e do adolescente e na relação educacional com eles, é o que entusiasma quem gosta de desafios, porque há sempre uma possibilidade de exercermos o papel do “programador cerebral” e reconfigurarmos partes importantes da mente da criança e do adolescente no intuito de resgatar sua autoestima, sua força de vontade e suas perspectivas de vida.
Então, para quem gosta de desafios, essa relação entre pais e filhos e entre professor e alunos é um verdadeiro paiol inesgotável de situações e realidades prontas para serem trabalhadas.
E para o IUPE, nosso instituto de pesquisa e educação, cujo trabalho é exatamente desenvolver metodologias, aplicá-las, analisar seus resultados e aperfeiçoá-las, esses desafios são fundamentais!
E para quem quer fazer o mesmo ou acompanhar nosso trabalho aqui vão alguns passos importantes e imprescindíveis para programar nosso cérebro e o de nossos filhos e alunos:
a) Realidade da criança:
Observe cada aluno ou seu filho e analise a sua realidade cognitiva, psíquica e comportamental. Preste atenção às suas habilidades, capacidades e potencialidades desenvolvidas.
Se há alguma anomalia, seja ela qual for, esqueça suas impossibilidades e dificuldades, pois elas em nada nos ajudam e, pelo contrário, só atrapalham o planejamento de nosso trabalho e reduzem a nossa autoestima e a da criança, que tudo percebe. Identifique apenas as suas possibilidades, habilidades e capacidades, para trabalharmos a partir delas.
b) Autoestima:
Analise se seu filho ou seus alunos demonstram alguma baixa na autoestima e, caso isso seja constatado, inicie, imediatamente, um trabalho de resgate! Há vivências e atividades apropriadas para isso e elas devem ser colocadas em prática imediatamente.
c) Relação familiar:
Analisar o seu ambiente familiar, em casa, e a relação familiar e social dos seus alunos, para planejar mudanças, no caso da sua família e, sugestões por meio de reuniões de treinamento parental, no caso das famílias de seus alunos.
d) Relação pai-filho e relação professor-aluno:
Fazer uma autoanálise na sua forma de se relacionar com cada um de seus filhos e com cada um de seus alunos. É imprescindível que eles confiem em você, admirem seu exemplo de vida e gostem de você. Se isso não estiver ocorrendo procure erros em você, nunca neles!
e) Cuidados com o cérebro:
Programar para você, seus filhos e seus alunos a realização rotineira de técnicas de nutrição e ginástica cerebral, para facilitar o desenvolvimento intelectual, criativo e emocional.
f) Curiosidade intelectual e espírito científico:
Leia muito! Estude muito! Pesquise muito! E desenvolva o prazer em fazer isso! Aí, sim, crie formas de estimular seus filhos e seus alunos a fazerem o mesmo. Nunca os mande fazer aquilo que você não gosta de fazer e só faz por obrigação.
Concluindo: Vamos à prática?
Um grande abraço e lembro que estou à disposição de vocês por e-mail (robertoandersen@gmail.com) ou presencialmente em nosso instituto (IUPE), onde estou preparando o novo programa educacional para os alunos de nosso colégio em 2011. Dessa vez o aluno estará sendo estimulado a desenvolver a criatividade e o espírito científico desde o sexto ano do Ensino Fundamental. Vamos ver os resultados no final de 2011!
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