Fico perplexo quando me deparo com o desprezo, por parte de
alguns acadêmicos, fechados em sua redoma metodológica, em relação ao
conhecimento “out-lab”, ou seja, ao conhecimento adquirido fora das experimentações
controladas pelo rigor da metodologia científica oficial.
Relendo “O Princípio da Totalidade”, de Anna Freifeld
Lemkow, esbarrei mais uma vez na sua afirmação de que “(...) limitar o real
apenas ao quantificável não é científico, é cientístico – uma perversão da
ciência (...)”.
Não que o rigor acadêmico seja desnecessário. Não é isso. O
que não devemos é fechar os olhos para o conhecimento extra academia. Esse
conhecimento pode mostrar novos caminhos para velhos problemas e até abordagens
luminares para desafios atuais!
Nessas horas sempre lembro de meus diversos encontros com um
xamã aborígene, em pleno deserto australiano, na década de setenta, ainda no
século passado.
Ele afirmava que nossa mente possui uma antena interna
poderosa.
Essa mente, segundo ele, seria capaz de captar o pensamento
transmitido por todas as pessoas que viveram em nosso planeta, desde o início
da civilização.
Segundo eles, todo conhecimento do mundo, captado por essas
antenas, seria arquivado, não em cada pessoa, mas em alguma área comum, externa
ao nosso corpo, e que todos teriam acesso.
Para acessar tais conhecimentos o homem teria que estar
sintonizado com essa frequência, processo que eu entendi como sendo semelhante
ao da meditação.
Imaginei algo como o inconsciente coletivo definido por Carl
Gustav Jung, mas meu interesse, naquela época, estava focado apenas no
processamento cerebral. A ciência neurológica me fascinava, como até hoje!
Só mais tarde resolvi estudar a ciência psicanalítica de
Freud, a Psicologia Analítica de Jung, e as ciências psicológicas em geral, que
acabaram sendo minhas paixões complementares.
Mas antes, para tentar entender o que os xamãs me diziam,
fui obrigado a frequentar, como ouvinte, um curso noturno de neurologia de uma
das faculdades de medicina de Melbourne.
Nada do que eu ouvia no deserto, entretanto, era confirmado
pelos livros, nem pelos professores. Esse conhecimento era considerado como
alucinações xamãnicas por todos. Menos por mim, claro...
O tempo passou e aquele conhecimento me intrigava, mas nada
era comprovado cientificamente.
Só que, aos poucos, cada uma daquelas informações acabam
sendo “descobertas” pela ciência, como por exemplo, o funcionamento do sistema
límbico, no centro do cérebro.
É ele que coordena a captação, arquivamento e acesso às
informações que nos chegam por todos os elementos sensores e, inclusive, pelas
ondas cerebrais que nos alcançam... A tal da antena está no sistema límbico,
com certeza.
E ainda hoje, passados mais de quarenta anos, a ciência vai
descobrindo mais coisa já sabida por aqueles sábios, como a capacidade quase
infinita de memória.
Não exatamente fora do corpo, mas dentro de cada DNA. Cada
grama de nosso DNA possui a capacidade de arquivar cerca de 700 tera de
memória! Isso pode ser considerado uma capacidade quase infinita!
Mas ainda restam dúvidas. Afinal: se existe essa imensa
capacidade de memória, ela está sendo utilizada para quê?
Eu não diria, jamais, que deveríamos considerar escritos
tradicionais ou religiosos como verdade sem necessidade de comprovação. Essa
parte é a que chamamos de crença. Não é ciência.
Mas desprezá-los sem a preocupação de um estudo que o
constate ou o conteste, pode significar um grande atraso para a própria ciência
mundial.
Cada uma dessas análises, seja ela positiva ou negativa,
pode abrir caminho para mais um desafio científico importante.
Lembremos sempre de não estagnar na ideia de que só o
quantificável e visualizável é científico...
Quando Philip Low começou a estudar as ondas cerebrais
emitidas pela área de Broca, que é a responsável pela articulação dos músculos
para permitir a fala, sofreu bullying, não só de seus colegas, mas também de
seus professores do curso de neurologia na Faculdade de Medicina.
A mensuração dessas ondas só foi conseguida muito mais
tarde, embora ele estivesse certo disso!
Agora ele já está desenvolvendo os equipamentos para
captação dessas ondas e sua transformação em sinais digitais. Esses sinais
serão enviados a um computador, representando a “fala” da pessoa.
Seu desenvolvimento já está sendo testado por ninguém menos
que Stephen Hawking, o grande físico inglês.
Breve os paralíticos cerebrais mudos poderão se comunicar!
Haverá a possibilidade de verdadeira inclusão escolar, de
uma imensidão de crianças com esclerose lateral amiotrófica ou com paralisias
não progressivas.
Essas ondas geradas são produto da elaboração do nosso
pensamento. Isso significa que outros cérebros poderão captá-las e tornar seus
sinais conscientes. É a telepatia em desenvolvimento tecnológico.
Cada uma dessas constatações e desenvolvimentos nos
impulsiona a estudos muito mais profundos, sobre o funcionamento dos elementos
primordiais da nossa formação orgânica: as nossas células.
Seu funcionamento é, como podemos perceber, muito mais
complexo e muito mais abrangente do que o conhecimento anterior mostrava e,
além disso, sua energia pode ter efeitos muito mais importantes e objetivos
muito mais nobres.
Essas mesmas ondas podem trazer mais surpresas para os
céticos acomodados a uma ciência do que já existe!
Hoje temos referência ilustres, como o físico quântico Amit
Goswami, que apresenta essa realidade em sua obra: “Universo: Como a
consciência cria o mundo material”.
O estudo quântico da consciência e de sua energia em forma
de ondas, realizado por Goswami, nos leva a um momento intermediário, em que as
constatações da energia gerada por nossas células e seus efeitos no mundo
material externo ao nosso corpo, aproximam a ciência da fé, provocando os
céticos e empolgando os pesquisadores mais abertos ao novo!
E mais que isso: Estamos mesmo em um cosmos com início, meio
e fim? Estamos mesmo em uma realidade com passado, presente e futuro?
Em “O Grande Projeto”, Stephen Hawking e Leonard Mlodinow
mostram, entre outras declarações “alucinantes”, que o cosmos não possui uma
realidade única, mas que cada realidade possível do universo coexiste com as
demais, ou seja, existem todas simultaneamente!
Se isso é verdade, nem o materialismo é real. Dizer que a
matéria existe pode ser, também, uma forma de crença...
Então amigos, vamos abrir nossas mentes para o novo, mesmo
que o novo não nos pareça real!
E vamos eliminar a terrível acomodação a tudo aquilo que já
foi cientificamente comprovado! A tradição pode nos surpreender!
Forte abraço!
Para saber mais:
Amit Goswami. Universo: Como a consciência cria o mundo
material.
Anna Freifeld Lemkow. O Princípio da Totalidade.
Stephen Hawking. O Grande Projeto.
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