O cérebro humano e a vida
(comentário sobre o artigo de Airton Luiz Mendonça)
O comentário de Mendonça sobre a medição do tempo por meio da observação dos movimentos me lembra os resultados de várias pesquisas sobre o tempo, uma delas realizada na Inglaterra, concluindo pela sua inexistência!
O tempo, como nós o entendemos, seria fruto de nossa imaginação a partir da observação dos movimentos de nosso planeta e a conseqüente passagem da lua, do sol e das estrelas.
Isso significa que suas observações têm fundamento, ou pelo menos seguem as mesmas linhas de pensamento dessas outras pesquisas.
Nosso relógio biológico, entretanto, parece estar em duas realidades distintas. Uma é a que o adequa ao tempo observado externamente, como pode ser comprovado, por exemplo, numa criação de galinhas em que se simula dois dias e duas noites em apenas 24 horas para duplicar a produção dos ovos. Com o ser humano foi observado efeito semelhante nas estações de pesquisa na Antártica.
A segunda parte do artigo fala do automatismo cerebral. Concordo com quase tudo o que ele falou, mas discordo de um dos "antídotos", que é o da comemoração dos aniversários, registro de dia etc.
Vamos aos fatos.
O automatismo é realmente uma realidade exatamente para liberar neurônios e ligações neuronais para atividades mais necessárias, já que as rotineiras já podem passar para o controle automático.
Realizar alterações de rotina significa dar uma utilização mais eficaz ao cérebro e evitar a ociosidade perigosa para o aparecimento do Mal de Alzheimer.
Minha discordância está apenas nas comemorações de aniversários, bodas, etc... devido a descoberta de Edward Wilson sobre a programação cerebral.
Desde que ele (Wilson) nos mostrou as suas conclusões sobre isso começamos todos a pesquisar as conseqüências de cada tipo de programação.
Marcar data de aniversário programa o cérebro para o envelhecimento celular mais rápido. É como você estivesse lembrando: "envelheça mais um ano agora!"
As outras recomendações são valiosíssimas e eu as uso constantemente.
Esse é o meu comentário.
Segue abaixo o texto que gerou o comentário:
De: Airton Luiz Mendonça
"O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.
Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma
mobília, sem portas ou janelas, sem relógio... você começará a perder a
noção do tempo."
"Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo
sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos
cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea. Isso acontece
porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos,
pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer
e o pôr do sol."
"Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar: nosso
cérebro é extremamente otimizado. Ele evita fazer duas vezes o mesmo
trabalho."
"Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia. Qualquer um de
nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal
quantidade. Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não
aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma
experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender
o que está acontecendo."
"É quando você se sente mais vivo. Conforme a mesma experiência vai se
repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e
'apagando' as experiências duplicadas."
"Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o
tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada
vez mais rapidamente."
"Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa
atenção parece ser requisitada ao máximo. Então, um dia dirigimos trocando
de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular
ao mesmo tempo. Como acontece? Simples: o cérebro já sabe o que está
escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na
mente); o cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas
experiências passadas e usa, no lugar de repetir realmente a experiência).
Em outras palavras, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para
a mente."
"Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa... São
apagados de sua noção de passagem do tempo..."
"Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a
experiência repetida. Conforme envelhecemos, as coisas começam a se
repetir: as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de
televisão, reclamações... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem
a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido
longo e cheio de novidades), vão diminuindo."
"Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de
novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década. Em outras
palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a... r-o-t-i-n-a."
"Não me entenda mal. A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa,
mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu
diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.
Felizmente há um antídoto para a aceleração
do tempo:
M & M ( Mude e Marque )
Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou
registros com fotos. Mude de paisagem, tire férias com a família sugiro que
você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano,
e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas. Tenha
filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para
eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).
Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de
momentos usuais. Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou
daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma,
visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor
do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no
Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.
Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.
Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes. Vá a
mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências
diferentes. Seja diferente. Se você tiver dinheiro, especialmente se já
estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades
ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos
esquisitos... em outras palavras... V-I-V-A.
"Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais
longo. E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver
e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais
interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida
que existem por aí."
"Cerque-se de amigos. Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares
diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes.
Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade,
emoção, rituais e vida."
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