Tenho percebido, por meio dos resultados de nossas pesquisas "in loco" (ou seja, diretamente com as crianças em sala de aula e a partir dos relatos dos professores e psicopedagogos responsáveis pelos grupos), que respeitando as fases de desenvolvimento da criança e do adolescente em função não exatamente da metodologia freudiana, mas mesclando suas observações libidinosas com as observações de Wallon e de Erikson, teremos resultados maravilhosos em termos de desenvolvimento harmônico intelecto-emocional.
Isso nos leva a perceber que nas escolas em que o lúdico é enfatizado em todas as aulas e intervalos, transformando pesquisas em prazer e, inclusive usando metodologia científica adequada aos primeiros anos escolares, provoca a criação uma mentalidade científica prazeiroza nas crianças, fazendo com que as percepções de diferenças sexuais passem a ser muito mais naturais e bem incorporadas.
Estar em estado de ludicidade traz benefícios espetaculares para a harmonia intelecto-emocional e elimina a necessidade da mente estar buscando a libido para satisfações inadequadas e de forma muito precoce.
Antes viamos nossos professores e coordenadores preocupados com a sexualização precoce das meninas, principalmente elas. Sugeri, então, aos professores de educação física, que estudassem em livros antigos, brincadeiras juvenis e de quadra etc... para ensinar em suas aulas.
De início muitas meninas não queriam por acharem bobagem. Mas na medida em que viam o prazer estampado na cara das que estavam nas brincadeiras, todas passaram a se integrar ao movimento.
Na escola do Largo do Tanque quem fez isso foi o professor Jader, a partir de um livro que a sua namorada possuia, descrevendo tais brincadeiras. O resultado foi também muito bom, embora tenhamos encerrado essa experiência devido a sua tranferência para uma escola do interior do estado.
A partir dessa atividade a atenção das meninas, que atualmente está totalmente direcionada a meninos, passasse a ter um universo mais abrangente. Também as aulas de educação sexual passaram a ser mais tranquilas e com menos ansiedades.
Outra coisa muito importante que percebemos na observação das aulas voltadas para a sexualidade em Educação Infantil foi que os meninos nas fases iniciais estão procurando respostas muito mais ingênuas do que as que os adultos pensam que eles necessitam.
Por isso passamos a orientar os professores a escutar muito mais do que falar. Perguntar muito mais do que responder. E, inclusive, quando uma pergunta durante uma reunião em grupo, aparecer, passamos a orientar o mediador a repassar a pergunta ao grupo antes de elaborar a sua resposta.
Na maioria dos casos a resposta apresentada por um dos componentes do grupo infantil só precisa de uma melhorada "de leve" para satisfazer a curiosidade de todos. E na maioria das vezes não há necessidade nenhuma de se adiantar respostas diretamente ligadas ao sexo.
Percebemos que nós fomos influenciados por Freud para achar que tudo o que move a criança, desde o nascimento, é a libido. Pode ser que ele tenha razão, mas para isso temos que dar uma interpretação mais light a essa libido infantil.
A fase, por exemplo, que Freud chamou de latente, é uma das mais importantes, segundo a minha visão depois de todas essas pesquisas, para o futuro sexual da criança. Mas foi a fase em que Freud menos deu importância, exatamente porque ele não viu a libido como ele desejaria ver... O cara só pensava em sexo mesmo... embora um gênio!
Aguardo comentários e relatos de casos para que possamos estudar e debater. Vamos lá?
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