Alguns professores, quando souberam que todas as escolas estão envidando seus esforços para a instalação de câmeras em suas salas de aula, entraram em verdadeiro "desespero", chegando a ensaiar movimentos de contestação. Alguns chegaram a considerar um verdadeiro absurdo esse procedimento.
Vamos, então, analisar o fato segundo alguns aspectos:
Primeiramente a segurança do próprio professor e dos alunos, em relação aos fatos que estão ocorrendo com freqüência em diversas salas de aula por todo o mundo, a começar pelos Estados Unidos.
Muitos pais já procuram, para seus filhos, escolas que estejam com câmeras instaladas e, preferencialmente, ligadas à NET, para que, de casa, possam ver seu filho em sala.
Em segundo lugar para a constatação de que o mau resultado do aluno A ou B deve-se, não à falta de competência do professor, mas sim ao comportamento inadequado e incorrigível desses alunos A e B em sala.
Para o primeiro caso basta lermos os jornais diários ou assistirmos aos telejornais. Os crimes em sala não estão ocorrendo apenas em escolas de baixíssimo nível social, mas em qualquer escola, sejam elas públicas ou privadas. Mas se, ao invés de esperarmos para ler os crimes pelos jornais, nos detivermos para ler os relatórios de ocorrências disciplinares das escolas, veremos que é freqüente o encontro de alunos portanto armas brancas e até armas de fogo com intenções de revidar ameaças sofridas no ambiente escolar. A sorte dessas escolas têm sido a descoberta das armas e das intenções antes dos eventos ocorrerem! Câmeras de segurança ajudam nessa prevenção.
Embora o primeiro caso seja mais do que evidente em sua importância em aspectos de segurança dos alunos e dos professores, o segundo caso também é muito sério, embora mais ligado ao aspecto educacional propriamente dito.
Todos sabemos que muitos pais estão completamente "perdidos" em matéria de educação dos filhos. Essa realidade está fazendo com que tentem encontrar um outro "culpado" pelo mau resultado de seus filhos na escola e no mundo. Os "eleitos" são: a) professores e escolas; b) mídia; e c) sociedade.
Analisando friamente todos os três "eleitos" concluimos que todos têm sua parcela de responsabilidade, mas a principal é a dos pais, que é a mais forte e mais decisiva em todo processo educacional.
A realidade, entretanto, nos mostra que não há escola de formação de pais, pelo menos não nos moldes das antidas escolas de formação de pais da Alemanha, para onde eram enviados adolescentes que pretendiam se casar, como foi o caso, por exemplo, da mãe de Norberto Odebrecht e de outros tantos ilustres personagens de nosso país, cujo resultado educacional está acima de qualquer "má influência"...
Já que inexistem essas escolas, os únicos profissionais que teoricamente estão recebendo formação de educador são os professores. Isso faz com que a responsabilidade de suas funções acabe extrapolando os limites da sala de aula, entrando fundo na necessária interferência na educação doméstica das famílias dos alunos.
Nossos esforços educacionais passam a ser, então, muito mais abrangentes do que simplesmente ensinar o aluno a entender a nossa matéria. Temos que entrar pelo campo da educação doméstica, pelo ensino dos valores humanos que muitas vezes inexistem em casa, e assim por diante.
Mas mesmo com todo esse esforço precisamos que, pelo menos, as famílias não atrapalhem o processo! Constantemente observo que, para alguns alunos nossos esforços só dariam resultado em um regime de semi-internato, quando eles deixariam de sofrer a má influência de seus pais...
Esses pais, não sei se por coincidência ou se por qualquer outro fator, são os que mais reclamam da péssima qualidade dos professores atuais! Insistem em dizer que seu filho é perfeito e que os professores é que não sabem ensinar e não lhe dão a atenção devida ou até que seu filho está sofrendo "perseguição" de algum docente.
Essa é a hora em que as câmeras em sala de aula nos servem para tirar todas as dúvidas e colocarmos tais pais de frente com a realidade de seus filhos! Não que eles não saibam, mas para que tirem, definitivamente o véu que colocaram em suas próprias mentes para não enxergar o resultado da falta de educação e de presença em casa.
Quando uma escola estadual localizada num bairro popular de Salvador convocou os pais dos alunos para assistirem ao filme "estrelado" por seus filhos no interior da escola, todos ficaram chocados!
Pais que reclamavam insistentemente da escola viram que eram seus filhos que já entravam na instituição trazendo, da rua, drogas, armas brancas e, inclusive de fogo em dois casos, e comportavam-se na escola como verdadeiros marginais, arregimentando colegas para a formação de suas futuras "gangues" de rua...
Só o filme, produto das gravações das câmeras de segurança, conseguiu fazer com que esses pais "caissem na real" e entendessem as razões da direção da escola estar insistindo em sua presença na instituição, para que, juntos, tentassem encontrar uma solução educativa eficaz para seus próprios filhos.
O aspecto final é o da qualidade da aula dada!
Se precisamos "esconder" de uma câmera ou de algum publico, seja ele qual for, a forma como "damos nossas aulas", precisamos urgentemente rever nossa forma de trabalhar.
Uma aula, para ser eficaz, precisa ser envolvente, empolgante e entusiasmadora. Isso significa que o professor é um verdadeiro ator social, atuando no palco da sala, apresentando um show de entusiasmo para a platéia, que são seus alunos.
Isso não é para ser escondido de ninguém, muito menos de uma câmera, já que servirá, inclusive, como comprovação da excelente performance que todos os professores buscam ter em sua sublime tarefa de ensinar.
As gravações servem, inclusive, para que analisemos nossos próprios erros e omissões, para buscarmos a cada dia a melhoria de nossa performance em sala. Afinal, precisamos entender que um momento de aula é um momento que poucos profissionais têm para conseguir influenciar pessoas.
É pela análise das gravações que poderemos tentar encontrar incorreções na nossa forma de tratar os alunos que mais necessitam de nossa atenção especial. E é a forma de verificarmos se algo nos passou despercebido!
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