sexta-feira, 1 de julho de 2016

Formação da personalidade da criança atual - fase oral

Hoje estou aqui para conversar com vocês sobre a criança em sua primeira fase de desenvolvimento.
Acabo de ler mais um estudo de especialistas em economia, mostrando que cada dólar investido no ensino e na educação correta de uma criança significa um retorno positivo sete vezes maior no resultado alcançado por essa criança quando for um adulto!
Mas não é só no ensino e na educação que esse investimento é lucrativo. Há também complementos que contribuem significativamente para que esse resultado seja mais lucrativo ainda, como, por exemplo, na nutrição adequada, na afetividade responsável, na imposição de limites e no entendimento correto de todas as necessidades reais da criança em cada uma das suas fases de desenvolvimento.
Então, amigos, vamos investir corretamente, com vontade e com responsabilidade, porque os resultados serão, certamente, espetaculares, podem estar certos disso!
E para que possamos estar investindo de maneira correta, procurando errar cada vez menos, vamos iniciar um bate-papo sobre o entendimento dessa criança, as características de cada fase de seu desenvolvimento, e as mudanças que estão ocorrendo nessas novas gerações.
Afinal sempre há mudanças, tanto na criança, como na sociedade, e por isso precisamos tentar entender todas elas, para que tenhamos uma sociedade melhor.
Nossa conversa vai estar baseada, tanto em alguns teóricos, como Freud, Wallon, Erik Erikson, Piaget, Wygotsky entre outros, como também nas nossas próprias pesquisas e, principalmente, no exercício prático de tudo isso.
Vamos levar em consideração os resultados de mudanças na criança de hoje, nas ausências afetivas provocadas pela vida profissional dos pais, nas formas diferenciadas de se criar uma criança, criança sem um dos pais, criança com pais homo afetivos, crianças criadas pelos avós, ou seja, todas as situações que já estão surgindo como dúvidas, nos questionamentos que estou recebendo.
Para começar essa conversa eu tive a ajuda de Reginaldo Neto, matemático e filósofo, e de Ruan Vieira, futuro engenheiro mecânico, ambos meus amigos.
Ambos me ajudaram enviando alguns questionamentos muito importantes e fundamentais para o entendimento da criança atual e do que podemos fazer para reduzir os problemas futuros em seu desenvolvimento.
Os questionamentos que eles mandaram foram tão abrangentes que vou ter que responder aos poucos.
Hoje vamos enfocar os relacionados à fase oral, aquela que vai do nascimento até aproximadamente um ano e meio, ou seja, antes de a criança começar a andar.
FASE ORAL
Nessa primeira fase aparece uma das grandes diferenças entre o ser humano e os outros animais.
O ser humano, ao nascer, estará totalmente dependente de quem o cria.
Só isso já constitui um mistério!
Afinal, esse ser já traz toda uma formação de hábitos que aparecerão no futuro, incluindo temperamento, emotividade, intelectualidade, tendências comportamentais e até orientação sexual pré-definida, mas, ao nascer, está totalmente impotente fisicamente, ou seja, dependente do outro para sobreviver!
E a criança precisa sobreviver! Mas só sobreviverá se houver alimentação adequada.
E é aí que nos espantamos com as estratégias dessa fabulosa máquina cerebral, toda programada para que nada lhe falte, em cada momento do seu desenvolvimento.
Essa máquina cerebral cria o instinto de satisfação oral!
Segundo Freud é um impulso da libido (para Freud tudo provém da libido).
A criança precisa satisfazer esse instinto, que é a necessidade de sentir prazer pela boca, e assim a leva a consumir o leite materno.
Esse leite, além de alimentá-la, vai defende-la, com todos os anticorpos nele contidos, de centenas de problemas de saúde.
Essa fase traz diversas necessidades fundamentais. Vamos ver as mais importantes, que são:
SUGAR – Satisfazer o prazer pela boca;
ANTICORPOS – Proteção do organismo por meio do leite materno;
SEGURANÇA e CONFIANÇA – Segurança pessoal e confiança no mundo por meio do afeto dos pais.
SUGAR
Se a criança mama no peito e fica satisfeita, ótimo! Essa não precisará de chupeta, para alegria dos fonoaudiólogos!
Se ela mama no peito, mas demonstra necessidade de estar sugando o tempo todo, como se o peito não fosse suficiente, a chupeta passa a ser indicada. Chupeta, mordedor etc. Mas isso só enquanto ela estiver nessa fase. Ao passar para a fase seguinte a necessidade acaba e a chupeta deve ser eliminada.
Se a criança não tem mãe, nem ama de leite, ou por falecimento, ou por ser filha de uma relação homo afetiva, essa necessidade do prazer de sugar deverá ser muito bem observada.
Inicialmente tenta-se só a mamadeira, mas se for insuficiente, vem a necessidade da chupeta, mordedor etc.
Satisfazendo corretamente essa necessidade, a criança estará livre de diversos problemas neuróticos e psicossomáticos no futuro.
ANTICORPOS
O leite materno é o alimento perfeito para criar os anticorpos necessários à proteção dessa criança contra doenças de oportunidade.
Além disso é ele que elimina a tendência natural de algumas crianças em desenvolver algum tipo de intolerância ou alergia alimentar, segundo os estudos de Aderbal Sabrá.
Então, caso a criança não tenha a presença da mãe por algum dos motivos que já comentamos, a mamadeira de leite materno é a solução.
Nenhum outro tipo de leite substitui o materno. Mesmo que muita gente faça propaganda do leite de cabra ou leite em pó com todas as características do leite materno, não acredite!
E já existe, atualmente, banco de leite materno para suprir essa necessidade.
SEGURANÇA e CONFIANÇA
Henri Wallon deixa claro que a criança precisa se sentir protegida por quem a recebe no mundo, para que se sinta segura.
Erik Erikson mostra que, além dessa dependência afetiva, o fato da criança sentir que a mãe se afasta mas volta, cria nela a força básica dessa fase, que ele chamou de esperança.
E quando a criança percebe que, sempre que precisa, a mãe está por perto, surge a confiança básica, que é fundamental para sua felicidade futura, sem neuroses.
Quando ela não percebe essa presença vem a desconfiança básica, com resultados futuros muito ruins para sua formação, tornando-se desconfiada e, por vezes, até agressiva.
Nossas observações, e nossa prática, mostram um caminho simples e muito eficaz para superar esses problemas nessa fase.
Precisamos entender que, para a criança, tudo é novidade. Então ela precisa entender que está segura e que pode confiar no ambiente e nas pessoas à sua volta.
Mas ela tem que se sentir segura e confiante tanto em relação às pessoas quanto em relação ao mundo, e nunca apenas às pessoas.
Se seguirmos as orientações que uma reportagem da Globo apresentou, de que nessa fase a criança deve ficar todo o tempo no colo da mãe, porque precisa do afeto materno, estaremos criando uma criança problemática, insegura e desconfiada do mundo!
Cuidado, muito cuidado, com essas reportagens...
Por esse motivo procuro enfatizar para todos os pais que entendam a função do “colo” como função de transporte! Colo é transporte!
Se a criança se sente o tempo todo envolvida pelo corpo da mãe, significa que nunca terá confiança no mundo, sua confiança será construída apenas em relação ao corpo da mãe.
Como a mãe não pode viver grudada nela, quando houver qualquer afastamento, mesmo que por pouco tempo, a criança se sentirá abandonada!
Ela vai chorar, berrar, espernear e tudo o mais, mostrando sua insatisfação com a ausência do ambiente acolhedor ao qual ela se acostumou.
Como evitar isso?
Simples: Acostumar-se e acostumar os parentes, a dar afeto, dar amor, dar carinho, dar massagens afetivas, dar todo dengo que quiser, mas sempre com a criança no berço ou no carrinho, de forma que ela sinta toda a afetividade do adulto, mas esteja, ao mesmo tempo, sentindo-se apoiada no seu colchão, que é o que representa o mundo.
Na mente dessa criança as duas coisas se combinam e se completam, ao ponto de que, na ausência da mãe o simples contato com seu colchão já lembra o afeto da mãe e já a satisfaz.
Essa criança não se sentirá abandonada durante ausências da mãe e construirá uma sensação de confiança no mundo, que vai significar segurança emocional para toda a vida.
O que nós vimos, então, foi a primeira fase de desenvolvimento, que é a fase oral, que vai do nascimento até aproximadamente um ano e meio.
A partir daí terá início a fase anal, com outras necessidades, outras características e que vai necessitar de tanta atenção como a da fase oral.
Nós vamos ver essa outra fase em detalhes no próximo vídeo.
Havendo mais questionamentos, dúvidas ou comentários, mande para mim por e-mail – robertoandersen@gmail.com  ou pelo whatsapp 71 9-9913-5956 ou no espaço de comentários, aqui mesmo.
Saibam que é sempre um imenso prazer poder conversar com vocês sobre esses assuntos tão importantes para todos nós.

Um forte abraço e até o nosso próximo encontro!

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