Olá amigos,
No encontro da semana passada mostramos como interpretar e
aplicar a Lei Brasileira de Inclusão.
Mas, na realidade, a própria LDB (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação), que foi publicada durante o Regime Militar, em 1969, já previa
tudo o que se discute hoje sobre o atendimento correto ao deficiente.
Essa nova Lei, de 2015, apenas dá mais detalhes ao processo
de inclusão.
Então, se desde 1969, já estava previsto o atendimento
diferenciado para pessoas com dificuldades de aprendizagem, determinando a
adaptação dos conteúdos escolares ao nível de cada um desses alunos, e se a Lei
atual apenas dá mais detalhes, podemos concluir que o problema de a educação
inclusiva estar sendo aplicada incorretamente está, não nas leis, mas sim em
quem as interpreta erradamente.
Há, então, uma deficiência que não estava prevista em
nenhuma das duas leis, que é a deficiência de interpretação dos textos legais.
E essa deficiência está na falta, não de inteligência, nem
de capacidade de interpretação de textos, mas sim na falta de humanidade, na
falta de respeito pelo direito dos outros, ou no excesso de orgulho, talvez por
essas pessoas não serem deficientes, ou de terem tido a sorte de não terem
nenhum filho com alguma dessas características especiais.
Então é bom lembrar a esses profissionais que o respeito ao aluno
com algum tipo de dificuldade é nossa obrigação moral, antes mesmo de ser
obrigação legal!
Uma das maiores responsabilidades do educador deve ser respeitar
as diferenças de entendimento e dificuldades de aprendizagem e garantir que
todos estejam sempre aprendendo a partir daquilo que já sabem.
Levar a sério essa responsabilidade significa garantir para
todos o caminho da sua autossuficiência futura.
Mas sabemos que há muita resistência, por parte de alguns
professores, de sair da sua zona de conforto.
Dar aula, para esses professores, significa cumprir o
programa previsto para a turma. Aluno especial precisa de professor especial.
Mas é bom deixar bem claro, para todos esses, que as dificuldades
decorrentes de transtornos físicos ou mentais, sejam elas dislexias,
discalculias, transtorno de espectro autista, transtorno de déficit de atenção,
dificuldades de fala, de audição, de visão, de movimento e, principalmente
retardo mental leve, moderado ou grave, são problemas que podem acontecer com
qualquer um de nós ou qualquer um de nossos filhos, a qualquer instante!
Um simples acidente pode deixar qualquer pessoa, hoje normal,
igual ou pior que qualquer um dos nossos alunos especiais!
Então vamos respeitar as deficiências como se estivéssemos
cuidando de nossos próprios filhos!
Será que assim fica mais fácil?
Ao raciocinarmos que aquele aluno incluído em nossa sala de
aula poderia ser nosso filho, as nossas decisões sobre “o que fazer” podem
ficar muito mais claras!
E é por aí que eu quero começar hoje!
Vamos pedir para que os profissionais analisem cada caso
como se estivessem tratando de seus próprios filhos, porque caso contrário as
decisões acabam sendo todas excludentes.
Fica muito fácil, por exemplo, decidir tirar uma criança do
colégio, se ela está sendo agressiva com os demais alunos da turma!
Mas se for seu filho, antes de excluí-lo do processo
educacional, qualquer um de nós procuraria ajuda para reduzir ou eliminar seus
sintomas de agressividade, porque ele jamais evoluirá intelectualmente se
continuar agressivo e nem será autossuficiente um dia!
Então nós, como educadores, devemos encaminhar o aluno para
esse tipo de tratamento, como já conversamos em artigos sobre intolerância alimentar
e acompanhamento multidisciplinar.
Fica muito fácil, também, quando encontramos um aluno numa
turma do oitavo ano, mas com nível intelectual ainda na alfabetização, passar
para ele as mesmas tarefas dos demais alunos e fazer as mesmas avaliações padronizadas
e, ao ver que ele não soube ler, dar zero em todas as suas avaliações e
atividades e, ao final do ano, colocar nas observações do seu histórico:
APROVADO POR SER ALUNO DE INCLUSÃO.
Mas se fosse nosso filho nós pensaríamos diferente!
Nós não teríamos preguiça de adaptar o conteúdo para o seu
nível de entendimento, para que ele aprendesse sempre um pouco mais em cada
dia, com base no seu nível de entendimento e na sua idade mental.
Nós faríamos questão de dar tarefas que ele entendesse e
assim se sentisse capaz de aprender sempre um pouco mais do que ontem.
Assim a autoestima dele estaria sendo elevada e ele iria,
aos poucos, reduzindo a parte dos sintomas que são oriundas dos bloqueios
emocionais.
E melhor ainda quando no final do ano seu histórico viesse
com notas boas e nas observações o seguinte recado:
O relatório, por disciplina, do desenvolvimento desse aluno,
que é público alvo da educação inclusiva, está em anexo a esse histórico
escolar.
Assim qualquer pessoa, ao ler tal histórico, já saberá como
continuar seu acompanhamento e, além disso, não haverá baixa autoestima de pais
nem de aluno.
E então vem a célebre reclamação daqueles profissionais que
preferem manter seu ritmo de aula padronizado, e que dizem não ter como dar
atenção ao aluno especial, já que precisam dar atenção aos alunos normais.
Primeiro vamos perguntar a esses o seguinte:
Todos os seus alunos normais estão aprendendo mesmo?
Ou alguns deles serão reprovados por não conseguirem
alcançar a média exigida?
Se a resposta foi “Sim! Todos estão aprendendo e,
certamente, todos serão aprovados! ”, então eu não digo mais nada!
Mas se a resposta foi: Lógico que não. Sempre têm os que não
querem nada, os que não fazer tarefas, os que vão mal nas provas... esses serão
reprovados!
Aí então nós concluímos que a tal dedicação aos alunos
normais não está dando certo também, mesmo sem aluno especial algum em sala.
Dar aula assim é muito fácil! Quem aprendeu passa. Quem não
aprendeu perde! Fácil demais!
Educar ou ensinar não é tarefa fácil e não é para qualquer
um! Ser professor de verdade não é saber dar aula, mas sim saber garantir a
aprendizagem de todos os alunos, a partir do que o aluno sabe e da forma como
ele pode aprender.
Vamos lembrar de Comenius, autor de Didática Magna,
publicada no século XVII?
“Age idiotamente aquele que quer ensinar ao aluno não o que
ele pode aprender, mas sim o que ele próprio deseja”
Mas aí esses professores, em vez de procurarem ser criativos
para conseguir aprendizagem real, apenas desistem e abandonam os alunos com
dificuldade, sejam eles especiais ou não, e se dedicam apenas aos melhores.
Só que esses melhores nem precisam de professor! Um
computador em sala seria suficiente e mais barato!
Então vamos adotar metodologias que facilitem a aprendizagem
de todos os alunos, mesmo que as diferenças de nível sejam as mais variadas
possíveis.
Essas metodologias existem e não são difíceis de aplicar.
Algumas delas são até estratégicas para a implantação da famosa “Escola
Invertida”, que hoje tanto se fala no meio educacional.
A de dinâmica grupal, por exemplo, utilizada pelo Colégio
IUPE, e que está descrita em um de nossos vídeos, é uma delas.
Mas há outras.
Vamos criar, experimentar, aperfeiçoar e divulgar!
O que nos interessa é que, ao tratarmos todos os alunos como
se fossem nossos filhos, sejam eles especiais ou não, estejamos sempre procurando
elevar a sua autoestima reconhecendo aquilo que eles produzem, estimulando-os na
busca do conhecimento e incentivando-os a desenvolver sua intelectualidade e
sua criatividade.
Assim todos estarão construindo a sua autossuficiência
futura, que é o que todas as famílias precisam! Isso é fundamental!
Mandem suas dúvidas e vamos discutir sobre todos esses
assuntos.
Vamos, principalmente, tentar recuperar essa terrível e
ameaçadora deficiência na vontade de respeitar e desenvolver o aluno especial.
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