quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Felicidade conjugal em "O Livro de uma Sogra"

Amigos,

Sempre que eu reúno professores, a cada início de ano letivo, deixo claro que, para termos sucesso em nossos objetivos precisamos aprender a gostar do aluno e gostar de ensinar.

Mas sempre lembro que nenhum de nós conseguirá fazer isso se não estiver bem resolvido emocionalmente, o que passa obrigatoriamente com estar bem resolvido na relação conjugal.

Mas isso não é apenas para professores. Todos os profissionais estarão melhores em seus objetivos se estiverem bem resolvidos.

Por causa disso, hoje, a nossa conversa é dirigida a nós, adultos, e o tema é:

Como garantir a felicidade conjugal, para sempre!

E não apenas enquanto os corpos estão jovens e cheios de energia!

O assunto é difícil e polêmico, ainda mais em um período em que o amor está sendo confundido com sexo e em que a felicidade tem sido apontada como uma utopia!

Mas nessa abordagem de hoje vamos analisar o que diz Olímpia, na obra de Aluísio Azevedo, “O livro de uma sogra”.

Quem não lembra ou não leu, pode baixa-lo gratuitamente em nossa biblioteca virtual: iupe.webnode.com/biblioteca

Esse é o livro de número 308.

Sabemos que, nos dias atuais, a separação de casais é uma prática tão constante e tão frequente que se tornou tão comum como o desvio de verbas públicas realizados por alguns congressistas. A gente já acha quase uma coisa normal!

Sentir "felicidade conjugal" passou a ser, para muita gente, o momento de uma relação sexual. Mais que isso está sendo visto como uma utopia!

Mas o pior é que essa carência vai afetar todas as demais atividades da pessoa, porque não há como estar bem com as pessoas se não se está bem resolvido em casa!

Então, acho que podemos começar com a análise dos conselhos que Olímpia deixou escrito em seu diário, para ser lido por sua filha Palmira e ao seu genro Leandro.

Olímpia foi bem clara quando disse que a felicidade material, aquela que se funda na vida orgânica da nossa espécie, essa pode ser alcançada em qualquer relacionamento afetivo e sexual. É o que mais se estimula hoje. Sexo pelo sexo! Amor descartável!
Casamento como resultado de simples atração sexual, etc. etc.

Só que essa não garante a continuidade desse sentimento.

Essa é a tal felicidade dos quarenta minutos...

A felicidade mais alta e mais perfeita, a que durará para sempre, e a que ela, Olímpia, só conheceu quando se juntou ao segundo esposo, essa precisa de muito mais do que isso.

Essa, que é, segundo Olímpia, a que se baseia e garante o verdadeiro prazer da vida moral, precisa que cada um dos cônjuges tenha, além do cônjuge, um amigo, um amado de espírito, um eleito da inteligência.

Segundo ela todo homem e toda mulher precisa, não só de um companheiro para sua carne, mas também de um companheiro para sua alma!

Pode parecer estranho, mas o ser humano é um animal social, e precisa satisfazer, também, a sua necessidade de relacionamento afetivo fraternal e intelectual.

Esse é o amor que Olímpia chama de amor da alma, sem relação com o amor conjugal!
“(...)A vida é o amor e o amor não é só a procriação(...)! ”

Olímpia diz que um dos maiores perigos da carne é que ela é egoísta e ainda afirma: “(...)temam o despotismo da carne! A carne é irmã degenerada — é o Caim da alma!
Afastem um do outro, esses dois irmãos irreconciliáveis, para que o ideal não caia assassinado pela besta(...)! ”

Olímpia recomendou aos dois, então, que buscassem o esposo das suas almas, bem longe do leito matrimonial “(...)com os olhos bem limpos de luxúria, com a boca despreocupada de beijos terrenos, com o sangue tranquilo e o corpo deslodado das lubrificações carnais! Minha filha — toma um amante — para teu espírito! Meu filho — elege uma amiga — para o teu coração de homem(...)! ”

E nossa reflexão começa aqui.

Há quem diga que essa neurose da busca pela felicidade estressa muito mais a pessoa do que acomodar-se ao sofrimento.

Realmente! Acomodar-se pode até estressar menos, mas destrói todas as expectativas de vida!

Mas o que pretendo nessa conversa de hoje, é lançar essa reflexão sobre esse pensamento de Olímpia.

Juntar em uma mesma pessoa o amor conjugal, o amor fraternal e o amor intelectual pode ser, mesmo, uma carga muito grande, levando a relação a um sufocamento!

Talvez ela tenha exagerado ao dizer que juntar todos esses amores em uma só pessoa possa fazer com que “(...)o ideal caia assassinado pela besta(...)”

Mas, assim como Freud exagerava muito nas suas interpretações das emoções e sentimentos das crianças, Olímpia pode ter exagerado na interpretação do amor da alma.

Mas vemos que muita coisa tem sentido quando analisamos as brigas conjugais provocadas por praticamente nada!

E briga por nada significa que a relação está desgastada.

E esse desgaste pode ter como causa o sufocamento provocado pela sobrecarga de amores em uma só pessoa.

Pelo que pode ser deduzido do pensamento de Olímpia, a dedicação exclusiva ao cônjuge, fazendo dele o representante de todas as satisfações necessárias, da carnal à intelectual e fraternal, mistura emoções incompatíveis e irreconciliáveis, e pode destruir qualquer casamento!

E ainda segundo essa mesma linha de pensamento, essa destruição tanto pode ser emocional, transformando o casamento em um fardo pesado a ser carregado pelos dois, como pode provocar intolerâncias perigosas, transformadas até em atos de violência doméstica.

Vamos refletir sobre isso?  

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