Família e escola
Educar nunca foi fácil!
Se a criança fosse uma máquina cibernética, como os robôs
produzidos pelos laboratórios de inteligência artificial, bastaria implantar
uma boa programação no seu cérebro e ligar a chave.
Na hora de dormir, em vez de tentar convencê-lo a desligar o
celular, ou a parar de jogar no computador, bastaria desligar a chave.
Mas nossos filhos ainda são biológicos, com cérebros que se
desenvolvem sozinhos, embora sejam tão programáveis como os robôs, mas com
diferenças fundamentais:
Uma delas é o componente emocional, que não existe no robô;
Outro é o fato de sua programação ser realizada o tempo
todo, durante toda a vida, e por uma infinidade de programadores!
Podemos comparar dizendo que o robô é o sistema Windows e
nosso filho é o Linux.
O Windows já vem com programação de fábrica e ninguém
altera.
O Linux é de programação livre e todo mundo mete a mão.
Essa programação é realizada, ao mesmo tempo, pelas
informações genéticas e biológicas, mas, principalmente, pela forma como ele
percebe e sente todo o mundo que está à sua volta.
Isso significa que a programação do nosso filho é feita
tanto pelos genes recebidos por herança biológica, como também por:
- A forma como ele percebe e sente o relacionamento conosco;
- A forma como ele percebe e sente o mundo à sua volta;
- A forma como ele se relaciona com o resto da família e
amigos;
- A forma como ele percebe e sente a relação com os
professores e colegas;
- A forma como ele se emociona com os programas de TV, com
os jogos pelo computador, com as conversas pelas redes sociais;
- A forma como ele se entusiasma ou despreza os livros que
lê, os conteúdos das aulas as quais assiste, e tudo o mais.
E como os cérebros são diferentes, isso significa que a
forma de eles perceberem, sentirem, se emocionarem, se entusiasmarem ou
desprezarem varia muito, de um para outro.
Não existe um padrão de comportamento emocional.
Isso a gente percebe ao analisar a diferença de
comportamento entre irmãos, mesmo vivendo na mesma casa e sujeitos à mesma
educação.
Mas nem tudo é desesperador, já que sempre existe algo em
comum em todos eles.
E é esse algo em comum que devemos buscar para
interferirmos, de forma positiva, nessa programação, para que seja construído
nele um equilíbrio emocional e uma segurança afetiva que vai defende-lo de
quaisquer sentimentos ruins, emoções negativas, tristezas, ansiedades e
angústias.
Como fazer isso?
Primeiramente fazer uma aliança entre a família e a escola.
Sabemos que a parte da educação em casa é diferente da parte
da educação na escola, mas são áreas complementares. Uma não funciona sem a
outra.
Sabemos também que pais não aprenderam a serem pais nem a
educar seus filhos.
Pais tentam fazer sua parte por intuição. Essa educação
doméstica visa formar pessoas equilibradas emocionalmente e com a segurança
afetiva necessária para estar de bem com a vida.
Professores aprenderam, nas faculdades, a educar, mas essa
educação visa desenvolver o conhecimento e a intelectualidade visando o sucesso
profissional.
E agora?
Primeiro de tudo, a família deve entender que muitas das
características de seus filhos só serão percebidos pelos professores, na
escola.
Então é importantíssimo ouvir o que cada professor pode
dizer do filho, sem aquela de “quem conhece muito bem meu filho sou eu! ”
Nada disso!
Nós conhecemos as características que nossos filhos
apresentam em nossa casa e na nossa frente, mas não as que ele só apresentará
ao se ver livre e solto entre colegas de sua turma e sem a observação dos pais.
E para que possamos garantir seu desenvolvimento correto
precisamos ouvir os professores e buscar dicas para a nossa parte da educação.
Lembrem que a nossa, em casa, é a que garante a felicidade,
desde que sejam construídos o equilíbrio emocional e a segurança afetiva que só
nós, em casa podemos dar.
Nesse nosso encontro de hoje vamos apresentar algumas dicas
que podem ajudar na parte da construção de equilíbrio emocional e segurança
afetiva.
Vamos a elas:
Dica 1 - Escuta ativa
Pare tudo para ouvir o filho, quando você perceber que ele
precisa dizer algo.
Nem sempre será fácil ele conseguir dizer algo, mesmo que
ele sinta que você não vai criticá-lo nem o punir.
Há assuntos, principalmente na adolescência, como
sentimentos, emoções e atrações, que nem ele mesmo está entendendo e que
precisa de apoio emocional e afetivo para isso.
Então a ESCUTA ATIVA significa escutar e estimulá-lo a falar
ainda mais e com mais liberdade, tudo o que ele está sentindo, sem que precise
medir as palavras nem esconder seus verdadeiros sentimentos ou emoções.
ESCUTA ATIVA significa não interromper sua frase no meio,
mesmo que já saibamos o que ele vai dizer.
ESCUTA ATIVA significa procurar entender o que ele está
sentindo, mesmo que ele não consiga se expressar, e dar todo o apoio emocional
que ele precisa nesse momento.
Dica 2 - Afeto paternal e maternal e limites
Os pais costumam abraçar, beijar, dar carinho e afagar seus
filhos e ir mostrando o que é certo e o que é errado, enquanto são bebês.
Isso reduz um pouco na fase da infância.
E, infelizmente reduz mais ainda e quase se anula, a partir
da adolescência.
Dar amor verdadeiro significa dar afeto e impor limites o
tempo toda e para toda a vida!
Afeto preenche a necessidade de satisfação emocional.
Limites preenche a necessidade de segurança emocional.
Não é por acaso que o consumo de maconha e a procura de
atitudes de risco ou de autopunição aumentam na mesma proporção em que o afeto
paternal e maternal e a imposição de limites são reduzidos.
Mas é muito clara essa relação! Qualquer pesquisa séria
nesses campos mostra isso!
O ser humano, como falemos no início, difere muito do robô,
exatamente por ser constituído de uma parte emocional dominante!
Sem o preenchimento dessa parte emocional surge a carência
afetiva e a falta de segurança.
E na medida que essa carência afetiva e essa insegurança
emocional aumentam, surgem ansiedades, angústias e até estados depressivos que
podem ser muito graves!
Então a afetividade e os limites no relacionamento entre
pais e filhos devem ser constantemente praticados, para que não sejam deixados
espaços em branco, mal preenchidos, e que acabarão dando margem a serem
preenchidos por influências negativas destruidoras!
Dedique sempre algum tempo para estar com ele, mesmo sem
falar nada, só estar junto dele, observando o que ele faz, mostrando que está à
sua disposição e que sele sempre terá momentos como esse, por mais ocupado que
você seja não resto todo da semana.
Um abraço em cada um desses momentos é uma troca de afeto
que só constrói toda essa segurança emocional que ele precisa.
Dida 3 - Sobre a escola e os estudos
Não pergunte de aulas, provas, notas, nada disso! Se ele
falar, tudo bem.
A conversa diária após as aulas deve incluir apenas um tipo
de pergunta:
Me diga o que você tem aprendido!
Me mostre o que você tem descoberto nos estudos.
Me mostre o que você está conseguindo produzir nos
trabalhos.
Me ensine algo interessante que você aprendeu! Afinal, tem
muita coisa nova que eu não sei ainda...
E sempre que perceber algum erro ou que ele lhe mostrar que
errou alguma coisa, o comentário deve ser estimulante, ou seja:
É, mas você quase acertou! Daqui a pouco você vai estar
dominando o assunto! Errar é parte importante do processo de aprender.
Se você perguntar por notas ele só vai se interessar por
elas, e nunca pela aprendizagem dos assuntos.
E a cada fracasso virá a ansiedade, que pode levar a
angústias e em seguida a todas as atitudes destruidoras buscando uma
compensação pelo seu erro ou uma autopunição por ter fracassado.
Observação importante - Pais separados
Se os pais forem separados, tudo isso tem que ser feito por
cada um dos dois.
E, o mais importante de tudo, no caso de pais separados é
que cada um SÓ DEVE FALAR SOBRE AS QUALIDADES DO OUTRO!
O filho precisa gostar e sentir amor pelos dois, nunca apenas
por um e jamais ser levado a desprezar o outro.
Concluindo nosso encontro de hoje:
Dedique tempo para ouvir seu filho e mostre que ele pode
dizer tudo o que sente, sempre que desejar, e sem ter receio de ser mal-entendido
nem criticado.
Abrace-o sempre e mostre sua preocupação com sua segurança,
sua saúde e sua felicidade. Por isso você quer saber onde ele vai com quem anda
e o que faz. Porque você sente amor por ele, de verdade!
Estimule-o a querer aprender cada vez mais,
independentemente de notas, provas, resultados, etc.
Erros fazem parte do
aprendizado e ajudam a construir o sucesso com mais segurança.
E podem ter certeza de que, agindo assim, resgataremos para
nosso filho o amor que ele precisa sentir por ele mesmo, a autoconfiança e a
satisfação e a segurança emocional que vão resultar em felicidade, para ele e
para você.
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