terça-feira, 20 de outubro de 2009

Quem sou eu, afinal?

QUEM SOU EU, AFINAL?

Estava lendo a reportagem “Como você virou você” na Super de outubro, quando Irisvan Yuri, um aluno do 9º ano de nosso colégio, entra e pergunta: “Como você pode ter certeza de que você é você mesmo ou se é outro você diferente daquilo que você se imagina ser?”

Ele não tinha visto que reportagem eu estava lendo e, portanto, aquela abordagem foi pura coincidência… se é que coincidências realmente existem! Mas sua pergunta me desconcertou ao ponto de me fazer fechar a revista e pensar sobre o assunto.

A dúvida, então, nos remete à essência da própria reportagem, que está baseada na formação da nossa personalidade, assim como aos desafios que tenho encontrado recentemente, como os pedidos de orientação emergencial para adolescentes em graves crises de identidade!

Sabemos que conhecer a nós mesmos é uma tarefa das mais difíceis para qualquer um de nós, independente de nossa formação, principalmente por estarmos envolvidos em um oceano de influências externas que controla toda a nossa forma de vermos a nossa própria identidade.

Somos manipulados para entender-nos à conveniência da cultura do nosso sistema, criando, então, traumas, ansiedades e angústias toda vez que nossa realidade comportamental e sentimental estiver em desacordo com as normas determinadas pela cultura dominante.

Quanto mais afastado dos padrões culturais vigentes estiver nosso pensamento, palavra ou atitude, maior será o grau de culpabilidade inserida em nossas mentes, contribuindo assim para a formação de uma personalidade neurótica ou até psicótica.

Mas em respeito ao comentário do Professor Átila, que reclamou de meus artigos serem completos e impossibilitar comentários ou reflexões a respeito, apresento agora uma série de questionamentos sobre essa dúvida de personalidade, para que todos possam contribuir com suas idéias a respeito e assim podermos, mais tarde, tentar chegar a alguma conclusão.

Aqui vão os questionamentos para debate:

1. A reportagem comenta a fala de Antônio Damásio dizendo que só aos 18 meses de idade a criança começa a ter o que pode se chamar de “consciência mínima”, distinguindo salgado de doce, liso de áspero, quente de frio, barulhento de silencioso, luminoso de escuro, quando começa a integração entre o lobo frontal e o lobo parietal do cérebro. E que a noção de passado e futuro só aparece entre 3 e 4 anos de idade, com o desenvolvimento da memória de longa duração. Alguém tem alguma evidência que comprove o que contradiga essa fala? Lembrem das observações que todos vocês fazem, em seu dia-a-dia, ou que fizeram ao longo de sua experiência de vida, e mandem suas opiniões.

2. A reportagem dá a entender que a influência da mãe no que você é hoje nada mais é do que um modismo do nosso tempo e cultura. Segundo a revista a forma de vermos os filhos vem mudando a cada momento. Da idade média ao século 18 o filho era posse dos pais e podia ser ignorado ou maltratado à vontade. Até o século 20 recomendava-se aos pais que não demonstrassem amor pelos filhos. E de Freud em diante passou-se a determinar que os problemas de personalidade surjam como consequência de atitudes educacionais equivocadas dos pais. Afinal: os pais influenciam ou não na formação da personalidade?

3. Quem mais influencia a formação da personalidade do adolescente, os pais ou os amigos? A reportagem relata duas experiências sobre o assunto:

a. Uma família criando um chipanzé junto com seu filho, mostrando que, naquele caso, o menino aprendeu mais com o chipanzé do que com os pais. Por sua vez o chipanzé aprendeu os costumes humanos como se sua genética não tivesse grande influência sobre sua personalidade.

b. Uma experiência com 700 filhos adotados e suas famílias, medindo inteligência, auto-estima e ajustamento. A conclusão que chegaram foi de que as crianças pareciam mais com seus pais biológicos do que com as famílias que as adotaram. A casa deixou poucas marcas permanentes. Nesse caso a reportagem quer mostrar que a família tem pouca influência na formação da personalidade da criança. A formação da personalidade está mais ligada à genética (pais biológicos) e aos amigos (influência social) do que ao ambiente familiar.

Dê sua opinião a respeito. Conheço relatos que estão totalmente em desacordo com o que a reportagem mostra, mas aguardo os relatos de vocês.


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