quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Educação inclusiva e os cinco passos básicos da coordenação

Em matéria de Educação Inclusiva, as dúvidas continuam e, pior que isso, a má vontade supera todas as capacitações, treinamentos e ensinamentos, por melhores que sejam.

Vamos enfocar, hoje, o papel do coordenador escolar no processo de Educação Inclusiva, em alguns passos bem definitivos e que espero que sejam fáceis de seguir:

Passo um – análise e formação da equipe:

O coordenador deve, antes de qualquer coisa, analisar a equipe existente, os serviços que poderão ser executados e planejar a capacitação de toda ela.

Para a escola ideal, a equipe consiste de:

01-Todos os professores regulares da escola;

02-Profissionais de apoio escolar de cada aluno especial ou de cada grupo de alunos, e demais acompanhantes dos alunos especiais que assim necessitarem, como tradutores e intérpretes, por exemplo;

03-Professores de AEE, ou equipe de AEE (Atendimento Educacional Especializado).

Passo dois – motivação de toda a equipe já mostrando as funções básicas de cada um:

Primeiro o coordenador deve motivar os componentes da equipe para a importância desse trabalho e, principalmente, mostrar que só conseguiremos sucesso no processo se aprendermos, todos, a gostar de verdade, de cada um dos alunos que estiverem sob nosso acompanhamento.

A partir daí o coordenador deve deixar bem claro, para toda a equipe da escola, quais são as funções de cada um desses profissionais, para evitar que haja falha no processo de Educação Inclusiva.

Para ajudar o coordenador nessa tarefa aqui vão as dicas:

Vamos começar pela síntese das funções:

Funções do professor regular:

Desenvolvimento intelectual, inclusão social e elevação da autoestima do aluno – realizada na sala de aula regular sob a sua responsabilidade.

No artigo Educação Inclusiva 03 – Dinâmica grupal em sala e no Educação Inclusiva 05 – Tarefas e avaliações, nós discutimos a melhor forma de fazer isso.

Profissionais de AEE:

Desenvolvimento cognitivo, ou seja, desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, estímulo das habilidades e elevação da autoestima do aluno.

Profissional de apoio escolar:

Acompanha o aluno nas suas necessidades de alimentação, higiene e locomoção e o ajuda nas atividades escolares em que isso seja necessário, conforme determina a Lei Brasileira de Inclusão da 
Pessoa com Deficiência.

Esse profissional não é para fazer o papel de professor nem de profissional de AEE, como alguns professores regulares acham, ou gostariam que assim fosse.

Passo três – os profissionais de AEE ou a equipe de AEE

Nessa etapa a coordenação deve providenciar a capacitação da equipe de AEE, de preferência com visitas às APAEs locais, e outras escolas de educação especial, como escola para surdos e instituições de apoio a deficientes visuais.

Funções principais do profissional de AEE:

A capacitação é o que vai servir para que essa equipe tente, com o máximo esforço e dedicação possível, substituir a escola especializada, em um ambiente dentro da própria escola ou em outro ambiente em convênio com a escola, para aplicar técnicas que desenvolvam a capacidade cognitiva, ou seja, a capacidade de aprender.

Nessa sala serão aplicados os métodos específicos de desenvolvimento pessoal dos alunos especiais daquela escola, mas esses profissionais podem recorrer a todas as técnicas pedagógicas já existentes, independentemente de seus teóricos, ou seja, usar Piaget, Wygotsky, Montessori, e também as ideias publicadas nos portais, no facebook, das Professoras Criativas, da Psicopedagoga Valéria e muito mais.

Os profissionais terão que ser especializados em cada uma das características encontradas nos alunos especiais da escola: autistas, tdah, disléxico, discalcúlico, retardo mental, síndrome de down, surdos, cegos, etc.

Lógico que será muito difícil substituir, dessa forma, uma escola especializada como a APAE, mas a ideia é tentar se aproximar disso.

A coordenação deverá, também, organizar quantas vezes por semana cada aluno terá esse atendimento e como ele será realizado, de preferência no turno oposto.

O coordenador deverá organizar como será a troca de informações entre a equipe de AEE e os professores regulares, para que esses possam preparar seus planos de aula inclusiva.

Isso porque é a equipe de AEE que vai informar aos professores regulares qual o nível intelectual e quais as características cognitivas do aluno especial, para que esse possa preparar seus planos de aula devidamente adaptados, como determina a Educação Inclusiva.

O coordenador deve certificar-se de que está sendo passada a informação completa sobre o aluno especial, pela equipe de AEE e que o professor regular está adaptando sua aula, seus planos de aula, suas tarefas e suas avaliações, de acordo com as informações de nível intelectual e características cognitivas informadas.

Mais uma vez lembro que temos já dois artigos explicando a forma de fazer isso tudo Educação inclusiva 03 e 05.

Passo quatro – o professor regular:

O coordenador deve providenciar a capacitação continuada dos professores regulares para que suas aulas sejam realmente aulas inclusivas produtivas e eficazes.

É comum percebermos professores dando aula para uma turma e, lá no fundo, isolado em uma carteira, e completamente abandonado, está depositado o aluno especial, como se essa atitude fosse uma atitude de educação inclusiva.

A desculpa que mais tenho ouvido é a de que não houve nenhuma instrução sobre isso em sua formação e que ele não sabe o que deve fazer.

Mais absurdo ainda é quando esse aluno depositado na sala é de nível intelectual muito abaixo do de seus colegas e o professor entrega para ele as mesmas tarefas, as mesmas avaliações e as corrige da mesma forma, ou seja, sua nota será sempre zero!

Pior ainda é quando eles dizem que isso é inclusão! Para evitar esse verdadeiro crime moral contra essas crianças, leiam o artigo Educação Inclusiva 03 e 05, como tenho repetido desde o início dessa nossa conversa.

O coordenador deve estudar a técnica dos grupos operativos de Pichon Riviére, para fazer a devida adaptação a uma sala de aula regular com alunos com diferentes níveis intelectuais e diferentes características cognitivas.

As dicas para a utilização dessas técnicas estão nos meus artigos anteriores, como já comentei.

Passo cinco – a Assembleia de Classe para formar o aluno inclusivo:

Estando devidamente “engrenados” os passos anteriores, agora é o momento de planejar e executar as 
Assembleias de Classe.

O que é isso?

São reuniões dos alunos de uma turma, orientados por algum professor, preferencialmente um psicopedagogo, para que eles sejam motivados para o entendimento, a aceitação e a compreensão dos seus colegas especiais e, em seguida, para que planejem a forma como cada um deles, individualmente e em grupo, possam contribuir para o desenvolvimento de seu colega e para a sua inclusão na turma.

Precisamos estar cientes de que a verdadeira inclusão só ocorrerá se for realizada pelos colegas do aluno especial, e não pelos seus professores.

Conclusão:

Seguindo esses cinco passos eu acredito que, nessa escola, o processo de Educação Inclusiva funcione de verdade.

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