Vamos enfocar, hoje, o papel do coordenador
escolar no processo de Educação Inclusiva, em alguns passos bem definitivos e
que espero que sejam fáceis de seguir:
Passo um – análise e formação da equipe:
O coordenador deve, antes de qualquer
coisa, analisar a equipe existente, os serviços que poderão ser executados e
planejar a capacitação de toda ela.
Para a escola ideal, a equipe consiste de:
01-Todos os professores regulares da
escola;
02-Profissionais de apoio escolar de cada
aluno especial ou de cada grupo de alunos, e demais acompanhantes dos alunos
especiais que assim necessitarem, como tradutores e intérpretes, por exemplo;
03-Professores de AEE, ou equipe de AEE (Atendimento
Educacional Especializado).
Passo dois – motivação de toda a equipe já
mostrando as funções básicas de cada um:
Primeiro o coordenador deve motivar os
componentes da equipe para a importância desse trabalho e, principalmente, mostrar
que só conseguiremos sucesso no processo se aprendermos, todos, a gostar de
verdade, de cada um dos alunos que estiverem sob nosso acompanhamento.
A partir daí o coordenador deve deixar bem
claro, para toda a equipe da escola, quais são as funções de cada um desses
profissionais, para evitar que haja falha no processo de Educação Inclusiva.
Para ajudar o coordenador nessa tarefa aqui
vão as dicas:
Vamos começar pela síntese das funções:
Funções do professor regular:
Desenvolvimento intelectual, inclusão
social e elevação da autoestima do aluno – realizada na sala de aula regular
sob a sua responsabilidade.
No artigo Educação Inclusiva 03 – Dinâmica
grupal em sala e no Educação Inclusiva 05 – Tarefas e avaliações, nós
discutimos a melhor forma de fazer isso.
Profissionais de AEE:
Desenvolvimento cognitivo, ou seja,
desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, estímulo das habilidades e
elevação da autoestima do aluno.
Profissional de apoio escolar:
Acompanha o aluno nas suas necessidades de alimentação,
higiene e locomoção e o ajuda nas atividades escolares em que isso seja
necessário, conforme determina a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com
Deficiência.
Esse profissional não é para fazer o papel
de professor nem de profissional de AEE, como alguns professores regulares
acham, ou gostariam que assim fosse.
Passo três – os profissionais de AEE ou a
equipe de AEE
Nessa etapa a coordenação deve providenciar
a capacitação da equipe de AEE, de preferência com visitas às APAEs locais, e
outras escolas de educação especial, como escola para surdos e instituições de
apoio a deficientes visuais.
Funções principais do profissional de AEE:
A capacitação é o que vai servir para que
essa equipe tente, com o máximo esforço e dedicação possível, substituir a
escola especializada, em um ambiente dentro da própria escola ou em outro
ambiente em convênio com a escola, para aplicar técnicas que desenvolvam a
capacidade cognitiva, ou seja, a capacidade de aprender.
Nessa sala serão aplicados os métodos
específicos de desenvolvimento pessoal dos alunos especiais daquela escola, mas
esses profissionais podem recorrer a todas as técnicas pedagógicas já
existentes, independentemente de seus teóricos, ou seja, usar Piaget, Wygotsky,
Montessori, e também as ideias publicadas nos portais, no facebook, das
Professoras Criativas, da Psicopedagoga Valéria e muito mais.
Os profissionais terão que ser
especializados em cada uma das características encontradas nos alunos especiais
da escola: autistas, tdah, disléxico, discalcúlico, retardo mental, síndrome de
down, surdos, cegos, etc.
Lógico que será muito difícil substituir,
dessa forma, uma escola especializada como a APAE, mas a ideia é tentar se
aproximar disso.
A coordenação deverá, também, organizar
quantas vezes por semana cada aluno terá esse atendimento e como ele será
realizado, de preferência no turno oposto.
O coordenador deverá organizar como será a
troca de informações entre a equipe de AEE e os professores regulares, para que
esses possam preparar seus planos de aula inclusiva.
Isso porque é a equipe de AEE que vai
informar aos professores regulares qual o nível intelectual e quais as características
cognitivas do aluno especial, para que esse possa preparar seus planos de aula
devidamente adaptados, como determina a Educação Inclusiva.
O coordenador deve certificar-se de que
está sendo passada a informação completa sobre o aluno especial, pela equipe de
AEE e que o professor regular está adaptando sua aula, seus planos de aula,
suas tarefas e suas avaliações, de acordo com as informações de nível
intelectual e características cognitivas informadas.
Mais uma vez lembro que temos já dois artigos
explicando a forma de fazer isso tudo Educação inclusiva 03 e 05.
Passo quatro – o professor regular:
O coordenador deve providenciar a
capacitação continuada dos professores regulares para que suas aulas sejam
realmente aulas inclusivas produtivas e eficazes.
É comum percebermos professores dando aula
para uma turma e, lá no fundo, isolado em uma carteira, e completamente
abandonado, está depositado o aluno especial, como se essa atitude fosse uma
atitude de educação inclusiva.
A desculpa que mais tenho ouvido é a de que
não houve nenhuma instrução sobre isso em sua formação e que ele não sabe o que
deve fazer.
Mais absurdo ainda é quando esse aluno
depositado na sala é de nível intelectual muito abaixo do de seus colegas e o
professor entrega para ele as mesmas tarefas, as mesmas avaliações e as corrige
da mesma forma, ou seja, sua nota será sempre zero!
Pior ainda é quando eles dizem que isso é
inclusão! Para evitar esse verdadeiro crime moral contra essas crianças, leiam
o artigo Educação Inclusiva 03 e 05, como tenho repetido desde o início dessa
nossa conversa.
O coordenador deve estudar a técnica dos
grupos operativos de Pichon Riviére, para fazer a devida adaptação a uma sala
de aula regular com alunos com diferentes níveis intelectuais e diferentes
características cognitivas.
As dicas para a utilização dessas técnicas
estão nos meus artigos anteriores, como já comentei.
Passo cinco – a Assembleia de Classe para
formar o aluno inclusivo:
Estando devidamente “engrenados” os passos
anteriores, agora é o momento de planejar e executar as
Assembleias de Classe.
O que é isso?
São reuniões dos alunos de uma turma,
orientados por algum professor, preferencialmente um psicopedagogo, para que
eles sejam motivados para o entendimento, a aceitação e a compreensão dos seus
colegas especiais e, em seguida, para que planejem a forma como cada um deles,
individualmente e em grupo, possam contribuir para o desenvolvimento de seu
colega e para a sua inclusão na turma.
Precisamos estar cientes de que a verdadeira
inclusão só ocorrerá se for realizada pelos colegas do aluno especial, e não
pelos seus professores.
Conclusão:
Seguindo esses cinco passos eu acredito que, nessa escola, o processo de Educação Inclusiva funcione de verdade.
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