terça-feira, 1 de novembro de 2016

Treinamento Parental

Olá amigos,

Hoje vamos enfocar:

- A rebeldia, irritação e agressividade do aluno sem qualquer síndrome, transtorno nem qualquer tipo de doença comportamental;

- O treinamento parental visando corrigir essa tendência de comportamento;

- Uma outra vantagem do Treinamento Parental: A redução das dificuldades de aprendizagem.

Vamos começar pela rebeldia, irritação e agressividade do adolescente:

O que mais ouço de diversos pais é: “eles não nos ouvem mais”, ou “eles não nos respeitam como nós respeitávamos os nossos”

E vem a culpa: Isso é culpa da TV, da mídia, das novelas ou da influência dos colegas da escola.

Não, meu caro pai! Não é bem assim!

A sociedade, a TV, as novelas e os amigos são influências sim, mas para que essa influência transforme o adolescente em um aborrecente irritado, revoltado e agressivo, precisa que a relação familiar esteja incorreta e com algumas falhas.

Vamos analisar o fato?

O adolescente precisa ser ouvido. Se ele não é ouvido com atenção e com respeito, ele aprende a não ouvir mais ninguém.

O adolescente precisa sentir confiança em alguém para relatar seus problemas. Se ele não sente confiança em relatar seus problemas aos pais, ele vai relatar a colegas, e nem sempre as respostas serão as melhores.

O adolescente precisa se sentir seguro, amado e protegido. Se ele faz o que quer sem restrição, se sente abandonado ou rejeitado.

Se ele é proibido de tudo, nada pode fazer, sem receber explicações convincentes, ele se sente perseguido e violentado.

Então se o adolescente percebe que:

Dificilmente será ouvido quando quiser relatar alguma coisa; ou

Não sente confiança em se abrir para os pais; ou

Se sente abandonado ou violentado;

Ele estará, naturalmente, criando uma personalidade apática e depressiva ou, pior ainda: rebelde, irritada e agressiva.

Se sua fuga for para a TV, computador, celular e jogos eletrônicos, esses equipamentos, sozinhos, já ajudam a aumentar bastante o seu índice de irritabilidade.

Como acabar com esses e outros erros na educação doméstica?

Há pais que até sabem educar, mas que dizem não ter tempo para isso.

Largam os filhos aos cuidados de alguém, ou de alguma escola, desde muito cedo.

Poderiam até fazer isso, como eu mesmo fiz com ao meus, desde que dedicassem alguma parte de seu tempo para passar a afetividade e a segurança emocional que eles precisam.

Há pais que nunca aprenderam! E que não fazem a menor ideia do que fazer.

Até tentam mas podem estar agindo de forma totalmente errada.

Muitas vezes apoiam erros dos filhos quando deveriam impor limites e, outras vezes, são rígidos demais, sem qualquer sinal de afetividade, ou seja, não passam o sentimento de amor para o filho.

Então alguém tem que assumir esse treinamento, e não vejo, no momento, quem poderia fazer isso, senão a própria escola, por meio do treinamento parental.

Então vamos passar para o segundo item:

O treinamento parental visando corrigir essa tendência de comportamento

Como realizar esse treinamento de modo a conseguir os resultados esperados!

Não adianta inventar um novo momento na escola chamado de escola de pais, treinamento parental, orientação familiar, ou coisa parecida.

Precisamos utilizar o momento já existente das reuniões de pais, normalmente uma a cada unidade letiva.

Aos poucos, conseguindo que essas reuniões fiquem populares, podemos aumentar sua frequência.

Então vamos esbarrar numa dificuldade que todos já perceberam:

Os pais que mais precisam estar nas reuniões são os que mais faltam!

Feita uma enquete com diversos pais que não comparecem, muitos disseram mais ou menos a mesma coisa, ou seja, que não iriam passar o vexame de estar numa reunião onde a diretora iria reclamar, novamente, do mau comportamento do filho ou falar que ele está mal nas notas.

Então, para que essas reuniões ocorram com o público que precisa estar, nossa prática tem que ter início eliminando essa fala, ou seja, vamos cortar de nossas reuniões os comentários sobre comportamentos inadequados e notas baixas dos alunos.

Façamos essas outras comunicações (de comportamento e notas) durante os dias normais de aula, em comunicados via telefone ou por meio de sistemas de informação, hoje bastante comum nas instituições

Vamos então mudar o foco dessas reuniões e já transformá-las em reuniões de pura orientação de pais, escolhendo como temas exatamente as necessidades que são facilmente detectadas em sala de aula.

Os temas, então, devem ser passados de maneira a empolgar os pais, mostrando que vale a pena todo esforço para estimular o filho e para impor os limites que ele precisa.

Tudo isso é muito simples e não demandam muito tempo nem muito conhecimento.

A análise dos temas necessários deve ser realizada em conjunto com todos os professores e funcionários, para que sejam priorizados os mais urgentes.

Em dois de meus livros, tanto o “Afetividade na Educação” como o “Sexo: a escolha é sua”, eu listo alguns temas que podem ajudar muito esses encontros.

A preparação da exposição deve ser de forma que empolgue a plateia e eleve a autoestima de todas as famílias presentes.

Assim elas divulgarão para as que não compareceram, o que vai, certamente, trazer mais gente para a próxima.

Vamos, agora a dois outros pontos, também necessários, para fechar essa orientação sobre Treinamento Parental.

Ambientação agradável.

Os pais devem ser recebidos com afeto e atenção pelos professores e dirigentes, e o ambiente deve ser aconchegante, agradável, com música ambiente leve antes do início da conversa.

Lanche.

Um simples lanche, ao final, com os professores ou funcionários servindo ou levando os pais à mesa para se servirem, ajuda a integração entre pais e professores e vai estimulá-los a voltar para o próximo encontro.

Vamos agora a pergunta final para hoje:

O Treinamento Parental pode reduzir as dificuldades de aprendizagem?

Sim! Com certeza!

Vamos dar alguns exemplos:

Tenho encontrado crianças com dificuldades de leitura e escrita, já no 6º ano, com 10 ou 11 anos, resultado da desinformação em relação às atividades necessárias durante o período da Educação Infantil.

O que houve?

Essa criança, quando estava na fase da Educação Infantil, antes dos seis anos de idade, deve ter sido forçada a aprender a ler e escrever seu nome.

Nessa fase a criança deve estar apenas desenvolvendo as atividades sensório motoras, sem qualquer preocupação com alfabetização.

Por isso a escola deve proporcionar muita ludicidade, muito exercício de coordenação motora, e demais atividades físicas, explorando todos os seus elementos sensores, como visão, audição, tato, paladar e olfato, além de vivências que explorem as sensações e os sentimentos.

Mas os pais, mal informados, tiram seus filhos da escola que faz isso, para matriculá-lo nas que oferecem alfabetização precoce, tudo isso para poderem dizer que seu filho já escreve seu nome ou até que já resolve equações do quinto grau com trezentas incógnitas e recita Camões, mesmo ainda com quatro ou cinco anos de idade!

Esse erro é o mais comum e o que mais traz dificuldades futuras de aprendizagem, com sintomas muito semelhantes aos da dislexia e discalculia.

Outro erro grave, causado por desinformação dos pais, é a comparação de seu filho com o irmão mais habilidoso, ou com um outro parente ou vizinho.

Isso bloqueia emocionalmente a criança e provoca o aparecimento de sintomas semelhantes aos mais diversos transtornos de aprendizagem.

Ou seja:

Pais bem preparados evitam bloqueios emocionais em seus filhos e, por consequência, evitam o surgimento de síndromes e transtornos cuja causa pode estar nesses bloqueios.

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Forte abraço a todos.

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