domingo, 15 de junho de 2014

IUPE Educação: Fé e Razão


Oi, amigos!

Entre as mensagens recebidas ontem, havia um tema recorrente: a relação entre fé e razão.

Pensei, então, numa pesquisa que iniciei há algum tempo, visando descobrir o que as pessoas sentem, de verdade, quando dizem “ter fé”.

O que, afinal, pode significar tal afirmação?

Analisei o termo: “Ter Fé”. Analisei, também, diversas pessoas que se dizem “crentes” em algo superior e transcendente.

Ter fé é, segundo grande parte delas, acreditar em algo, preferencialmente sobrenatural, que provoque alguma transformação, que permita uma realização, que traga soluções, principalmente em relação a objetivos considerados quase impossíveis e, normalmente, de uma forma transcendente ou metafísica, muito além do que pode ser considerado como um acontecimento lógico normal.

Acreditar dessa forma parece ser, sem dúvida alguma, ter fé. Mas isso significa que a pessoa deixa de ser racional? Ou seja: a crença em algo sobrenatural pode eliminar a necessidade de raciocinar logicamente sobre o assunto?

A resposta é não! Não há qualquer necessidade disso!

Mas, na verdade, Fé e razão estão, e estiveram, em alguns momentos e em alguns lugares, dissociadas. Há períodos históricos longos em que isso foi uma característica social marcante, assim como há regiões do planeta em que essa separação sempre foi, e continua sendo, a tônica!

Acreditar em algo sobrenatural, para alguns grupos sociais, necessita que seja eliminada a possibilidade de se vivenciar coisas terrenas. Nesses grupos sociais a “fé oficial” é uma necessidade, fazendo surgir a crença imposta, de fora para dentro, sem qualquer sustentabilidade racional.

Essa “fé por acomodação” não resiste ao debate e fragiliza a mente, provocando a insegurança em relação aos seus próprios valores. Esse tipo de fé imposta, impede o raciocínio lógico, dificulta a tolerância e impossibilita a compreensão verdadeira das crenças alheias.

Dogmas são impostos à força. Surge aí a lavagem cerebral, a hipnose coletiva e coisas semelhantes. É a fé cega, podendo alcançar níveis de radicalismo exagerado e fanatismo criminoso.

Como consequência surgem guerras, massacres e demais conflitos.
São crimes que observamos ocorrer em todas as partes do mundo, em nome de uma fé equivocada ou de um Deus particular, exclusivo daquele grupo ao qual pertence...

Saindo da parte doentia da fé, vamos a parte mais racional:

A crença consciente, no entanto, significa a construção de um acreditar, de dentro para fora. Essa fé é antiga e continua sendo encontrada nos estudos de todos os povos, incluindo as primeiras civilizações em nosso planeta, quando as pessoas elegiam, como deuses, as energias responsáveis pela sua sobrevivência.

A fé, inicialmente, visava algo externo, algo compreensível, ou algo sobrenatural. Muito tempo depois começou a surgir a fé na energia interior, no poder da sua própria mente, como é comum observarmos nos dias atuais.

E o avanço do conhecimento científico não mudou muito a forma de as pessoas acreditarem em algo superior, ou em alguma energia voluntariosa além da compreendida fisicamente. Ainda sobrevivem todos os tipos de fé.

Há os que buscam comprovações totalmente materialistas, sem acreditar em algo fora do exclusivamente científico. Tenho muitos amigos nesse caminho, cujas ideias e conclusões são fantásticas e dignas de todo respeito.

Há os que buscam as mesmas comprovações, sem, entretanto, duvidarem da existência de uma energia superior voluntariosa e criadora. Eu me incluo nesse grupo.

E há os que ignoram qualquer pesquisa científica, montando seu conhecimento de mundo exclusivamente no entendimento religioso, a partir da fé em algo superior.

Os primeiros são os materialistas e ateus, que constroem seus argumentos com base no conhecimento científico, procurando comprovar que o universo e a vida não necessitam nem necessitaram, em momento algum, de alguma interferência superior, como fez Richard Dawkins em sua obra: “Deus, um Delírio”; e como disse Stephen Hawking, certa vez, em uma conferência: “Deus pode até existir, mas nunca foi necessário”.

Para essa parcela da população mundial, a fé está dirigida à capacidade inventiva e produtiva de cada um de nós, mas também da sociedade, como um todo, não havendo interferência de nada além daquilo o que entendemos como matéria.

O segundo modelo de pesquisador se utiliza dos mesmos argumentos dos primeiros, analisando-os criteriosamente, de forma neutra, sem qualquer interferência de sua fé, na busca de explicações científicas para todos os mistérios da natureza e da vida.

Eles procuram encontrar meios de obter tais explicações sem, entretanto, duvidar da existência de uma energia superior, que pode ser a responsável por toda a arquitetura e programação dinâmica do universo. Mas suas pesquisas nunca são interrompidas por conclusões teológicas.

A diferença está no fato de que, mesmo acreditando que possa existir tal energia, essa parcela da população busca incessantemente, na ciência, explicações específicas para cada mistério encontrado. Isso é saudável!

O terceiro modelo de pesquisador limita-se aos ensinamentos a partir da sua fé, acreditando nada haver fora dela e se sentindo muito bem assim. Esse também é digno de todo o respeito, principalmente porque, na realidade, nenhum dos três pode afirmar, convictamente, que a sua forma de pensar é a única correta.

É por essa razão que sempre procuro colocar, em uma mesa redonda, para efeito didático, debatedores dos mais diferentes pontos de vista, visando esclarecer, aos participantes, as diferentes formas de entendimento de mundo.

Isso mostra a necessidade de procurar entender os argumentos do outro, principalmente se esses forem diferentes ou até opostos ao seu. Isso amplia o nosso conhecimento de mundo e aperfeiçoa a nossa forma de compreendê-lo.

Bem a propósito, ao reler a obra “Deus único, mito e realidade”, de Luiz Henrique Almeida, deparei-me com sua afirmativa de que: “(...) Cada célula do nosso corpo contém todas as informações acerca da história de cada um de nós, neste planeta (...)”

Isso me remeteu, imediatamente, aos xamãs aborígenes, com quem tive a oportunidade de dialogar por diversas vezes, ainda na década de setenta, em pleno deserto australiano.

Esses iam um pouco mais além. Afirmavam que nossa mente possui uma antena interna, capaz de captar as ondas do pensamento de todas as pessoas que viveram em nosso planeta, desde o início da civilização.

Então, segundo eles, as células conteriam informações da história de toda a humanidade!

Com base na afirmação de Almeida e no conhecimento dos xamãs, percebemos que será um imenso atraso de vida ou, melhor dizendo, um atraso para o conhecimento científico, se evitarmos analisar textos provenientes das diversas tradições religiosas.

A análise e o questionamento de afirmações dogmáticas podem, sim, abrir novos caminhos para conhecimentos ainda distantes da nossa atual capacidade de compreensão. Ignorá-las, por serem do domínio da fé, pode constituir um grande atraso para o desenvolvimento científico.

Isso me lembra um trecho de “O Princípio da Totalidade”, de Anna Freifeld Lemkow, quando ela diz: “(...) limitar o real apenas ao quantificável não é científico, é cientístico – uma perversão da ciência (...)”

Vamos dar uma ligeira olhada em alguns momentos científicos de hoje e o que podemos esperar a mais, desde que não estagnemos na ideia de que só o quantificável e visualizável  é científico...

Em primeiro lugar, nesse passeio, vamos à memória. Sua capacidade é quase infinita na tarefa de arquivar todos os conhecimentos que processa. A dinâmica de funcionamento das redes neurais é algo assustadoramente admirável! Nossa capacidade para gravar informações ainda não foi superada por nenhum equipamento cibernético.

Por que tanta memória? Qual a finalidade real de tanta potencialidade? Haverá alguma outra função que não estamos exercendo com deveríamos? Nossas trilhões de conexões neurais estarão à nossa disposição apenas para jogarmos dominó e levantarmos um copo de cerveja? E toda essa capacidade ou potencialidade “se acaba” simplesmente com a morte?

Em segundo lugar vamos analisar a constatação, pelos psicólogos e terapeutas, de transferência de memórias do doador para o receptor, nos casos de transplante de coração. 
Há, hoje em dia, diversos relatos de transplantados que mudaram totalmente o seu comportamento e estilo de vida, assumindo os de seu doador, mesmo sem ter conhecimento disso! Essas memórias só poderiam estar nas células do órgão transplantado.

Mas, se já temos constatações de que todas as nossas memórias localizam-se no cérebro, essas memórias seriam back-ups nas células do coração? Uma célula não dependeria de uma rede neural para arquivar uma informação?  Então, mais uma vez, a declaração de Almeida faz todo sentido!

E, em terceiro lugar, a identificação feita por Philip Low, das ondas cerebrais emitidas pela área de Broca, área que elabora a fala. Ele, em seguida, desenvolveu os equipamentos para a sua captação e transformação em sinais digitais. Esses sinais serão enviados a um computador, representando a “fala” da pessoa.

Seu desenvolvimento já está sendo testado por Stephen Hawking que, assim que o equipamento estiver pronto, voltará a comandar seu sintetizador de voz em tempo real! Os paralíticos cerebrais poderão se comunicar! Haverá a possibilidade de verdadeira inclusão escolar de uma imensidão de crianças com esclerose lateral amiotrófica ou com paralisias não progressivas.

Essas ondas geradas são produto de nosso pensamento. Isso significa que outros cérebros poderão captá-las e tornar seus sinais conscientes. É a telepatia em desenvolvimento tecnológico.

Mas, a telepatia existe? Só existe para quem acredita (tem fé) que se “pensarmos forte” alguma mensagem dirigida à pessoa que está à nossa frente, principalmente um paralítico cerebral mudo, nossa mensagem estará chegando a essa pessoa. Mas precisa haver fé. Precisa haver ciência e fé.

Cada uma dessas constatações e desenvolvimentos nos impulsiona a estudos muito mais profundos sobre o funcionamento dos elementos primordiais da nossa formação orgânica: as nossas células.

Seu funcionamento é, como podemos perceber, muito mais complexo e muito mais abrangente do que o conhecimento anterior mostrava e, além disso, sua energia pode ter efeitos muito mais importantes e objetivos muito mais nobres.

Os estudos dos idealizadores da neurolinguística apontam para isso desde a década de setenta. Lembro que eu não acreditei nas suas propostas e, devido a essa descrença, escrevi um artigo criticando a ideia. Sorte que o artigo “se perdeu” no tempo...

Hoje temos referência ilustres, como o físico quântico Amit Goswami, que apresenta essa realidade em sua obra: “Universo: Como a consciência cria o mundo material”.

O estudo quântico da consciência e de sua energia em forma de ondas, realizado por Goswami, nos leva a um momento intermediário em que as constatações da energia gerada por nossas células e seus efeitos no mundo material externo ao nosso corpo, aproximam a ciência da fé, provocando os céticos e empolgando os pesquisadores mais complacentes.

E mais que isso: Estamos mesmo em um cosmos com início, meio e fim? Estamos mesmo em uma realidade com passado, presente e futuro? Em “O Grande Projeto”, Stephen Hawking e Leonard Mlodinow mostram, entre outras declarações “alucinantes”, que o cosmos não possui uma realidade única, mas que cada realidade possível do universo coexiste com as demais, ou seja, existem simultaneamente!

Se é assim, nem o materialismo é real. Dizer que a matéria existe pode ser uma forma de crença...

Vamos conversar mais sobre isso assim que chegarem os seus comentários.

Para os amigos que desejam mais informações e mais debate sobre o tema, recomendo a leitura das obras citadas, repetindo:

Amit Goswami. Universo: Como a consciência cria o mundo material.
Anna Freifeld Lemkow. O Princípio da Totalidade.
Luiz Henrique Almeida. Deus único, mito e realidade.
Richard Dawkins. Deus, um Delírio.
Stephen Hawking. O Grande Projeto.


Mas recomendo, também, que mantenham o número telefônico de um bom psiquiatra, em mãos... Nunca se sabe...

sábado, 7 de junho de 2014

IUPE Educação: Autismo - Comentando pesquisas

Autismo: Comentários sobre as recentes pesquisas

Foi publicado na Scientific American, edição especial nº 58, sob o título "Desespero pela cura do autismo", um artigo de Nancy Shute, tentando mostrar que, pelo fato de que os tratamentos eficazes ainda não tenham sido descobertos, os pais continuam buscando terapias alternativas suspeitas e, frequentemente, perigosas!

Dentre essas terapias suspeitas o artigo lista seis realmente perigosas, pelo menos no estado atual de suas pesquisas, que são:
1. Injeção de imunoglobina, que é a injeção e anticorpos, muito usada para o tratamento da leucemia e aids, mas com sérios efeitos colaterais, entre eles a cefaléia e, mais perigoso ainda, a meningite.
2. Injeção de Lupron, usada para câncer de próstata. e que, entre os efeitos colaterais está o dano aos ossos, o crescimento retardado e a impotência.
3. Injeção de células tronco, desaprovado em diversos países devido ao estado atual incipiente de suas pesquisas.
4. Injeção de secretina, hormônio que virou febre entre os pais de autistas nos Estados Unidos, mas que pode levar a perda de imunidade e diarreia.
5. Quelação, droga injetada para expelir chumbo e mercúrio, mas que pode reduzir o nível de cálcio e trazer problemas renais.
6. Uso da câmara hiperbárica de hidrogênio, cujos efeitos poderão trazer prejuízos aos ouvidos, olhos e sistema nervoso central.

Mas o artigo lista três que não trazem qualquer efeito colateral e, ainda por cima, têm dado resultados muito satisfatórios em diversas partes do mundo, que são:

A) Terapia de Integração Sensorial;
B) Vitaminas e suplementos;
C) Dietas livres de glúten e caseína;

Eu incluo uma quarta, que não foi comentada no artigo, cujos resultados são eficazes, não só para os autistas, mas para todos nós, que é:

D) Consumo diário de probióticos.

O que nos atrasa muito nesse trabalho é a demora das universidades e centros de pesquisa em perceber a importância de se iniciar, imediatamente, estudos interdisciplinares sobre o autismo e o TDAH, analisando os casos existentes nas próprias cidades onde essas instituições estão sediadas.

Mas devemos iniciar esses estudos científicos e, ao mesmo tempo, iniciar a análise criteriosa, e nunca uma análise excludente, das terapias que já estão apresentando algum resultado, para que os autistas possam ter seus sintomas reduzidos, enquanto se aguarda a cura definitiva de seus transtornos.

E os estudos científicos, nesse caso, não podem seguir mais o padrão de necessitar uma amostragem de grande quantidade e, menos ainda, excluir resultados que estejam sendo eficazes para um número insignificante de cobaias. 

Para esse tipo de transtorno, que significa o "apagamento" e uma criança que, algumas vezes era normal, a redução de seus sintomas é a "luz" que seus pais precisam para reduzir sua ansiedade e tentar garantir a autossuficiência de seu filho, quando esse se tornar um adulto.

Então o resultado positivo para uma minoria pode ser a solução para muitas crianças, já que essa minoria, quando contabilizada, significa muito, principalmente para seus pais!

Por isso que os caminhos são, ao mesmo tempo, dois:

1. Pesquisas interdisciplinares para encontrar a cura por meios científicos.

2. Análise e regulamentação das terapias alternativas que não tragam riscos, para que os pais possam ter segurança nas suas aplicações.

Vamos, então, reforçar aqui, as terapias que estão dando resultados e que não são perigosas:

A) Integração sensorial:

Pressão no corpo feita por cobertores ou máquinas (semelhante à máquina do abraço desenvolvida pela Dra Temple Grandin, autista que se cuidou assim).

A Dra Temple Grandin, autista que hoje é uma cientista de renome mundial, inventou a sua máquina do abraço. Essa terapia segue os mesmos princípios dessa sua máquina, utilizando pressão no corpo com cobertores ou máquinas, e servem para acalmar o autista e trazê-lo de volta a normalidade por uns tempos.

Esse processo estimula o envio dessas sensações táteis para o cérebro, provocando momentos de satisfação corporal, criando um aumento da autoestima do autista, necessário para otimizar  o trabalho de seu sistema límbico.

B) Vitaminas e suplementos:

Se bem prescrita e bem administrada não trarão mal algum e ainda podem aumentar a energia orgânica, possibilitando o melhor funcionamento geral do cérebro e permitir, assim, a ação do sistema límbico na tentativa de corrigir naturalmente os defeitos do corpo.

Desde que sejam evitadas as overdoses, ou seja, desde que essas vitaminas estejam sendo dadas sob a orientação de um médico ou nutricionista, só haverá lucro em seu uso.

Obviamente que as vitaminas consumidas naturalmente, por meio da alimentação orgânica diversificada, tem efeito melhor ainda, mas essa serve "como uma luva" para os autistas que ainda resistem exageradamente à variedade alimentar.

C) Dieta livre de glúten e caseína (inclui aí milho e soja):

Seus benefícios, embora o artigo diga que não são os esperados, são muito eficazes, bastando, para isso, verificarmos as dezenas de casos relatados no livro do Dr William Shaw (Tratamento Biomédico do Autismo e do TDAH), e analisar os casos em que essa dieta está sendo levada a sério pelas famílias.

Há diversos livros de receitas  ensinando as famílias a prepararem refeições maravilhosas, com alto valor nutricional, sem o uso desses elementos que são rejeitados pelo organismo do autista, trazendo irritabilidade, agressividade e aumento de todos os seus sintomas.

Essa é a mais eficaz até hoje, precisando, entretanto, que seja rigorosa, já que a quebra da dieta faz com que todo o sucesso alcançado seja perdido, tendo que iniciar tudo novamente.

D) Consumo de probióticos (incluída por mim):

Melhora a proporção de bactérias positivas na flora intestinal e reduz os efeitos negativos das bactérias negativas.


Entre as bactérias negativas estão as da família do clostridium, cujo produto se assemelha ao ácido propiônico, podendo causar danos cerebrais irrecuperáveis, característicos do autismo.

Essas quatro terapias estão sendo combatidas por diversos articulistas de jornais e televisão, incluindo aí uma das mais poderosas redes no Brasil, sem que eu tenha entendido as suas intenções, já que todas as quatro dão resultados positivos sim! Basta que as famílias as utilizem sem que permitam a interferência de ninguém no processo.

Vamos, então, estimular os pais de autistas, para que solicitem de seus médicos e nutricionistas, a prescrição de probióticos e a orientação em relação à dieta livre de glúten e caseína.

Além dessas terapias positivas, sempre é necessário o acompanhamento psicopedagógico ou neuropedagógico adequado, principalmente para permitir o processo de inclusão escolar e garantir a autossustentabilidade dessa criança, no futuro.