sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Como entender o adolescente




Ensaio - 2020-01-31 – O adolescente e o seu entendimento

O que é mais difícil: o adulto entender o adolescente ou o adolescente entender a si mesmo?

Olá amigos,

Adolescência!

Essa fase inicia na puberdade e termina, oficialmente, quando o desenvolvimento neurofisiológico se estabiliza.

A estabilização, que pode ocorrer por volta dos vinte e cinco anos ou um pouco mais, caracteriza o início da idade adulta, quando tem início o processo de amadurecimento.

O início dessa fase é marcado por uma total alteração no corpo e na mente, provocando mudanças na forma de ver o mundo, na forma de ver o outro e na forma de ver a si mesmo.

Todos passam pelo mesmo processo, o fato é o mesmo, mas as imensas diferenças, no universo do emocional, fazem com que a influência desse período, possa apresentar diferenças maiores ainda.

Na realidade o nosso universo emocional é uma consequência da construção da personalidade psicológica (que nós já explicamos em nosso livro Afetividade na Educação), acoplada à formatação e programação da nossa MATRIX interior.

Quem é a nossa MATRIX interior? Simples assim: é o complexo de redes neurais espalhado por todo o córtex cerebral. Mas, calma! Essa explicação vocês terão no meu sexto livro: A Construção da Inteligência; que devo publicar esse ano ainda.

Exatamente devido a essas diferenças, fica impossível encontrarmos um padrão comportamental adolescente e, muito menos, soluções enlatadas e fáceis de serem apresentadas aos pais, aos professores ou até aos próprios adolescentes.

Então, se cada um deles sente a sua mudança interior, e a sua visão sobre o mundo à sua volta, de uma forma particular, não há algoritmo capaz de receber, como “inputs”, essas observações comportamentais para, após o processamento, fornecer respostas convincentes e apropriadas!

Lembro do supercomputador do Guia do Muchileiro das Galáxias, que levou milhares de anos para descobrir o sentido da vida e que, no final, obteve, como resposta: 42!

Nossa resposta pode ser pior ainda do que o simples 42!

Então só há um meio de esse adolescente começar a se sentir integrado, satisfeito e emocionalmente equilibrado, mesmo com toda essa gama de novos sentimentos, emoções, desejos e vontades!

Essa única forma é ele ter a oportunidade de compartilhar cada etapa desse processo, na medida que cada sentimento ou emoção surge, com mentes tão complexas como a sua, com redes neurais semelhantes, e com toda uma complexidade neuropsicológica parecida, mas já formada e estável, como precisam ser as mentes de seus pais.

Por que seus pais e não com seus amigos?

Seus pais, sim, porque esses são os que, se desejarem e estiverem preparados, terão capacidade de entender suas dúvidas e ansiedades, antes que se transformem em angústia e sofrimento.

Mas, como eu disse, eles precisam estar preparados para tudo, principalmente para sustos e surpresas, muitas vezes até relatos impensados!

Pais despreparados para o novo, e para o impensado, podem acabar prejudicando, mais ainda, essa tentativa de auto entendimento que o adolescente tanto necessita.

Já no caso de seus amigos, nem sempre dá certo!

Não é impossível, mas é muito difícil encontrar amigos mentores, totalmente altruístas, desprovidos de algum tipo de interesses, e que não queiram se aproveitar da fragilidade emocional que o momento sempre traz.

Chegamos, então, em um ponto comum a todos:

O adolescente necessitando se entender, buscando extravasar sua ansiedade, procurando alguém para poder compartilhar suas dúvidas, seus sentimentos e suas emoções.

Vamos ver as minhas conclusões, a partir da análise dos grupos que temos atendido:

Aquele que tiver a sorte de ter, entre seus pais ou mentores, os ouvidos (observe que eu disse: os ouvidos!) de um adulto maduro e bem resolvido em seu auto entendimento, não haverá traumas, não haverá neuroses, nem haverá carências afetivas.

A fase da adolescência será, então, de descobertas e prazeres, com entendimento pleno de si mesmo e de mundo, com criação de perspectivas e com um amadurecimento verdadeiramente saudável.

Esse será o adolescente ideal: alegre, feliz e satisfeito consigo mesmo!

Mas se o adulto à sua disposição for um “adultescente” (apelido que copiei de relatos psicanalíticos antigos), será difícil até o empréstimo do ouvido, já que pessoas em desequilíbrio emocional não são capazes de ouvir. Escutam, apenas, mas não absorvem e não participam.

As ansiedades desse adolescente, durante suas conversas, vão, mas voltam, saem temporariamente de seu interior, dando a impressão de alívio, mas retornam, porque não encontram uma verdadeira escuta ativa. Suas palavras parecem refletir no tímpano do outro. Não encontram uma escuta com interação de energias.

Esse adultescente que empresta seu ouvido, não processa seus relatos e, portanto, toda aquela energia que deveria ser extravasada, acaba retornando ampliada, somando-se as angústias do próprio falso mentor.

Como ajudar, então, a tantos adolescentes que, por não se entenderem, acabam entrando em processo de angústia, em processo de desmotivação, em processo de tristeza sem motivação aparente?

Não é difícil, mas é trabalhoso!

O primeiro passo, que deve ser imediato, e que eu tenho realizado com muita frequência em diversas cidades, é a preparação dos pais, para que se capacitem no processo de escuta ativa e na programação de conversas frequentes, abertas, livres, permitindo que seus filhos extravasem essa energia contida em seu interior!

O segundo passo, a longo prazo, é a preparação dos futuros pais, entre os próprios adolescentes, como assunto transversal durante o Ensino Médio.

Nessa preparação, que temos realizado com jovens entre os 15 e 17 anos, eles são levados a entender a importância da preparação, para serem adultos maduros e bem resolvidos e, assim, estarem prontos para assumir a função de verdadeiros mentores de seus filhos.

E o mais interessante desse segundo passo foi uma observação relatada por dirigentes escolares de algumas escolas onde realizamos esse treinamento com os adolescentes.

Segundo eles, em vez do treinamento servir apenas uma preparação para uma futura família, muitos desses adolescentes, que estavam em crise, acabaram “se encontrando”, mesmo sem que tenha havido qualquer mudança no seu relacionamento com seus pais.

Então, o processo é válido e necessário!

E, mas que isso, URGENTE!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Síndrome amotivacional pode levar à depressão?




Ensaio 2020-01-30 Síndrome amotivacional pode levar à depressão?

A síndrome amotivacional pode levar à depressão?

Olá amigos,

Infelizmente a síndrome amotivacional pode levara a diversos outros males, entre eles a depressão sim!

Ela não chega assim “do nada”.

Tenho encontrado muitos sinais de “elementos causa”, entre os adolescentes que tenho acompanhado durante esses últimos vinte anos em nosso colégio e nos colégios que apoiamos.

Precisamos, então, analisar as mais frequentes, tanto para prevenir nossos amigos adolescentes, como para encontrar soluções individuais para cada caso.

A carência afetiva, por exemplo, é a que mais tenho encontrado, embora a origem dessa carência tenha variado bastante.

Uma delas é a ausência afetiva do pai e da mãe, principalmente quando eles estão presentes fisicamente, mas ausentes emocionalmente.

O costume de se manter “full time” nas redes sociais é um dos elementos que mais tem afastado pais de filhos e, logicamente, tem criado um ambiente onde todos, embora juntos, se mantenham cada um em seu mundo virtual particular.

Observando seus pais envolvidos nas amizades pelas redes, os adolescentes, ainda com suas redes neurais em plena formação, começam a imitá-los e, aos poucos, surgem sérios prejuízos no equilíbrio entre organismo e mente, desestruturando todo o seu sistema emocional.

A sensação enganosa, pelo elevado número de curtidas, de estar cercado por amigos, vai, aos poucos, criando uma sensação de vazio interior, já que os relacionamentos são virtuais, faltando o calor humano, a energia do abraço, o olhar nos olhos do outro.

Aqueles que, apesar de estarem mergulhados em seus celulares na maior parte do dia, têm, em casa, momentos sem o equipamento, momentos esses dedicados a conversas abertas com seus pais, quando podem trocar ideias sobre os sentimentos e emoções pelos quais estão passando, dificilmente entrarão nesses processos de carência afetiva e, naturalmente, estarão livres das famosas crises amotivacionais.

Mas grande parte desses adolescentes não têm essa chance e, por isso, o vazio vai aumentando e a busca por uma solução continua sendo dentro das próprias redes sociais.

Aí está um caso em que, se houver orientação para essas famílias, esse tipo de carência não acontecerá e, certamente, não haverá crise alguma.

Vamos a parte prática desse “elemento causa” e a solução específica. Em outra oportunidade vamos analisar outros elementos causa e as outras possíveis soluções.

A orientação começa pelo Treinamento Parental, que todas as escolas deveriam fazer, mostrando aos pais que as redes sociais, embora possam ser de muita utilidade para o trabalho e também para o lazer, devem ter o seu acesso limitado a alguns momentos do dia.

E que esse controle deve ser rigoroso, cada um controlando a si mesmo, escolhendo momentos ideais, sem prejudicar as atividades e trabalhos que precisam ser realizados.

No meu caso, por exemplo, as redes sociais são acessadas após o café da manhã e em alguns outros espaços previamente programados para isso na minha rotina de estudos, trabalhos e pesquisas.

O último momento de acesso é após o jantar e, a partir desse momento, elas ficarão sozinhas, recebendo todas as mensagens, para que no dia seguinte, após o café, eu tome conhecimento.

Óbvio que meus amigos adolescentes vivem dizendo que eu os deixei “no vácuo”, mas, na realidade, eu nem estava ali. Quem os deixou no vácuo foi o celular que, até hoje, não conseguiu me substituir na conversa virtual com os amigos... respostas? Só no dia seguinte!  

A partir dessa organização do tempo, devemos planejar os demais trabalhos e atividades, para permitir sentirmos, ao final do dia, a sensação de que estamos realmente sendo produtivos, tanto para nós, como para nosso trabalho, para nossa família e até, quem sabe, para a sociedade.

Estando os pais convencidos disso e tendo eles iniciado essa prática, isso servirá de exemplo para seus filhos.

Logicamente, em vez de esperar que o exemplo dê resultado por si só, é sempre bom orientar os pais nas formas ideais de convencimento de seus filhos, atitude que passa pela imposição de limites com afeto.

E para o adolescente que, por causa disso, está desanimado, desmotivado, triste, angustiado e tudo o mais?

Antes mesmo se esperar que seus pais mudem seu comportamento, vamos iniciar um novo planejamento de sua rotina diária.

Escreva com sinceridade, como é a sua rotina, ou seja, o que você faz do acordara ao ir dormir, para permitir a análise.

Só na leitura do que você escreveu, já vai dar para perceber que a única satisfação que você tem é a de ter maior pontuação nos jogos e aumentar o número de curtidas em suas postagens.

Você se tornou um escravo das redes sociais ou dos jogos eletrônicos.

Não há satisfação por nada mais que não seja virtual!

Por isso a sua satisfação é virtual e, portanto, volátil! Ela se vai com o vento, mesmo que não esteja ventando!

Você precisa transformar cada momento seu em momento de prazer, iniciando pelo acordar!

Não saia da cama “por sair”, mas se estique, se espreguice bastante e, para completar, procure sentir todo o seu corpo pelo processo vibracional que eu tanto comento em alguns de meus vídeos, principalmente no “Reflexões sobre o sentido da vida”.

Depois vá planejando transformar cada obrigação sua em momento de prazer. Algumas delas são muito fáceis, como colocar um tempero diferente em um dos pratos nas refeições. Outras são um pouco mais difíceis, mas a criatividade deve ser estimulada para isso.

E faça isso o dia todo, para que suas obrigações sejam, agora seus prazeres.

E em casa, procure convencer seus pais a encontrarem momentos  para todos vocês estarem juntos de verdade, ou seja, sem celular, sem computados, sem TV, para conversas livres a abertas, onde você vai começar a tentar “descarregar” ou “extravasar” seus sentimentos e emoções que estão guardados aí dentro e que só fazem aumentar as carências, desânimos e tudo o mais.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Como lidar com aluno em surto de agressividade em sala?





Ensaio 2020-01-29 A escola está preparada para receber alunos com surtos de agressividade?

Amigos,

Uma das perguntas mais frequentes é sobre o que o professor deve e pode fazer com alunos que costumam ter surtos de irritação e agressividade, como por exemplo os que apresentam sintomas de TOD – Transtorno opositivo desafiador entre outros.

Há algum tempo todos vimos, nas redes sociais, a filmagem de um desses meninos quebrando tudo na escola. Alguns professores diziam para segurá-lo. Outros diziam que era para não pegar nele, e cada um tinha uma opinião diferente.

A situação é séria, ainda mais nos nossos dias em que, se um professor tenta complementar a educação doméstica falando um pouco mais alto, sempre existe o perigo de ser processado pelos pais que, na realidade, podem ter sido os causadores dessa atitude do filho.

Mais ainda se ele segura a criança. Pode ser processado por violência contra o menor.

Mas não podemos, simplesmente, ignorar uma atitude dessas, por mais que possa ser uma simples “falta de limites” em casa.

Então vamos à prática:

De cara eu insisto no ponto que o professor tem quem estar familiarizado com os sintomas mais comuns de todas essas comorbidades, porque é exatamente na escola que eles se tornam mais evidentes.

Vamos, inicialmente, ao susto do professor, no momento de um surto de irritação ou agressividade de um aluno e, depois, ver como podemos tentar evitar tudo isso, no ato da matrícula.

Nesse momento temos que lembrar de algumas coisas básicas:

A depender do transtorno, o aluno não consegue controlar sua raiva, logo, não adianta quer que ele pare imediatamente.

Os colegas devem ser levados, imediatamente, para outra atividade, em local separado, ou ele deve ser levado a sala separada da dos colegas, se isso for possível.

Importante que essa sala tenha câmeras de segurança, para registrar cada um desses momentos.

Um profissional de educação deve estar nesse local, sem interferir com sua raiva, apenas para evitar que ele se machuque e, retirando da sala objetos que possam machucá-lo.

Desde o início do surto a família deve ser chamada.

Esse profissional deve se conter, mesmo que seja atingido, já que a criança pode não ter controle do que está fazendo.

Após uma meia hora, mais ou menos, o surto deve passar e a criança acalmar.

A partir daí esse profissional deve se sentar com ela e tentar conversar, amigavelmente, procurar saber o que o irritou e mostrar que pela irritação nada se consegue e que há caminhos mais vantajosos para se obter resultados.

Após o fato os professores devem se reunir em Conselho de Classe e analisar quais são todos os seus sintomas e se ele se enquadra em algumas das comorbidades mais comuns, como TOD, TDAH, TEA, Bipolaridade etc.

Após essa análise é registrado na ATA do Conselho, a análise e a conclusão, em forma de Laudo Educacional, que não é o mesmo que o diagnóstico médico, mas sim de encaminhamento ao profissional adequado.

Nesse LAUDO o termo a ser utilizado é: “Esse aluno apresenta características comportamentais compatíveis com os sintomas do... (TOD, TDAH, TEA ou o que for encontrado), e deve ser encaminhado para consulta com... (pediatra, psicopedagogo, psicólogo etc.).”

E especificar, detalhadamente, todos os seus sintomas, assim como a sua frequência e intensidade.

Vamos, agora, ver como podemos tentar evitar tudo isso, desde a matrícula:

No ato da matrícula é importante uma entrevista com os pais (uma espécie de anamnese), para que seja identificada qualquer anomalia comportamental na criança e, de preferência, uma entrevista com a própria criança, para que seja observado o seu comportamento.

É comum os pais omitirem defeitos de seus filhos, mas, mesmo assim, essa conversa é importante, devendo ser mostrado aos pais que a escola saberá agir muito melhor na educação de seus filhos se souber quais todas as suas características comportamentais.

Havendo qualquer relato de comportamento inadequado, analisar se são sintomas que o tornem de difícil relacionamento social e, se forem, procurar saber sobre sua alimentação e sua rotina, já que tanto a alimentação inadequada, como o estresse provocado por excesso de exposição à tela, por exemplo, são fatores alimentadores da maioria dos sintomas de síndromes, transtornos e comorbidades em geral.

Deixar claro que, caso os sintomas o tornem de difícil socialização, será necessário o encaminhamento para acompanhamento inicial por psicopedagogo que, se necessário, o encaminhará a outro profissional.

Nesse ponto é bom lembrar que não se encaminha criança diretamente para especialistas médicos, sem que, antes, sejam analisados por psicopedagogo.

Muitos comportamentos podem ser fruto de bloqueios emocionais, revolta por educação equivocada, violência doméstica, abusos físicos ou sexuais, efeito de bullying etc.

E essa etapa pode ser identificada pelo psicopedagogo ou até mesmo pelos próprios professores em reunião de Conselho de Classe, desde que todos estejam se atualizando por meio das necessárias formações continuadas.

Nessas reuniões devem ser registrados os possíveis principais elementos causadores dos comportamentos inadequados daquela comunidade escolar, para que sejam planejados encontros de 
Treinamento Parental para orientação das famílias.

Muitas dessas famílias não têm qualquer noção de que suas atitudes em casa são a origem dos problemas comportamentais de seus filhos.

Essas orientações têm servido para mudar a realidade de muitas comunidades.

Alguns desses elementos são:

Pais com transtornos
Casal em desarmonia conjugal
Relacionamento pais filhos com agressividade
Falta de imposição de limites
Abuso físico ou sexual
Negligência

O Conselho analisa quais os mais prováveis elementos naquela comunidade e programa os Treinamentos para serem realizados por um profissional educador que consiga esclarecer a forma de mudar o ambiente doméstico, sem entrar em detalhes, é claro!

Outro caminho para que isso seja resolvido, mas a longo prazo, é fazer, desde o ensino médio, a preparação dos alunos para a constituição das suas famílias.

Isso deveria ser uma das matérias mais importantes da escola, já que essa orientação evitaria a maioria dos problemas comportamentais dos alunos, incluindo as carências afetivas, revoltas interiores, automutilação etc.



terça-feira, 28 de janeiro de 2020

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Automutilação - Como evitar esse e outros males na adolescência


Oi amigos,

Eu sou o professor Roberto Andersen e estamos, desde domingo, respondendo a algumas perguntas emergenciais sobre a automutilação.

Temos tentado, por meio dos vídeos, ajudar diversas mães com filhos e filhas se cortando e, uma delas, tendo até que receber pontos na área do corte.

Dei uma resposta rápida para que a família iniciasse uma reflexão e, depois, publiquei um outro vídeo listando as principais razões ou motivações que levam o adolescente a machucar a si mesmo.

Nós, no IUPE, estamos no meio de uma pesquisa detalhada sobre esse assunto.

Essa pesquisa foi iniciada há três anos, da seguinte forma: as mesmas perguntas foram feitas, tanto para adolescentes em processo de automutilação, como para adolescentes sem qualquer atitude de revolta ou contra si mesmo, procurando sempre igualar esse número, para maior facilidade de análise.

Detalhes dessa pesquisa serão divulgados mais tarde. Vamos comentar sobre as conclusões preliminares, tanto para facilitar a atitude imediata dos pais, como para que os professores e terapeutas possam orientar melhor as famílias de seus alunos ou pacientes.

Os principais motivos que encontramos até agora, durante a pesquisa realizada com mais de duzentos jovens, foram:

Alimentação: por incrível que possa parecer, o excesso de refrigerantes, açúcar branco refinado e glúten foi facilmente relacionado, por nós, aos adolescentes com essas atitudes.

Nesse aspecto (alimentação) nós temos tido evidências a cada dia maiores ainda, mas confesso que, no princípio, cheguei a duvidar muito disso, de tanto ouvir profissionais de renome negarem essa influência.

Até hoje recebo esse tipo de informação, dizendo que alimentação nada tem a ver com estabilidade emocional, com equilíbrio homeostático, nem com autismo, TDAH ou qualquer outra comorbidade, síndrome ou transtorno.

Mas os trabalhos científicos comprovando essas relações começaram a ficar muito mais numerosos do que os trabalhos científicos negando.

Hoje as evidências surgem diariamente. Já há milhares de trabalhos mostrando isso e já não há como ignorar.

Auto desentendimento: a angústia por não estar conseguindo se entender corretamente ou a insatisfação de estar se entendendo de uma forma que não desejaria ser.

Isso é muito comum em adolescentes inseguros. E essa insegurança vem, normalmente, da geração de uma carência afetiva forte, que é o terceiro ponto a abordar.

Carência afetiva:

Falta da sensação de que pai e mãe se preocupam com ele e que o amam.

Muitos pais acham que a demonstração de amor ao filho é feita com muito afeto, muito presente, muito “sim” a tudo o que eles pedem. E na verdade é exatamente ao contrário. I excesso de “sim” e a falta do “não” é o que mais demonstra que os pais não estão “nem aí” para o filho, e ele sente isso.

Falta de oportunidade de extravasar seus sentimentos e emoções com pai e mãe, por não se sentir à vontade para isso.

Para acabar com isso eu tenho insistido nas reuniões familiares frequentes, sem TV, sem celular, sem computador.

Falta afetiva do pai e da mãe.

Pais em casa, mas ocupados com as redes sociais e não tendo tempo para seus filhos. Essa é apenas uma das formas de estar presente, mas estar faltando!

Confusão nos sentimentos e nas emoções ligados ao amor e a paixão, e:

Confusão no entendimento das sensações de atração afetiva e sexual.

Se as conversas forem frequentes e abertas, eles sempre terão confiança para trazer todas as suas dúvidas para os pais. Nesse caso não haverá confusão alguma.

Isso, então significa, que não podemos encarar esse desafio como de resolução rápida, embora seja de resolução fácil!

O que precisamos então?

Orientar as famílias, por meio de educadores e terapeutas, para a construção da cultura de um relacionamento familiar sadio, levando em consideração todos os aspectos identificados nas pesquisas, tanto a nossa como a dos demais pesquisadores sobre o assunto.

Vamos levar isso a sério?

É a felicidade de nossos filhos o que está em jogo!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

O segredo da comunicação entre professor e alunos




Comunicação e pensamento

O ato de se comunicar, durante uma aula, é um dos mais importantes em todo o processo educacional.

E a comunicação necessita do retorno, que é o ato de ser entendido!

Então não basta sermos um excelente orador. Precisamos alcançar cada elemento de nosso público, e ter certeza de que todos entenderam o que você está transmitindo!

Bem diferente de uma palestra ou conferência, a aula precisa que cada um dos alunos esteja realmente entendendo tudo aquilo que ele pode entender, do que está sendo ensinado.

Olhem o que eu disse: “Tudo o que ele pode entender”

Então já começa aí uma grande diferença entre uma aula tradicional e uma aula responsável e que, por ser responsável, tem que garantir a aprendizagem de todos!

Vamos que na nossa sala de aula não haja alunos com deficiências e que, por causa disso, a aula pode ser expositiva.

A preparação do assunto a ser falado, além de ter que ser de total conhecimento do docente, precisa que o docente esteja “ligado emocionalmente ou entusiasticamente” ao tema, porque assim ele transmitirá o conteúdo, não só por meio das palavras, mas também pelas ondas de seu pensamento.

Esse “ligado emocionalmente ou entusiasticamente” ao tema necessita de estudo constante dos assuntos que serão ministrados!

Esse é um ponto básico que precisa ser refletido por todos! Aulas repetitivas acabam sendo esgotantes para o docente, fazendo ele entrar num processo de automatismo acomodado que destrói o prazer de compartilhar o que sabe.

Vamos ver como funciona:

Nosso pensamento está o tempo todo transmitindo ondas eletromagnéticas, e isso pode ser entendido por meio dos estudos de neurociência, na parte do processo sináptico conjunto dos neurônios de uma mesma rede neural.

Ondas que são transmitidas são ondas que são recebidas. Se o professor as transmite, o aluno as recebe, a menos que não estejam na mesma sintonia.

Óbvio que essa sintonia não é perfeita, exceto para os telepatas.

Mas o que o professor está falando, se estiver em sintonia como que ele está pensando ou sentindo, será muito mais bem entendido pelos alunos. Não haverá discrepância entre fala, sentimento e pensamento.

Se, ao contrário, ele não está muito bem empolgado com o que está dizendo, haverá uma confusão no entendimento por parte do aluno.

Então o que ensinamos só será bem compreendido se estiver de acordo com o que sentimos, já que nosso pensamento transmite o que sentimos e não o que falamos.

Então o ato de se comunicar (e de ser entendido) não se restringe ao entendimento das palavras e das frases, mas passa também pela captação das ondas do pensamento dos interlocutores, o que podemos chamar também, da energia do interlocutor!

Dissemos isso desde a primeira edição desse nosso livro, não como “chute”, mas sim depois de muitas experiências com paralíticos cerebrais mudos!

Aqueles encontros foram, para nós, uma grande oportunidade de aprendizagem.

E como podemos fazer para que isso funcione?

Precisamos estudar sempre o assunto a ser ministrado, mesmo que essa mesma aula já tenha sido dada várias vezes. Afinal, sempre há algo de novo que pode ser inserido no contexto.

E precisamos estar bem emocionalmente.

E, por isso que, antes mesmo de estudar e aplicar qualquer tipo de metodologia educacional, precisamos refletir, de forma muito séria, sobre o nosso próprio dia-a-dia e observar se estamos realmente investindo cada minuto de nosso precioso tempo de vida na construção integral de um relacionamento emocional o mais perfeito possível entre:

Nossa mente e nós mesmos;

Nós e nossa família;

Nós e nossos amigos;

Nós e nossos parentes, colegas, chefes, empregados, vizinhos, desconhecidos, enfim, com todas as pessoas, animais e coisas ao nosso redor, o mundo e o próprio universo.

Esse cuidado é fundamental, para não nos tornarmos simples robôs, passando pelos dias sem sequer perceber que estamos vivos.

Lembram-se do filme “Tempos Modernos[i]” de Chaplin? Pois é. Não queremos nos tornar aquele operário.

Aquela insensibilidade nos tornaria, a cada dia, mais intransigentes para com o mundo e para com os outros, trazendo irritabilidade, desânimo e tudo o mais.

Essa relação mecânica ser humano-trabalho pode até funcionar em uma indústria, mas nós vemos, claramente, que para uma relação entre professor e aluno, isso impedirá qualquer tipo de empatia, transformando a aula em um sacrifício para ambos, professor e alunos.

Então, revendo o que dissemos hoje:

Além de reservar um tempo na agenda só para estudos, precisamos construir nosso relacionamento emocional entre:

Nossa mente e nós mesmos;

Nós e nossa família;

Nós e nossos amigos;

Nós e o mundo à nossa volta!

E assim ter a capacidade de montar, para cada aula, um plano de aula real e um virtual.

O real com o assunto, a metodologia, a criatividade no planejamento etc.

O virtual com a empolgação pelo tema e a consequente integração texto – fala – pensamento – sentimento.



[i] Tempos Modernos (filme em DVD): preocupados com o aumento da produtividade visando mais lucro, os dirigentes da fábrica resolvem reduzir o tempo gasto pelos empregados em atividades que não sejam as industriais, eliminando o relacionamento afetivo e determinando o fim dos sentimentos. Operários são transformados em simples peças da engrenagem industrial.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Meu filho não aprende e eu não sei o que fazer - parte 3

Hoje falamos sobre a forma correta de estimular o filho à aprendizagem

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Meu filho não aprende e eu não sei o que fazer - 1ª parte


Meu filho não aprende e não sei o que fazer – 1ª parte

Olá amigos,

Amigos,

Imagine que seu filho tem alguma dificuldade de aprendizagem por ter alguma síndrome ou transtorno ou até por ter tido uma base muito fraca no estudo de alguma matéria.

Imagine que ele está numa sala, com outros vinte ou trinta colegas, e o professor está dando uma aula da forma tradicional, como é comum na maioria das escolas, ou seja, aula expositiva, como se todos os alunos estivessem no mesmo nível de entendimento daquele assunto.

Vamos que seu filho não seja inibido e levante o braço para dizer que não entendeu. O professor para e explica novamente, mas da mesma forma que explicou anteriormente, ou seja, fora da capacidade de entendimento de seu filho.

Seu filho continua não entendendo e, ao ser perguntado se entendeu, ele responde a verdade, ou seja: não entendeu.

O professor explica novamente e, depois dessa segunda explicação, pergunta ao seu filho se, agora, ele entendeu.

Você acredita que seu filho vai dizer que ainda não entendeu?

Pois é! Não vai! Ficará inibido como qualquer um de nós também ficaria. E a cada dia vai se desinteressar mais pelos estudos e se convencer de que é inferior aos colegas.

Essa é a realidade de uma aula em que não existe a preocupação de se garantir a aprendizagem de todos os alunos, mas sim de “passar” o assunto que todos têm que aprender!

Isso mostra que é impossível, em uma metodologia tradicional, se garantir a aprendizagem de todos os alunos, principalmente se há diferentes níveis intelectuais e diferentes capacidades cognitivas.

Agora vamos ver isso numa aula inclusiva de verdade.

O professor, ao preparar sua aula, preparou roteiros de estudo dirigido para a turma, para que todos, em grupo, estudassem durante a aula o conteúdo.

O professor, sabendo que há alunos em diferentes “pontos de entendimento” na matéria, adapta as questões desses alunos, para que todos possam aprender alguma coisa sobre o assunto, cada um dentro de sua possibilidade de aprendizagem.

Durante essa aula o professor passeia pelos grupos, observa, avalia, auxilia e já anota as alterações que terá que realizar nos grupos, nos conteúdos e nas adaptações, para que a próxima aula seja mais proveitosa ainda.

O seu filho, se estiver com dificuldade de entendimento, esperará o professor estar em seu grupo para, sem precisar se expor perante seus colegas, mostrar que não está entendendo e dar oportunidade, ao professor, de descobrir qual o seu ponto de entendimento na matéria.

A partir daí haverá aprendizagem real, a partir daquilo que seu filho sabe, e ele estará satisfeito por estar aprendendo o mesmo assunto que todos, embora em seu nível de entendimento.

Os alunos dessa turma se transformaram em protagonistas de sua própria aprendizagem e o professor, devido a mudança da metodologia, consegue entrar e sair da aula sem qualquer tipo de estresse.

Essa é apenas uma pequena parte da metodologia educacional responsável e que, por ser responsável, é obrigatoriamente inclusiva!

Pensem bastante nisso, pais e professores.

Para os professores insisto: Não precisa nem tentar, basta fazer! Tem vídeos meus aqui mesmo nesse canal, ensinando. Quem adquiriu meu livro “Inclusão Responsável”, tem um capítulo inteiro ensinando a metodologia.

Para os pais: Insista com a escola de seu filho para cumprir as Leis de Inclusão!

Vamos divulgar essa ideia.

Precisamos todos salvar as crianças com dificuldades da exclusão escolar e, naturalmente, da exclusão social.

Dia 25 de janeiro daremos um curso dessa metodologia na nossa sede em Salvador, na Bahia.

Dia 14 e 15 de fevereiro daremos esse mesmo curso na Clínica Psicolúdico em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.

É uma grande oportunidade de somarmos a SATISFAÇÃO DO APRENDER, com o exercício do AMOR VERDADEIRO, e ver que o resultado é “42”.

Para entender esse resultado precisamos ler, de Douglas Adams, o “Guia do Mochileiro das Galáxias”.

Para quem não o leu ainda, “42” foi a resposta que o computador levou milhares de anos para encontrar, e que significa o SENTIDO DA VIDA.

É isso, amigos:

Quando temos a satisfação de saber que temos capacidade de aprender, somado à construção permanente do sentimento do amor verdadeiro, podemos estar certos de que estamos na estrada certa, aquela que significa o verdadeiro sentido da vida.

Recebam todos um forte abraço!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Vacinar ou não a criança antes de um ano de idade?



Ensaio – 10-01-2020 – Vacinar ou não a criança antes de completar um ano?

Amigos:

Precisamos tomar muito cuidado com o que se publica nas redes sociais.

O ideal é, se o assunto é de seu interesse, procure verificar as referências, pesquise com cuidado, ou seja: estude o assunto antes de acreditar e, mais importante ainda, antes de compartilhar com seus amigos.

Nessas últimas semanas tem sido divulgado pelas redes sociais um texto, relacionando o alto índice de mortalidade infantil nos Estados Unidos (maior que todos os demais países do 1º mundo), à obrigatoriedade de vacinar as crianças antes de completarem 1 ano de idade.

No texto apresentam pessoas que, segundo eles, estariam ligadas aos serviços de saúde americano, e que diziam que a vacina nessa idade é mais para “treinar” os pais, já que não tem efeito positivo algum para as crianças e que, muito pelo contrário, elas ficariam sujeitas aos efeitos colaterais.

Muito perigosa uma declaração dessas e, ao mesmo tempo, muito fácil de fazer a relação, pois se nos EUA todas as crianças abaixo de um ano são, obrigatoriamente, vacinadas, todas as mortes, mesmo que tenham sido por atropelamento, afogamentos etc., foram de crianças que tomaram as vacinas.

Por que as vacinas?

Todas elas são desenvolvidas, é claro, para evitar doenças conhecidas e que, muitas delas, foram responsáveis pela morte de milhares de pessoas em todo o mundo.

Então elas são imprescindíveis para manter a população mundial com o mínimo de segurança contra o retorno dessas epidemias.

Há risco?

Sempre há algum risco em qualquer medicamento, e esses riscos são analisados para se decidir entre aplicar ou não a vacina.

Algumas delas não devem ser aplicadas a menores ou a idosos, cujos sistemas imunológicos possam não estar preparado para evitar os efeitos colaterais.

Mas isso tem sido avisado em todas as campanhas de vacinação em nosso país.

Mas vamos à prática! Dou ou não a vacina em meu filho?

Se a criança nasceu de parto normal e foi alimentado até os seis meses exclusivamente pelo leite materno, normalmente ela tem o sistema imunológico muito bem desenvolvido e pode seguir, sem problemas, o calendário de vacinação.

Se isso não ocorreu, é sempre bom analisar se a criança esteve, recentemente, com algum tipo de infecção respiratória, ou coisa parecida, e teve que tomar antibióticos orais.

Se tomou, é bom lembrar que esses antibióticos matam grande parte das bactérias da microbiota intestinal, que é a nossa proteção durante a digestão dos alimentos.

Nesse caso é bom analisar com o pediatra e com o nutricionista, se já houve tempo suficiente para que a microbiota (ou flora intestinal) tenha se recuperado. Se sim, significa que o sistema imunológico já voltou ao normal.

Em alguns casos são prescritos probióticos para que a recuperação seja mais rápida.

Se a criança tem algum tipo de transtorno, síndrome ou comorbidade, é importante sempre consultar o médico dela, antes de atender a qualquer dessas campanhas, já que o autista e o TDAH, por exemplo, assim como outras comorbidades, podem ter algum tipo de intolerância a alguma substância presente na composição da vacina.

Farmacêuticos são os profissionais com maior conhecimento nas composições das vacinas e, por isso, são os primeiros que devem ser consultados, ou pelos pais, ou até pelos médicos, antes de vacinar seu filho.

De qualquer forma, todas as vezes em que divulgarem coisas desse tipo, lembre que todo e qualquer medicamento traz algum tipo de risco à saúde, devido aos seus efeitos colaterais.

Até o simples AAS, usado frequentemente por quem tem pressão alta, por exemplo, pode provocar problemas de visão.

Por isso que só devemos consumir qualquer tipo de droga se for realmente necessária à nossa saúde e após a devida prescrição médica.   

E, para que saibamos como está a recomendação atual das vacinas até um ano de idade, veja nessa tabela:
Idade
Vacina
Ao nascer
BCG + VHB
1 mês
VHB
2 meses
DPT-Hib + SABIN + ROTA
4 meses
DPT-Hib + SABIN + ROTA
6 meses
DPT-Hib + SABIN + VHB
9 meses
FA
12 meses
Tríplice Viral

A Sociedade Brasileira de Pediatria, entretanto, recomenda mais algumas, como por exemplo:

- Influenza para crianças com idade entre 6 e 24 meses;
- Pneumococo para crianças com idade entre 2 e 60 meses.

Mas o ideal, como sempre, é seguir a recomendação de um pediatra.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Amor e limites na educação



Ensaio – 09/01/2020 – Como saber se estou acertando na medida entre Afetividade e Limites na Educação?
Na primeira edição do meu livro “Afetividade na Educação” eu começo fazendo um paralelo entre afeto e lógica, entendendo lógica como o exercício dos limites.
Nesse paralelo vemos que: o lucro rápido; o tirar proveito; o ter mais; parecem ter substituído os valores emocionais, os valores humanos e as virtudes, pelos valores do consumismo.
Recomendei, na época, e continuo recomendando até hoje, que todos assistam ao filme “Escritores da Liberdade[i]”, um filme com ensinamentos fantásticos, não só para docentes, mas para todo mundo!
A professora Erin Gruwell, protagonista da história, consegue conquistar a turma e garantir o sucesso de todos os alunos de uma das mais complicadas turmas de uma escola pública da periferia, com inteligência, criatividade e, principalmente, muito afeto!
O único ponto negativo em sua vida, nesse período, foi o abandono de sua vida pessoal, mas acredito que ela não estava preparada para esse enfrentamento e, ao mergulhar na busca de soluções, acabou perdendo seu casamento.
Nesse filme vemos, também o exemplo negativo de um sistema de ensino e de um professor exclusivamente lógico, sem qualquer capacidade de gostar de seus alunos.
E, ao contrário da personagem principal do filme, que consegue tratar todos os seus alunos com limites e afetividade, esse considera cada aluno como se fosse apenas um número, em um conjunto de outros números.
Infelizmente sabemos que há professores assim, espalhados por todas as escolas. São os que eu chamo de “sabotadores’, plagiando Pichon Rivière em sua “Teoria dos Grupos Operativos”.
Mas temos que aprender a conviver com esses sabotadores, já que eles estão espalhados por todos os lugares e em todas as profissões!
A primeira pergunta que eu faço para esse tipo de profissional de educação, é: “Por que quis ser professor?”
E eu repito a mesma pergunta para cada docente revoltado que eu encontro.
As respostas variam muito, mas se analisarmos com cuidado, veremos que todos demonstram uma incapacidade total de “se resolver” como pessoa, alimentando uma revolta interna contra si mesmo ou contra a vida e, portanto, jamais “se resolverá” na relação professor alunos.
Visitei cidades em que cheguei a suspeitar de “contaminação”, ao conversar com o Secretário de Saúde e receber a informação de que há um elevadíssimo índice de “Professores Rivotril”!
Será falta de preparação, durante a Faculdade, para a realidade de uma sala de aula, ou será falta de preparo para o entendimento da própria vida, erro proveniente da educação doméstica equivocada?
As duas opções estão corretas!
A realidade da sala de aula espanta muitos, ao ponto de se arrependerem da escolha, mas não procuram ajuda de profissionais bem resolvidos, ou não os acham, ou não conseguem a coragem para procurar outra profissão.
Com isso se mantém no emprego como um verdadeiro escravo, em sacrifícios diários, o que explica o uso de medicamentos controlados.
A falta de preparo para a vida torna as pessoas carentes sem sequer saber a razão, o que as desestrutura emocionalmente e as impede de criar uma relação afetiva com seus alunos.
Precisamos estimular nossos docentes a “se resolverem” na sua vida pessoal, para conseguirem estabelecer o equilíbrio emocional necessário ao desempenho dessa relação em sala de aula.
Um acompanhamento psicológico é extremamente importante para esses casos. Aliás, a terapia psicológica faz bem a todo mundo!
Voltando ao equilíbrio entre afeto e limites na educação, educar é construir a capacidade de entendimento de mundo, na criança, ou até de adultos, observando o limite entre construir a sua capacidade ou interferir nas suas conclusões pessoais.
Esse é um dos grandes desafios, quando o correto emprego do afeto, com limites, ajuda bastante.
Todo educador deve treinar essa relação entre o exercício do afeto e a imposição dos limites, tanto em casa, com seus filhos, como em sala de aula, com seus alunos.
O excesso de limites, tanto na família, como na escola, pode levar a criança a dois extremos:
Entender o mundo exatamente da mesma forma como seu educador entende, considerando-se incapaz de raciocinar de forma diferente e, muito menos, de chegar a alguma concussão contrária.
Adeus criatividade! Adeus autonomia!
Se revoltar e construir um entendimento de mundo exatamente em oposição ao passado pelo seu educador.
No primeiro caso ele passa a ser um simples repetidor dos conceitos de seu educador.
No segundo caso ele será um revoltado para com a própria vida e poderá assumir rumos inadequados rumo à infelicidade.
Já o limite na medida certa juntamente com o afeto, permite a construção da capacidade criativa, inventiva e descobridora, formando mentes autônomas.
Acertar na dosagem pode ser fácil para uns, mas difícil para outros. O importante é ter em mente alguns princípios:
Alimentar o amor ao filho e criar o amor pelo seu aluno, como se ele fosse seu próprio filho. Isso é fundamental, principalmente para alunos com características especiais.
Se conscientizar de que o exercício dos limites é um ato de amor, porque demonstra a preocupação com a segurança do filho ou com a sua preparação para a autonomia futura.
Basta respeitar rigorosamente esses dois aspectos, para que tenhamos um equilíbrio quase perfeito entre essas duas medidas básicas na educação dos jovens.
Saberemos, como pais ou educadores, que estamos no caminho errado, quando percebermos que:
- Nossos educandos, ao responder a alguma pergunta repetem rigorosamente as nossas respostas (ou seja: não raciocinam)
- Nossos educandos assumem opiniões contrárias às nossas sem qualquer fundamento (apenas para contrariar)
- Nossos educandos resistem a conversas conosco.
Saberemos que estamos acertando, quando:
- Nossos educandos usam nossas respostas apenas como base para criar a sua (e essa pode ser diferente ou até contrária à nossa);
- Nossos educandos querem analisar conosco suas próprias conclusões, principalmente quando diferem das nossas.
E a todo momento devemos avaliar nossa conduta, como educador, já que depende desse nosso acerto, a formação de uma sociedade melhor do que a que hoje vivenciamos.


[i] Escritores da Liberdade (filme em DVD): baseado em história real ocorrida em uma escola pública norte-americana, o filme mostra as estratégias desenvolvidas pela professora para conseguir a transformação social de seus alunos, mesmo sem qualquer apoio nem dos dirigentes da escola nem de seus colegas de trabalho. Sua vitória espetacular na sala de aula contrasta com o seu fracasso no relacionamento conjugal, mostrando mais uma realidade muito comum no universo dos professores mais dedicados, que é o abandono de sua vida pessoal em detrimento da vida profissional.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Projeto Educação Responsável


Projeto Educação Responsável

Amigos:

A transformação social é possível e pode começar de dentro de uma sala de aula, não exclusivamente por meio da educação escolar, mas sim pela reestruturação das famílias, a partir da conquista dos alunos, por meio da capacitação dos profissionais de educação.

Entendam como profissionais de educação os professores em sala de aula e todos os demais profissionais que estão em contato com os alunos, desde o porteiro, a merendeira e a faxineira, até os psicopedagogos, fonoaudiólogos e demais terapeutas.

Eu sou o professor Roberto Andersen, escritor, educador e pesquisador em neurociência cognitiva pelo IUPE, Instituto Univérsico de Pesquisa e Educação e membro da Academia de Ciências de Nova York.

O nosso trabalho é a preparação de todos esses profissionais de educação para entenderem e conquistarem seus alunos, com todas as suas diferenças para, a partir daí, alcançarem as suas famílias e assim ajudarem a reestruturar seus lares e recuperar a possibilidade de construir uma juventude sem carências afetivas e sem revoltas interiores, com inteligência, com criatividade, com disposição e uma boa formação de caráter.

Para isso disponibilizamos treinamentos para profissionais de educação, em primeiro lugar, além de treinamentos em forma de orientação parental, para as famílias e treinamentos em forma de orientação adolescente, para os alunos.

Nossos principais temas são:

- Metodologias educacionais inclusivas – quando o professor aprende a dar uma aula, sem qualquer tipo de estresse, e com a garantia de aprendizagem de todos os seus alunos individualmente, independentemente de seus diferentes níveis intelectuais ou capacidades cognitivas.

- Como o cérebro aprende – ensinando cada passo da aprendizagem cerebral, para que os alunos consigam tirar o máximo proveito possível de seu tempo, aprendendo de forma definitiva e sem estresse.

- Autismo, TDAH e o seu acompanhamento – mostrando todas as mais recentes descobertas sobre o autismo e o TDAH, de forma a possibilitar o seu pleno desenvolvimento intelectual e profissional, garantindo a sua autonomia.

Durante todo o próximo mês de fevereiro estaremos no Rio Grande do Sul.

Do final de fevereiro em diante estaremos realizando esses encontros nos demais estados, a partir do sul do país, até o norte, no estado do Pará.

Os contatos devem ser realizados pelos endereços que estão no vídeo:

Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná:
Professora Elisângela Rizzatto – WhatsApp (54) 9-9157-0916

Bahia:
Susane Mendes: WhatsApp (75) 9-9255-8985 / 9-9984-6804

Demais estados:
Wellingthon Barros: WhatsApp  (79) 9-9917-0344

Ou pelo email:
iupe@iupe.org.br  /  robertoandersen@gmail.com