Oi amigos,
Eu sou o professor Roberto Andersen e estamos, desde
domingo, respondendo a algumas perguntas emergenciais sobre a automutilação.
Temos tentado, por meio dos vídeos, ajudar diversas mães com
filhos e filhas se cortando e, uma delas, tendo até que receber pontos na área
do corte.
Dei uma resposta rápida para que a família iniciasse uma
reflexão e, depois, publiquei um outro vídeo listando as principais razões ou
motivações que levam o adolescente a machucar a si mesmo.
Nós, no IUPE, estamos no meio de uma pesquisa detalhada
sobre esse assunto.
Essa pesquisa foi iniciada há três anos, da seguinte forma:
as mesmas perguntas foram feitas, tanto para adolescentes em processo de
automutilação, como para adolescentes sem qualquer atitude de revolta ou contra
si mesmo, procurando sempre igualar esse número, para maior facilidade de
análise.
Detalhes dessa pesquisa serão divulgados mais tarde. Vamos
comentar sobre as conclusões preliminares, tanto para facilitar a atitude
imediata dos pais, como para que os professores e terapeutas possam orientar melhor
as famílias de seus alunos ou pacientes.
Os principais motivos que encontramos até agora, durante a
pesquisa realizada com mais de duzentos jovens, foram:
Alimentação: por incrível que possa parecer, o excesso de
refrigerantes, açúcar branco refinado e glúten foi facilmente relacionado, por
nós, aos adolescentes com essas atitudes.
Nesse aspecto (alimentação) nós temos tido evidências a cada
dia maiores ainda, mas confesso que, no princípio, cheguei a duvidar muito
disso, de tanto ouvir profissionais de renome negarem essa influência.
Até hoje recebo esse tipo de informação, dizendo que
alimentação nada tem a ver com estabilidade emocional, com equilíbrio
homeostático, nem com autismo, TDAH ou qualquer outra comorbidade, síndrome ou
transtorno.
Mas os trabalhos científicos comprovando essas relações
começaram a ficar muito mais numerosos do que os trabalhos científicos negando.
Hoje as evidências surgem diariamente. Já há milhares de
trabalhos mostrando isso e já não há como ignorar.
Auto desentendimento: a angústia por não estar conseguindo
se entender corretamente ou a insatisfação de estar se entendendo de uma forma
que não desejaria ser.
Isso é muito comum em adolescentes inseguros. E essa insegurança
vem, normalmente, da geração de uma carência afetiva forte, que é o terceiro
ponto a abordar.
Carência afetiva:
Falta da sensação de que pai e mãe se preocupam com ele e
que o amam.
Muitos pais acham que a demonstração de amor ao filho é
feita com muito afeto, muito presente, muito “sim” a tudo o que eles pedem. E
na verdade é exatamente ao contrário. I excesso de “sim” e a falta do “não” é o
que mais demonstra que os pais não estão “nem aí” para o filho, e ele sente
isso.
Falta de oportunidade de extravasar seus sentimentos e
emoções com pai e mãe, por não se sentir à vontade para isso.
Para acabar com isso eu tenho insistido nas reuniões
familiares frequentes, sem TV, sem celular, sem computador.
Falta afetiva do pai e da mãe.
Pais em casa, mas ocupados com as redes sociais e não tendo
tempo para seus filhos. Essa é apenas uma das formas de estar presente, mas
estar faltando!
Confusão nos sentimentos e nas emoções ligados ao amor e a
paixão, e:
Confusão no entendimento das sensações de atração afetiva e
sexual.
Se as conversas forem frequentes e abertas, eles sempre
terão confiança para trazer todas as suas dúvidas para os pais. Nesse caso não
haverá confusão alguma.
Isso, então significa, que não podemos encarar esse desafio como
de resolução rápida, embora seja de resolução fácil!
O que precisamos então?
Orientar as famílias, por meio de educadores e terapeutas, para
a construção da cultura de um relacionamento familiar sadio, levando em
consideração todos os aspectos identificados nas pesquisas, tanto a nossa como
a dos demais pesquisadores sobre o assunto.
Vamos levar isso a sério?
É a felicidade de nossos filhos o que está em jogo!
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