Ensaio 2020-01-29 A escola está preparada para receber
alunos com surtos de agressividade?
Amigos,
Uma das perguntas mais frequentes é sobre o que o professor
deve e pode fazer com alunos que costumam ter surtos de irritação e
agressividade, como por exemplo os que apresentam sintomas de TOD – Transtorno
opositivo desafiador entre outros.
Há algum tempo todos vimos, nas redes sociais, a filmagem de
um desses meninos quebrando tudo na escola. Alguns professores diziam para
segurá-lo. Outros diziam que era para não pegar nele, e cada um tinha uma
opinião diferente.
A situação é séria, ainda mais nos nossos dias em que, se um
professor tenta complementar a educação doméstica falando um pouco mais alto,
sempre existe o perigo de ser processado pelos pais que, na realidade, podem
ter sido os causadores dessa atitude do filho.
Mais ainda se ele segura a criança. Pode ser processado por
violência contra o menor.
Mas não podemos, simplesmente, ignorar uma atitude dessas,
por mais que possa ser uma simples “falta de limites” em casa.
Então vamos à prática:
De cara eu insisto no ponto que o professor tem quem estar
familiarizado com os sintomas mais comuns de todas essas comorbidades, porque é
exatamente na escola que eles se tornam mais evidentes.
Vamos, inicialmente, ao susto do professor, no momento de um
surto de irritação ou agressividade de um aluno e, depois, ver como podemos
tentar evitar tudo isso, no ato da matrícula.
Nesse momento temos que lembrar de algumas coisas básicas:
A depender do transtorno, o aluno não consegue controlar sua
raiva, logo, não adianta quer que ele pare imediatamente.
Os colegas devem ser levados, imediatamente, para outra
atividade, em local separado, ou ele deve ser levado a sala separada da dos
colegas, se isso for possível.
Importante que essa sala tenha câmeras de segurança, para
registrar cada um desses momentos.
Um profissional de educação deve estar nesse local, sem
interferir com sua raiva, apenas para evitar que ele se machuque e, retirando
da sala objetos que possam machucá-lo.
Desde o início do surto a família deve ser chamada.
Esse profissional deve se conter, mesmo que seja atingido,
já que a criança pode não ter controle do que está fazendo.
Após uma meia hora, mais ou menos, o surto deve passar e a
criança acalmar.
A partir daí esse profissional deve se sentar com ela e tentar
conversar, amigavelmente, procurar saber o que o irritou e mostrar que pela
irritação nada se consegue e que há caminhos mais vantajosos para se obter
resultados.
Após o fato os professores devem se reunir em Conselho de
Classe e analisar quais são todos os seus sintomas e se ele se enquadra em
algumas das comorbidades mais comuns, como TOD, TDAH, TEA, Bipolaridade etc.
Após essa análise é registrado na ATA do Conselho, a análise
e a conclusão, em forma de Laudo Educacional, que não é o mesmo que o
diagnóstico médico, mas sim de encaminhamento ao profissional adequado.
Nesse LAUDO o termo a ser utilizado é: “Esse aluno apresenta
características comportamentais compatíveis com os sintomas do... (TOD, TDAH,
TEA ou o que for encontrado), e deve ser encaminhado para consulta com... (pediatra,
psicopedagogo, psicólogo etc.).”
E especificar, detalhadamente, todos os seus sintomas, assim
como a sua frequência e intensidade.
Vamos, agora, ver como podemos tentar evitar tudo isso,
desde a matrícula:
No ato da matrícula é importante uma entrevista com os pais
(uma espécie de anamnese), para que seja identificada qualquer anomalia
comportamental na criança e, de preferência, uma entrevista com a própria
criança, para que seja observado o seu comportamento.
É comum os pais omitirem defeitos de seus filhos, mas, mesmo
assim, essa conversa é importante, devendo ser mostrado aos pais que a escola
saberá agir muito melhor na educação de seus filhos se souber quais todas as
suas características comportamentais.
Havendo qualquer relato de comportamento inadequado, analisar
se são sintomas que o tornem de difícil relacionamento social e, se forem, procurar
saber sobre sua alimentação e sua rotina, já que tanto a alimentação
inadequada, como o estresse provocado por excesso de exposição à tela, por
exemplo, são fatores alimentadores da maioria dos sintomas de síndromes,
transtornos e comorbidades em geral.
Deixar claro que, caso os sintomas o tornem de difícil
socialização, será necessário o encaminhamento para acompanhamento inicial por psicopedagogo
que, se necessário, o encaminhará a outro profissional.
Nesse ponto é bom lembrar que não se encaminha criança
diretamente para especialistas médicos, sem que, antes, sejam analisados por
psicopedagogo.
Muitos comportamentos podem ser fruto de bloqueios
emocionais, revolta por educação equivocada, violência doméstica, abusos
físicos ou sexuais, efeito de bullying etc.
E essa etapa pode ser identificada pelo psicopedagogo ou até
mesmo pelos próprios professores em reunião de Conselho de Classe, desde que todos
estejam se atualizando por meio das necessárias formações continuadas.
Nessas reuniões devem ser registrados os possíveis
principais elementos causadores dos comportamentos inadequados daquela
comunidade escolar, para que sejam planejados encontros de
Treinamento Parental
para orientação das famílias.
Muitas dessas famílias não têm qualquer noção de que suas
atitudes em casa são a origem dos problemas comportamentais de seus filhos.
Essas orientações têm servido para mudar a realidade de
muitas comunidades.
Alguns desses elementos são:
Pais com transtornos
Casal em desarmonia conjugal
Relacionamento pais filhos com agressividade
Falta de imposição de limites
Abuso físico ou sexual
Negligência
O Conselho analisa quais os mais prováveis elementos naquela
comunidade e programa os Treinamentos para serem realizados por um profissional
educador que consiga esclarecer a forma de mudar o ambiente doméstico, sem
entrar em detalhes, é claro!
Outro caminho para que isso seja resolvido, mas a longo
prazo, é fazer, desde o ensino médio, a preparação dos alunos para a
constituição das suas famílias.
Isso deveria ser uma das matérias mais importantes da escola,
já que essa orientação evitaria a maioria dos problemas comportamentais dos
alunos, incluindo as carências afetivas, revoltas interiores, automutilação
etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário