Por que tanta polêmica com a educação
inclusiva?
Será que todos estamos entendendo o que
queremos?
Ou será que estamos embarcando numa canoa
que sequer sabemos para onde ela vai nos levar?
Temos objetivos verdadeiros? Objetivos
responsáveis? Sabemos quais os objetivos reais que o sistema está impondo? Já
analisamos o problema dos alunos especiais para entender quais seriam os
objetivos mais necessários?
Vamos, então, deixar de UTOPIA, e analisar
o que realmente é necessário! E a partir do que é necessário, vamos analisar de
que forma isso pode ser feito!
Antigamente a sociedade não dava a menor
importância às crianças especiais. Basta lembrar do Complexo de Esparta,
conforme relatei no nosso último artigo e vídeo.
Quando esse desprezo começou a ser visto como
negativo, ou “politicamente incorreto”, surgiram as instituições que mal
serviam para o seu acolhimento.
Algumas só os acolhiam mesmo! Na realidade
era uma verdadeira segregação!
Outras, mais humanizadas, desenvolveram
técnicas e metodologias para possibilitar o seu desenvolvimento intelectual e
emocional.
Algumas delas chegaram até a conseguir bons
resultados, apresentando progressos no desenvolvimento das habilidades dessas
crianças. Muitas dessas crianças, ao se tornarem adultas, eram encaminhadas ao
mercado de trabalho sem grandes problemas, exceto a discriminação nesses
ambientes, como ainda existe até hoje.
Essa dificuldade no relacionamento social
mostrou a necessidade de se trabalhar, também, além do desenvolvimento dessas
habilidades, da sua inclusão social, para que todos se acostumassem com essa
nova realidade: a da eliminação da discriminação.
Surgiu, então, a febre da Educação
Inclusiva, determinando que todas essas crianças devem estar matriculadas em
escolas regulares, para que seja realizado o processo de inclusão escolar,
visando facilitar a inclusão social futura.
Com isso essas crianças deixam de ser atendidas
por essas instituições, onde já havia muita gente preparada para o entendimento
de suas características neuropsicocognitivas, e entram em um ambiente em que os
professores só conhecem a realidade do aluno regular.
E a partir daí começam os mal-entendidos e
quem sai prejudicado é, claro, o aluno especial, além, lógico, serem também prejudicados
os seus colegas da turma regular!
Então, vamos analisar o problema que surgiu
a partir da obrigação desses alunos especiais estarem em escola regular:
Para desenvolver o intelecto, o emocional e
o cognitivo desses alunos com mais facilidade, precisaríamos que ele fosse
matriculado numa turma de alunos de mesmo nível intelectual e cognitivo.
Isso é, no mínimo, inconveniente! A
diferença de idade pode trazer complicações no relacionamento entre alunos,
principalmente devido a diferença de fases de desenvolvimento da libido.
Nenhum pai de aluna de 7 anos vai querer
que na sala dela tenha um aluno especial de 14 anos, já com os hormônios em
plena explosão!
Mas para matriculá-lo numa turma com idade
cronológica compatível com a dele, que seria a outra opção, encontramos um
outro desafio:
Precisaremos de professores bem preparados
e que:
Se dediquem a gostar desse aluno e procurar
identificar a forma como eles entendem o mundo e ao próprio professor;
Tenham o carisma necessário à conquista
emocional desse aluno;
Se esforcem para entender a forma de esse
aluno se expressar;
Procurem entender as necessidades
emocionais desse aluno;
Desenvolvam meios de identificar quaisquer
habilidades desse aluno, ou seja, o seu talento;
Criem meios de estimular esse talento,
visando o seu desenvolvimento e elevando a sua autoestima;
Se dediquem ao aluno visando entusiasmá-lo
rumo à sua autossuficiência.
E para promover a sua inclusão social,
iniciando com a inclusão escolar, matriculando-o em uma sala regular,
precisamos de professores que:
Estejam preparados para adaptar o assunto
de sua aula aos mais diferentes níveis intelectuais e características
cognitivas existentes nos alunos de sua classe;
Tenham o carisma necessário para conseguir
convencer os alunos regulares a se integrarem e ajudarem com seus colegas
especiais;
Estejam preparados para adaptar suas
habilidades didáticas e metodológicas necessárias ao acompanhamento da
aprendizagem de todos os seus alunos, sejam eles regulares ou especiais;
Tudo isso é possível, desde que tenhamos
esse tipo de professor ou que os preparemos adequadamente.
Mas sei muito bem da imensa dificuldade
para preparar esse professor.
Afinal, em nosso colégio, tentamos nos
aproximar desse modelo ideal de aprendizagem, independentemente do tipo de
aluno matriculado, e os desafios são enormes!
Cada professor tem uma visão sobre o
assunto e nem todos estão dispostos a se dedicar a essa nova realidade!
Então, enquanto esse tipo de professor
ainda não existe na quantidade necessária para vencer esse desafio, o que vemos
nas escolas é uma INCLUSÃO ENGANADORA.
Como tem sido essa ENGANAÇÃO chamada de
INCLUSÃO?
O aluno é matriculado em uma sala regular.
O professor deixa o aluno ficar na sala,
mas se preocupa apenas em passar a matéria para os alunos regulares, em avaliar
os alunos regulares e simplesmente despreza o aluno de inclusão.
No momento de “fechar as notas” ele
simplesmente “aprova” o aluno de inclusão, com a observação e que foi aprovado
por ser de inclusão.
Qual o progresso desse aluno na parte
intelectual e cognitiva? Nenhum!
Qual o progresso desse aluno na parte de
socialização? Nenhum!
O aluno se sentiu isolado, diferente,
inferiorizado e com baixa autoestima.
Quando se coloca um professor assistente o
aluno pode até conseguir algum progresso, mas ainda se sente diferente e
inferiorizado perante seus colegas regulares.
Quando ele é levado a uma sala de AEE, ele
pode até ter algum desenvolvimento, mas continua se sentindo diferente e
inferiorizado.
Ou seja, o conceito de inclusão é
excelente.
Mas a sua obrigatoriedade sem a devida
preparação dos professores é absolutamente uma enganação nacional!
Qual a solução mais viável?
A solução do momento é individual! É de
cada professor! É de cada um de nós!
Não adianta esperar que o sistema o
prepare!
O jeito é cada um de nós assumirmos essa
responsabilidade!
O estado não se interessa por isso, e se
depender dele, sabemos que as soluções são as mesmas apresentadas pela OMS, ou
seja, eliminar essas crianças pela liberação imediata de abortos!
Vamos, então, estudar o assunto! Procurar
entender suas características e a forma de desenvolver suas habilidades e
despertar seus talentos!
Analise os casos em sua turma ou em outras
turmas de seu colégio!
Treine com cada aluno especial as
diferentes etapas para conseguir sua aprendizagem e seu desenvolvimento
intelectual, emocional e cognitivo.
Prepare suas aulas de forma a que o aluno
especial tenha a mesma atenção que você dá para os alunos regulares.
Adapte seu assunto de forma a garantir que
seu aluno especial entenda e se sinta produtivo.
Prepare atividades que integrem os alunos
regulares com o especial, para que ele se sinta verdadeiramente incluído no
grupo!
Se houver um professor assistente, combine
com ele como você vai desenvolver todas essas atividades.
E registre cada pequeno progresso de seu
aluno especial!
Mostre isso nas reuniões de Conselho de
Classe, para que os outros professores sejam estimulados a fazer o mesmo.
Crie, experimente, saiba que se você não tentar
de tudo para conseguir sucesso, ninguém vai fazer!
As pessoas estão de braços cruzados
aguardando uma solução que venha de cima! Nunca virá, pode ter certeza disso,
porque o único interesse dos de cima é saber de que forma poderão desviar mais
verbas para seus bolsos!
Faça a sua parte e, em paralelo, contribua
com sua consciência política, para mudar esse sistema que nada quer saber de
educação.
Forte abraço e até o próximo encontro.