Proposta de diretriz para a avaliação dos
alunos especiais
Desde quando parte da sociedade começou a
entender que era necessário respeitar as crianças e os adolescentes que
tivessem algum tipo de dificuldade neuropsíquica de aprendizagem em seus
direitos de desenvolverem sua inteligência, seu conhecimento de mundo e suas
habilidades, surgiram as leis e regulamentos determinando a inclusão escolar.
Infelizmente, nem a elaboração dessas leis,
nem as regulamentações posteriores, estão sendo suficientes para alcançar os
verdadeiros objetivos da inclusão que são, principalmente, o desenvolvimento da
inteligência, do conhecimento de mundo e das habilidades, em paralelo com a sua
inclusão social.
Essa proposta do IUPE tem como objetivo
principal evitar que essas crianças e esses adolescentes continuem sendo apenas
“acolhidos” em uma sala de aula, sem qualquer acompanhamento metodológico
especial.
Eles acabam sendo reprovados nas avaliações
padronizadas passadas para aquela turma que o “acolheu” e, ao final do ano, são
“promovidos” por serem especiais, baixando ainda mais a sua autoestima,
convencendo-o de sua incapacidade de aprender e de progredir na vida.
Não há qualquer mistério nem dificuldade de
entendimento no cumprimento dessas diretrizes aqui propostas,
Tudo depende da boa vontade dos dirigentes
escolares, dos coordenadores pedagógicos e, principalmente, dos professores e
demais profissionais envolvidos com os alunos em uma instituição de ensino.
Vamos, então, por partes:
Objetivos da Educação Inclusiva –
entendimento humanístico:
Matricular uma criança ou um adolescente
com qualquer tipo de dificuldade neuropsíquica de aprendizagem como aluno em uma
escola regular, tem como objetivo principal prepará-lo para a sua AUTOSSUFICIÊNCIA
FUTURA e como objetivos paralelos imprescindíveis:
ELEVAR AUTOESTIMA:
Criar ou elevar a sua autoestima, mostrando
que ele é capaz de conviver socialmente com seus colegas de mesma faixa etária,
preparando-o assim para a convivência social nos diversos ambientes em que ele
vier a frequentar;
DESENVOLVER HABILIDADES:
Criar oportunidades, nas diversas
disciplinas, e com a ajuda dos demais profissionais da escola, para que sejam identificadas
as habilidades do aluno especial e, assim, estimular o seu desenvolvimento;
ESTIMULAR INTELECTUALIDADE:
Identificar o seu nível intelectual e
cognitivo para adaptar os conteúdos disciplinares e as metodologias
ensino-aprendizagem, de forma que, em todas as aulas, o aluno sempre aprenda um
pouco a mais do que sabia, sempre visando o seu avanço gradual, respeitando a
sua velocidade de raciocínio e a sua capacidade de memória e aprendizado;
A aula inclusiva – parte intelectual e
cognitiva
A aula inclusiva deve ser proferida pelo
professor regular e assemelha-se a aula em classe multisseriada.
Uma das metodologias mais eficazes que já
utilizei foi a de, inicialmente, fazer uma apresentação conceitual básica,
preparada como uma peça de marketing, apresentando o assunto a ser tratado,
para entusiasmar o público (alunos), com uma linguagem que alcance toda a
turma.
Em seguida o professor passa para a
primeira fase parte dos estudos dirigidos, reunindo os alunos em grupos
operativos, técnica que foi muito bem desenvolvida por Pichon Riviere em sua
obra de psicoterapia grupal.
Cada grupo, inicialmente, é composto por
alunos com níveis intelectuais e cognitivos semelhantes, e os estudos dirigidos
são preparados rigorosamente dentro do nível de entendimento desses
participantes.
O professor, então, visita cada um dos
grupos, durante todo o restante da aula, verificando as dificuldades e
esclarecendo as dúvidas.
A qualquer momento, quando o professor achar
necessário e conveniente, ele pede a atenção de toda a classe, para passar
alguma informação de interesse geral.
Nas semanas posteriores o professor já
analisa se pode mesclar os grupos com alunos em diferentes níveis de
intelectualidade e entendimento, para que todos possam aprender a ajudar a
todos.
A aula inclusiva – parte inclusiva
Sempre que houver uma oportunidade o
professor deverá programar atividades lúdicas pedagógicas, dentro de seus
assuntos, de forma que os alunos especiais tenham praticamente a mesma
facilidade que os alunos ditos normais.
Isso pode ser feito em forma de jogos,
brincadeiras, desenhos, pinturas, etc.
Para preparar os alunos regulares para essa
parte da inclusão propriamente dita, é necessário a realização de Assembleias
de Classe, quando os alunos são levados a entender as dificuldades do colega
especial e são estimulados a colaborar com o seu aprendizado e com a sua
inclusão no grupo.
A aula inclusiva – a avaliação
A avaliação do aluno especial tem que ser
preparada de forma que o professor tenha certeza de que ele saberá responder a
todas as questões, porque essa avaliação servirá, principalmente, para dois
objetivos:
Elevar a autoestima do aluno e quebrar os
bloqueios impostos pela violência simbólica sofrida durante toda a sua vida;
Mostrar para o professor se o seu método de
ensino está correto ou se precisa ser alterado.
Isso significa que se o aluno não obtiver
bom resultado na avaliação preparada pelo professor, a avaliação é que está
incorreta, e não o aluno!
A nota baixa significa que o aluno não foi
devidamente preparado para o nível avaliativo que o professor preparou. Nesse
caso o professor refaz a avaliação no nível que o aluno possa responder.
O aluno especial, então, chegará ao final
do ano letivo, com notas que mostrem a eficácia do trabalho realizado pelo
professor em cada etapa do seu desenvolvimento intelectual e cognitivo.
Essas notas são sempre acima da média
mínima para aprovação daquela escola, já que a evolução desse aluno é medida em
comparação com o nível dele mesmo no mês anterior.
Haverá, obrigatoriamente, um relatório em
anexo com todos os detalhes importantes do acompanhamento realizado durante
todo o ano letivo, para facilitar a continuidade do trabalho pela próxima
escola ou pelo próximo professor.
Casos especiais
Há alunos que apresentem falha na memória
de longa duração, ou seja, lembram do que está sendo ensinado naquele momento,
mas não são capazes de gravar na memória de longa duração, o que significa que
amanhã terão que aprender tudo novamente.
As avaliações desses alunos devem ser
realizadas no mesmo dia do aprendizado, e as suas respostas corretas devem ser
reconhecidas com alegria, pelo professor, para que a autoestima elevada
possibilite o trabalho interno do cérebro, no sentido de ir corrigindo esse
bloqueio emocional ou até, quem sabe, uma possível falha neurológica.
Exemplo de abordagens em diferentes níveis
na mesma classe
Classe oitavo ano Ensino Fundamental.
Matéria: Geografia
Assunto: Vizinhos dos Estados Unidos
Enquanto os alunos do nível 8º ano estão
estudando as diferenças econômicas e sociais dos vizinhos dos EUA, os de nível
intelectual de 1º ano estão grifando os nomes dos países e copiando em outra
folha, e os de nível de educação infantil estão pintando os mapas para
desenvolver a coordenação motora.
Para as avaliações, os de nível de 8º ano
responderão as perguntas previstas no livro, enquanto os de nível de 1º ano
farão cópias das frases com os nomes dos países ou exercícios de associação
entre mapas e nomes, e os de nível de educação infantil terão mais mapas para
colorir.
As notas dos do nível 8º ano serão as que
os alunos obtiverem mesmo, mas as de outros níveis serão sempre acima do
mínimo, para elevar a sua autoestima e facilitar a quebra dos bloqueios
emocionais sempre existentes nos alunos com dificuldades de aprendizagem.
Conclusão
Para saber como acompanhar o aluno
especial, como escolher a turma que ele vai estar incluído e como fazer suas
avaliações, basta que o professor tenha a boa vontade de entender qual a
finalidade de esse aluno estar na escola, e o que ele (professor) pode fazer
para ajudar esse aluno a aprender sempre alguma coisa a mais e desenvolver
habilidades que o permitam alcançar sua autossuficiência pessoal e profissional.