quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Autismo: novos caminhos

Num artigo anterior comentei sobre um detalhe enriquecedor em relação aos autistas. Esse detalhe tem início na identificação do seu “foco de atenção” e, a partir dessa identificação, a descoberta e estímulo de alguma habilidade especial.
É sabido que, por algum motivo ainda inexplicado, grande parte das pessoas com T.E.A (transtorno de Espectro Autista) possui alguma habilidade específica num grau de desenvolvimento muito superior ao de qualquer pessoa considerada normal. Isso surpreende a sociedade!
Essas surpresas, entretanto, nem sempre ocorrem de forma positiva, mas de forma compensatória, ou seja, não se admira, simplesmente, aquela habilidade especial. As pessoas, normalmente, se espantam, tentando entender como uma pessoa “mentalmente anormal” consegue superar as “ditas normais” em atividades intelectuais, criativas, tecnológicas e outras!
Devido a essa forma de entender o autista, a exclusão acaba ficando evidente, mesmo que de forma inconsciente, o que só dificulta o desenvolvimento de todas as outras crianças portadoras de T.E.A ou de qualquer característica especial ou diferenciada.

Cada criança, seja ela autista ou não, deve ser entendida como um novo ser, com características próprias e que precisam ser entendidas, analisadas e compreendidas para que, a partir dessa compreensão, possamos começar o nosso trabalho individualizado visando o seu desenvolvimento intelectual e emocional.
As técnicas a serem desenvolvidas para cada anomalia podem até sofrer variações, mas a compreensão do novo é a base determinante e de extrema importância para todos os casos, incluindo aí aqueles considerados "normais".
Lembrando as partes principais do artigo, recomendamos a atenção ao perigo das comparações! Evitar comparações é uma necessidade básica na relação ensino aprendizagem de qualquer pessoa em qualquer nível. Cada criança é um individualidade e deve ser compreendida como tal. Toda comparação só deve ocorrer entre a criança hoje e ela mesma ontem!
Há necessidade, então, do educador ou terapeuta entrar no universo da criança, como se fosse o seu próprio universo, identificando, assim, o seu foco de interesse. Estimula-se esse interesse ampliando-o socialmente da forma que for possível. Procura-se descobrir habilidades ligadas a tal foco ou, em alguns casos, apenas identificá-las e estimulá-las.

E o mais importante: deve-se demonstrar verdadeira alegria e felicidade com cada vitória alcançada pelo aluno, por mais ínfima que ela seja, visando o aumento de sua auto-estima. Nunca criar expectativas de resultados, mas estar sempre satisfeito com os que estão sendo alcançados, sem deixar de insistir na realização de exercícios e trabalhos, sempre dentro da capacidade e habilidade desenvolvida.

Poucos meses após a divulgação dessas sugestões já surgem alguns resultados positivos. Diversos professores e terapeutas relatam que estão conseguindo conquistar uma relação interpessoal com seus alunos autistas. Esses já alcançaram a fase de "entrar no universo" do autista, identificar o seu "foco de atenção" e ser considerado um parceiro confiável.
Isso nos anima a prosseguir com as experiências e realizar a segunda parte da metodologia, essa já contando com a colaboração dos professores das disciplinas, já que consiste em adequar o ensino de algum assunto dentro de cada disciplina, a partir do foco de atenção. A forma de adaptar esse método a cada matéria é a tarefa que deve ser realizada agora por cada um dos professores envolvidos.

Há casos, entretanto, em que a relação interpessoal é praticamente impossível, principalmente em autistas com síndrome mais difíceis, como por exemplo, a síndrome de Rett. Mas até para esses casos já se vislumbram soluções, principalmente quando há um cientista brasileiro envolvido! Isso não é piada! É a pura realidade! O trabalho que está sendo realizado pelo biólogo brasileiro Alysson Muotri, visa a cura de todos os autistas, por meio da transformação de células tronco em neurônios autistas para depois iniciar o seu processo de cura.
 
Seu trabalho, publicado pela revista CELL, mostrou a criação de neurônios autistas em laboratório, identificou suas diferenças em relação aos neurônios normais e, ao final, tratou-os fazendo com que se transformassem em neurônios normais. Uma reportagem sobre seu trabalho está publicada na página 72 da Revista Época de 15 de novembro de 2010 com o título "Autismo in vitro".
 
(Lembrem de Miguel Nicolelis, outro brasileiro, esse neurologista, que está a meio caminho de descobrir a cura definitiva do Mal de Parkinson e da Epilepsia, tendo iniciado todas as suas pesquisas devido a sua curiosidade que tinha, como simples técnico de computador, em entender e analisar a sinfonia dos neurônios que apareciam nas telas dos eletroencefalogramos nos quais ele fazia manutenção.)
 
Enquanto aguardamos os resultados das pesquisas de Alysson Muotri e observamos o sucesso da trajetória de Miguel Nicolelis, vamos continuar estimulando nossos colegas a buscar melhorar a competência necessária para o entendimento e o desenvolvimento de todas as crianças e adolescentes que estiverem ao nosso alcance, sejam quais forem as suas características psíquicas, emocionais ou intelectuais.

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