Muitos pais desejam a felicidade de seus filhos da mesma forma que desejam um copo de cerveja ou uma xícara de café, ou seja, sem dar a devida importância e sem entender que um desejo desse porte significa uma grande responsabilidade de atitudes e de pensamentos.
Para conseguir essa felicidade estampada para sempre no sorriso e nas atitudes de nossos filhos, devemos, antes de qualquer coisa, entender um pouco do processo de formação da sua mente para interferirmos no momento certo e da forma correta.
Não há qualquer mistério e nem é, absolutamente, complicado, mas precisa de dedicação, sinceridade de propósitos e um elevado grau de responsabilidade. E embora muitas sejam as técnicas e as recomendações, basta seguir uma delas que o resultado será percebido em pouco tempo.
Vamos comentar hoje sobre a necessidade da criança se sentir satisfeita emocionalmente durante sua formação. Mas vamos entender, principalmente, o que significa essa satisfação emocional.
A aparente felicidade que a criança mostra quando todas as suas vontades são satisfeitas é um sentimento de felicidade passageiro, acompanhado de uma ansiedade de insatisfação futura.
Ela se acostumará a se sentir satisfeita a partir da realização de suas vontades pelos outros, ou seja, sempre dependerá da boa vontade dos outros para se sentir feliz.
Essa criança será um adulto cuja satisfação dependerá sempre de ter mais que os outros, criando, em seus objetivos de vida, uma grande dependência material, gerando, como consequência, uma forte insegurança emocional, ao perceber que poderá perder suas posses ou parte delas.
Para obtermos a verdadeira satisfação da criança devemos ensiná-la a entender, controlar e direcionar suas vontades de forma produtiva. E é exatamente quando alguém que a ama, a controla e a ensina a se controlar, que ela começa a construir registros mentais interiores de segurança e satisfação emocional.
A criança precisa estar segura emocionalmente em todos os momentos, e isso só acontece quando ela sente que alguém, que ela ama, está delimitando seus passos e suas percepções, trazendo uma verdadeira sensação de proteção e de amor.
O atendimento de todas as suas vontades e a falta de limites cria na criança a sensação de abandono e perda de referência. O que pode, a princípio, ser entendido como sinal de liberdade e felicidade, cria, na realidade, a perda da vontade de conquistar e a perda do sentido da própria vida. Uma criança sem limites é um adulto sem perspectivas de vida e permanentemente insatisfeito com o mundo.
A criança sem controle é a que, mais tarde, revolta-se exatamente com aqueles que fizeram todas as suas vontades, engrossando os noticiários dos jornais por meio de crimes contra os próprios pais ou avós, abalando a sociedade.
Os limites devem ser sempre claros e bem explicados e as punições jamais devem ser esquecidas. Deixar de cumprir uma promessa de punição tem o mesmo resultado da ausência do próprio limite e os resultados são sempre negativos.
A criança ou o adolescente deve estar seguro também de que, a qualquer momento, ele conta com o amor e a compreensão do pai e da mãe, mesmo que os pais estejam separados. Separados ou não a responsabilidade dos dois é a mesma, assim como são as mesmas as necessidades dos filhos. Para a criança o pai e a mãe são duas partes imprescindíveis de sua segurança emocional, não havendo qualquer possibilidade de escolha. Ela precisa de um e de outro e nunca de um ou de outro!
Se os pais estão separados, o trauma da perda provoca um choque emocional que só pode ser aliviado ou compensado quando ambos, ex-marido e ex-mulher, aprendem que, junto do filho, só devem falar das qualidades do ex-parceiro. Qualquer comentário negativo sobre o ex-cônjuge é sentido pela criança como uma agressão a si mesmo, o que a deixa insegura e infeliz. E para agir corretamente basta fazer o exercício da descoberta de valores e virtudes de seu ex-parceiro. Por pior que as pessoas sejam ou tenham sido, sempre possuem alguma qualidade. Prenda-se nela quando estiver com seu filho. Esqueça os defeitos.
Se os pais estão juntos a preocupação deve ser a de demonstrar permanentemente a segurança da relação conjugal. Nada perturba mais a formação mental de uma criança do que o receio de uma separação ou uma briga entre os pais. Exercícios de tolerância e de compreensão mútua devem ser realizados constantemente, principalmente quando o filho estiver por perto. Os frutos dessas atitudes são os melhores possíveis.
Esse amor deve ser incondicional e sem chantagens emocionais. E esse amor deve ser exercitado, a cada momento, com gestos simples e sinceros que valem muito mais do que qualquer riqueza material. Abraçar, ouvir e criar um ritual! Esses são nossos principais conselhos para esse passo.
Abraçar significa dar um forte e seguro abraço no filho, transmitindo e recebendo a energia mútua do amor existente em ambos. É o alimento da alma.
Ouvir significa estar atento aos momentos em que o filho precisa ser ouvido. Devemos aproveitar cada momento para exercitar essa escuta ativa, ou seja, escutar com atenção e sem interrupções, tudo aquilo que o filho tem a dizer, evitando concluir as frases ou dar conselhos apressados e possivelmente equivocados.
Criar o ritual de segurança emocional é a parte mais importante e eficaz. Pelo menos uma vez por semana, de preferência no mesmo dia e hora, estabeleça o ritual da conversa íntima entre toda a família, sem televisão, sem rádio ou qualquer interferência externa. Todos devem sentir a simples presença da integração familiar. É uma conversa de amigos, livre e descontraída, onde haja ambiente para a liberdade de expressão, onde os pais devem mais ouvir do que falar. A segurança emocional resultante desses rituais é realmente algo inacreditável, principalmente quando se deixa claro que esses momentos serão sempre repetidos e respeitados.
Esses são os principais alicerces da segurança emocional que servem como blocos para a construção da verdadeira cultura do caráter de seu filho e assim garantir a sua felicidade.