Uma citação causou polêmica: "Não existe mau aluno. Existe mau professor."
Foi para refletir mesmo e para causar polêmica! Afinal, a maioria dos professores prefere colocar a responsabilidade da falta de educação doméstica, ou em alguma doença, ou até na índole desse aluno, do que ter que repensar sua forma de lidar com eles de maneira a contribuir para seu processo de transformação comportamental.
Vamos aos fatos:
A) O procedimento mais comum:
Constata-se a existência do aluno mau. Se ele está se comportando assim na escola, é porque não houve a educação doméstica adequada. É verdade! Os professores, então, para poder "dar sua aula" para os alunos bons, mandam avisos para casa, advertências e suspensões, até o extremo da expulsão desse aluno. A turma passa a ser constituída apenas dos alunos bons e daqueles que, com receio de serem excluídos, passam a se comportar de forma semelhante aos bons.
O aluno mau não existe mais. Ele agora vai atrapalhar outro professor e outros alunos em outra escola, ou vai fazer parte de alguma gangue de rua, aumentando o índice de menores na criminalidade. Estamos livres dele! Melhoramos o nosso ambiente educacional! Nossa escola agora é uma escola modelo! Todos educados, estudiosos, todos sendo aprovados nos vestibulares e nos concursos. Nossa vida de educador passou a ser um paraíso!
Tudo ótimo até que, um dia, quem sabe, sejamos assaltados por ele na rua. Mas, mesmo nesse caso, dificilmente acharemos que a existência daquele marginal tem a ver com a atitude que tomamos de simplesmente o excluirmos de nossa sala. Colocaremos a culpa no sistema, nos dirigentes escolares, nos governantes ou nas famílias e continuaremos nossa vida normal, dando aulas para os alunos bons e sendo assaltados pelos nossos ex-alunos maus.
B) A fuga da responsabilidade:
Quando analisamos o mau resultado do procedimento mais comum, ao invés de vermos professores preocupados em encontrar soluções adequadas, constatamos uma forte tendência para fugir da responsabilidade, principalmente quando alguém, como eu, insiste em dizer que nós somos os principais responsáveis pelo resgate desses alunos perdidos!
Mais interessante ainda, e também comum, é quando esses professores que desejam "lavar as mãos", passando a culpa para o sistema, declaram em alto e bom som: "Suas ideias são muito boas na teoria. Na prática não funciona".
A educação nunca se livrará de seus problemas enquanto os educadores estiverem convencidos de que não são capazes de mudar alguma coisa, nem de provocar a transformação de alunos maus em alunos bons.
Nossas ideias não são teorias, mas resultado de aplicação prática, em sala de aula, com todos os tipos de alunos, principalmente aqueles considerados irritantes, inquietos, agressivos ou desinteressados. Não procure encontrar impecilhos em tudo o que você encontra pela frente.
C) Procedimento ideal:
Constata-se a existência do aluno mau. Se ele está se comportando assim na escola, é porque não houve a educação doméstica adequada. É verdade! Tudo igual até aqui. Agora vamos dar alguns passos importantes, todos necessários, mesmo que trabalhosos, mas vamos apenas apresentar seis passos, para que cada um, inicialmente, planeje a sua forma de enfrentar cada desafio:
1º) Procurar identificar as causas externas (ausência dos pais, educação equivocada, abuso físico ou sexual, abuso psicológico, mau exemplo, etc.);
2º) Procurar meios de interferir nessas causas (com auxílio do Conselho Tutelar ou outro organismo qualquer);
3º) Procurar encontrar, no aluno, o seu foco de interesse, para ganhar sua confiança;
4º) Estimulá-lo a partir da descoberta de seu foco de interesse;
5º) Reconhecer seu trabalho para aumentar sua autoestima;
6º) Criar métodos para incluí-lo no grupo de colegas.
sábado, 4 de junho de 2011
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