Cuidado com as dezenas de artigos “a favor” ou “contra” a
Ritalina e, mais ainda, com os comentários sobre o TDAH como “doença fabricada”
ou “doença real”.
Não deixem de ler tudo o que se publica a respeito, mas
analisem com cuidado se há alguma intenção camuflada nas entrelinhas, incluindo
aí os meus próprios pronunciamentos, já que posso também estar errando em
alguma coisa.
Na dúvida, vamos provocar um debate com profissionais sérios
que estejam desvinculados de obrigações antiéticas com fornecedores ou
autoridades corrompidas pelo sistema.
No final desse texto eu informo o endereço de dois links
importantes:
O primeiro enviando para um blog de Selma Carvalho, onde ela
apresenta as razões para duvidar até da existência do TDAH como doença séria.
De acordo com suas fontes o TDAH foi uma doença fabricada pelo neurologista
Leon Eisenberg. O mesmo Dr Eisenberg teria se arrependido do que fez e divulgou
algumas declarações bombásticas antes de morrer.
O segundo envia para um trabalho acadêmico da UFRJ sobre os efeitos colaterais do metilfenidato,
onde os articulistas defendem a ideia de que não há qualquer perigo real na
aplicação do remédio e que seus
efeitos principais são excelentes.
Temos, então, aí, dois extremos. O extremo assustador,
colocando o metilfenidato como um grande vilão, e o extremo de uma área
científica, minimizando os efeitos colaterais do remédio.
Como lidar com isso?
Vamos começar pela parte que mais nos interessa, como
educadores e como pais, que são os sintomas que surgem nas crianças.
O sintoma ligado ao TDAH que mais preocupa e incomoda a
todos é a hiperatividade. O outro, o déficit de atenção, só preocupa, já que
pode significar o fracasso escolar.
Hiperatividade, quando existe realmente, é um sintoma de
alguma doença. Entre essas doenças está o TDAH. Mas quem vai definir a doença é
o neuropediatra ou o psiquiatra infantil. Algumas das doenças que apresentam
tal sintoma podem não ter qualquer relação com o TDAH e, portanto, pode ser até
que o remédio utilizado para TDAH, que é à base de metilfenidato, não funcione
ou dê efeitos indesejáveis.
Então, se a criança apresenta sintoma de inquietação
exagerada, chamemos de inquietação exagerada, mas nunca de hiperatividade. Não é
da nossa competência, como educadores e pais, a elaboração de algum tipo de
diagnóstico! A não ser que sejamos médicos dessa área de atuação.
Temos, sim, a obrigação de observar, analisar e pesquisar se
a inquietação exagerada está na nossa área de atuação, e é exatamente aí que
está um dos maiores problemas da educação atual: Todos querendo “livrar-se da
sua responsabilidade”, transferindo o problema para a área médica!
Antes de sugerir aos pais o encaminhamento para um
neuropediatra ou para um psiquiatra infantil é obrigação nossa verificar se a
inquietação é proveniente de:
1.
Alimentação inadequada;
2.
Falta de proteção pró-biótica;
3.
Educação equivocada;
4.
Trauma emocional;
5.
Rotina estressante;
6.
Exposição exagerada ao computador, vídeo game ou
televisão.
Ou seja, vamos analisar toda a rotina e forma de
relacionamento da criança, para ir corrigindo, aos poucos, esses elementos
provocadores da inquietação.
Além disso, os professores devem estar cientes de que,
acompanhar uma criança que apresenta alguma característica especial de
comportamento ou cognição, significa um desafio que tanto pode ser estimulante
como pode ser estressante, a depender da forma como nos entregamos ao trabalho.
As principais virtudes necessárias para esse professor e
esses pais são entusiasmo, dedicação, atenção, paciência e perseverança, para
permitir uma permanente análise das alterações comportamentais e cognitivas que
estiverem ocorrendo, para que sejam tomadas as decisões adequadas. A seguir
vamos analisar alguns dados mais evidentes.
1.
ALIMENTAÇÃO INADEQUADA:
O excesso de alimentos contendo glúten, guloseimas,
salgadinhos, refrigerantes, são todos elementos suspeitos de causar inquietação
e, inclusive, déficit de atenção.
O costume de dar um copo de achocolatado à criança antes de
dormir é outro elemento causador da inquietação da manhã seguinte.
A falta dos nutrientes adequados à formação integral da
criança, principalmente os encontrados nos legumes, frutas e verduras, é também
causa de falha no funcionamento normal do organismo, podendo estimular tais
sintomas ou até provocar o seu surgimento.
2.
FALTA DE PROTEÇÃO PRÓ-BIÓTICA:
A falta de probióticos no organismo, o que pode ocorrer pelo
uso frequente de antibióticos orais, também é um elemento considerado de
primordial importância na saúde física e mental da criança. Estudos profundos
realizados pelo Dr William Shaw mostra uma relação muito séria entre a falta
dos probióticos e uma série de doenças que afetam o cérebro da criança, entre
elas o autismo e o TDAH.
Se houver necessidade de dar antibiótico oral à criança é
recomendável solicitar, do próprio médico, a orientação sobre o tipo e a
quantidade de probióticos que deve ser consumido pela criança, para compensar
os efeitos do remédio.
3.
EDUCAÇÃO EQUIVOCADA:
Percebe-se que grande parte das inquietações das crianças
está ligada a ausência de um processo educacional adequado em casa. Ou se
exagera no rigor educacional sem qualquer laço de afetividade, ou se exagera na
afetividade sem qualquer controle disciplinar.
Uma criança sem limites certamente entenderá que pode fazer
tudo o que ela quiser. Isso significará, na escola, uma inquietação toda vez
que for obrigada a fazer uma atividade que não gosta. É o que normalmente
chamamos de “falta de surra”!
Não que concordemos com “espancamentos”. Claro que não! Mas
o limite é a única forma que a mente em formação entende para construir o
autocontrole nos lóbulos pré-frontais. A falta de limites acomoda os elementos
que deveriam servir, no cérebro, para controlar os sistemas motores.
4.
TRAUMA EMOCIONAL:
Traumas emocionais podem ocorrer em todas as fases da
formação da criança. Alguns desses traumas nunca serão conscientes, já que a
mente tenta esconder da pessoa aquilo que poderá fazê-la sofrer.
Mas mesmo de forma inconsciente esses traumas trazem
bloqueios emocionais graves que, certamente, poderão provocar sintomas muito
semelhantes às mais diversas doenças, síndromes e transtornos.
A existência de alguns traumas pode ser descoberta por meio
de entrevistas com os pais, ou em conversa descontraída com a criança, ou
apenas por meio de uma terapia analítica.
5.
ROTINA ESTRESSANTE:
A análise criteriosa da rotina da criança também é
importante devido a tendência dos pais em criar atividades extras para os
filhos, com a intenção de compensar a sua ausência no seu processo de formação.
Deixar o filho ocupado o dia inteiro (banca, esporte, dança,
idiomas, etc.) pode parecer produtivo, mas pode trazer um estresse cumulativo,
extravasando por meio de inquietação exagerada.
6.
EXPOSIÇÃO EXAGERADA AO COMPUTADOR, VÍDEO GAME OU
TELEVISÃO:
Estudos publicados na Revista Science, já há alguns anos,
mostram o aumento do índice de agressividade em adolescentes que, quando
crianças, passavam mais de uma hora por dia em frente a um aparelho de TV
ligado.
Os jogos em computador são, hoje em dia, os maiores vilões
provocadores da inquietação exagerada e, principalmente, da agressividade
infantil.
Analisando-se cada um desses elementos geradores de
inquietação exagerada, o papel do educador passa a ser o de encontrar os meios
necessários para tentar eliminar as causas possíveis de eliminação, reduzir os
efeitos das que persistirem e desenvolver constantes atividades estimuladoras
de atenção e aprendizagem.
As crianças que não melhoram seu comportamento nem sua
atenção depois de passarem por todo esse processo devem ser encaminhadas para o
profissional médico, sempre com o relato mais detalhado possível de seu
acompanhamento, sem que seja sugerido qualquer laudo. O encarregado disso é
exclusivamente o médico.
Sugiro a leitura desses dois textos, cujos links estão
inseridos abaixo, para sua reflexão.
1.
Comentário sobre Leon Eisenberg
2.
Estudo sobre os efeitos colaterais do
metilfenidato (IPUB/UFRJ)
http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol31/n2/100.html
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