E a água vai, linda,
voluntariosa, decidida, mas trazendo a infinita sabedoria que a leva a
contornar, com arte e com amor, todos os obstáculos à sua frente.
Mais do que, simplesmente, o
ato de contornar, ela consegue, em seu maravilhoso percurso, transformar tudo o
que faz em arte.
A primeira, e a que mais nos
chama a atenção, é a arte visual, pela beleza cristalina de sua imagem,
refletindo raios da luz incidente e recheando de espumas os contornos das
pedras.
Em seguida surge a arte
auditiva, sentida pela beleza harmônica das ondas sonoras, essas sendo o
resultado do agradável roçar de seu curso nas arestas das pedras.
E, se estivermos parados em sua margem,
sentiremos também a sua arte olfativa, provocada pelo estimular da vegetação,
banhada pela sua passagem, produzindo uma imensa diversidade de aromas, com a
sutileza desse roçar afetivo entre dois reinos distintos, o mineral e o
vegetal.
Quanta sabedoria em um
simples ato de contornar os obstáculos, mas deixando a sua marca, por meio de seu
contato afetivo, repleto de uma energia transformadora, a energia do amor!
Quanta sabedoria ela
demonstra, conseguindo, sutilmente, com o passar do tempo, tornar lisas e
arredondadas, todas as pedras que, antes, só apresentavam arestas perigosas e
ameaçadoras!
Essa é a sabedoria da água do
riacho, essa é a sabedoria de uma artista que já nasceu assim, humilde, da
nascente à foz, crescendo no percurso, muito forte ao se transformar em
cachoeira, e desafiadora ao encontrar a imensidão do mar.
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