A constatação, pelos pais ou pelos professores, de algum
tipo de dificuldade de aprendizagem, nem sempre é uma coisa muito tranquila.
Há pais que, por falta total de conhecimento, se negam a
acreditar na existência de um problema real, que pode ser até um transtorno ou
síndrome neuropsíquica, rotulando seu próprio filho de preguiçoso ou
desinteressado.
Mas também há professores, profissão que exige esse tipo de
conhecimento, que incorrem exatamente nesse mesmo erro! Insistem com o aluno
para que ele realize algum tipo de atividade, rotulando-o de preguiçoso ou
relapso, sem procurar identificar se existe algo a mais, além de uma aparente
falta de vontade de raciocinar, estudar ou escrever...
Até mesmo a preguiça contumaz ou a aparente desatenção pode
estar escondendo alguma espécie de mecanismo de defesa para camuflar uma
dificuldade real. E essa dificuldade, que tanto pode ter origem em simples
bloqueio emocional, como em alguma patologia neuropsíquica, precisa ser descoberta,
identificada e acompanhada.
Se isso não é feito, os resultados são os piores possíveis
para essa criança. A partir do rótulo de preguiçoso, desatento ou, pior ainda,
burro, ela pode assumir forte sentimento de inferioridade perante seus irmãos,
primos e colegas de rua e de escola, piorando ainda mais essa sua dificuldade.
O período escolar passa a ser um período de desespero,
sacrifício, tristeza e revolta. Está criado um aluno cujas perspectivas de vida
são as piores possíveis.
Ou ele vai apresentar uma característica de total apatia em
sala de aula, ou vai tentar camuflar sua dificuldade, se mostrando inquieto,
bagunceiro ou agressivo, mas dificilmente conseguirá, sozinho, vencer suas
dificuldades para poder crescer intelectual ou emocionalmente.
Muitos desses alunos desistem de estudar e abandonam a
escola, porque se sentem incapazes de aprender alguma coisa.
As consequências nós vemos todos os dias: o crescimento da
população marginalizada, o aumento da criminalidade, o consumo e o tráfico de
drogas, e muito mais.
O que precisamos, todos, entender, é que essa realidade pode
ser revertida de forma muito simples, embora trabalhosa.
O segredo está na dedicação que nós, pais e professores, precisamos
ter para entender cada uma das crianças em sua individualidade. Só assim
poderemos identificar as características específicas de cada um e a forma que
cada um deles apresenta para entender e compreender a nossa fala e os
ensinamentos que queremos passar.
Quando, nesse processo de entendimento individual, encontramos
dificuldades acima da média, está na hora de iniciarmos o processo de
identificação dessas dificuldades, procurar ajuda dos profissionais adequados e
iniciarmos a fase de acompanhamento especial, em casa e na escola.
A partir desse ponto, a depender do tipo de dificuldade,
surgem diversos caminhos a percorrer:
Ao médico interessa identificar e iniciar o tratamento de
alguma possível anomalia neuropsíquica, se houver.
Ao psicólogo interessa identificar e tratar alguma
dificuldade comportamental, se houver.
Outros profissionais podem ser necessários, como o
fonoaudiólogo e o nutricionista, por exemplo.
E a nós, pais e professores, interessa o seu desenvolvimento
pessoal, emocional e intelectual.
Nosso ponto de partida é a identificação de suas habilidades
atuais, mostrando ao aluno, a cada momento, do que ele é capaz, para elevar a
sua autoestima, desenvolver a sua autoconfiança e criar força de vontade.
Em seguida o processo é, basicamente, utilizar essas
habilidades para descobrir e estimular o desenvolvimento de suas
potencialidades.
A continuidade desse processo permitirá a redução ou até a
eliminação dos sintomas impeditivos de seu desenvolvimento, abrindo caminho
para a construção da sua autonomia e o seu sucesso pessoal e profissional.
É muito importante que todos lembrem que, casos considerados
perdidos, pela medicina, tornaram-se sucesso mundial, como, por exemplo a
autista Temple Grandin, que continua autista, mas que é, hoje, pós doutora em
ciência animal, cientista reconhecida mundialmente, palestrante internacional e
professora universitária.
A ciência médica ainda não entende o que ocorre nesses
casos, mas o esforço dos pais e professores é a grande diferença!
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