terça-feira, 28 de março de 2017

Interpretação e Aplicação da Lei Brasileira de Inclusão


Vamos conversar, hoje, sobre a interpretação correta de uma parte da Lei Brasileira de Inclusão, para ver se eliminamos algumas dúvidas.

1º ponto – o que é considerado “deficiência” pela Lei?

O Art. 2º diz claramente que:

“(...)considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas(...)”

Então, analisando os tipos de impedimentos:

“(...) de natureza física(...)”:

Dificuldade de locomoção, de controle motor da fala, de comando motor da escrita e outros.

“(...) de natureza mental(...)”:

Atraso mental leve, moderado ou grave refletindo em idade mental diferente da cronológica.

“(...) de natureza intelectual(...)”:

Mesmo sem atraso mental, dificuldade de entendimento de alguma disciplina, por algum tipo de bloqueio, cujas causas podem ser emocionais ou psíquicas, provenientes de educação equivocada, comparações na infância ou traumas por abusos físicos ou sexuais.

“(...) de natureza sensorial(...)”:

Dificuldades diversas relacionadas aos elementos sensores como visão, audição, tato, paladar, olfato e mais quaisquer sensores não conhecidos pela ciência biológica.

2º ponto – quem analisa e define se existem essas deficiências, segundo a Lei?

“(...) a avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar(...)”

O “quando necessária” está dizendo claramente que nem sempre haverá necessidade de alguém para fazer tal avaliação, já que há situações em que a dificuldade de aprendizagem está mais do que clara para todos!

Mas, “quando necessário”, a escola deverá escolher alguém que entenda da dificuldade do aluno, por isso a Lei diz “biopsicossocial”, ou seja, profissionais que entendam das características das dificuldades desse aluno, entre as relatadas na própria Lei, que são:

“(...) impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo(...)”

“(...) fatores socioambientais, psicológicos e pessoais(...)”

“(...) limitação no desempenho de atividades(...)”

“(...) restrição de participação(...)”

A competência no entendimento dessas “características impeditivas da aprendizagem” não é do médico, isso é importante deixar bem claro, mas sim dos profissionais de pedagogia, que são:

Pedagogo

Psicopedagogo

Neuropedagogo

A escola, então, para considerar um aluno como cliente do Atendimento Educacional Especializado, pode solicitar a análise e o relatório de algum ou alguns desses profissionais, que são os que detém a necessária competência em relação ao processo pedagógico de aprendizagem.

Não está aí incluído nenhuma especialidade médica, já que a competência médica é necessária para atendimento clínico, mas nunca para atendimento pedagógico.

3º ponto – por que os técnicos do MEC estão exigindo Relatório Médico, se ele não é necessário, para que um aluno seja matriculado no AEE?

Infelizmente há técnicos ligados ao MEC que não têm conhecimento das normas do próprio MEC ou não souberam interpretá-las corretamente.

Por causa dessa dificuldade de interpretar as leis é que o próprio MEC publicou a Nota Técnica 04/2014/MEC/SECADI/DPEE de 23/01/2014, que tenta deixar bem claro que laudo médico é para tratamento clínico e não para acompanhamento pedagógico!

Entre outras coisas a Nota Técnica diz que:

NT-“(...) o AEE caracteriza-se por atendimento pedagógico e não clínico(...)”

A competência do médico é para realizar o atendimento clínico.

Para o atendimento pedagógico a competência é do pedagogo, ou do psicopedagogo e ou do neuropedagogo.

E então, devido a essas diferentes competências:

NT-“(...) o direito das pessoas com deficiência à educação não poderá ser cerceado pela exigência de laudo médico(...)”

E, para deixar bem claro que exigir LAUDO MÉDICO é um absurdo e ilegal, a NOTA TÉCNICA ainda diz que:

NT-“(...) a exigência de diagnóstico clínico dos estudantes com deficiências (...) configura-se em discriminação e cerceamento de direito(...)”

Acredito que não haja mais dúvidas sobre isso!

4º ponto – o que o professor deve fazer durante a aula, quando em sua sala existe um aluno com 
dificuldade de aprendizagem?

O Art. 27 da Lei diz que é obrigatório assegurar o:

“(...) sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem(...)”

Então está claro que a explicação do assunto da aula, a tarefa a ser realizada durante a aula, a tarefa passada para casa e a avaliação deverá ser realizada de forma a alcançar o “(...)máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem(...)”.

Vamos criar uma situação para análise?

Sala de aula 8º ano. Aula de matemática. Assunto potenciação. Aluno com idade mental abaixo da idade cronológica e nível intelectual equivalente ao 2º ano.

Se o professor der uma aula expositiva sobre potenciação, no nível do 8º ano, o que acontecerá com o aluno especial, cujo intelecto está no nível do 2º ano?

Opção a) Ele ficará super satisfeito em estar em uma sala onde o professor fala uma linguagem que ele não entende e mais satisfeito ainda quando vê que seus colegas entendem tudo e ele não entende nada. Ele elevará a sua autoestima e assim ele se sentirá animado para sempre tentar aprender coisas impossíveis e estranhas ao seu conhecimento. Com essa autoestima elevada o seu cérebro estará sempre trabalhando a seu favor e ajudando a reduzir os sintomas de dificuldade de aprendizagem.

Opção b) Ele ficará triste e desanimado em estar em uma sala onde o professor fala uma linguagem que ele não entende e mais triste e desanimado ainda quando vê que seus colegas entendem tudo e ele não entende nada. Ele vai reduzir a sua autoestima e assim ele se sentirá desanimado porque sabe que vai ter que sempre tentar aprender coisas impossíveis e estranhas ao seu conhecimento. Com isso, baixa a sua autoestima e o seu cérebro estará sempre trabalhando contra ele mesmo e aumentando ainda mais os sintomas de dificuldade de aprendizagem.

É óbvio que a resposta certa é a opção b!

Ou seja: esse procedimento do professor está totalmente contrário à determinação legal do Art. 27, já que dar esse tipo de aula, onde há um aluno especial, não está ajudando a obter o “(...)máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem(...)”.

O que esse professor está tentando fazer é fingir que não está percebendo que o aluno especial não está entendendo nada, deixa-lo isolado em um canto da sala, ignorar o fato de ele não entender as tarefas, de ele não realizar os trabalhos para casa e de ele tirar zero nas avaliações e, ao final do ano, lançar zero em seu boletim e, nas observações colocar: aprovado por ser aluno especial!

Esse professor, além de estar em desacordo completo com o Art. 27 da Lei, está conseguindo baixar ainda mais a autoestima desse aluno, o que vai fazer com que o aluno se sinta cada vez mais inferior em relação aos seus colegas e à sociedade, desistindo de estudar e desistindo de viver socialmente.

Esse professor estará decretando a infelicidade desse aluno!

5º ponto – qual a função de cada profissional, em uma escola, quando temos alunos de inclusão matriculados?


Para não estender muito a nossa conversa de hoje, leiam o nosso artigo ou assistam ao vídeo 
“Educação inclusiva e os cinco passos básicos da coordenação”, no qual eu especifico a verdadeira função de cada um, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão que é a que nós estamos discutindo.

domingo, 19 de março de 2017

Maconha: Como reverter os sintomas do uso continuado


Olá, amigos,

A nossa conversa hoje é em resposta a meus amigos que foram levados ao consumo frequente da maconha, uns por carência afetiva, outros por pura curiosidade, ou por modismo, e que, agora, estão 
preocupados com os sintomas que surgiram.

É bom deixar claro que essa conversa não serve para quem nada quer saber sobre sua saúde orgânica nem mental, e que prefere continuar “curtindo” seu baseado.

Ou seja: para quem prefere acreditar que o consumo da maconha não faz nenhum mal ao organismo, nem assista ao vídeo e nem leia o artigo.

Nossa conversa é para quem está consciente dos prejuízos em seu organismo, ou no de algum amigo, e que quer se livrar deles, ou ajudar um amigo a isso, para que seja possível voltar a ter uma vida normal, com todos os prazeres, sem necessidade de aditivos.

Antes de mais nada, saibam que nunca é tarde para dar a volta por cima e reconstruir toda essa estrutura mental que foi alterada pela droga.

Lógico que o organismo de cada um é diferente, o que significa que o tempo de recuperação não é padrão para todos.

Mas o mais importante é querer voltar a ter uma vida normal, com suas motivações naturais, seus sentimentos e emoções funcionando normalmente, podendo voltar a ser uma pessoa satisfeita para com a vida.

Tudo começa com a criação daquela força de vontade que pode ter sido esgotada aos poucos.

Nada é impossível. Apenas não crie expectativas de resultados imediatos. Os resultados virão aos poucos, mas de forma definitiva.

Vamos saber primeiro onde ocorreram os prejuízos?

FIGURA 1




Tudo começa nos neurônios, são quase cem bilhões na nossa cabeça.

Eles são células especializadas, responsáveis por todo o trabalho do nosso cérebro.

Para tudo na nossa mente e no nosso organismo funcionar, os neurônios precisam estar em constante comunicação entre eles por meio das suas antenas.

Aí está a figura de um deles.

Essas antenas chamadas de dendritos recebem informações de milhares de outros neurônios nas proximidades.

Essas antenas chamadas de axônios são as que transmitem informações para milhares de outros neurônios.

Essa comunicação entre eles é por meio de descargas elétricas e por liberação de substâncias químicas.

As substâncias químicas, que são chamadas de neurotransmissores, são as principais responsáveis pela nossa emoção, nosso sentimento e nossas motivações.

FIGURA 2


Nessa figura você vê as vesículas cheias de bolinhas que são as substâncias químicas neurotransmissoras.

Abaixo é a figura de uma vesícula liberando essas substâncias.

No receptor do outro neurônio, são recebidas as substâncias liberadas.

Esses neurotransmissores são os que permitem que a gente sinta alegria, tristeza, raiva, medo, disposição, indisposição, vontade, falta de vontade, e assim por diante.

Entre essas substâncias estão: dopamina, serotonina, adrenalina, etc.

Quando nós ingerimos drogas de forma continuada, sejam elas lícitas, como álcool e medicamentos, ou sejam ilícitas, como a maconha, cocaína e outras, o nosso organismo detecta que existem substâncias a mais do que as que precisariam ser liberadas e começa a reagir contra isso.

A depender das características do nosso organismo, essas reações podem ser lentas ou rápidas, mas sempre acabam reduzindo a produção dos neurotransmissores naturais, coisa que vai fazer falta mais tarde.

Em alguns casos o organismo começa a criar uma rejeição a essas drogas externas, fazendo com que elas percam o efeito.

Em outros casos podem surgir reações fatais, como AVC precoce, ou sintomas diversos, como já comentamos nos vídeos anteriores sobre esses assuntos.

A mais comum é a síndrome amotivacional, uma crise de falta de vontade para tudo, desânimo para com a vida, sentimento de incapacidade de raciocínio, e desmotivação até para o sexo.

Qual o caminho a seguir?

Lógico que, para quem tem possibilidade de investir em um tratamento de recuperação, há clínicas especializadas nisso. Há até tratamento online, como o oferecido pela www.sossobriedade.com.br/terapia-online

Mas para quem não pode arcar com esses custos, vamos a três dicas simples, mas importantes, que podem ajudar bastante nessa recuperação.

É importante se livrar dos pensamentos sabotadores, que são aqueles que surgem “do nada”, apenas para desanimar a gente a iniciar qualquer atitude de mudança radical em nossa vida! Livre-se deles!

Então vamos lá:

Cada uma dessas metas precisa que seja cumprida com prazer, ou seja, que seja descoberto o prazer em cada atitude, em cada momento, em cada trabalho, em cada estudo, em cada planejamento.

As três dicas são: 1ª – alimentação e água; 2ª – rotina e metas; 3ª – comunicação intrapessoal.

Vamos a 1ª – alimentação e água

Beba água frequentemente. Embora refrigerantes e sucos contenham água, o importante é reservar espaço para água pura.

Invista em uma alimentação de qualidade, para que o organismo, incluindo o cérebro, se fortaleça aos poucos, para dar suporte a uma nova fase de energias e motivações que marcarão o seu retorno à normalidade.

Faça um bom planejamento em que estejam incluídos todos os tipos de frutas, legumes, verduras, ovos, etc. O ideal é buscar a ajuda de um nutricionista.

Mas o mais importante: alimente-se e beba água com prazer. Para isso procure colocar em seus pratos o seu tempero favorito e curta suas refeições.

2ª – rotina e metas

Escreva a sua rotina diária e analise. Veja o que precisa manter, o que pode eliminar e o que pode mudar.

Nesse planejamento coloque um momento para fazer algo que você gosta muito. Se alguma coisa que você goste muito não possa ser feito diariamente, programe de forma semanal, ou duas ou três vezes por semana. Mas é importante que as coisas que você curta estejam sempre em seu planejamento.

Crie uma meta para cada dia e assim você vai criando o seu objetivo de vida. Mas se você já tiver um objetivo de vida, crie suas metas diárias visando a realização desse objetivo.

Crie horários fixos para ter acesso as redes sociais, jogos eletrônicos etc., para evitar que eles dominem seu dia e criem a angústia da falta de tempo ou da falta de produtividade.

Inclua, nessa rotina, atividades físicas regulares, sem exageros que possam fazer você desistir delas. 
Escolha caminhada em um dia, musculação em outro, natação ou aeróbica no terceiro, numa sequência leve, mas prazerosa, que trará energia e vitalidade, com certeza.

3ª – comunicação intrapessoal

Essa é a parte mais importante, e é a que vai voltar a ligar você a você mesmo!

Nada de criar expectativas de resultados imediatos, porque isso só traz angústias e atrapalha tudo!

Está sendo constatado, todos os dias, que a nossa mente trabalha incessantemente tentando corrigir todas as anomalias em nosso organismo.

Não há, absolutamente, limites, para essa atuação terapêutica que é realizada por nós mesmos.

Então, basta seguir as orientações para elevar a sua autoestima a cada momento de sua vida, que sua mente estará trabalhando a seu favor, e nunca mais contra você.

Ela produzirá toda a medicação necessária à sua recuperação (os neurotransmissores), e com uma imensa vantagem em relação às prescrições médicas:

As substâncias químicas geradas pelo seu organismo não trazem qualquer tipo de efeito colateral, nem produzem dependência alguma!

E para que isso ocorra com mais facilidade e com maior rapidez, nossa atuação deve ser, em primeiro lugar, não atrapalhar esse processo natural, que seria, por exemplo, criar ou dar atenção, a pensamentos negativos ou sabotadores.

Não queira esquecer os pensamentos negativos nem os problemas! Isso porque, no momento em que queremos esquecer de alguma coisa que nos faz mal, aí é que nossa mente faz esse pensamento ficar ainda mais forte!

Deixe-os lá! Apenas comece a dar mais atenção ao que é bom, que é a recomendação que vem agora, em segundo lugar:

Comece a identificar seus valores, suas virtudes, seus pontos positivos, seus bons relacionamentos, ou seja: tudo o que há de bom em sua vida e que, por causa dos problemas, você está esquecendo deles.

Aprenda a gostar de você. Na realidade, a amar você!

Dedique um momento de seu dia para apreciar você, iniciando pela maravilhosa e prazerosa arte de respirar, mas imaginando que é a força de seu coração que está trazendo o ar para os pulmões e expelindo ele de volta. Sinta isso com prazer.

Em outro momento, bem relaxado, procure sentir a vibração de todas as células de seu corpo.

Quando elas começarem a vibrar, sinta isso como um momento de prazer.

Aos poucos você perceberá que até as células neurais, ou seja, os neurônios do seu cérebro, parecem estar vibrando junto!

Juntando esses dois exercícios com as recomendações 1 e 2 que dei no início, pode ter certeza de que seu organismo, sozinho, mesmo sem ajuda externa alguma, vai começar a se recuperar totalmente, um pouco a cada dia.

E o mais importante é que, além de se recuperar, você estará construindo um novo EU, ou seja, uma nova personalidade, mais segura em relação a você mesmo, e pronta para passar a viver uma vida de satisfação, sucesso e felicidade.

Assista, também, ao meu vídeo: Reflexões sobre o Sentido da Vida.

Lá eu dou mais algumas dicas sobre isso.

Assista o vídeo, leia o artigo, e reflita. Qualquer dúvida entre em contato comigo e vamos trabalhar, juntos, nessa recuperação total!

Breve você será outro!

É isso, amigos!

Forte abraço!
Sejam muito felizes!

domingo, 12 de março de 2017

Reflexões sobre a angústia no relacionamento amoroso



Amigos,

Por que, por vezes, surge um forte sentimento de angústia no meio de um relacionamento amoroso? 

O que há de errado nessa relação? Qual o motivo dessa sensação de infelicidade que, algumas vezes, chega a ser insuportável?

Vamos analisar uma das razões pelas quais essa angústia pode surgir, para que esse mal seja evitado.

Nas reflexões sobre o Sentido da Vida percebe-se que o objetivo diário de alguém que pretende ser feliz, é a construção do seu amor interior.

E essa construção do amor interior, deve ser feita de uma forma quase que egoísta, para que seja garantido o mais perfeito equilíbrio emocional.

Uma vez construído esse amor interior, surgem as oportunidades de compartilhá-lo. Não há sentido na construção do amor sem que seja para compartilhá-lo.

Isso é muito bom, mas é exatamente a partir desse compartilhamento que podem surgir os perigos do desequilíbrio.

Não, exatamente, por compartilhar, mas sim por criar, inconscientemente, a necessidade de ser correspondido, ou seja, de receber de volta o mesmo amor e com a mesma intensidade!

Ao criar essa necessidade surge uma dependência afetiva séria e perigosa, fazendo com que a satisfação pessoal que havia sido conquistada por meio da construção do amor interior, seja substituída pela necessidade de receber amor externo, amor recíproco, com a mesma intensidade do que foi transmitido.

Aos poucos, essa dependência se transforma em sentimento de posse, quando surge o sentimento de ciúme, que pode alcançar níveis quase doentios.

Isso ocorre porque a simples constatação de que seu amor não é correspondido traz o sentimento de insegurança afetiva, fazendo surgir o estado depressivo característico de um desequilíbrio emocional.

Essa é uma das causas da angústia em pleno relacionamento amoroso.

A constatação dessa angústia é o alarme para voltarmos ao início de tudo, refazer todo o planejamento da vida afetiva e emocional, para consertar tudo de novo!

Sim!

Voltar ao início da construção do amor interior! Tudo de novo! Começando com a energização de todas as células, e uma revisão completa no planejamento dos objetivos do seu dia.

Afinal, tudo estava dando certo até que, ao compartilhar seu amor você sentiu necessidade de receber esse amor de volta e com a mesma intensidade.

Você, na realidade, não compartilhou!

Você estava vendendo o amor que construiu, e quem vende quer receber o pagamento.

O pagamento é o recebimento da mesma intensidade do amor entregue.

Isso é comércio de afetos. Não é amor!

E esse é um dos maiores erros do ser humano. Um erro que impede, a maioria das pessoas, de alcançar a felicidade.

Seu estado de felicidade depende sempre da complementação do amor recebido do outro!

Fragilidade total de sentimentos. Instabilidade nas emoções. Falta de segurança em si mesmo! 
Ausência de amor próprio!

As pessoas são levadas a esse erro de tanto ouvirem falar que cada um de nós precisa achar a outra metade da nossa maçã.

Que precisamos, para nossa satisfação interior, encontrar o complemento de nossa alma!

Nada disso, amigos!

A construção do amor é individual e é uma coisa muito séria.

Para isso precisamos, antes de tudo, entender quem somos, como somos, como sentimos, sem esconder nada de nós mesmos.

Ter consciência da nossa verdadeira identidade nos permite amar essa nossa identidade!

Ninguém tem o direito de interferir na nossa forma de gostar de nós mesmos como somos.

Nada de querer que os outros nos aceitem, nem que gostem de nós como somos! Nós é que temos que gostar de nós mesmo e de como somos!

E para isso não precisamos aparecer, criar imagens diferentes, chamar a atenção de ninguém, chocar o outro, impressionar o mundo!

Precisamos, apenas, conhecer nossa real identidade interior e criar o amor por nós mesmos.

E, a partir disso, estaremos prontos para transmitir esse amor ao outro, pelo simples prazer de dar amor ao outro, sem necessidade alguma de receber algo em troca!

Mas para isso precisamos nos libertar do grande erro humano, que é a necessidade do reconhecimento e do agradecimento por aquilo que fazemos.

Enquanto estivermos nesses níveis de necessidade, nunca seremos felizes de verdade!

Como fazer isso?

Vamos a uma técnica que aprendo com meu avô, que sempre foi a pessoa mais feliz que já vi em minha vida.

Escolha alguma pessoa que esteja em uma situação de dificuldades e que você, se fizer um pequeno esforço, poderá ajudá-la a sair dessa.

Analise de que forma você, de forma totalmente anônima, poderá dar essa ajuda.

Importante planejar essa ajuda de forma que essa pessoa nunca saiba que foi você quem a ajudou. 
Mas nunca mesmo!

Isso significa que sua ajuda vai ser entendida como uma graça recebida, mas sem nenhuma relação com você.

Nunca essa pessoa terá condições de ligar a ajuda a você. Mas ela estará feliz por ter recebido essa graça.

Você acompanhará a mudança no estado emocional dela, mas de longe! Analisará se suas atitudes foram suficientes para melhorar a vida dela, ou se precisa continuar a ajuda ou mudar a forma da ajuda, sem poder, jamais, receber algum agradecimento nem reconhecimento, já que você faz isso de forma totalmente anônima.

Sua satisfação por ter tido sucesso nessa empreitada é o que você precisa para se livrar desse grande erro humano.

Conseguindo isso você realmente evoluiu.

Essa evolução mental é a que permitirá alcançar os maiores níveis de felicidade real.

Conseguimos melhorar a vida do outro, sem que o outro sequer saiba quem somos nós e, por vezes, nem nos conheça.

Isso é amor verdadeiro. Amor que nos liberta da necessidade de ser correspondido! Amor que nos liberta das angústias, das tristezas, dos estados depressivos e de tudo o mais que tanto aflige o ser humano normal...

Não seja um ser humano normal...


Dê oportunidade à sua felicidade, dela existir de verdade!

segunda-feira, 6 de março de 2017

Reflexões sobre um menino na escola

De repente surge, na escola, um menino!

Todos olham espantados!

Vejam aquilo: um menino!

Como será que ele nos ouve? Como será que ele nos enxerga? Como será que ele nos compreende? O que será que ele sabe da vida? Quais são os conhecimentos que ele tem? Será que ele fala? Como ele se comunica? Como será que nós poderemos entende-lo? O que será que ele pode aprender conosco? 

O que será que poderemos aprender com ele?

Pois é! Parece estranho o que eu disse?

Pode parecer estranho, mas esse procedimento deveria ser o certo!

Mas, pena que isso não aconteça em nossas escolas.

Isso talvez acontecesse em Antares, ou em algum outro sistema estelar, se um menino do nosso planeta tivesse sido abduzido por uma nave espacial alienígena e levado para lá.

Aí sim, esse menino seria analisado em suas habilidades e conhecimentos para que, a partir daí ele começasse a ser instruído com os conhecimentos que, aos poucos, ele fosse sendo capaz de entender.

Mas estamos no planeta Terra!

Aqui em nossas escolas os meninos ao entrarem em uma escola são considerados todos iguais, com as mesmas habilidades, com a mesma capacidade de aprender, com os mesmos conhecimentos básicos, mesmo que esse menino seja autista, seja disléxico, seja discalcúlico, seja microcéfalo, ou tenha lá a característica intelectual ou cognitiva que tiver.

Suas diferenças serão ignoradas e ele vai ter que aprender da mesma forma que todos os outros, ou melhor, ele vai receber as mesmas instruções que todos os outros, mesmo que não esteja entendendo uma só palavra daquilo que está sendo mostrado a ele.

Mas não faz mal. A escola, ao final do ano, vai colocar em seu histórico escolar:

Notas obtidas: 0,0 (zero)

Aprovado por ser aluno especial.

E pronto!

Nossa obrigação está cumprida, lavamos as mãos, e vamos para casa satisfeitos com o dever cumprido.

Mas, quanto ao aluno?

Ah, bom! Faltou pensar no tal menino.

Esse, que já vem sofrendo uma violência simbólica desde que nasceu, vai perder tudo o que restava da sua autoestima, vai se considerar inferior a todo o resto da humanidade, nunca mais vai conseguir aprender coisa alguma, vai desistir da escola e ficará eternamente na dependência de alguém para sobreviver.

Então nossa escola é assim?

Sim! Infelizmente é exatamente assim que pensam muitos professores, coordenadores e dirigentes escolares por esse nosso mundo...

Não bastou Comenius, em sua Didática Magna, escrita e publicada ainda no século XVII, dizer bem claro que:

“Age idiotamente aquele que pretende ensinar aos alunos não quanto eles podem aprender, mas quanto ele próprio deseja”

Então, vamos refletir um pouco:

Antes de decidirmos o que devemos fazer com algum menino na nossa sala de aula, vamos tentar entender quem é ele, como ele nos entende, como ele lê, como ele ouve, como ele processa as informações, como ele raciocina, quais os seus conhecimentos básicos, quais as suas habilidades e tudo o mais, para, aí sim, começarmos a trabalhar com ele.

Partir do princípio que todos são iguais seria muito prático para nossa atividade docente, mas, na realidade, poderemos estar cometendo um verdadeiro crime de abandono intelectual!

E o mais interessante é que, quando estávamos estudando os teóricos da educação, todos diziam que a educação, a aula, os conteúdos, as tarefas e as avaliações devem tomar como centro o aluno!

Só esqueceram de nos avisar, com mais clareza, que esse “o aluno” não é uma padronização de cérebros com o mesmo conhecimento e as mesmas habilidades, mas que cada aluno tem as suas características especiais, e que assim, cada um deverá receber uma atenção de acordo com as suas características específicas.

Então, seguir um cronograma educacional padronizado para uma série escolar só funciona para os alunos, daquela sala de aula, que estiverem no mesmo nível cognitivo e intelectual.

Os demais precisam que esse conteúdo esteja adaptado à sua realidade de entendimento, raciocínio e elaboração.

Assim sendo, ao dar uma aula para os alunos de sua sala de aula, esteja seguro de que suas palavras e seu ensinamento está sendo entendido por todos, incluindo o autista, o disléxico, o discalcúlico, o microcéfalo e todos os demais.

Como dar uma aula assim?

Experimente a aula por dinâmica grupal, que serve tanto para uma sala com todos os alunos no mesmo nível, como para alunos em diferentes situações de aprendizagem.

Assista o vídeo sobre o assunto e experimente. Se quiser mais detalhes, escreva para nós. Essa metodologia foi baseada nos Grupos Operativos, de Pichon Riviere.

Como passar tarefas e avaliações em sala com alunos especiais incluídos? As tarefas têm a mesma capa, as mesmas figuras, os mesmos desenhos, mas os conteúdos terão que estar exatamente dentro da capacidade de entendimento e elaboração de cada um dos alunos com dificuldades de aprendizagem.

Se não for assim, de que vai adiantar passar uma tarefa para um aluno que, ao tentar lê-la, nada entende do que está ali escrito?

Mas se o conteúdo estiver adaptado à sua compreensão, embora com o mesmo formato, os alunos especiais não se sentirão diferentes.

Se eles perceberem que as tarefas ou avaliações são diferentes, a resposta é bem simples:

Todas são diferentes, para evitar que um copie a do outro! Só isso!

E as tarefas para casa?

Infelizmente os pais de grande parte dos alunos especiais não aceitam a deficiência do próprio filho, e assim só atrapalham o seu desenvolvimento.

Por isso, o professor só deve passar para casa, as tarefas que ele tem certeza absoluta de que o aluno especial saberá resolver sozinho!

De preferência esse aluno já deve ter resolvido tarefa semelhante na sala e, assim, a tarefa para casa servirá para elevar a sua autoestima, já que os pais ficarão espantados positivamente, por ele resolver sozinho, além de elevar a autoestima dos próprios pais, que assim não atrapalharão o desenvolvimento de seu filho.

No mais, o que precisamos ter bem claro em nossa mente, todas as vezes em que temos um aluno de inclusão, é que o ponto principal de todo o processo é elevar, e manter elevada, a sua autoestima, todo o tempo.

Fazendo assim teremos certeza de que o cérebro desse menino estará trabalhando a favor do seu desenvolvimento, reduzindo as suas deficiências e aumentando a sua capacidade cognitiva e intelectual.

Mas para que isso dê certo, é melhor que coloquemos um quadro bem grande na sala dos professores, nas secretarias de educação, nos conselhos municipais e estaduais de educação e no MEC, com a frase que Comenius criou, em sua Didática Magna, do século XVII, e que repetimos aqui:


“Age idiotamente aquele que pretende ensinar aos alunos não quanto eles podem aprender, mas quanto ele próprio deseja”