domingo, 31 de dezembro de 2017

Intolerância e amizade


Nossa reflexão agora é sobre o atual nível de intolerância, que gera ignorância e que destrói as amizades:


Oi amigos!
Já falamos de sentimentos e emoções, mas faltou falar de intolerância e amizade!
Todos vocês já devem ter lido postagens, nas redes sociais, mostrando “dicas” para que você identifique quais dos seus contatos devem ser excluídos, eliminados de seu grupo de amigos, por terem ideias absurdamente diferentes das suas!
Isso está tão comum que chega a incomodar!
Nas ruas, nas faculdades, nos movimentos sociais percebe-se, claramente, que sempre existe uma opinião dominante, em forma de consciência coletiva imposta, impedindo que qualquer pessoa que pense diferente possa se expressar.
Muitas vezes essas pessoas são até ameaçadas, simplesmente por pensarem diferente!
Vamos enfatizar: Ideias absurdamente diferentes das suas!
Interessante isso! Considerar que todos devem pensar exatamente igual a mim, é a melhor forma de eu me fechar em minha própria ignorância. Sim! Porque uma opinião sem possibilidade de evolução, é ignorância.
Porque é exatamente dessa forma que nunca teremos qualquer oportunidade para evoluir em pensamentos, ideias, opiniões, conhecimentos e tudo o mais!
Vejamos:
Se seu ciclo de amizades ficar restrito apenas as pessoas que conhecem exatamente o que você conhece, que entendem o que leem, exatamente como você entende, que emitem opiniões exatamente iguais às suas, que gostam exatamente das mesmas coisas que você, que torcem pelo mesmo time que você, que professam a mesma religião que você, que são seguidoras do mesmo partido político ou da mesma linha política que você, que acreditam no mesmo sistema de governo que você, e assim por diante, sabe o que vai acontecer com você?
Você estará se fechando, por decisão própria, dentro de uma caverna tão limitadora como a que Platão descreveu em suas obras!
Por isso que eu sempre insisto em relembrar o MITO DA CAVERNA!
Para evitar que as influências dos nossos amigos intolerantes nos levem a agir exatamente igual a eles. 
Essas intolerâncias só nos levam a um caminho: o caminho de entrada na caverna, uma caverna da qual será praticamente impossível sairmos.
Já que não aceitaremos sequer conversar, quanto mais conviver, com amigos que, absurdamente, pensam de forma diferente daquela imposta pela caverna!
Vamos ignorar todos os amigos que, por algum motivo, conseguiram sair da caverna!
Por isso, amigos, peço que reflitam, mais uma vez, agora sobre intolerância e ignorância, já que uma leva à construção da outra!
Agora vamos pensar um pouco, cientificamente!
Cada pessoa tem a sua forma de raciocinar. Para que cada um de nós emita uma opinião, a mente vai buscar todas as informações que estão memorizadas, que são, na realidade, a nossa cultura, a nossa vivência, a nossa experiência de vida.
Tudo isso vai sendo gravado e arquivado em nossa memória, desde o nascimento. Algumas dessas informações já vem até de nascença.
E é claro que cada um de nós tem uma experiência de vida diferente, características culturais e de costumes diferentes, vivências diferentes, e tudo o mais.
Então será sempre muito difícil duas pessoas terem exatamente a mesma opinião ou elaborar o mesmo tipo de pensamento sobre alguma coisa, a menos que um queira agradar ao outro, ou que seja obrigado a concordar com o outro por algum motivo!
As informações que a mente usa para esses raciocínios são específicas para cada pessoa em cada cultura, em cada família e alteradas por influências as mais diversas.
Então o melhor caminho é refletir bastante sobre isso, é respeitar a opinião diferente e, principalmente, a opinião contrária à nossa, porque só procurando entender as razões pelas quais as pessoas têm opiniões diferentes, é que poderemos evoluir em nosso conhecimento, em nossa forma de ver o mundo e, em suma, em nossa sabedoria!
Meus amigos são meus amigos porque são meus amigos, mas não porque pensam igual a mim!
Tenho amigos que gostam do Bolsonaro! Tenho amigos que detestam Bolsonaro! Tenho amigos que acreditam em tudo o que Lula diz! Tenho amigos que consideram Lula o maior corrupto desse país!
Tenho amigos que não estão nem aí para Bolsonaro nem Lula, nem para político algum!
Tenho amigos que professam religiões como a católica, as protestantes, ou as espiritualistas. Tenho amigos que não acreditam em Deus. Tenho amigos que não estão nem aí para a existência ou não de Deus! 
Tenho amigos que são socialistas, outros são capitalistas, outros são monarquistas, outros não estão nem aí para nada disso!
Tenho amigos que acreditam que a Terra é plana! Muitos até!!! Tenho outros amigos que acreditam que ela é redonda...
Tenho amigos que são homofóbicos, tenho amigos que são machistas, tenho amigas feministas, tenho amigos que não gostam de homossexuais, tenho amigos homossexuais e bissexuais.
Então, que fique claro:
Meus amigos têm as suas próprias personalidades, as suas próprias opiniões, as suas próprias formas de ser e de pensar, e nunca, jamais, precisarão fingir que concordam com as minhas.
Mas quem deseja selecionar amigos pela opinião, pode me excluir. Não posso fazer parte de gueto exclusivista.
Gosto de respeitar todas as ideias e formas de ser, por mais divergentes que possam parecer. Sempre aprendo mais com isso.
Mas...
Essa nada mais é do que a minha opinião...

Forte abraço, amigos!

COMPLEMENTO APÓS O RECEBIMENTO DE COMENTÁRIO DE AMIGOS:

Vou acrescentar um detalhe no texto, a partir da maravilhosa intervenção de um amigo:

Realmente somos levados a querer "consertar" opiniões que consideramos ridículas ou inaceitáveis, principalmente aquelas cientificamente incorretas para o nosso conhecimento científico atual.

Poderíamos incluir aí a ideias dos "terraplanistas", por exemplo, e outras tantas, como as polêmicas em relação a ida do homem à Lua, a redução da população mundial pelos "Iluminatis", a existência de um mundo espiritual onde todos estarão após a morte, a própria existência ou não de Deus, o criacionismo versus o evolucionismo e muitas outras.

Mas, por mais absurda que seja (PARA CADA UM DE NÓS) uma dessas idéias, não sou da opinião de que devam ser ridicularizadas, principalmente porque, mesmo em pleno século XXI, não acredito que tenhamos conhecimento suficiente para saber o que é certo nem o que é errado em nada disso! Apenas ACREDITAMOS que nosso modelo científico atual é muito mais correto do que os anteriores. Mas anteriormente todos os cientistas também achavam o mesmo do seu modelo e ridicularizavam os anteriores!

Lembro, por exemplo, que em 1976 participei de um debate numa universidade em Melbourne onde se discutiam ideias absurdas emitidas pelos "visionários" filósofos gregos, entre eles Aristóteles e sua ideia sobre o coração como elemento principal da personalidade humana.

Hoje, mais de 40 anos depois, o HearthMath Institute e mais alguns ouotros Centros de Neurociências estão no caminho de comprovar Aristóteles e, além disso, dar um verdadeiro nó na mente das pessoas que precisam de transplante de coração! Já que o coração parece ser a pessoa, e não o corpo e o cérebro! Ou seja: onde está a ideia ridícula aí? Em Aristóteles ou nos cientistas do HearthMath Institute e demais institutos de neurociência?

Por isso, minha opinião (MINHA, QUE PODE SER COMBATIDA À VONTADE) é a seguinte:
Se uma elaboração de uma opinião contraria completamente a minha forma de ver aquele assunto, eu não só respeito a pessoa que a elabora, mas também procuro respeitar a própria opinião, no sentido de entender e compreender todas as premissas que levaram aquela pessoa a elaborar tal ideia que, para mim, pode ser ridícula.

Assim fazendo, em vez de simplesmente ignorar por achar absurda, eu poderei tentar encontrar as premissas incorretas utilizadas por esse indivíduo e, assim, poderei tentar convencê-lo a achar as premissas certas e mudar sua opinião.

Mas, mais importante ainda: Eu poderei encontrar, em seus argumentos, premissas que eu nem sequer sabia da sua existência, e com isso poderei atualizar meus conceitos em relação aquele opinião.

Ou seja: Para mim todas as opiniões, por mais absurdas que seja, foram elaboradas em premissas que podem estar incorretas ou não, e assim, analisando e consertando as premissas (educando o pensador), poderemos convencê-lo mais facilmente de seus erros.

Mas para isso temos que compreender a sua forma de pensar e isso, para mim, só se consegue, respeitando as opiniões até que sejam encontrados os erros de argumentação.

FORTE ABRAÇO!

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