terça-feira, 20 de outubro de 2009

Humildade do Educador

MAIOR VALOR DO EDUCADOR: ASSUMIR A PRÓPRIA INCOMPETÊNCIA

HUMILDADE para assumir a própria incompetência no trato educacional deve ser o maior valor do educador. Sem ela os resultados são catastróficos! E esses resultados estão em todos os lugares, em todas as escolas e em todas as comunidades! Mas esses maus resultados estão camuflados sob as mais diversas capas, entre elas:

a) Culpa da má educação familiar: “A família que conserte a criança ou encontre outro colégio que o aceite. Aqui não dá para continuar. Ou eu ou ele na sala. Punição nele. Suspensão nele. Reprovação e expulsão para ele.”

b) Doença incurável: “Criança é hiperativa ou esquizofrênica ou tem síndrome disso ou daquilo. Procure um médico para mantê-la sob tratamento medicamentoso. Sem dopá-lo não dá. Ou faz um tratamento ou procure outra escola que o aceite.”

c) Má índole da criança: “Percebe-se que essa criança já nasceu assim. Ela não tem jeito. É má índole mesmo! Não há solução. É um caso perdido.” Esses comentários são os mais comuns entre pessoas que se dizem educadores! Acrescente-se a texto: “Eu tenho experiência de muitos anos de ensino! Sei lidar com crianças e adolescentes. Essa criança extrapola todos os limites Nesse caso não é incompetência minha.”

Pois é, amigos. Mas é incompetência sim! Nós jamais teremos a competência necessária para educar corretamente todos os diferentes tipos de crianças e adolescentes. Nosso papel é tentar entender cada uma dessas crianças em sua individualidade e buscar alguma forma de alcançá-la em seu SELF, que até então está escondido dela mesma.

Todos os pensamentos, palavras e atitudes de qualquer pessoa são frutos de uma construção psíquica bastante complexa. Ninguém age por agir. As ações, por mais que pareçam ser “de momento”, são conseqüências de uma formação interna do indivíduo. E essa formação recebe influências de todos os lados.

Algumas dessas ações são provenientes de características biológicas, trazendo os naturais instintos da espécie humana, mas sofrendo interpretações sociais. Outras provêm de herança genética, trazendo características especiais daquela linha familiar e também com influências do comportamento social. A maior parte das ações, entretanto, provém da construção da personalidade pela influência memética, que pode ser entendida como a influência cultural dos meios onde ela está inserida.

Mas todo ser humano, por maiores que tenham sido as influências recebidas, tem a possibilidade de sofrer mudanças psíquicas que resultem em alteração de seu comportamento. Mas para isso esse ser humano tem que, em primeiro lugar, ser compreendido em suas características pessoais. Há que se identificar as razões que o levaram a agir da forma que age.

E isso só pode ser feito se o educador conseguir a competência necessária à prática da empatia analítica, ou seja: conseguir colocar-se no lugar do outro. A partir daí o educador deverá iniciar um processo de aproximação e conquista. Não há como influenciar qualquer mudança se não se alcança o sentimento dessa pessoa de forma positiva.

O educando tem que “gostar” do educador. Essa afinidade educador-educando é a base para qualquer influência positiva poder existir. A palavra chave é então: CONQUISTA! E para essa conquista ser verdadeira não pode haver falha na ligação educador-educando.

A relação deve ser construída dentro das normas mais conhecidas de todo o universo educacional, que é o exercício da afetividade e do controle, binômio mais conhecido como AMOR + LIMITES. Mas para que esse binômio produza efeito ele deve ser natural. Há que se desenvolver essa prática de forma a que ela faça parte da personalidade do educador.

E para que isso se torne natural há que haver treinamento intensivo e permanente! E todo esse treinamento passa pelo desenvolvimento da capacidade de AMAR a todos, sem qualquer exceção! Embora isso deva ser praticado em todos os momentos de nossa vida e para todos os públicos, podemos nos restringir, inicialmente, à sala de aula.

Começando, então, pela sala de aula, temos que analisar cada um de nossos alunos e procura ver a todos como se fossem nossos verdadeiros filhos, independente de terem pais ou não! Isso significa amá-los de verdade, com a responsabilidade que um pai deve ter, sabendo que AMAR significa tanto dar AFETO como exercer o poder do CONTROLE e a ORIENTAÇÃO.

E nesse treinamento está inserido o desenvolvimento da sua CAPACIDADE DE OUVIR o educando, com toda a atenção necessária à sua plena satisfação de sentir-se protegido, sentir-se reconhecido e sentir-se compreendido. SABER OUVIR é uma virtude!

Mas temos diversos outros pontos a discutir, entre eles o fato de considerar os educandos como seus filhos… Será que todos os educadores sabem educar seus próprios filhos? Não seria bom começarmos pela análise do educador em sua própria família?

Mas por enquanto fico por aqui, principalmente para evitar que vocês digam que não seu para comentar porque eu falei tudo sobre o assunto. Ainda dá para dizer muita coisa, principalmente contra minhas idéias. Aguardo ansiosamente seus comentários.

Abaixo reproduzo um trecho que a Professora Monica Costa mandou sobre Habermas, que tem muito a ver com o que estamos discutindo: “Segundo Habermas, a falibilidade possibilita desenvolver capacidades mais complexas de conhecer a realidade, além de representar garantia contra regressões metafísicas, com possíveis desdobramentos autoritários Evolui-se assim através dos erros, entendidos como falhas de coordenação de planos de ação”


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