domingo, 1 de novembro de 2009

Assistir o filme ou assistir ao filme?

Muitas alterações em nosso idioma decorrem do uso cotidiano de termos que são considerados mais práticos e mais fáceis de entender. Mas muitas outras decorrem da falta total de um ensino de qualidade ou até de professores que realmente conheçam aquilo que ensinam. Acho bastante lógico e natural o uso do "assistir ao filme", pela sua forma gramatical correta. Sempre achei que tal frase "soa" bem, já que tudo o que é praticado como natural acaba soando bem aos ouvidos de quem ouve e de quem fala.
Ao dizer "assistir o filme" o sentido seria o de dar assistência a um pedaço de película que se avariou e precisa de reparo, da mesma forma que um médico assiste o paciente que está doente e precisando de tratamento.
Por que, então, nem todas as pessoas conseguem "sentir" a correção gramatical ao ouvirem alguém falando ou ao lerem um texto publicado? É para isso que chamo a atenção nesse momento.
O problema hoje é que parte dos professores de português não está sabendo sequer escrever nem falar o seu próprio idioma. Assim sendo nenhum dos alunos desses professores conseguirá "sentir" se sua frase está correta, se não está em contato com frases corretas...

Ouvi professores de Ensino Fundamental I em uma determinada escola dizer em sala, em plena aula:

- "Menina! Eu já havia mando você parar de fazer isso!"

- "Na atividade de amanhã nossa turma não pode plantar menas flores que a turma da quarta série."

E assim por diante! Essas crianças crescerão achando ridículo ter que utilizar MANDADO ao invés de MANDO e também absurdo as pessoas não utilizarem MENAS quando estiver relacionado a feminino. Para elas tais incorreções "soam bem".
E assim o idioma vai se moldando à falta total de educação, ao desinteresse pelo ensino correto e a conveniência de um sistema que deseja a todos a mais completa ignorância... E eles (do sistema...) viverão felizes e corruptos para sempre, sem que o povo, cada vez mais ignorante, tenha condições de sequer entender que está sendo LESADO!
Há solução? Lógico que sim! Mas não pela força... Mas pelo prazer de uma boa comunicação e pelo exemplo de cada uma das pessoas encarregadas da formação das crianças e dos adolescentes. Há que se ter professores entusiasmados pela forma correta de se expressar, pela beleza plástica de um idioma bem escrito, bem falado e bem articulado, pela harmonia das palavras e frases bem elaboradas, não só em versos, mas também em prosa.
Da correção gramatical eu me volto para a correção do caráter. Está tudo ligado! Preocupar-se com a forma correta do aluno escrever, falar e fazer contas é parte da preocupação com a formação de seu caráter. E tudo começa com o exemplo pessoal do mestre.
Sim! O exemplo é a base disso tudo! E temos que mostrar aos professores em formação que moldar sua vida em exemplos positivos e construtivos é encontrar o caminho da satisfação permanente. Um professor que vivencia o que ensina, sente prazer pelo que faz. Ele terá condições de amar cada um de seus alunos. E ao ser capaz de exercer essa forma de amor ele constrói um alicerce tão seguro que seus alunos estarão muito mais bem preparados para escapar da maioria das influências negativas que a sociedade impõe.

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