sexta-feira, 9 de abril de 2010

Felicidade existe?

Para quem costuma se deliciar com as palavras de Nietzsche fica fácil ligar as angústias do homem à interminável busca pelo exercício do poder.
A natureza dessa busca, segundo Nietzsche, já está inserida em cada uma das células humanas, todas sempre ávidas pelo exercício desse poder dentro de cada parte do organismo ao qual pertencem.
Da individualidade de cada uma dessas células essa ânsia é transmitida para a totalidade do corpo, sob o orquestrado domínio da mente.
E o homem busca obter a sua satisfação através do exercício do poder.
Mas o homem nem sempre percebe que o poder, sozinho, não é suficiente para trazer sua verdadeira felicidade. Essa exige a satisfação completa ou, pelo menos, o encontro do caminho da sua verdadeira satisfação.
Sem essa percepção o homem busca e alcança o poder, encontrando, com ele, satisfações pontuais que lhe trazem uma falsa sensação de felicidade.
Surge o sucesso material e financeiro; surgem amigos e amantes por conveniência; surgem paixões arrebatadoras, cujo prazer consiste apenas em estar junto do poderoso ou usufruindo de seus recursos materiais e financeiros; mas surge mais forte do que tudo isso, um vazio angustiante, maior que o vazio da falta de poder, já que agora não são encontrados, com facilidade, os seus motivos.
É esse vazio que dá ao homem a sensação de incompletude e que ele vai procurar saciar com a busca de mais poder, mais dinheiro, mais ações exibicionistas, um novo carro, uma nova amante, drogas e mais tentativas frustradas de demonstrar uma felicidade enganosa e inexistente.
Esses poderosos acreditam que o que sentem é felicidade, embora não passe de alegria temporária. Essa falsa felicidade está tão frequente em nossos dias que é comum encontrarmos pessoas que desacreditam a existência da verdadeira.
Um grande escritor, de sucesso mundial, respondeu a um repórter que "(...) felicidade não existe. Existem momentos de alegria (...)". Um doutor em filosofia conversando sobre felicidade me disse que "(...) ser feliz é acomodar-se ao sofrimento (...)". Por que tanta gente desacredita na felicidade? A razão é simples: nunca a encontraram.
Se o homem não se torna feliz pelo exercício do poder isso significa um erro de Nietzsche?
Nada disso. Nietzsche estava certo. O poder é uma necessidade desde a formação da primeira célula no embrião que se tornará um ser humano. Mas esse poder tem que estar lado a lado com outra necessidade básica do homem, que é o amor.
O poder sem o amor pode levar a neuroses, patologias psicossomáticas e até anomalias psicogênicas.
O amor sem o poder pode levar a tristezas, acomodações, decepções e estados depressivos.
O homem precisa, então, montar seu alicerce intelecto-emocional em bases sustentadas pelo poder e pelo amor, que são os elementos imprescindíveis ao exercício da verdadeira liderança.
Só com o exercício dessa verdadeira liderança o homem pode se sentir satisfeito, porque é quando estão envolvidos amor e limites no relacionamento entre pessoas.
Mas esse amor deve ser criado, primeiro, dentro de si mesmo. O processo é simples, pois, afinal, o amor está em cada um dos valores humanos como se fosse uma de suas principais células. Desenvolver cada um deles significará alimentar e fazer crescer o amor interior.

Primeira etapa - Momentos de Reflexão

Para quem ainda não pratica a meditação ou a reflexão, basta escolher um momento de seu dia para "mergulhar" dentro de si, desligando-se do mundo exterior, preferencialmente num ambiente agradável, com uma música lenta apropriada.

Segunda etapa - Resgate do Valor Humano do dia

Nesse momento procure visualizar frases ou imagens que representem o valor que você está resgatando. Procure sentir, virtualmente, o prazer de praticar esse valor e o bem que ele faz a seu estado emocional. Você pode escolher o valor observando, por exemplo, a sequência sugerida pelo IUPE, já que nesse caso até nossos alunos podem sugerir temas, frases e imagens.

Terceira etapa - Pratica do valor escolhido

Planeje pensamentos e atitudes vivenciando o valor resgatado. Coloque em prática essas ações. Cada vez que esse processo for realizado a pessoa estará aumentando a intensidade de seu amor interior e começa a estar pronto para compartilhá-lo com as pessoas e com o mundo. Lembre de vivenciar sentindo, de verdade, o prazer do exercício daquele valor.

As pessoas, ao exercitarem essa vivência, começam a irradiar a energia da felicidade. Essa energia nada mais é do que sentir o prazer de cada emoção positiva que estiver transmitindo. E esse prazer, uma vez experimentado, passa a fazer parte da vida de cada um de nós.

Felicidade, então, não é um objetivo final, mas uma forma de caminhar pela vida. Ela existe e está disponível para cada um de nós. Basta querermos!

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