Há cursos de pedagogia excelentes, assim como há disciplinas de licenciatura sendo ministradas de forma espetacular em uma série de faculdades. A maioria desses cursos orienta e acompanha estágios de seus alunos, para que a teoria ensinada seja colocada em prática e, a partir daí, eles possam estar iniciar o seu trajeto na docência.
Mas na prática mesmo, na hora que ele se vê diante de uma turma totalmente de sua responsabilidade, é que o professor-teórico começa a ter as suas grandes oportunidades para se tornar um verdadeiro educador-prático. Entre essas oportunidades estão:
1. Aprender que cada turma tem uma personalidade própria e, por isso, sempre existe a possibilidade de se encontrar um foco de interesse comum. A primeira etapa da docência é a conquista da turma. Essa conquista só será realizada quando o professor encontrar esse interesse comum e se basear nele para preparar suas estratégias de conquista.
2. Aprender que após a conquista da turma o professor deve partir para a conquista de cada aluno, na sua individualidade. Essa conquista do indivíduo é fundamental nos dias de hoje, quando o professor acaba tendo como missão secundária, compensar a ausência afetiva e limitadora dos pais.
3. Aprender que cada aluno tem um interesse diferente e que se você não descobrir esse “foco de interesse” de cada aluno eles nunca terão o menor interesse pela sua matéria.
4. Aprender que cada aluno está num estágio cognitivo diferente e, portanto, aquilo que você fala não será, de forma alguma, entendido da mesma maneira por toda a turma.
5. Aprender que nenhum professor aprende a ensinar com seu professor de faculdade, mas sim com os seus alunos mais problemáticos!
6. Aprender que, mesmo trafegando bem em cada uma dessas etapas, cada aula merece uma preparação responsável e dedicada, para que o momento de seu encontro seja um verdadeiro show de conhecimento e entusiasmo pelo assunto, como se você fosse um apresentador de TV entusiasmado com uma notícia que vai mudar a forma de todos verem a sua própria vida e assim estarem mais estimulados para o estudo e a pesquisa.
7. Aprender que quando o aluno está desinteressado, o problema não é dele, mas seu, ou seja, você ainda não conseguiu descobrir o seu foco de interesse para que ele “se ligue” no assunto.
8. Aprender que quanto mais difícil for a sua turma, ou seja, quanto maiores os desafios a serem enfrentados, maiores são as chances de você realmente aprender a ser professor e a amar aquilo que faz. Ser professor de turmas educadas, comportadas, dedicadas e estudiosas não é ser professor. Turmas assim não precisam de professor. Um computador é mais barato e muito mais eficaz.
9. Aprender que “não gostar de um aluno” significa que você está confundindo o aluno, que você precisa aprender a amar, com o seu comportamento exteriorizado, que não é culpa dele, mas sim reflexo da sua educação doméstica.
10. Aprender que “não gostar da turma X” significa que você “caiu” na profissão errada! E se esse erro de escolha fosse prejudicar apenas o seu sucesso pessoal, menos mal, mas é justamente esse erro que está contribuindo para a péssima formação de nosso povo, com os resultados catastróficos em termos de falta de caráter, irresponsabilidade, desonestidade e tudo o mais que assistimos na TV todos os dias...