terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Devaneios de Andersen: Nós e a Coréia do Norte nesse primeiro dia do ano

Que sol maravilhoso nessa manhã do dia 1º de janeiro! Pelo menos aqui em minha chácara, em Salvador, quando desde cedo eu e Irani apreciávamos os pássaros e os seus cantos, enquanto ela aparava meu cabelo, para evitar que as crianças e os adolescentes do colégio se divirtam fazendo trancinhas...

Meu filho Erich já ligou! Passou o réveillon na praia de Vilas do Atlântico com minha nora Ivana e devem regressar por volta das onze e meia, para irmos todos almoçar com minha sogra... Programão! Mas, são coisas da vida! Pelo menos Isoli, meu cunhado, deve preparar um de seus maravilhosos pratos especiais, entre eles um saborosíssimo salmão ao molho de maracujá, que ninguém resiste!

Meu filho Caio, como não poderia deixar de ser, ainda dorme tranquilo em seu quarto, mesmo depois da mãe lhe levar uma vitamina, que ele tomou dormindo mesmo...

A noite de passagem de ano foi como todos os anos e, infelizmente, sempre sobram violências, agressões em alguns locais. Numa das ruas próximas a minha chácara uma discussão evoluiu para pancadaria e daí vieram tiros. Resultado: Um morto! Alguns dos meninos que trabalham aqui comigo já relataram tudo, desde o momento do ocorrido, isso às três da manhã.

Leio as notícias e me detenho nas declarações de Kim Jung-Un, o atual ditador da Coréia do Norte, sobre mudanças radicais em seu regime, visando evolução total tecnológica e social! Segundo ele, 2013 será o ano, para a Coréia do Norte, de "grandes criações e mudanças".

Uma das suas frases é de efeito surpreendente: "Devemos realizar uma mudança radical para construir um gigante econômico com o mesmo espírito e valor demonstrados na conquista do espaço: este é o lema que nosso partido e o povo devem apoiar este ano"

Ele também declarou que é importante, para alcançar seus objetivos, que seja eliminado o confronto entre norte e sul.

Aí é que entra a nossa tentativa de análise:

Até que ponto o regime de Kim Jung-Un é o vilão internacional e até que ponto os nossos bloqueios econômicos impostos ao seu país assumem o papel de vilão também?

Lembro que durante uma conferência em que participei na Coreia do Sul, há alguns anos, líderes do sul estavam arquitetando um programa de reaproximação com seus irmãos do norte. Houve, inclusive, uma visita de familiares permitida pelo governo do norte. Na época o governante era o falecido pai de Kim Jung-Un.

As maiores dificuldades eram mostradas como sendo do rigoroso regime de isolamento do norte, ou seja: o norte era o vilão! E assim é passada uma péssima imagem do norte para todo o mundo capitalista! Será totalmente verdade?

Mas vamos deixar de lado um pouco o antigo ditador e fixar nossa análise no atual. Como conseguir governar fazendo algo de útil em seu país se:

Por um lado, precisa estar ligado ao regime "newcomunista" chinês, difícil de entender ainda, mas deixando claro que não abre mão da exploração humana e ignorando qualquer movimento em favor dos mínimos diretos do cidadão. Todos sabemos disso, principalmente porque eles não se preocupam em esconder essa realidade. Nós, os ocidentais, é que ignoramos o que eles fazem com seus habitantes, para poder usufruir dessa exploração, colocando fábricas nossas em seu território, e obter produtos muito mais baratos que os fabricados aqui, onde existem salários, direitos trabalhistas etc...

Por outro lado, o governante tem que procurar atender às famílias de seus habitantes, que precisam reencontrar a parte que foi separada deles. Parte essa que vive no país capitalista meio "americanalhado" do sul e demonstrando a prosperidade econômica que eles, no norte, não podem ter?

Por que manter o bloqueio econômico quase total? Qual a verdadeira motivação que leva a própria ONU a recomendar isso de seus membros?

A desculpa é a mesma utilizada para o regime do Iran. Desenvolvimento de armas nucleares! A terrível desculpa de quem as tem e não abre mão delas, mas quer proibir que todos os demais países as tenham...

É bom lembrar que o Chefe da Missão para Desarmamento Nuclear da ONU tentou abrir os olhos do mundo para essa farsa de desarmamento de um lado só! Ele era brasileiro! E logo depois dessas suas ideias foi destituído de seu cargo. Lembram as razões? Inventaram um "desvio de verba" na sua administração... Coisa facilmente "montada" pelos técnicos americanos de seu gabinete... Ficou por isso mesmo!

É justo? Existe algo justo nessas decisões internacionais? Ou o que há é fruto de puro interesse econômico? Eu não tenho nenhuma dúvida sobre isso!

Bom deixar claro que sou totalmente contra o regime comunista, principalmente o da China, mas sou realista e procuro ser o mais neutro possível em minhas análises e reflexões. É importante para mim isso por razões óbvias. Sou educador e responsável pela formação de dezenas de crianças...

Então, se Kim Jung-Un diz que quer mudar a realidade de seu país, por que não ajudar? Qual o interesse em deixar uma vasta população na miséria por meio de bloqueios econômicos que incluem remédios importantes para a saúde local?

Haverá medo de um progresso imediato do norte? Ou haverá medo de uma reunificação  muito em breve? A quem interessa manter a miséria do norte ou a separação de um povo? Os japoneses foram os principais vilões no passado, mas isso foi passado remoto!

Como entender isso então? Quem são os verdadeiros vilões?

Melhor acordar meu filho Caio para darmos uma nadada na piscina, aguardar a chegada de meu filho Erich e minha nora Ivana e depois irmos todos almoçar na casa da minha sogra... Acho que ela me lembra um pouco Kim Jong-Un... (brincadeirinha...)

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