domingo, 29 de setembro de 2013
IUPE Educação: Dificuldades de Aprendizagem 2
Dificuldades, Distúrbios e Transtornos de Aprendizagem
Uma das mais frequentes reclamações dos pais, nos dias atuais, é a dificuldade de seu filho em aprender alguma matéria e, em alguns casos, todas as matérias.
Junto com essa dificuldade surge também a falta total de interesse e a consequente preguiça para estudar.
Precisamos, então, diferenciar essas dificuldades daquilo que convencionou-se chamar de distúrbios, transtornos e outras anomalias.
Percebe-se, em quase todas as classes, que as dificuldades de aprendizagem, em uma ou mais matérias, estão presentes em mais de setenta por cento dos alunos.
Todos esses setenta por cento, então, possuem alguma espécie de dificuldade de aprendizagem, mas apenas alguns, cerca de sete por cento, possuem, além disso, alguma anomalia no funcionamento de suas redes neurais, o que torna essa dificuldade ainda maior e com características mais específicas.
Essas anomalias mais especiais provenientes de alterações no funcionamento das redes neurais, são: o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade); TDA (O mesmo transtorno, mas sem a hiperatividade); Dislexia; Discalculia; Disgrafia; Disortografia e outros.
Vamos enfocar primeiro as dificuldades presentes na maioria dos alunos, independentemente de terem ou não alguma anomalia de origem neurológica, para depois analisar as características específicas de cada um dos distúrbios e transtornos.
Dificuldade de Aprendizagem
As declarações mais comuns ouvidas em casa ou na escola são: “Não adianta eu estudar porque matemática não entra na minha cabeça!” ou “História eu estudo, estudo, mas na hora da prova não me lembro de nada!” E assim por diante.
Estamos diante de uma dificuldade de aprendizagem tradicional que, muitas vezes, carrega junto uma forte “falta de força de vontade” para tentar vencer esses desafios.
A baixa autoestima é uma das características mais comuns em quase todos esses casos.
Quais são as principais causas dessas dificuldades?
Causas das Dificuldade de Aprendizagem
Entre os principais elementos causadores dessas dificuldades está a comparação, feita por seus pais ou professores, com outras crianças da mesma idade, ou com seu irmão mais velho quando este estava na mesma fase de desenvolvimento cognitivo inicial.
Os adultos (pais e professores) custam a entender que cada criança tem a sua velocidade própria de aprendizagem e que, mais importante ainda, cada uma delas tem a sua própria forma para entender as informações que chegam.
Por não respeitarem essas características, é comum a criança ouvir que seu irmão, seu primo, seu colega ou seu vizinho já aprendeu tudo e ele... Nada!
Uma criança que ouve uma comparação dessas só consegue crescer na aprendizagem se tiver uma forte disposição para enfrentar desafios.
Caso contrário ela vai baixar tanto a sua autoestima ao ponto de criar bloqueios emocionais graves, prejudicando todo o seu desenvolvimento cognitivo.
Outro elemento disparador dessas dificuldades é a falta à aula ou a sonolência em sala, causando a “perda do ritmo” no acompanhamento das explicações de uma determinada matéria, principalmente matemática, fazendo com que lhe faltem bases para o entendimento do assunto atual.
O aluno chega à conclusão de que não entende nada da matéria, em vez de procurar estudar o que ficou para trás e assim poder voltar a acompanhar o ritmo da turma.
Essa perda do ritmo já pode ser, também, consequência de uma rotina inadequada ao período escolar, como: dormir muito tarde ou período de sono irregular ou mal programado; alimentação desbalanceada ou insuficiente ou exagerada; estresse cerebral devido a mais de uma hora seguida de exposição à jogos eletrônicos, computadores, video-games ou mesmo televisão; consumo desnecessário de energéticos e outros tantos fatores.
Superação das Dificuldades de Aprendizagem
Para vencer essas dificuldades deve-se analisar, junto com os pais, os principais elementos perturbadores da aprendizagem, e sugerir para a família:
Observar se o consumo de água está sendo suficiente e se a alimentação está balanceada;
Ajustar a rotina diária, determinando hora para estudo, hora para brincadeiras e hora de descanso;
Ajustar o período de sono para que seja suficiente e bem planejado;
Determinar tempo máximo de exposição à jogos eletrônicos e à programas de televisão;
Criar o ambiente para estudo em casa. O ambiente de estudo ideal é aquele em que o aluno percebe que as demais pessoas da família também estão em atividade semelhante;
Reconhecer o esforço do filho e estimulá-lo a melhorar mais;
Evitar criar expectativa de resultado imediato e ter muita paciência e dedicação.
O ajuste desses pontos precisa do apoio da família e, se bem feito, constituirá a base estrutural da sua recuperação cognitiva que, agora, precisará do apoio do professor para:
Identificar o nível de entendimento do aluno em sua matéria ou assunto;
“Provar” para o aluno que ele entende do assunto, mesmo que, para isso, tenha que voltar a assuntos anteriores que servirão de base para o entendimento da matéria;
Passar questionários ou listas de exercícios ou tarefas do livro ou módulo, dentro do seu nível de entendimento da matéria, mesmo que esteja defasado dos demais alunos da turma;
Estimular o aluno a realizar mais tarefas por meio do reconhecimento do seu esforço pelas que foram cumpridas;
Elogiar os acertos, utilizar a estratégia do “quase acertou” para os erros e passar sempre a imagem do entusiasmo.
Evitar criar expectativa de resultado imediato, para evitar desânimo de ambos, aluno e professor;
Realizar todo esse acompanhamento sem preocupação com o alcance do nível da turma, mas apenas o avanço real da aprendizagem em relação ao dia anterior.
Esse procedimento servirá, não só para os alunos normais com simples dificuldades de aprendizagem, mas também para todos os alunos que, além dessas dificuldades, apresentem características de qualquer anomalia cognitiva, incluindo as de origem neurológica.
No próximo texto analisaremos alguns dos mais frequentes distúrbios e transtornos de aprendizagem.
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