O processo de aprendizagem é uma das coisas mais
maravilhosas da espécie humana.
Quanto mais o ser humano aprende, mais ele consegue entender
a realidade à sua volta e mais condições ele terá de interferir nessa realidade,
a seu favor.
Essa interferência, a partir de uma boa bagagem de
conhecimento e da sabedoria proveniente da maturação desse conhecimento, é o
que torna possível as descobertas, as invenções, e todas as demais criações da
espécie humana.
Tudo isso é necessário para uma transformação social
positiva, para o progresso científico e tecnológico e, logicamente, para a
própria evolução da espécie humana.
E é sempre bom lembrar dos ensinamentos fundamentais de Erik
Erikson, quando ele mostra que o ser humano, a partir dos trinta anos, sente
necessidade de começar a ver os resultados positivos de sua contribuição
social, de seu trabalho produtivo e de sua criatividade, metas que só serão
alcançadas por meio da aprendizagem e do uso do conhecimento adquirido com
sabedoria.
A satisfação dessa necessidade é a base para o alcance da
felicidade.
Algumas pessoas confundem esse sentimento com as alegrias
dos prazeres temporários. Esses trazem sensações muito frágeis de felicidade, mas
com curto prazo de validade...
Mas, vamos ao que interessa!
Como poderemos garantir que nossos filhos tenham plena
capacidade para aprender e possam fazer parte desse seleto grupo de pessoas inteligentes,
sábias, produtivas e, naturalmente, felizes?
Para cada fase há uma necessidade diferente.
Vamos enfocar agora apenas a criança em sua primeira fase de
desenvolvimento, que vai até os sete anos de idade.
Primeiro devemos entender quais são os valores básicos e
fundamentais da nossa vida, os valores que significam os verdadeiros alicerces,
sobre os quais todo o conhecimento será construído, permitindo o alcance da
sabedoria, da produtividade e da felicidade.
Esses alicerces são AMOR e CONHECIMENTO.
Todo o resto vira apenas como complemento desses dois
valores básicos.
O AMOR, nessa fase inicial da vida, é transmitido por nós.
Nós pais e nós educadores das creches e escolas de educação infantil.
Entender isso é muito importante, porque a nossa
impaciência, o nosso estresse e o nossa “falta de tempo” podem ser elementos
destruidores dessa transmissão necessária e imprescindível do AMOR.
AMAR a criança é primordial para conquistarmos a sua
confiança e fazer com que ela consiga se desenvolver de forma plena e
equilibrada.
Pais ou educadores precisam estar plenamente seguros de
serem capazes de desenvolver e manter esse AMOR pelos filhos ou pelas crianças
sob a sua responsabilidade.
Havendo a transmissão desse AMOR, haverá a construção do
AMOR interior nessa criança, que é a chave para a início da formatação das
redes de conhecimento de seu cérebro.
Visto isso, que é o principal, vamos agora as dicas para
garantir o desenvolvimento pleno da sua capacidade de aprender.
Como se dá o esse processo?
Em síntese, podemos definir três etapas principais no
processo de adquirir conhecimento:
Na 1ª etapa a criança percebe a realidade externa, captando
seus sinais por meio de todos os seus elementos sensores;
Na 2ª etapa ela tenta relacionar essas informações com
outras já arquivadas em sua memória, para que haja o entendimento;
Na 3ª etapa ela atualiza o conhecimento já existente ou, caso
não exista nenhuma memória semelhante, constrói um novo arquivo.
Nossa criança está em seus primeiros anos de vida, logo, sua
capacidade de captar as informações externas estão em pleno desenvolvimento e é
aí, exatamente aí, que precisamos fazer todo o nosso investimento educacional!
Temos que trabalhar no desenvolvimento de sua capacidade visual,
auditiva, gustativa, olfativa e tátil, assim como na identificação de sentidos
mais complexos, como variação de temperatura, sensação de humidade e secura e
tudo o mais ligado aos seus elementos sensores.
Como se dá essa captação?
O corpo humano possui elementos sensores espalhados por todo
o corpo.
Cada um deles tem uma característica especial, mas todos têm
algo em comum.
Em comum é a transformação dos sinais externos em pulsos
elétricos que são enviados para os processadores localizados no cérebro.
A diferença está no tipo de sinal que cada tipo de sensor
transforma.
Os que transformam sons em pulsos elétricos estão na cóclea,
dentro do ouvido. Eles ficam em toda a extensão dos canais aferente e deferente
da cóclea, captando as frequências das ondas sonoras recebidas.
Os que transformam raios luminosos em pulso elétrico estão
na retina, no fundo do olho. Essas células são de dois tipos. Os bastonetes
captam luminosidade, permitindo a visão em preto e branco. Os cones captam as
frequências coloridas, registrando a percentagem de cada cor na constituição de
cada ponto da imagem.
Para identificar olfato e paladar há as células que
transforma as substâncias químicas dos alimentos e dos aromas em sinais
elétricos, localizados na língua e nas narinas.
Por toda a pele há os sensores que detectam as sensações
táteis (pressão e atrito), há os que detectam variações de temperatura e os que
detectam humidade.
Podemos ter muitos outros tipos de elementos sensores, mas
ainda estão fora do atual conhecimento científico.
Todos esses pulsos elétricos são enviados para o cérebro,
onde são processados para constituir o entendimento de mundo e a aprendizagem
em geral.
Tanto os elementos sensores espalhados por todo o corpo,
como também as redes neurais que vão processar os sinais externos percebidos,
captados e transformados, estão em pleno desenvolvimento.
E é comum que as crianças desenvolvam algumas percepções
mais que outras, o que poderá trazer algum tipo de dificuldade de aprendizagem
no futuro.
Nosso papel principal, então, é criar todos os tipos de
exercícios, jogos, passatempos e diversões visando o estímulo ao
desenvolvimento de todos os elementos sensores por igual, ou pelo menos, da
forma mais equilibrada possível.
Estimular todos os órgãos dos sentidos significa, então,
estimular o desenvolvimento pleno cerebral, ampliando a capacidade cognitiva da
criança e o entendimento correto de mundo.
Para evitar que algum elemento sensor seja esquecido fizemos
uma sugestão às creches e escolas de educação infantil, para que estabeleçam um
revezamento do elemento sensor a ser trabalhado.
Para facilitar o planejamento e a execução, cada mês teria o
seu elemento sensor a ser trabalhado, possibilitando o intercâmbio de ideias
entre as escolas.
A tabela sugerida ficou assim:
Janeiro – temperatura e humidade
Fevereiro – visão
Março – audição
Abril – tato
Maio – olfato
Junho – paladar
E repetindo tudo a partir de julho.
As ideias para tais atividades podem ser extraídas, por
exemplo, de exercícios de desenvolvimento psicopedagógico, utilizando todos os
recursos disponíveis nas escolas ou usando de criatividade para desenvolver
seus próprios recursos com o material disponível.
Como exemplo de exercício institucionalizado, em Curitiba
foi criado o “Jardim das Sensações”.
Nele estão expostas diversas espécies de
plantas, para serem “vistas” com as mãos e cheiradas, pelos cegos.
Um corrimão de metal ajuda o apoio das pessoas com baixa
visão ou cegos, e na frente de cada planta ou flor há uma placa descritiva em
braile.
Diversos colégios mandam seus alunos fazer a visita,
obviamente com os olhos vendados, para que tentem entender a forma como o cego
percebe a natureza à sua frente.
As ideias são livres. O que precisamos é estimular, por meio
de exercícios, todos os elementos sensores.
Exercícios auditivos, por exemplo, devem ser realizados
sempre em nível baixo, mas com o maior número de frequências e tonalidades
diferentes e mudando a direção da fonte sonora, para desenvolver a capacidade
telemétrica auditiva.
Nessa hora pensa-se em chocalhos, sininhos ou mobiles
sonoros. São realmente interessantes, mas é sempre bom lembrar de melodias
clássicas, onde as frequências são bem reproduzidas e a harmonia ajuda no
equilíbrio emocional.
Exercícios olfativos são muito interessante, principalmente
para os meninos, já que esses têm muita mais dificuldade do que as meninas, em
se interessar por diferença de aromas, perfumes e tudo o mais.
Exercícios de paladar são mais complicados devido ao grande
número de crianças, atualmente, com intolerâncias alimentares.
Tomando-se o devido cuidado para esses casos, tais
exercícios podem servir também para melhorar a preferência alimentar das
crianças, com o estímulo ao conhecimento de todos os sabores de frutas, legumes
e verduras.
Para os exercícios de visão podem ser utilizadas, por
exemplo, pinturas, desenhos, modelagem em argila, representando o ambiente ou
modelos disponíveis.
Uma grande vantagem desses exercícios de estimulação é a
possibilidade de se detectar dificuldades ou anomalias perceptivas ou de
processamento cerebral, como as dislexias, discalculia e outras.
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