segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Estudos sobre Educação e Inclusão 2ª parte


DIÁLOGO TEORIA-PRÁTICA
Importância do diálogo teórico-prático e histórico-filosófico na formação do educador

Um dos comentários mais “sabotadores” que encontro, em todos os meios profissionais, é o que considera “perda de tempo” estudar os teóricos, com a afirmação de que as teorias são lindas, mas na prática, não funcionam!

Dá pena das pessoas que dependem desses profissionais!

Dá pena das pessoas que são obrigadas a confiar em profissionais cuja prática não se sustenta em nenhuma teoria, mas apenas em suposições pessoais, em experimentações aleatórias, sem a menor preocupação em pesquisar estudos anteriores, como se tais estudos de nada valessem.

Como se não fossem esses estudos os responsáveis pela origem de conceitos que ajudam, a todo momento, a evolução de qualquer ciência.

Na educação é a mesma coisa. Há professores que combatem ideias, metodologias, propostas e estudos que lhe são apresentados, sem que se deem ao trabalho de, sequer, analisa-los, muito menos ainda, praticá-los!

Preferem dizer que não dá certo! Que quem desenvolveu tais estudos, não conhece sala de aula como a sua! Que na prática nada disso dá resultado!

Se queremos uma educação que mude a realidade brasileira, ou que, pelo menos, mude a nossa satisfação em garantir uma educação com qualidade e com boa formação de caráter, precisamos analisar tudo, desde os mais antigos escritos, como os de Iohannis Amos Comenius, na sua “Didática Magna”, do século XVII, até os atuais educadores, passando por Piaget, Vygotsky e todos os demais.

Todas as teorias vieram de observações e experimentações.

Portanto, afirmar que, na prática, não funcionam, precisa que não tenham sido estudadas corretamente, ou que haja uma resistência muito grande em aplicá-las.

O que vejo é muita acomodação a uma “zona de conforto” totalmente retrógrada, ineficiente e, pior ainda, irresponsável!

Se nem um vendedor de chuchu na feira consegue manter sua freguesia, se não mudar o layout de sua barraca, ou a sua forma de mostrar o produto ou de estimular o comprador, como um professor conseguirá manter a atenção e garantir a aprendizagem de todos os seus alunos, se não estudar metodologias, teorias e experimentações, para poder criar algo novo com base em tudo isso?

E criar algo novo não significa, de forma alguma, abandonar o antigo, mas sim, se basear no antigo, para mudar para melhor! Os exemplos estão aí, bem claros!

Quando Comenius, em pleno séc. XVII, escreveu que “Age idiotamente aquele que pretende ensinar aos alunos não quanto eles podem aprender, mas quanto ele próprio deseja”, ele estava sendo mais atual do que muitos professores hoje, em relação a uma educação responsável, principalmente na época da educação inclusiva!

Infelizmente estamos vendo, diariamente, em muitas escolas, professores agindo idiotamente, e se achando certos, mas insatisfeitos com a sua profissão, revoltados com tudo, ou seja, “de mal” com a vida...

Estão na profissão errada!

Nem sequer procuram saber as razões pelas quais alguns de seus alunos não aprendem com a mesma facilidade que os demais, preferindo excluí-los, por meio de reprovações, e manter apenas os que estiverem no mesmo nível.

“Eu dou a minha aula para quem quer aprender. Os demais que se virem para passar! Minha obrigação é dar a aula. Nada tenho a ver com estimular aluno relapso”

Lembro a tais professores que, se em minha escola, eu só tivesse esse tipo de aluno interessado, eu não precisaria contratar nenhum professor! Bastaria dar aos alunos acesso à internet e orientá-los nas pesquisas. Eu sozinho faria isso!

Nós, professores, somos necessários exatamente para o aluno com dificuldades de aprendizagem, desestimulado para o estudo, acomodado à incapacidade de entendimento e aprendizagem, ou seja, para aqueles que não conseguem acompanhar o nível dos colegas, sejam quais forem os motivos. Os demais não precisam de nós!

Para termos uma educação de qualidade precisamos, então, estudar os teóricos, analisar a sua evolução histórica, e desenvolver a nossa capacidade de questionamento filosófico, levando em consideração as mudanças no meio, as mudanças na cultura e, principalmente, a evolução da mente da própria criança e as suas dificuldades de aprendizagem, tanto as antigas (dislexia, discalculia, TEA, TDAH), como as novas, como por exemplo, a microcefalia.

Sei que o simples estudo histórico pode criar a sensação de que aquela metodologia é única e que qualquer desvio de sua originalidade vai fazer com que perca a sua validade.

Da mesma forma o simples questionamento, sem uma boa análise cuidadosa, pode eliminar as possíveis qualidades do processo criado pelo educador, mesmo que não escrito, mas sim despertado, ao leitor atento, devido ao que foi escrito.

Mas num diálogo histórico-filosófico juntamos a análise de algo já criado, com todas as suas possibilidades alternativas e, a partir do exercício do questionamento, podemos fazer surgir ideias novas, que nem sequer foram pensadas pelos autores, mas que, em suas entrelinhas, as tenham despertado em nós, leitores.

E, lembrando sempre: manter as observações em relação às características de cada aluno, ou seja: suas dificuldades; suas habilidades; seus interesses e suas diferentes formas de entendimento de mundo.

Tudo isso passa a constituir a base desse estudo.


A base para a construção, dentro de cada um de nós, de um educador responsável!

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