domingo, 18 de outubro de 2020

O sentido da vida (de Jean-Paul Bournet para sua sobrinha Kátia)

Você me pergunta sobre o sentido da vida, Kátia.

Isso é bom, principalmente nessa sua idade, entrando na adolescência.

Tudo começa na observação dos caminhos para o entendimento de nosso eu interior.

Observação essa que precisa menos dos olhos abertos e mais da imaginação.

Aquela imaginação cuja imensa capacidade todos nós tivemos, embora ainda na mais tenra infância, mas que devemos nos esforçar para manter, por toda a adolescência.

Aos poucos, logo após a adolescência, as duras realidades da vida começam a nos ser apresentadas e, por causa delas, começamos a nos desprender dessa maravilhosa fase da imaginação.

Quando crianças e adolescentes olhamos para a vida, ao nosso redor, e a enfeitamos com uma criatividade que, na vida adulta, muitos procuram por toda a parte, mas poucos conseguem encontrar!

Nossa visão de mundo, desde o nascimento, foi sendo construída com uma mistura do real apresentado, com a fantasia incorporada em nossas memórias.

Mas essa mistura era entendida como verdade, trazendo um entendimento muito claro da vida.

Até os sonhos representavam a própria realidade vivenciada dessa forma.

Na adolescência, essa integração entre o real e o fantasiado, começa a incorporar novos sentidos para tudo e, principalmente para o amor.

As estradas e os desvios começam a ficar mais complexos e mais confusos.

Algumas das suas amigas procurarão buscar a pressa no entendimento e, naturalmente, escolherão caminhos, quase que automáticos e padronizados, para sua adolescência e, claro, acabarão solidificando tal automatismo para toda a vida.

Robotizarão suas satisfações e, assim, passarão a vegetar alegremente, colecionando “alegrias temporárias” e, acreditando que isso se chama felicidade.

Essas “passarão” pela vida, sem perceber que não viveram.

Para outras, como você, por exemplo, a evolução traz a curiosidade no entendimento sobre si mesma, juntamente com a busca de um sentido para a vida.

Nessa fase, ainda adolescente, você consegue fazer evoluir a fantasia infantil e incorporá-la aos seus próprios questionamentos de vida.

Por vezes você procurará fugir das respostas prontas para tudo, oferecidas a você, da mesma forma como eram mostradas as sombras, projetadas na parede da Caverna de Platão.

Essas sombras, que passarão a ser as únicas realidades daquelas que se robotizaram, nada significará para você.

Seus questionamentos frequentes mostram que você busca mais significados para o mesmo fato, o mesmo objeto, o mesmo sentimento e a mesma emoção.

A sua busca está no caminho certo, já que seu foco são os sentidos mais sublimes, as verdades mais escondidas, as emoções ainda não percebidas, que constituem os significados maiores da própria sensação de felicidade.

Mas não os busque fora de você, porque toda essa essência está muito bem guardada no interior de você mesma.

As suas buscas e as suas descobertas devem ser o resultado de uma permanente garimpagem pelo interior de você mesma.

A cada momento surgirá mais um pouco dessa essência, que vai se iluminar e se transformar em você mesma.

Cada célula de seu corpo passará a vibrar, como uma célula de energia trazendo, para você, a sensação de satisfação, prazer e plenitude que muitas pessoas não sabem sequer que existe.

Mas isso é só o começo!

Essa sensação, por maior que seja, não supera a que você sentirá, nos momentos em que se perceber compartilhando essa essência com as pessoas que você ama, conseguindo levar um pouco de felicidade para cada uma delas.

Esse, sim, é o verdadeiro sentido de sua vida, o sentimento de poder compartilhar a estrada da felicidade!

 

 

 

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