terça-feira, 30 de outubro de 2012

IUPE Educação: Hipocrisia na Educação


Cerca de quatrocentos anos antes de Cristo um general chamado Sun Tzu escreveu uma obra de recomendações ao Príncipe, chamada “A Arte da Guerra”.

Entre as recomendações estavam as que mostravam como dominar, explorar, iludir, desrespeitar e roubar o povo e, ao mesmo tempo fazer com que esse mesmo povo ame-o, adore-o e, em alguns casos até divinize-o!

No século XVII um padre jesuíta, Baltasar Gracián, escreveu “A Arte da Prudência”, com recomendações semelhantes, só que essas para as pessoas que desejarem “subir na vida” sem escrúpulos, ou seja, sem se preocupar com qualquer tipo de comportamento ético.

As duas obras parecem terem sido escritas hoje, já que o comportamento das pessoas continua exatamente igual e a facilidade com que se manipula seus pensamentos e vontades é a mesma!

Vemos isso claramente e diariamente ser feito pela principal rede de TV do nosso país.

Ela achou que Collor seria um bom aliado e criou o “Caçador de Marajás”! Ela convenceu o povo que o elegeu com grande maioria de votos!

Collor não cumpriu a promessa que fez a Roberto Marinho porque tinha a pretensão de criar a sua própria rede nacional de TV a partir de uma emissora de Curitiba.

Por causa disso ela, a Globo, fez aparecer para o povo, a corrupção governamental que sempre existiu e continua existindo, como coisa exclusiva do Governo Collor.

Criou os “adolescentes caras pintadas” e manipulou o povo de tal forma que o impeachment do presidente foi inevitável!

Mas por que estou falando disso? Porque quero chegar na educação e no processo de manipulação negativa que está sendo feito pelo nosso sistema contra a verdadeira educação nesse país.

Sabemos todos que as famílias têm jogado toda a responsabilidade da educação em cima dos professores e das escolas. Isso é verdade!

Mas o que muita gente não está percebendo é que o sistema educacional, em vez de procurar meios de treinar as famílias na educação de seus filhos, está se aproveitando dessa inversão de papéis para punir, não as famílias que abandonaram emocional e  intelectualmente seus filhos, mas punir os filhos, selecionando os melhores e excluindo os piores ou os que apresentam algum tipo de dificuldade ou anomalia.

A ideia básica é dar oportunidade apenas aos que já têm essa oportunidade, ou seja, aqueles que nasceram em berço de ouro e tiveram todas as facilidades do mundo para desenvolver seu conhecimento.

Esse procedimento pode ser observado claramente em grande parte das escolas, tanto públicas como particulares.

E a manipulação feita pelo sistema faz com que as famílias não se deem conta disso e acreditem que seus filhos sejam realmente inferiores aos filhos dos

Para facilitar a análise vamos entender alguns casos reais:

Caso 1 em escola pública:

Adolescente, dezesseis anos, desde pequeno apresentando elevadíssima capacidade intelectual, inquieto em sala por não conseguir paciência para ouvir o professor ensinar vagarosamente e repetidamente coisas que já está cansado de saber.

Sua natural inquietação faz com que ele se negue a participar das aulas. Com isso foi reprovado repetidamente por faltas e está, agora, em classe de Educação de Jovens e Adultos, repetindo uma das séries do Ensino Fundamental I.

No decorrer das “repetências” alguns professores mostraram que capacidade intelectual ele tem, já que bastava dar-lhe um pequeno tempo para estudar e ele tirava excelente nota em qualquer matéria.

Mas a escola acredita que não pode deixar de seguir a determinação de reprovar quem tem menos de setenta por cento de presenças.

Menino reprovado e pais desesperados, mas não com o sistema educacional, mas sim com o menino, que é logo rotulado como preguiçoso, relapso, relaxado, etc...

“A escola deve estar certa.” – dizem os pais! “Meu filho é que está errado”.

Resultado: O menino perde a autoestima e desiste de estudar.

Caso 2 em escola particular:

Pais de adolescente leram que a escola X é a que mais aprova no vestibular, logo, segundo a mídia, é a melhor escola da região. Como eles querem o filho na Faculdade, matricularam nessa escola.

Os professores chamam os pais e dizem que seu filho não veio de uma boa escola e que ele está muito fraco em matemática.

A solução que sugerem é a dos pais procurarem professores particulares especializados, para que o menino pudesse alcançar o “nível da turma”.

Caso o menino não alcançasse esse nível, teria que ser excluído, porque a escola só aceita alunos do mesmo padrão de entendimento.

Isso é real! Esse procedimento e essa declaração são comuns na maioria das escolas consideradas como de 1ª linha!

Pais ficam desesperados e desiludidos, não com a escola, mas sim com o seu filho, achando que a escola está certa e que seu filho é que é um relapso, retardado, relaxado, ou qualquer outra coisa do gênero!

“A escola está certa! Meu filho é que está errado!” – dizem esses pais - “Eu gastei “uma nota” para matriculá-lo na melhor escola e ele me decepciona assim!”

Resultado: O menino perde a autoestima e desiste de estudar.

Caso3 em escola pública:

Menina, diagnosticada como disléxica, tem muita dificuldade em escrever, mas foi conseguindo passar com muita dificuldade em todas as matérias, chegando ao final do Ensino Médio.

Durante toda a sua trajetória educacional descobriu-se amante da medicina, entendendo, com muita facilidade, tudo o que está relacionado com a ciência médica.

Em conversa com profissionais de medicina ela é facilmente confundida com médico formado, tal a desenvoltura com que fala sobre tudo relacionado a essa ciência.

Nunca a teremos como médica, já que ela não tem a menor condição de ser aprovada num exame vestibular.

Nos Estados Unidos temos a Pós Doutora Temple Grandin, professora universitária, uma das grandes cientistas mundiais especializada em Ciência Animal, que embora seja portadora de uma anomalia neurológica (Autista) foi encaminhada para a Faculdade e hoje contribui para a ciência da mesma forma que essa nossa aluna poderia vir a contribuir para a medicina.

A Dra Temple Grandin não precisou fazer exame vestibular. O MEC, no Brasil, só deixará a nossa aluna ser médica, se for aprovada nesse exame.

O MEC deve estar certo. A aluna é que nasceu no país errado!

Esses três relatos, todos verdadeiros, são apenas um pequeno exemplo do que está ocorrendo em todas as nossas escolas.

Como mudar?

A solução é muito simples, mas precisa de muita dedicação e muito trabalho, por isso muitos preferem acreditar que não há como mudar!

A mudança começa na alteração do próprio conceito de educação verdadeira e também no significado que desejamos dar ao verbo educar.

Nos próximos artigos vamos analisar cada caso e de que forma podemos contribuir para o sucesso de todos os nossos alunos, tenham eles as dificuldades ou anomalias que tiverem. 

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