domingo, 19 de julho de 2015

Conhecimento científico ou cientístico?


Fico perplexo quando me deparo com o desprezo, por parte de alguns cientistas, fechados em sua redoma acadêmica, em relação ao conhecimento “out-lab”, ou seja, ao conhecimento adquirido fora das experimentações controladas pelo rigor acadêmico.

Relendo “O Princípio da Totalidade”, de Anna Freifeld Lemkow, esbarrei mais uma vez na sua afirmação de que “(...) limitar o real apenas ao quantificável não é científico, é cientístico – uma perversão da ciência (...)”.

Não que o rigor acadêmico seja desnecessário. Não é isso. O que não devemos é fechar os olhos para o conhecimento extra academia. Esse conhecimento pode mostrar novos caminhos para velhos problemas e até abordagens luminares para desafios atuais!

Lembrei de meus encontros periódicos com um dos xamãs aborígenes, em pleno deserto australiano, na década de setenta, ainda no século passado.

Esses afirmavam que nossa mente possui uma antena interna, capaz de captar as ondas do pensamento de todas as pessoas que viveram em nosso planeta, desde o início da civilização. 

Segundo eles, nossas células arquivariam essa memória. Elas conteriam informações da história de toda a humanidade!

Hoje, passados mais de quarenta anos, a ciência descobre que cada grama de nosso DNA possui a capacidade de arquivar cerca de 700 tera de memória!

E não faz ainda dez anos já se tem conhecimento das atividades do sistema límbico, no centro do cérebro, captando e arquivando informações que nos chegam por todos os elementos censores e, inclusive, pelas ondas cerebrais que alcançam nosso cérebro...

Lembrei também que, ao ler “Deus único, mito e realidade”, de Luiz Henrique Almeida, deparei-me com sua afirmativa de que: “(...) Cada célula do nosso corpo contém todas as informações acerca da história de cada um de nós, neste planeta (...)”. Isso já lá se vão mais de dez anos! Não havia nenhum estudo acadêmico sobre isso. De onde Luiz Henrique tirou essa afirmativa?

Com base na afirmação de Almeida e no conhecimento dos xamãs, percebemos que será um imenso atraso de vida ou, melhor dizendo, um atraso para o conhecimento científico, se evitarmos analisar textos provenientes das diversas tradições religiosas.

Considerar escritos religiosos como verdadeiros é um erro científico grave! Ignorá-los, por serem do domínio da fé, pode constituir um grande atraso para o desenvolvimento científico. Analisá-los, é o correto! Podemos não conseguir resultados satisfatórios nem para sua contestação, nem para sua comprovação, mas podemos abrir caminho para mais um desafio científico importante.

Vamos dar uma ligeira olhada em alguns momentos científicos de hoje e o que podemos esperar a mais, desde que não estagnemos na ideia de que só o quantificável e visualizável é científico...

Em primeiro lugar, nesse passeio, vamos à memória. Sua capacidade é quase infinita na tarefa de arquivar todos os conhecimentos que processa. A dinâmica de funcionamento das redes neurais é algo assustadoramente admirável! Nossa capacidade para gravar informações ainda não foi superada por nenhum equipamento cibernético.

Por que tanta memória? Qual a finalidade real de tanta potencialidade? Haverá alguma outra função que não estamos exercendo como deveríamos? Nossas trilhões de conexões neurais estarão à nossa disposição apenas para jogarmos dominó e levantarmos um copo de cerveja? E toda essa capacidade ou potencialidade “se acaba” simplesmente com a morte?

Em segundo lugar vamos analisar a constatação, pelos psicólogos e terapeutas, de transferência de memórias do doador para o receptor, nos casos de transplante de coração. Há, hoje em dia, diversos relatos de transplantados que mudaram totalmente o seu comportamento e estilo de vida, assumindo os de seu doador, mesmo sem ter conhecimento disso! Essas memórias só poderiam estar nas células do órgão transplantado.

Mas, se já temos constatações de que todas as nossas memórias se localizam no cérebro, essas memórias seriam back-ups nas células do coração? Uma célula não dependeria de uma rede neural para arquivar uma informação?  Então, mais uma vez, a declaração de Almeida faz todo sentido!
E, em terceiro lugar, a identificação feita por Philip Low, das ondas cerebrais emitidas pela área de Broca, área que elabora a fala. Ele, em seguida, desenvolveu os equipamentos para a sua captação e transformação em sinais digitais. Esses sinais serão enviados a um computador, representando a “fala” da pessoa.

Seu desenvolvimento já está sendo testado por Stephen Hawking que, assim que o equipamento estiver pronto, voltará a comandar seu sintetizador de voz em tempo real! Os paralíticos cerebrais poderão se comunicar! Haverá a possibilidade de verdadeira inclusão escolar de uma imensidão de crianças com esclerose lateral amiotrófica ou com paralisias não progressivas.

Essas ondas geradas são produto de nosso pensamento. Isso significa que outros cérebros poderão captá-las e tornar seus sinais conscientes. É a telepatia em desenvolvimento tecnológico.

Mas, a telepatia existe? Só existe para quem acredita que ao “pensarmos forte” o que queremos transmitir à pessoa que está à nossa frente, principalmente se for um paralítico cerebral mudo, nossa mensagem estará chegando a essa pessoa. Mas precisa haver fé. Precisa haver ciência e fé.

Cada uma dessas constatações e desenvolvimentos nos impulsiona a estudos muito mais profundos sobre o funcionamento dos elementos primordiais da nossa formação orgânica: as nossas células.

Seu funcionamento é, como podemos perceber, muito mais complexo e muito mais abrangente do que o conhecimento anterior mostrava e, além disso, sua energia pode ter efeitos muito mais importantes e objetivos muito mais nobres.

Os estudos dos idealizadores da neurolinguística apontam para isso desde a década de setenta. 

Lembro que eu, na época, não acreditei nas suas propostas e, devido a essa descrença, escrevi uma crítica para um dos jornais da época. Sorte minha que o artigo “se perdeu” no tempo...

Hoje temos referência ilustres, como o físico quântico Amit Goswami, que apresenta essa realidade em sua obra: “Universo: Como a consciência cria o mundo material”.

O estudo quântico da consciência e de sua energia em forma de ondas, realizado por Goswami, nos leva a um momento intermediário em que as constatações da energia gerada por nossas células e seus efeitos no mundo material externo ao nosso corpo, aproximam a ciência da fé, provocando os céticos e empolgando os pesquisadores mais complacentes.

E mais que isso: Estamos mesmo em um cosmos com início, meio e fim? Estamos mesmo em uma realidade com passado, presente e futuro? Em “O Grande Projeto”, Stephen Hawking e Leonard Mlodinow mostram, entre outras declarações “alucinantes”, que o cosmos não possui uma realidade única, mas que cada realidade possível do universo coexiste com as demais, ou seja, existem todas simultaneamente!

Se isso é verdade, nem o materialismo é real. Dizer que a matéria existe pode ser, também, uma forma de crença...

Para os amigos que desejam mais informações e mais debate sobre o tema, relaciono, ao final, algumas obras importantíssimas para essa reflexão.

Mas recomendo, também, que mantenham o número telefônico do seu psiquiatra, nas mãos de alguém de sua confiança...

Nunca se sabe...

Forte abraço!

Para saber mais:
Amit Goswami. Universo: Como a consciência cria o mundo material.
Anna Freifeld Lemkow. O Princípio da Totalidade.
Luiz Henrique Almeida. Deus único, mito e realidade.
Richard Dawkins. Deus, um Delírio.
Stephen Hawking. O Grande Projeto.

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