Vamos conversar, hoje, sobre ideias e opiniões.
Vamos tentar refletir um pouco, não sobre um assunto
polêmico qualquer, mas sim sobre a necessidade de respeitar, analisar e
procurar compreender as opiniões e ideias que não coincidem com as nossas e,
principalmente, aquelas que divergem totalmente da nossa forma de pensar!
O momento é propício, porque as pessoas estão se irritando,
de forma quase agressiva, ao discutirem assuntos que estão na mídia, quando
encontram alguém que não concorde plenamente com a sua forma de pensar!
Isso ocorre todos os dias em relação a futebol, política e
religião, que são os três “carros chefes” das intolerâncias e conflitos e, mais
especificamente em ideias sobre desarmamento, maioridade penal, eliminação de manicômios,
trabalho infantil e outros assuntos também em pauta.
Para refletir sobre isso, temos que começar por uma virtude
muito importante, chamada de humildade!
Humildade é uma palavra fácil de pronunciar, mas difícil de
praticar!
E essa prática começa pelo entendimento de que:
- Nós não somos melhores do que ninguém.
- Nosso raciocínio pode não ser o mais correto do mundo.
- Nossos argumentos podem estar equivocados.
- E também que, mesmo se o interlocutor estiver errado, suas
ideias sempre têm algum sentido e podem trazer algum ensinamento para nós.
Desde que saibamos ouvi-lo atentamente, analisemos a sua fala e compreendamos
os seus motivos.
É importante ter em mente que, por vezes, o interlocutor
está vendo o fato por um ângulo que não havíamos percebido antes.
Como começa esse processo?
Tudo, então, começa pela educação.
Vejo, na maioria das escolas, crianças e adolescentes sendo
preparados para responder perguntas e resolver questões, exatamente de acordo
com o livro texto, ou conforme a orientação do professor.
Vejo que o estímulo ao questionamento e a criação de ideias
próprias é quase inexistente no período escolar.
Esses alunos se formam com ideias “enlatadas” e prontos para
seguir outras ideias, mais enlatadas ainda, que lhes serão apresentadas pela
sociedade, pela mídia, ou pelo seu grupo social.
A partir do momento em que aprendem (ou decoram) uma opinião
dessas, perdem toda a capacidade de questioná-la, assumindo seu aprendizado
escolar ou até acadêmico, não como estimulador para a busca do conhecimento,
mas como verdades absolutas estanques e definitivas.
Ao se formarem, já se consideram os perfeitos donos do
conhecimento!
Mas a realidade é que o mundo muda e a ciência avança.
Isso significa que muitos dos argumentos que eram válidos
ontem, já não servem para mais nada hoje.
O aprendizado não pode ficar engessado no ontem!
Vamos, então, ver a parte prática disso que estamos
conversando, para evitar que nossos filhos e alunos engrossem a fileira dos
incapazes intelectuais: Aqueles que se fecham em suas opiniões preconcebidas e
enlatadas; aqueles que se acham os donos da verdade; aqueles que, agindo assim,
deixam de contribuir, de forma prática e produtiva, para o bem social!
Ponto um: NÃO REPONDA PERGUNTA DE FILHO OU DE ALUNO
Como é isso? Primeiro devolva a pergunta ou o questionamento.
Mande que ele encontre a sua resposta, com seus argumentos, mesmo que ele não
se ache capaz disso.
Quando ele responder, reconheça o valor da resposta dada.
Analise, com ele, como ele chegou a essa conclusão. E vá mostrando outras
formas de ele encontrar argumentos para suas próximas produções intelectuais.
Essa já foi uma!
Ponto dois: ENSINE-O A QUESTIONAR
Estimule seus filhos e alunos a questionar as opiniões e
ideias, incluindo a de seus pais e professores. Mesmo que ele ache que elas
estão certas!
Ensine-os a analisar os argumentos, para tentar encontrar
alguma incorreção neles ou na sua interpretação.
Se seus filhos e alunos começarem a concordar muito com tudo
o que você diz, crie momentos de exercício de raciocínio por absurdo, que nada
mais é do que contestar, de forma absurda, uma opinião que nos parece verdade
absoluta.
Estimule-os a criar outras formas de entender o mesmo fato,
outras formas de realizar as mesmas tarefas, ou seja, estimule-os a ter criatividade.
Ponto três:
Estimule-os a se interessar em ler livros, artigos e textos
que tragam ideias completamente opostas as deles, para que aprendam a entender
as razões que levaram aqueles autores a pensar e escrever coisas com ideias
completamente opostas aquelas que eles entendem como verdadeira.
Estimule-os a conversar abertamente com colegas de ideias
opostas, para que aprendam a entender o contrário e aqu8lo que lhes pareça
contraditório, para que compreendam as diferentes formas de raciocínio e as diferentes
visões que as pessoas têm de um mesmo fato.
Alerte-los para evitar dar a sua opinião em ambientes de
intolerância e incompreensão, já que onde as mentes se encontram, o contrário
(ou o diferente) pode provocar conflitos indesejáveis.
Esses três pontos são suficientes para a preparação de
mentes abertas ao novo, tolerantes para com o contrário e para com o que nos
parece contraditório e, assim, preparar mentes em franco crescimento
intelectual, contribuindo para a construção da verdadeira sabedoria.
Essas mentes são as que queremos para nossos filhos e para
nossos alunos.
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